04/10/2013

Crítica do filme: 'O Capital' (Festival do Rj - 2013)

Os reflexos e as entrelinhas políticas da crise que aflora o mundo econômico há alguns anos é apresentado de maneira dura e em forma de crítica sobre a responsabilidade moral das instituições bancárias nas vidas do trabalhador no novo trabalho do cineasta grego - muito querido pelos cinéfilos - Costa-Gavras (O Corte). Com uma atuação fabulosa do ator marroquino Gad Elmaleh (A Espuma dos Dias), O Capital faz uma reflexão sobre o jogo político, injusto, infiel e de escala mundial que assombram algumas instituições financeiras.

Baseado em um romance chamado Le Capital, do escritor francês Stéphane Osmont, o filme conta a história de Marc Tourneuil (Elmaleh) um jovem executivo de carreira promissora que se torna chefe de uma grande organização financeira francesa. Roubando dos pobres para doar aos ricos, Tourneuil é um homem mesquinho e sem escrúpulos que pratica jogos de manipulação para a garantia do seu poder e enriquecimento.

A trama é muito bem desenvolvida e o espectador consegue absorver elementos para contestar a responsabilidade moral das instituições bancárias nas vidas dos habitantes de todo o mundo. Costa-Gravas – conhecido pelo tom de denúncia política em seus trabalhos - sabe como poucos dirigir e contar esse tipo de história. O filme choca pela verdade, e o pior é sabermos que esse tipo de situação ocorre no mundo real.

Os atores, sem exceção, estão excelentes nos seus fortíssimos papéis. O comediante Gad Elmaleh surpreende em um papel dramático, consegue passar ao público todo o desespero de conseguir os objetivos de seu personagem. Uma atuação digna de Oscar, desse, até então, ator de segundo escalão do cinema europeu. O veterano Gabriel Byrne (Eu, Anna) interpreta uma figura poderosa e com muita malícia, chamado Dittmar Rigule, líder de um fundo de investimentos nos Estados Unidos. Uma das melhores atuações do artista irlandês – depois de muito tempo fazendo trabalhos contestados por crítica e público.

Saber o que melhor se passa nos altos escalões de quem comanda o dinheiro do mundo é um dos ótimos motivos para assistir esse longa-metragem, afinal, como pode ser possível em um mundo como o nosso os bancos se sobreporem à democracia?