22/01/2013

Crítica do filme: 'País do Desejo'


Amor, o velho sucesso de bilheteria. O novo trabalho do diretor Paulo Caldas é um drama que tenta gerar polêmica tocando em pontos complicados porém muito mal expostos na telona. A abertura é maravilhosa, simples e muito bem feita. Pena que é só isso. O roteiro é confuso, o espectador se sente perdido entre os muitos personagens que rondam a fita. O drama estrelado por Fábio Assunção e Maria Padilha tem um mérito, pode ser futuramente fruto de discussão em universidades. Temas como aborto, abandono de batina, entre outros servem como uma luva par algumas matérias. Também pode ser aproveitado nas aulas de cinema, mais precisamente nas salas de roteiro como exemplo a não ser seguido.

Na trama, um padre com fortes convicções luta para defender suas certezas perante um arcebispo impiedoso. Paralelo a essa luta, conhecemos uma pianista que está morrendo e vive deprimida tendo apenas a música ao seu alcance. Essas duas almas vão se encontrar e tentar buscar um sentido pra vida e pro filme, para esse último infelizmente vira uma missão impossível. Uma paixão que nasce mas não vemos. É uma situação forçada, em 5 minutos o padre quer largar tudo, doar seu rim e viver um grande amor. Mas cadê as cenas ou passagens que mostram o porquê dele tomar essa decisão? A trilha chega ao ponto de ser insuportável. O pensamento: ‘Música clássica de novo só daqui a muitos meses’ é frequente. Algumas cenas de bisturis só afastam mais ainda os olhos cinéfilos da telona. O desconforto é frequente e eminente.

São muitas histórias muito mal contadas. O filme toca em pontos polêmicos como o aborto e o poder da fé. Discussões entre a batina (povo da fé) e o jaleco (médicos) são frequentes e tentam criar uma espécie de clima tenso, só que isso não ocorre. Um dos personagens é uma jovem e atraente oriental que só fala sobre um tal de horóscopo de sangue, não adiciona absolutamente nada à história além de passar hidrante semi-nua de porta aberta e comer um pote de hóstias com ketchup lendo mangás pornôs. É para ser provocativo? Não deu para entender, sinceramente.

Diferentes de outros títulos nacionais recentes, País do Desejo tem uma mensagem ou discussão para passar, pena que na hora de juntar todos os elementos no liquidificador cinematográfico virou uma grande confusão.