Aflição à flor da pele de memórias que não voltam. Em seu
primeiro longa metragem o cineasta Luciano Moura apostou em uma história
diferente dentro de um gênero que não é a comédia batida que infelizmente
estamos acostumados com as produções brasileiras. Estrelado pelo melhor ator
brasileiro atualmente, Wagner Moura (O Homem do Futuro), A Busca é uma trama corajosa, onde
não há exageros. Consegue reunir elementos envolventes e um protagonista que
passa verdade, pecando apenas pelo esquecimento dos personagens coadjuvantes.
Wagner Moura interpreta Théo um homem desesperado que
encontra-se à beira do caos com sua família desestruturada. Não se entende com sua mulher e filho, atitudes
de amor e ódio circulam entre as cenas. Mariana Lima (Amor?) interpreta a
doutora Branca, mulher de Théo que está em profunda tristeza com o declínio de
seu casamento. O casal tem um filho chamado Pedro que certo dia resolve fugir
de casa para uma aventura com um objetivo secreto que vai abalar para sempre os
laços dessa família.
Seguindo em seu carro com a gasolina infinita (uma licença
poética, quem sabe), atravessando dois estados, de casa em casa, totalmente sem
destino, fazendo parto, roubando celular de um lugar que só tem um aparelho
disponível, atravessando dois estados, Théo vai conhecendo pessoas, descobrindo
histórias e conhecendo melhor a si mesmo. O sofrimento da família é despejado e
retratado no personagem, o que deixa os coadjuvantes em completo segundo plano.
A busca tinha tudo haver com o personagem principal, muito
mais do que ele pensava. Nessa hora o roteiro cresce tentando mostrar o caminho
que leva o personagem ao autodescobrimento. Wagner Moura (O Homem do Futuro)
transborda talento e emoção em cada cena. Intenso, profundo, emocionante. Um
dos grandes atores do planeta cinema. Lima Duarte (Colegas) aparece poucos
minutos em cena. É o que precisa para fazer o público se emocionar. Arrepiante
atuação, complementa o personagem de Moura de maneira visceral.
Conflitos familiares de proporções extremas são vistos ao
longo dos 99 minutos de projeção. A câmera do diretor apresenta os detalhes e
expressões de cada um dos envolvidos nas sequências. É uma composição que ajuda
a melhorar a percepção do espectador. O resgate da esperança é um complemento
que é alcançado pelas lentes da direção principalmente a construção e a
desconstrução emocional de cada um dos envolvidos na história.
Mesmo não sendo perfeito, a busca de um pai e o recomeço de
um filho é uma ideia que contagiará o público a conferir o filme. Que não haja dúvidas! A Busca é um bom filme
nacional e enche os olhos cinéfilos com atuações que valem o ingresso.