Na trama, conhecemos Mija (Seo-Hyun Ahn), uma jovem alegre e
determinada que mora no alto de uma montanha na capital da Coreia do Sul. Mija
foi praticamente criada junto com um super porco chamado Okja, esse, projeto de
uma mega indústria liderada pela misteriosa Lucy Mirando (Tilda Swinton) que
enviou no ano de 2007 vários porcos gigantes para serem criados por fazendeiros
de todo o planeta para que depois de 10 anos haja uma eleição de melhor super
porco. Com os dez anos passados, já em 2017, chega a hora de Okja voltar para
as mãos da empresa, só que Mija não deixará essa viagem ser fácil e lutará para
ficar com seu grande amigo.
Com um ar de sensibilidade absurda, com uma fotografia
belíssima, Okja é o melhor filme do
ano até agora não lançado nos cinemas. Em seus arcos, muito bem definidos, passeamos
por críticas a indústria dos alimentos, o papel da imprensa na revelação de determinados
fatos, o valor da amizade aos olhos de uma jovem com um coração gigante, toda
uma cultura oriental representada muito fortemente pela figura do avô de Mija, ideologias
de grupos de combate as explorações dos animais, os falsos limites de poder
representados por Lucy Mirando (Tilda em atuação destacada buscando
originalidade em sua personagem). Em cerca de duas horas de projeção esses e
outros temas são captados de maneira bastante inteligente pelas lentes de Joon-ho
Bong.
O carisma da protagonista é algo maravilhoso, junto com Okja,
embarcam em uma aventura eletrizante (com cenas de ação muito bem produzidas,
empolgantes) sem nunca deixar de abrir os olhos do público para as entrelinhas
feitas pelas inúmeras críticas ao sistema/regime dos alimentos que todos nós
acabamos tendo culpa pois somos consumidores. Muito bacana a Netflix produzir
filmes e tal, mas esse em especial merecia um alcance de uma tela de cinema.