30/12/2019

Crítica: 'Operação Fronteira'


Em mais uma produção Netflix lançada nesse ano, Operação Fronteira aborda as questões das escolhas vs essências com críticas ao pós intenso serviço militar. Dirigido pelo ótimo cineasta J.C. Chandor (O Ano Mais Violento, Margin Call) o filme navega na violência para encontrar algum sentido em almas paralisadas por só saberem realizar um tipo de trabalho. O roteiro é interessante e com arcos bem definidos, é um filme redondo que não alcança brilhantismo no clímax imposto mas convence como filme de ação com leves pitadas de dramas profundos.

Na trama, conhecemos Santiago (interpretado pelo excelente ator guatemalteco Oscar Isaac) que trabalha como consultor para a polícia de uma região na América do Sul, acaba conseguindo saber o paradeiro de um bandido de renome da região através de sua fonte. Assim, reunindo informações sobre a localização desse bandido, que está escondido dentro da selva em uma verdadeira casa/fortaleza, resolve chamar antigos companheiros de exército para uma operação para lá de complicada que é ‘assaltar’ o bandido e dividirem toda a fortuna que se encontra com ele. Nada será fácil e escolhas precisarão serem feitas.

Operação Fronteira é um filme que convence. Sem muito holofote para sua entrada na famosa rede de streaming, acaba se tornando um dos bons filmes do gênero no atual catálogo da mesma. Com bons atores no elenco e arcos bem definidos, vamos entrando aos poucos na trama que peca somente por não mostrar com mais profundidade a pré operação, focando apenas em dois personagens, talvez até compreensivo pelo desfecho. As escolhas são parte importante da história, altamente envolvidas na essência desses amigos militares, as consequências são colocadas no tabuleiro a todo instante criando um bom clima para a ação envolver o público.

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Crítica do filme: 'The Mustang'


Exibido no prestigiado Festival de Sundance desse ano, The Mustang, primeiro trabalho como diretora de Laure de Clermont-Tonnerre e com o já experiente ator belga Matthias Schoenaerts no papel principal, é um filme bastante sensível que aborda fortes temas familiares através da mudança de perspectiva de seu protagonista que começa a se envolver em um trabalho diferente, mesmo dentro de uma prisão. O roteiro consegue boas profundidades para abordar vários temas que envolvem o protagonista conseguindo criar um elo importante para entendermos as ações e consequências ao longo dos 96 minutos de projeção.

Na trama, conhecemos Roman Coleman (Matthias Schoenaerts), um homem condenado a muitos anos de prisão (a causa conhecemos ao longo do filme). Pai e prestes a ser avô, ele é bastante quieto e fala pouco mas acaba ganhando a oportunidade de ser selecionado a um programa de reabilitação ligado a treinamento de cavalos que serão apresentados em leilões. Assim, Coleman acaba conhecendo um cavalo Mustang brabo que aos poucos acaba lhe ensinando e completando peças para se desenvolver em seu quebra cabeça de emoções que sempre guiaram sua vida.

The Mustang não é um filme para qualquer um, você precisa sentir o filme para gostar. Seu ritmo lento e a costura para o desenvolvimento profundo das emoções acabam sendo trunfos aos olhos atentos. A relação dele com a filha que não o perdoa é ótima, emocionante em vários pontos. Coleman é um protagonista de poucas palavras mas que diz muito nas suas atitudes de rebeldia e emoção que acaba transbordando com a entrada do animal em sua vida. O fazer sentido para quem está preso deve ser algo importante a analisar. Poucos filmes conseguem trazer esse sentido tão bem como explicado como esse interessante trabalho que infelizmente não conseguiu chegar ao circuito exibidor brasileiro.

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Crítica do filme: 'Arizona'


A ideia inicial era, abordar as problemáticas imobiliárias norte americanas como um background para uma trama com certas questões ligadas a família. Só que nesse trabalho do diretor Jonathan Watson, em seu primeiro longa-metragem na cadeira principal, vários arranjos não funcionam e declinam em uma protagonista confusa e um assassino/vilão desprovido de coerência para com tudo aquilo que presenciamos. Um filme esquecível, sonolento e que nos da margem para pensar quantos filmes deixaram de se fazer para investirem tempo e dinheiro nesse trabalho que não deixará saudades aos olhos cinéfilos.

Na trama, conhecemos Cassie (Rosemarie DeWitt), uma mulher de meia idade, mãe, divorciada, que mantém uma boa relação com o ex-marido. Ela está falida e prestes a perder sua casa. Seu dia a dia é uma batalha, já que trabalha no mercado imobiliário exatamente na época de uma das maiores crises norte americanas no setor. Certo dia, após chegar para trabalhar, acaba presenciando o assassinato de seu chefe pelo desregulado Sonny (Danny McBride) que estava insatisfeito com a maneira como fora lhe passado as informações de sua atual casa e os prejuízos da mesma. Assim, Cassie e Sonny travam uma batalha sangrenta, a primeira buscando sobreviver nas mãos desse maluco e o segundo, bem o segundo não conseguimos entender as maluquices e objetivos desse péssimo personagem.

Não sei vocês mas eu sempre acredito que devemos ir até o fim de todo filme, mesmo sendo do Nicolas Cage, ou mesmo caminhando rumo ladeira abaixo (como é o caso). Mas confesso que a vontade de largar tudo e ir fazer outra coisa foi me consumindo mas como bom cinéfilo consegui resisti. Tudo funciona muito mal nessa comédia/thriller/filme horroroso. Ambientado em 2009 durante a crise imobiliária nos Estados Unidos, fato muito mal aproveitado no decorrer da trama, uma história de assassinato, sequestro e tentativa de sobrevivência tendo como cenário várias casas vazias e uma pitada de depressão. Se a história conseguisse ir além da superfície no arco familiar da protagonista Cassie (personagem da pouco inspirada Rosemarie DeWitt) poderia trilhar um caminho mais esperançoso.

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26/12/2019

Crítica do filme: 'Coringa'


A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável. Essa famosa frase do suíço Rousseau exemplifica muito bem o que assistimos ao longo de 122 minutos de projeção. Coringa é antes de mais nada um retrato de nossa sociedade, que anda entre vales nebulosos onde o medo e as desilusões se tornam estopim para novos modos de pensar mas que também caminha para a maldade em mentes perturbadas. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Todd Phillips e com uma atuação de gala de Joaquin Phoenix no papel principal, o filme, que já bateu recordes de bilheteria onde exibido, é um dos fortes candidatos a melhor filme do ano.

Na trama, ambientada na década de 80 na famosa Gotham City, conhecemos o jovem Arthur (Joaquin Phoenix), um trabalhador norte-americano que entre alguns bicos faz parte de uma empresa que seleciona palhaços para campanhas publicitárias de ruas e eventos pela cidade. Ele mora com sua mãe debilitada em um apartamento em uma zona violenta de Gotham e passa seus dias entre suas escritas para futuros stand up comedies e assistindo a um famoso programa de televisão (Talk Show) apresentado por Murray Franklin (Robert de Niro). Após ser ridicularizado, uma série de acontecimentos acabam despertando nele uma fúria incontrolável e ele começa sua trajetória de loucura transformando caoticamente para sempre sua cidade.

Eram peças complicadas de explicar, principalmente a transformação, o lado psicótico aflorado de Arthur e como ele se tornou um irrecuperável vilão, mas o roteiro consegue juntar tudo nesse tabuleiro de cerca de 120 minutos e apresenta os fatos através das atitudes expostas na tela com muito sangue e sentimento violento. A trilha sonora é fabulosa, da o tom certo a cada passo do personagem, suas imaginações se tornam peças de encaixe com aquilo que sua personalidade nos diz após seus filtros irem pelo espaço. Os traumas o derrotam e a todos a seu redor, ele é o estopim da violência em seu mais alto grau.

Era difícil. Quase impossível. Mas Phoenix conseguiu. Um dos longas mais aguardados do ano finalmente chegou aos cinemas semanas atrás. Cercado de expectativa, a união entre o maior vilão da história dos quadrinhos e o melhor ator de Hollywood torna Coringa um dos melhores filmes do ano, podendo classificar ele como cinema de arte, blockbuster, não importa, é um filmaço!

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Crítica do filme: 'Dois Papas'


Há beleza num mundo caótico? Uma igreja que se casa com uma era ficará viúva na próxima era. Dirigido pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles, Dois Papas é um contratempo do pensar, dois dos maiores artistas de suas gerações, o tango vs pretzel, tudo isso envolto em suposições de dias de diálogos entre duas mentes completamente diferentes mas que amam o mesmo Deus. Indicado em algumas categorias no próximo Globo de Ouro, e, provavelmente com algumas futuras indicações ao Oscar 2020, essa produção Netflix é um leve filme, onde nos diálogos a magia acontece.

Na trama, em passagens rápidas e intensas em certos anos, acompanhamos o encontro entre Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e Joseph Ratzinger (Anthony Hopkins), o atual e o ex-papa. A fundo em seus modos de pensar, vamos descobrindo curiosidades - algumas com boas pitadas de licença poética e imaginária - uma que evoluiu outra que ainda não consegue de desprender da defesa de tradições ultrapassadas. Discutindo o tempo todo sobre tabus e temas contemporâneos, pequenos flashbacks resgatam épocas passadas da vida do popular atual papa.

Nada é estático na natureza, nem no universo, nem mesmo Deus. Um muro foi construindo, a partir de ideias e velhos mandamentos, tentando proteger ‘valores’ da igreja, enquanto o problema, como todos sabem, era dentro dos muros. Se foi ou não verdade tudo que presenciamos em Dois Papas acaba não importando muito. O que interessa é que a partir das características do pensar de cada uma dessas personalidades, e, como isso flui com uma naturalidade em um ritmo delicioso dentro da trama, escrita por Anthony McCarten. Os pecados, os perdões, e tudo aquilo que poderíamos imaginar, em uma cenário, sobre o que acontece no lado de dentro do famoso Vaticano é colocado aos nossos olhos iluminados pelo encontro de duas lendas dos palcos e da telona. Impressionante a sintonia. Um deleite aos tão apaixonados cinéfilos de todo o planeta.

Exibido em alguns sortudos cinemas pelo Brasil (antes do seu lançamento na Netflix, que ocorreu na última semana), o filme deve agradar a maioria do público pelo seu tom leve e até certo ponto descontraído nesse subextrato imaginário baseado em fatos reais. A cereja do bolo é a sublime trilha sonora, com direito a Bella Ciao.

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15/12/2019

Crítica do filme: 'Sombra Lunar'


As originalidades confusas de uma tentativa de ficção científica inovadora. Perdido no catálogo da Netflix, sem muito marketing, Sombra Lunar se propõe a ser um filme de bom ritmo que mistura conceitos de passagens de tempo dentro de uma ideia de correção de ações, algo parecido com Minority Report. O problema é que os hiatos acabam sendo muito grandes e há pouco tempo de além da superfície principalmente nas narrativas do seu protagonista, um homem obsessivo por uma noite que mudou sua vida. Não é chato, não é ruim mas é confuso e perde o fôlego nos arcos finais.

Na trama, acompanhamos a complicada história de Locke (Boyd Holbrook), um jovem policial que tem o sonho de ser detetive em breve. Dedicado a família, sua esposa está grávida da primeira filha do casal, passa seus dias entre a delegacia e seu lar. Mas tudo muda em uma noite, quando uma série de assassinatos interligados o levam a perseguir pistas em poucas horas e ao mesmo tempo sua esposa entra em trabalho de parto, tudo na mesma noite. A partir dos acontecimentos desse dia, durante quase décadas uma única obsessão é colocada na cabeça do personagem principal: entender o porquê dos assassinatos que voltam a acontecer de 9 em 9 anos.

Dirigido por Jim Mickle com roteiro assinado por Gregory Weidman e Geoffrey Tock, o filme tem um arco inicial bastante promissor, com detalhes importantes sendo jogados na tela para reunirmos como informações nas prováveis viradas na trama. Mas tudo vai água baixo quando muito mistério é feito sem o entendimento dos porquês, esse prolongamento em algumas respostas começam a gerar aquele soninho. Há a obsessão do protagonista e também a do roteiro em não aproveitar os com potenciais coadjuvantes. Michael C Hall, o intérprete do ótimo personagem Dexter em seriado homônimo, e seu personagem parente de Locke, por exemplo, está completamente perdido na trama, mesmo tendo importância para todo o contexto que é imposto.  

Para quem curte filmes de ficção científica pode até gostar de um ou outro ponto mas as surpresas com os desfechos não surpreendem da maneira explicativa que deveria ser.

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14/12/2019

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Crítica do filme: 'O Pintassilgo'


As razões e as emoções oriundos de um trauma pode moldar toda uma vida se não houver esperança. Dirigido pelo cineasta irlandês John Crowley (Brooklyn), O Pintassilgo, baseado no livro homônimo vencedor do prêmio Pulitzer da autora Donna Tartt, é uma grande gangorra de emoções e caminhos a se seguirem após um grande trauma que marca para sempre a vida do protagonista. O roteiro, muitas vezes confuso, vai e volta em suas linhas temporais tentando aproximar o público da essência de sua trama. Não é tão ruim quanto dizem, alguns divulgaram que foi um dos maiores fiascos de bilheteria do ano, mas fica claro em seu desfecho que o livro deve ser muito melhor que o filme.

Na trama, acompanhamos Theo Decker (Oakes Fegley e Ansel Elgort), na infância/adolescência até os dias atuais já adulto.  Na infância, voltamos em forma de flashback ao momento chave da vida de Theo: um ato terrorista em um museu onde estava com sua mãe. Esse acontecimento é ligado a outras vidas que estavam no museu e tudo o que ocorre nos próximos anos de alguma forma se interliga já que antes de conseguir sair do museu, Theo leva consigo uma obra de arte rara que da o nome ao filme. Assim, durante anos e envolvido com o que fazer com a tela que está em sua posse, ele precisará fazer escolhas que impactarão tudo que conseguiu na vida adulta.

O roteiro acaba sendo o mais grave dos problemas. Extenso e pouco detalhista, dá margem às surpresas e certa reviravoltas que não são bem amarrados pela não lineariedade que somos testemunhas. O filme possui bons diálogos, mas os personagens fogem do carisma que devem possuir lendo as páginas de Tartt. Mas não é uma experiência totalmente horripilante. Tem seus méritos e consegue em alguns arcos chegar na profundidade que tanto busca. Passou correndo pelo circuito brasileiro de exibição, sem muito oba oba, talvez, pelas críticas externas que pelas poucas que esse que vos escreve soube, detonaram o filme.

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Crítica do filme: 'American Son'


O passado, o presente e o futuro podem ser caminhos diferentes para percorrermos. Meses atrás, estreou na Netflix o poderoso drama American Son, baseado em uma peça de teatro de grande sucesso na Broadway estrelada, nesse filme e no teatro, pelos ótimos atores Kerry Washington e Steven Pasquale. Em um cenário, que pode até ser considerado uma peça filmada, um desenrolar emotivo que dialoga em questões sobre preconceitos, medos e diferenças com poderosas atuações da dupla protagonista. Um belo achado na galeria da poderosa do Streaming mundial.

Na trama, conhecemos já dentro de uma sala separada de uma delegacia, a PHD em Psicologia Kendra Connor (Kerry Washington) que fora acordada no início da madrugada com o sumiço de seu único filho e do carro que ele dirigia. A partir da chegada da personagem, diálogos intensos com o plantonista da polícia é instaurado, fato que só se desenrola mais com a chegada do pai do jovem, Scott Connor (Steven Pasquale) um policial do FBI recém separado de Kendra. Conforme a noite vai passando e o dia amanhecendo, Kendra, que é negra, dialoga todos seus medos pela questão racial, entrando em conversas bastante atuais sobre nossa sociedade com Scott, que é branco.

Um impactante drama. Assim podemos definir esse ótimo filme. Nos faz pensar sobre muitas questões que enxergamos/lemos no lado de cá da telona. Kendra, transtornada pela forma que é tratada na delegacia e pelas escapadas preconceituosas do policial de plantão que a atende, somente quer saber do paradeiro do seu filho. Nessas horas que fica na sala aguardando atualizações de notícias, debates sobre o fracasso do casamento, o relacionamento agora distante de pai e filho, os preconceitos que sofreu no passado e os reflexos dessas questões se tornam uma grande bolha emocional que culmina com um final de rasgar o coração.

American Son é muito mais que um ótimo filme. Objetivo e falando bastante nas entrelinhas, nos mostra a necessidade que todos nós precisamos de estar atentos ao preconceito que ocorre dia a dia.

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Crítica do filme: 'Esquadrão 6'


O que fazer quando não morremos de verdade mas não existimos mais para os outros? Lançado ontem (13.12) na Netflix, Esquadrão 6 é um show de clichês mal executados com atuações caricatas e personagens nem um pouco carismáticos. Além do ritmo frenético em um roteiro recheado de problemas, tudo fica muito confuso na tela. Dirigido pelo maior destruidor de cenários/motos/carros de cinema do planeta, senhor Michael ‘boom’ Bay, o filme recebeu um bom marketing no Brasil, trazendo até o astro canadense e protagonista do filme, Ryan Reynolds, para a concorrida CCXP que aconteceu em SP na última semana. Pena que o filme em si deixou bastante a desejar.

Na trama, que começa de maneira frenética, conhecemos Um (Ryan Reynolds), um bilionário que após viver de perto horrores contra inocentes, resolve ‘se matar’ de mentirinha e passar a viver escondido em lugares onde nunca fora visto. Além disso, começa um projeto de comandar uma equipe de pessoas sozinhas no mundo mas habilidosas em suas áreas que vão ajuda-lo a combater as mentes do mal pelo planeta. Cada um deles é conhecido por um número. Numa reunião de idas e vindas via flashbacks durante a ação principal, vamos conhecendo alguns recrutamentos e um pouco mais da história de toda a equipe.

Forte candidato ao framboesa de ouro, Esquadrão 6 peca na forma de contar a história, um básico dos roteiros. Arriscando tudo numa estratégia não linear, entre uma explosão e outra, o que conseguimos captar não é o suficiente para sairmos satisfeitos ao longo das mais de duas horas de projeção. É o tipo de filme que você não para de olhar para o relógio para saber se está acabando. Talvez se houvesse mais explicações sobre a origem da criação do grupo poderia ter se criado um elo maior sobre as consequências que vemos nas ações dos personagens, isso provavelmente não foi feito porque já fizeram o primeiro filme pensando em uma sequência.

Com muitas comédias no currículo, Ryan Reynolds resolve entrar de vez no mundo dos filmes de ação, principalmente após o sucesso de Deadpool. Mas não serão todas as vezes que vai acertar. Em Esquadrão 6, sua famosa mescla de comédia dentro dessas ações caem por água abaixo, falta força na história.  

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Crítica do filme: 'O Rei'


Os laços de guerra e ternura de um soberano a frente de seu tempo. Atualmente no catálogo da Netflix, O Rei, de David Michôd (do ótimo Reino Animal, que hoje em dia virou até seriado), é um projeto bastante interessante que navega em indagações e até certo ponto paradigmas para definir a personalidade marcante de Henrique V. Jovem e obstinado, busca a todo instante seguir os caminhos menos violentos mas sempre preparado para manchar a mão de sangue se necessário. Ao lado de amigos e inimigos, traições também marcam a saga, acompanhamos os detalhes da guerra entre a Inglaterra e a França. Timothée Chalamet é o protagonista e mais uma vez prova que chegou para ficar na galeria dos ótimos artistas de sua geração. Destaque também para a curta aparição de Robert Pattinson, caricato e profundamente impactante.

Escrito pelo próprio diretor e o ator Joel Edgerton (que atua no filme também), baseado em obras de Shakespeare sobre o tema, O Rei conta a saga de Hal (Timothée Chalamet), um boa vida que passa seus dias se divertindo em Gales e praticamente sem nenhum contato com seu pai, o rei da Inglaterra. Quando seu pai adoece, pessoas próximas o aconselham a visitá-lo. Após a morte do rei e de seu irmão, Hal passa a ter que assumir o reinado e é nomeado Henrique V. Assim, ainda jovem mas mostrando seus dons para comando e batalha, precisará liderar a Inglaterra contra uma forçada guerra contra a França no fim dos anos 1300.

The King, no original, consegue prender a atenção do público a todo instante. Somos testemunhas do desenvolvimento/construção de Hal ao longo de todo o processo até as consequências da Guerra contra a França. Buscando colocar suas visões nem de longe tiranas quanto de seu pai Henrique IV (interpretado pelo excelente Ben Mendelsohn), aprende na força que o ambiente político da época é cheio de cobras e precisa lidar com isso se quiser seguir com sua índole. Parece somente confiar em John (Joel Edgerton), seu fiel escudeiro e amigo de bebedeiras. O roteiro tem o mérito de encontrar respostas objetivas e rápidas para situações complexas, isso funciona porque o protagonista é muito bem definido e executado em cena pelo ótimo trabalho de Chalamet.

Para quem curte filmes sobre guerras e reinados europeus antigos, esse filme é um prato cheio. Além da ótima direção, roteiro e atuações, somos colocados a enxergar uma visão bem detalhista do cenário da época, de como pensavam e como agiam, fora as dúvidas e caminhos seguidos de quem comandava.

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12/12/2019

Crítica do filme: 'Ford vs Ferrari'

O ego, o marketing e o início de uma lenda das disputas automobilísticas. Chegando sem muita força no circuito exibidor brasileiro faz poucas semanas, o longa-metragem estrelado por Matt Damon e Christian Bale nos leva décadas atrás onde houve uma disputa de poder entre duas grandes lendárias escuderias. Misturando as razões e as emoções, cada um em uma ótica, os executivos e o marketing, a paixão e entendimento por pilotar, Ford Vs Ferrari é um filme bem construído que deve agradar aos amantes da velocidade.

Com um orçamento que beirou aos 100 milhões de dólares, Ford Vs. Ferrari conta a história real de um ex-piloto de carros de velocidade, Carroll Shelby (Matt Damon) que recebe a incrível missão de assumir um projeto na Ford para derrotar os carros até então imbatíveis da Ferrari na famosa 24 Horas de Le Mans na década de 60. Sem poder dirigir por um problema no coração, resolve chamar o incrível mecânico e piloto Ken Miles (Christian Bale) para assumir o cockpit e juntos vão lutar contra todos seus gênios e contra a física para tentar criar o carro mais rápido.

O roteiro é bastante interessante, abre margem profunda para entendermos melhor os personagens, mesmo recheado de clichês, não incomoda e nos faz parar para pensar sobre ganância e amor pelo esporte sobre diferentes óticas. O que mais chama a atenção é a interseção que o personagem de Damon caminha, tendo que conviver com executivos que não entendem nada de corrida de carro e o lado mágico de sua equipe que ama o que faz, assim abre portas sobre heróis e vilões deixando o público definir suas lacunas. Há muita crítica as ações da época e a fita ganha pontos pela sua coragem de encostar na margem da apuração dos fatos que realmente aconteceram, a famosa verdade atrás de uma vitória.

O filme ainda está nos cinemas até essa data mas com cada vez menos sessões. É um projeto para ouvir o ronco do motor dentro das ótimas salas de cinema que temos, os efeitos são ótimos. Para quem se interessar, há um documentário na Netflix também sobre esse tema e praticamente homônimo a essa fita.

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Crítica do filme: 'História de um Casamento'


O fio que nunca acaba de uma história passa sempre pelo amor que segue uma trajetória. Abrindo as portas de um relacionamento de altos e baixos ligado a artes, amizade, família e a educação de um filho pequeno, o excelente cineasta Noah Baumbach (dos ótimos A Lula e a Baleia e Frances Ha) escreve e dirige esse retrato de um iminente divórcio definitivo, todos os seus ciclos e conflitos interpretados pelos excelentes Scarlett Johansson e Adam Driver. Produzido e atualmente no catálogo da Netflix, o projeto é bastante parecido com o filme A História de Nós Dois (onde eu descobri o quão ótimo é o Bruce Willis atuando).

Filmes com mais indicações ao Globo de Ouro 2020, 6, e prováveis indicações ao próximo Oscar, História de um Casamento conta a vida de Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver), um casal que vive seus dias agitados em Nova Iorque entre um espetáculo e outro, já que ambos trabalham em uma companhia de teatro onde a primeira é a atriz protagonista das peças e o segundo o diretor. O casal possui um filho que é muito amado por ambos. Quando Nicole recebe uma oferta irrecusável de trabalho em Los Angeles (lugar bem distante de NY), o casamento afunda em uma crise sem retorno. Alguns meses se passam, Nicole se estabelece em Los Angeles e a luta dos dois agora é pelos acordos do divórcio que se submetem.

É muito bem definido no roteiro de Baumbach o misto de óticas que acompanham os personagens, seus medos são expostos através de lembranças de momentos felizes além das incertezas de como seguir em frente sem quebrar laços que se construíram de maneira regada pelo amor. A imaturidade, que todo o casal possui em algumas questões, se aflora nessa fita deixando o lado jurídico ganhar força quando poderiam eles mesmo tentarem se resolver. A batalha jurídica é bastante franca, onde novos adjetivos para personalidades são jogados a mesa, sempre envoltos na questão da guarda do filho.

As atuações são ótimas. Johansson e Driver possuem uma química impressionante e superficialmente podemos afirmar que é o que segura o filme nos longos 136 minutos. Há uma busca pela originalidade, essa assunto de separação é bastante abordado ano após ano no cinema, encosta em certo ponto com outros filmes do gênero, não conseguindo ser tão original como pretendia ser. De qualquer forma, é um bom trabalho que merece ser visto.

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11/12/2019

Crítica do filme: 'Fratura'


O desconhecido mundo da mente humana. Disponível recentemente no catálogo da Netflix, Fratura é uma jornada em volta da consciência em um roteiro que esconde suas surpresas até os últimos minutos do arco final com bastante portas a se abrirem mas que acabam deixando o desfecho mais confuso por algumas pequenas falhas no roteiro. Dirigido pelo cineasta Brad Anderson (O Operário, Expresso Transiberiano), Fratura abusa do clímax, em um plot twist confuso onde o espectador precisa ficar atento aos detalhes.  Quem curte filmes de suspense, essa fita estrelada pelo eterno Avatar Sam Worthington pode até agradar.

Na trama, conhecemos Ray, um pai de família que está voltando da casa de seus sogros com a esposa e a única filha. Após uma pequena discussão, que mostra que o relacionamento de marido e mulher está em alta crise, eles resolvem parar em lugar no meio da estrada onde acontece um acidente em que se machucam o pai e a filha do casal. Correndo ao primeiro hospital mais próximo, chegam lá e várias coisas estranhas começam a acontecer quando a mulher e sua filha somem.

O clima instaurado em Fratura é interessante, personagens ambíguos, muito giro de câmera para buscar nossa atenção aos detalhes, mas isso tudo é uma técnica para tentar confundir e deixar o cenário final pronto para nos surpreendemos, ou não, sobre o que realmente relata uma história. Os suspenses psicológicos, em sua maioria, buscam uma certa originalidade, mas possuem várias características em comum, principalmente a elevação do tempo de clímax na tela, o que pode ser visto como uma coisa positiva quando roteiro está redondo, o que não é o caso desse. A falta de profundidade dos personagens atrapalha, o foco do relação entre marido e mulher deveria ter sido mais amplo para podermos caminhar com mais ferramentas lógicas para entendermos tudo que estava por vir pela frente.

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10/12/2019

Crítica do filme: 'Kardec'


A eterna vontade do destino em nos guiar por onde nunca imaginaríamos caminhar. Impulsionado pela grande atuação do sempre ótimo Leonardo Medeiros (vejam o filme Não por Acaso), Kardec surpreende pela seu ritmo e detalhes que ultrapassam as barreiras de quem acha que só quem é adepto ao espiritismo vai gostar dessa obra.  O roteiro se baseia em uma busca pelas minúcias que transformaram a vida do prestigiado professor francês Hypolite Leon Denizard Rivail, mais tarde conhecido por Allan Kardec. Um dos bons filmes nacionais lançados no cinema esse ano.

Na trama, conhecemos o professor Leon (Leonardo Medeiros), um educador de uma prestigiada escola francesa que após perder a paciência pela interferência em sua método de ensino, acaba sendo chamado a conhecer uma nova maneira de enxergar o mundo através de reuniões quase que escondidas onde outros, de outros planos, fazem contato através de outras pessoas. Impactado e no início totalmente descrente do que é aquilo que vivencia nessas reuniões, acaba sendo convencido a ser um dos porta vozes através de textos impactante de pessoas que não estão mais em nosso plano.  Lutando bravamente contra a força contrária da igreja católica e contra a absurda censura a liberdade de expressão, agora já conhecido como Kardec, leva o que escuta para olhos de todo o mundo.

O filme se torna mais instigante para quem não conhece Kardec e sua obra. O trabalho de pesquisa foi muito bem feito e mesmo com as licenças poéticas contidas no filme, o francês pelo português entre outros, essa obra nacional se torna ao longo de sua minutagem avançada em um produto de conhecimento e entretenimento. Afinal, saber mais sobre o que existe fora das nossas janelas também se torna uma forma de entendermos melhor o que tem dentro de nossas casas.

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Crítica do filme: 'Rambo: Até o Fim'


Esquecer o passado? Para certas pessoas isso nunca vai acontecer. Completando uma mão inteira de filmes emblemáticos desse gênero (ação), que causa saudade dos anos 80 e 90, Rambo: Até o Fim fala muita das consequências de uma vida inteira entregue para a batalha de um dos personagens mais carismáticos do universo do cinema de ação. Imortalizado pela lenda Sylvester Stallone, acompanhamos dessa vez um John Rambo em fim de carreira, já bem cansado das lutas que teve e em busca de algum oásis para relaxar sua racionalidade distante da emoção. Para os fãs da saga, Stallone e Cia entregam um bom filme que nos faz viajar para nossas memórias cinéfilas mais distantes.

Nessa nova caminhada do protagonista, acompanhamos John completamente distante dos agitos das grandes cidades, quietinho em um rancho que possui uma irada caminhada subterrânea, uma espécie de esconderijo do herói, afinal, nunca se sabe se ele precisará usar suas estratégias de guerra a qualquer momento. Ele vive com uma senhora a quem ajudou e sua neta, adestrando cavalos e vivendo como nunca viveu. Certo dia, a jovem resolve ir procurar o pai no México e acaba sendo sequestrada por criminosos ligados ao tráfico de mulheres na região. Assim, Rambo volta a caça por justiça e está disposto a tudo para devolver a jovem a seu lar.

Lançado no fim de setembro desse ano nos cinemas brasileiros, Rambo: Até o Fim é pura nostalgia, aliada a um carga dramática e as verdades do envelhecimento de um homem que lutou bravamente como um soldado durante anos. Com o terreno de personalidade fixado lá na década de 80 com o primeiro filme da saga: Rambo: Programado para Matar (esse, adaptado de livro do escritor David Morrell), somos testemunhas das perguntas e respostas que o personagem principal se faz a cada instante, principalmente quando seu faro aguçado por problemas sabem os caminhos que levam a determinas escolhas. Desde o Vietnã e seus traumas abordados nos outros filmes, vemos nessa nova história os mesmos espelhos, nesse caso uma abdicação a uma vida nova em paz e o retorno instantâneo pelo seu desejo de vingança usando o que nasceu para fazer.

É ótimo assistir a filmes de ação com tanta força (talvez por conta dos outros filmes), mesmo trazendo rostos conhecidos. Stallone vive seus Rockys e Rambos sempre com muita força e carisma e tem o mérito de conseguir se reinventar sem perder a essência dos personagens.

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