02/01/2018

Crítica do filme: 'Três Anúncios para um Crime'

Até aonde vai a dor de uma perda? Indicado em seis categorias ao Globo de Ouro 2018, eleito pelo público o Melhor Filme do Festival de Toronto e com grandes chances de ter mais de cinco indicações ao próximo Oscar, Três Anúncios para um Crime explora uma tragédia de maneira intensa, com uma narrativa envolvente, trilha sonora fantástica, uma bela direção, e atuações memoráveis de três atores fantásticos: Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell. O filme que deve estrear no circuito brasileiro de exibição no final de janeiro, é uma jornada de dor e sofrimento com três óticas e sentimentos sobre um assassinato brutal, sem solução, que acontece em uma cidade do interior no sul dos Estados Unidos.

Na trama, conhecemos Mildred (Frances McDormand), uma mulher de idade quase avançada que trabalha em uma lojinha e recentemente perdeu sua filha de maneira aterrorizante. Tentando pressionar as autoridades que a sete meses não conseguem ter uma única pista do assassino, resolve publicar em três outdores em sequência uma mensagem para a polícia, principalmente para o chefe da delegacia Willoughby (Woody Harrelson), esse que está com um câncer terminal. Assim, tentando descobrir novas pistas sobre o ocorrido e pressionando cada vez mais os policiais, Mildred divide opiniões na cidade onde tudo ocorre.

A protagonista é uma mulher corajosa que se sente culpada pela morte da filha, não entendendo como sequer um nome ainda não foi ligado a tragédia que aconteceu na sua família. Separada, o marido tem uma nova namorada bem mais nova, com um filho ainda para criar, reúne todas as forças que possui para tentar alguma solução para o caso. O longa tem uma pegada irmãos Coen, talvez, Frances McDormand se encaixou tão bem no papel por já conhecer esse universo que lhe deu o Oscar por Fargo anos atrás. Os coadjuvantes são peças fundamentais no tabuleiro de surpresas e reviravoltas de personalidade que vão aparecendo a cada frame.

Cada um dos personagens que mais vemos em cena possuem dramas pessoais com a tragédia do assassinato sem solução sendo um ponto de interseção. Sam Rockwell e seu Dixon, um policial preconceituoso e totalmente sem noção é o que mais passa por transformação chegando ao desfecho sem sabermos direito o que será de seu futuro. Peça chave nas viradas do roteiro, Willoughby (Woody Harrelson brilhando novamente) vai se revelando aos poucos ao público com suas cartas que mudam de trajetória essa curiosa trama de roteiro afiado, um dos melhores nas listas de filmes que serão indicados nas grandes premiações em 2018.


O cineasta britânico Martin McDonagh (Sete Psicopatas e um Shih Tzu, Na Mira do Chefe) é o responsável pela direção e roteiro. Cumpre seu papel com muita eficiência nesse universo que poucos em Hollywood tiveram a coragem e competência de entrar.