26/11/2016

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Crítica do filme: 'A Chegada'



O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida. Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (24), o mais novo trabalho do excelente diretor canadense Denis Villeneuve, A Chegada. Misturando uma teoria bastante lógica com um universo imaginativo nooliano (em referência ao também genial diretor Christopher Nolan), o filme consegue prender a atenção do público do início ao fim em base de um roteiro brilhante assinado Eric Heisserer que se baseou no conto Story of Your Life, do escritor Ted Chiang, que venceu famosos prêmios dedicados à literatura de ficção científica. Além de tudo isso, o elenco da um grande show em cena, principalmente a atriz Amy Adams, fortíssima candidata a uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz na próxima cerimônia do Oscar.

O filme de abertura da edição desse ano do Festival do Rio de Cinema, conta a história de uma renomada especialista em linguística, a Dr. Louise Banks (Amy Adams) que é convocado pelo exército norte americano a fazer parte de uma operação especial quando alguns objetos enormes desembarcam na Terra, trazendo caos e insegurança ao planeta. Juntamente com o físico teórico Ian Donnelly (Jeremy Renner), Louise tentará a todo custo se comunicar com os alienígenas usando regras básicas de alfabetização. Lutando contra o tempo, pois os militares de todo o mundo só pensam em atacar os objetos voadores, Louise tentará provar que talvez eles não estejam ali para destruir a humanidade.

O que mais impressiona nesse impecável projeto - sem dúvidas já podemos considerar esse como um dos melhores filmes do ano – é a harmonia e a racionalidade argumentativa das teorias aplicadas no longa metragem. Grandes partes das peças do quebra-cabeça são jogadas em loops de linhas temporais que flutuam em falsas linearidades óbvias. Explorando o campo da teoria linguística e mais precisamente a hipótese de Sapir-Whorf, A Chegada é simplesmente fascinante em cada cena e possui um final arrebatador que podem deixar muitos de boca aberta. Tudo faz muito sentido no filme, o tempo todo, mesmo assim sobram espaços para surpresas. É o filme de ficção científica mais humano e racional dos últimos tempos. Até quando pensamos na necessidade de alguns blockbusters tem pelo clichê, que nesse filme, falando mais claramente da historinha de amor que nasce entre a física e a linguística, A Chegada consegue compor com maturidade e serenidade. 

Denis Villeneuve se consagra mais uma vez como um dos melhores diretores de sua geração e de quebra coloca Amy Adams como uma das favoritas a estatueta dourada mais famosa das premiações de cinema, que atuação fantástica dessa boa atriz. Nunca um ingresso esse ano valeu tanto a pena. Você não pode perder! Bravo!