Em uma época distante ou próxima (como preferirem), os “bombeiros” tem como sua principal função na sociedade queimar qualquer tipo de material impresso, pois, foi colocado aos mesmos que leitura (literatura) é um dos propagadores da infelicidade na vida das pessoas. O personagem de Oskar Werner (Montag), é um bombeiro nessa sociedade. É um dos poucos que começa a questionar tal racionalidade principalmente quando vê uma jovem (sua vizinha) preferir ser queimada junto com seus livros (uma vasta biblioteca) ao invés de permanecer viva.
Em um universo onde a leitura é bastante questionada e leis de não incentivo à mesma são seguidas fervorosamente pelos “bombeiros”; encontramos como o palco central de Fahrenheit 451, um dos maiores clássicos, de um roteiro adaptado, do cinema mundial. O longa, nos mostra uma cidade deteriorada por inovações e total esquecimento de princípios básicos que afloram racionalidades uniformes. O personagem principal (Guy Montag) é um desses “bombeiros” (sua função, basicamente, é queimar livros) e ao longo da trama vamos vendo o quanto a sociedade em que vive gera altas crises ideológicas e existenciais para o mesmo. Sua vida começa a fazer algum sentido quando se depara com sua jovem vizinha Clarisse McClellan, uma adolescente que, assim como Montag, questiona o mundo onde vive. Após o desaparecimento, bastante nebuloso de Clarrise, Montag se revolta contra o mundo em que vive e resolve esconder alguns livros na sua própria casa. Não satisfeito, começa a procurar aliados que compartilhem um pouco das suas idéias. Encontra mais um personagem, o professor Faber, que o ajuda a entender melhor o valor dos livros e se junta à um grupo, onde refugia-se, seguindo à risca o objetivo desse grupo: decorar as obras literárias na memória.
Fahrenheit 471 é uma crítica muito inteligente sobre a crise existencial que muita gente passa e nem percebe. Ray Bradbury criou essa obra-prima metafórica (em 1953, com o título de Fireman) sobre um mundo onde o livro, vejam só, é determinado como uma coisa ofensiva e que trás infelicidade. Mas basta uma pessoa vir com um pensamento contrário às regras que outras começam a fazer o mesmo e tem-se questionamentos e adequações às suas próprias certezas. François Truffaut, um gênio da sétima arte, tem em Fahrenheit 471 seu único filme em inglês e em cores.