22/07/2013

Crítica do filme: 'Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto'

Em apenas uma hora e vinte minutos de filme, o diretores Gastón Duprat e Mariano Cohn (O Homem do Lado) conseguem reunir elementos hilários para contar uma fábula da idade moderna sobre sorte e tentação. A nova comédia Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto deve cair no xodó dos cinéfilos que tiverem a sorte de ter esse filme passando em sua cidade. Lançado em 2011 lá fora, a hilária saga de homem rumo a troca de seu destino merece ser visto pelo público brasileiro.

Na história, um senhor de idade chamado Ernesto leva uma vida simples e muito chata trabalhando como agente imobiliário. Quando, por uma sorte (ou não) do destino, encontra um espanhol que se tornou imortal faz tempo fica em dúvida em relação a uma questão: Será que ele deve voltar dez anos no passado e receber um milhão de dólares quando voltar ao presente?

Trama inusitada? Sim, bastante! Quem nunca sonhou em ganhar na loteria e/ou voltar ao passado? Fazer essas duas coisas transforma essa deliciosa história sobre escolhas em um dos grandes destaques deste mês. Será que podemos evitar erros ou previnir nosso destino de eventuais situações constrangedoras? O personagem principal, interpretado pelo carismático Emilio Disi, faz sua escolha e comicamente acompanhamos os densenrolares deste fato.

O roteiro é brilhantemente dosado para não se exceder, principalmente para não conter os famosos clichês e encheções de linguiça que muitos cineastas norte americanos adoram adicionar em seus filmes. As produções argentinas cansam de dar um baile nos ‘produtos hollywoodianos’ quando o quesito  é objetividade da trama. Esse longa não foge a regra.


É o tipo de filme que você ri, se emociona, fica encucado com as escolhas feitas pelos personagens. Muitas emoções reunida em um tornado de situações. Vale a pena conferir!
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Crítica do filme: 'Renoir'

Um grande retrato de uma família que nasceu para brilhar no mundo das artes. Não tem outro resumo que melhor define o novo trabalho do diretor Gilles Bourdos (Depois de Partir), Renoir. Passando por belas imagens e pinturas que marcaram uma geração de amantes das belas artes, conhecemos um pouco mais a fundo o trabalho do famoso pintor que dá nome ao filme. Pena que a maneira como tudo isso é misturado na tela acaba se tornando uma grande chatice.

Nesse novo drama francês, conhecemos o final de vida do pintor Pierre-Auguste Renoir. Gênio que marcou época, vive seus últimos dias rodeado de mulheres que entraram e nunca mais saíram de sua vida. Uma delas, a sua nova modelo de corpo, começa a ter uma intensa história de amor com um dos seus filhos que acabara de voltar da guerra, o futuro cineasta Jean Renoir (A Regra do Jogo).

A direção de arte é impecável complementando as boas atuações do elenco. Cada detalhe – palavra muito usada pelo próprio pintor – é muito bem captado pelas lentes do diretor. O figurino chama a atenção pelas cores, parecem completar a aquarela do grande gênio da pintura. A fotografia é esplendorosa , todas as sequências exaltam as belas paisagens da riviera francesa naquele verão no início do século XX. O trio de protagonistas realiza um trabalho competente e contribuem para que o sono provocado pela lentidão da história não chegue antes da metade do filme.

Michel Bouquet – do excelente Como Matei meu Pai – interpreta o pintor Renoir. Suas expressões marcantes e os diálogos com pitadas de sarcasmo caem como uma luva ao personagem. Christa Theret (Lola) aparece nua em grande parte do filme mas sem nunca exceder à vulgaridade. Uma atuação corajosa da jovem atriz. Cabe a Vincent Rottiers (A Espuma dos Dias) interpretar o cineasta Renoir. Consegue passar os desejos e paixões do ainda recém adulto soldado.

Mas nem tudo são flores. Uma grande decepção para os cinéfilos fica por conta da não exploração do início da trajetória de Jean Renoir. Somos apresentados apenas a um breve início de como começou sua vontade de entrar na indústria cinematográfica, inusitadamente, por uma obsessiva paixão.

O longa ultrapassa o bom senso em relação a sua duração. É deveras longo para tudo que é abordado em seu roteiro. No mínimo, uma meia hora de fita deveria ter sido cortada. Soninhos profundos, roncadas profundas e ansiedade para o término serão reações presentes nas salas de cinema, mesmo com alguns pontos positivos que o filme possui.  

Esse filme acaba se tornando um quadro que o verdadeiro Renoir não gostaria de pintar. Você compra o ingresso para ver um filme mas acaba indo parar em uma disputa para ver quem dorme primeiro.


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19/07/2013

Especial: Top 10 Dia dos Amigos

Mario Quintana já dizia “há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos". Se existe um dia que merece ser comemorado é o dia dos nossos chatos prediletos. Muitos dirão que o dia do amigo é todo dia mas sempre é bom ter uma data certa para comemorar.

Como somos uma editoria de profissionais que se conheceram e viraram amigos nas maratonas de cinema do nostálgico Cine Odeón, no Rio de Janeiro, nada mais justo de comemorarmos esta emblemática data com uma lista das 10 melhores história de amizade para você leitor conferir nesse simpático dia.

10. Conta Comigo (Rob Reiner, 1986)
Dirigido pelo nova iorquino Rob Reiner (Louca Obsessão), a aventura com grande carga emocional, Conta Comigo, conta a história de um grupo de amigos que se unem para buscar o paradeiro de um corpo perdido na mata de uma cidadezinha do interior nos Estados Unidos. Baseado no conto O Outono da Inocência de Stephen King, a produção fez um tremendo sucesso entre os adolescentes da década de 80 e consegue a proeza de se tornar um filme atemporal, pois, renova esses fãs a cada década.

09. E.T., o Extraterrestre (Steven Spielberg, 1982)
Um dos maiores e mais poderosos filmes de todos os tempos, quando falamos em bilheteria, E.T., o Extraterrestre foi o filme que consagrou o diretor norte americano Steven Spielberg (Lincoln). Narrando a história de um jovem de uma família classe média norte americana que faz uma amizade com um carismático ser de outro planeta, a mega produção é um filme inesquecível na mente dos cinéfilos de todo o planeta.

08. Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore, 1989)
Um dos mais emocionantes filmes da história do cinema, Cinema Paradiso conta a história de de um cineasta bem sucedido que relembra sua infância e a descoberta pela paixão ao cinema após descobrir que um velho amigo falecera. O vencedor do Oscar, o italiano Giuseppe Tornatore, consegue explorar muito bem a relação de amizade contido no contexto da história, tornando este trabalho uma experiência inesquecível!

07. Sempre ao seu Lado (Lasse Hallström, 2009)
O que dizer de uma amizade entre um lindo cãozinho e um homem? Sempre ao seu Lado levou às lágrimas plateias de todo o mundo mostrando uma história real de maneira profunda e objetiva. Na trama, estrelada pelo astro Richard Gere (A Negociação) e dirigida pelo sueco Lasse Hallström (Um Porto Seguro), conhecemos a incrível história de amizade entre um cãozinho chamado Hachiko e um professor universitário. O desfecho dessa fantástica história é de partir o coração. Recomendado para corações fortes!

06. Toy Story 3 (Lee Unkrich,2010)
Uma das mais famosas animações da história do cinema, teve seu desfecho há três anos atrás e deixou uma saudade imensa nos corações cinéfilos. Os carismáticos Woody e Buzz Lightyear são personagens que jamais sairão do imaginário cinéfilo. As lições de amizade, de educação, de família que são abordados durante os três filmes da trilogia são os grandes destaques desta premiada animação.
05. As Vantagens de Ser invisível
Dirigido e roteirizado por Stephen Chbosky, As Vantagens de ser Invisível tinha tudo para ser mais uma historinha sobre adolescentes e muita bobagem. Engana-se quem pensou isso. Dessa vez, os cinéfilos foram brindados com uma fita muito verdadeira sobre as experiências de jovens em busca de descobertas e realizações. Tem cenas cativantes e canções que marcaram outras gerações. É uma visão madura e divertida sobre a adolescência, seus mistérios e suas surpresas. A busca pelo infinito vai de baladas românticas até uma homenagem à The Rocky Horror Picture Show, esse último uma das grandes passagens do longa.

04. Mary e Max: Uma Amizade Diferente (Adam Elliot, 2009)
Em seu primeiro longa metragem como diretor, o australiano Adam Elliot consegue a proeza de cativar a todos com a maravilhosa animação Mary e Max: Uma Amizade Diferente. O longa usa a técnica de animação denominada Claymation - baseada em modelos de barro ou material similar - e conta a história de uma garota de oito anos que mora na terra dos cangurus e Max, um homem de meia idade que vive na metrópole Nova Iorque e sofre de Asperger. Os risos e as emoções provocadas pelas maravilhosas sequências são as marcas registradas deste belo trabalho.

03. Intocáveis (Olivier Nakache, Eric Toledano, 2011)
Uma amizade improvável de duas pessoas que vivem em dois mundos diferentes. Intocáveis - o novo trabalho da dupla de diretores franceses Olivier Nakache, Eric Toledano - colecionou recordes de bilheteria ao redor do mundo. Com uma narrativa leve e descontraída o filme foge a todo tempo do clima pesado - que poderia facilmente ter -, assim, agradando a todo tipo de público. É uma história bonita, muito bem estruturada e adaptada para o mundo do cinema. Se você pensa que é um drama, esqueça. É um filme que transborda alegria em vez de lágrimas.

02. Meu Melhor Amigo (Patrice Leconte, 2006)
No longa europeu Meu Melhor Amigo, conhecemos um homem de negócio que só pensa em trabalho 24 horas. Até que um dia, percebe que não tem amigos e, a partir de uma aposta com uma amiga encrenqueira, adota um taxista como seu melhor amigo. O longa é uma comédia reflexiva, com ótimas atuações de Daniel Auteuil (A Filha do Pai) e Dany Boon (A Riviera Não É Aqui). Bom enredo, divertido e emocionante.  Um filme feito para se refletir sobre a vida!

01. Os Goonies (Richard Donner, 1985)

O número 1 da lista, um filme que atravessou gerações, óbvio que estamos falando do longa dirigido por Richard Donner (Maverick) e produzido por Steven Spielberg, Os Goonies. Na divertida trama, acompanhamos a saga de um grupo de amigos que partem em busca de um tesouro do lendário Willy Caolho se metendo em diversas confusões para chegar neste objetivo. O elenco é o início de carreira de muitos atores que hoje fazem sucesso no cenário hollywoodiano, como: Sean Austin (Trilogia Senhor dos Anéis), Josh Brolin (Oldboy). A voz desse último, na dublagem brasileira é feita pelo ator e diretor Selton Mello (O Palhaço). 
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15/07/2013

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Crítica do filme: 'Turbo'

Em seu primeiro trabalho como diretor, o desconhecido cineasta David Soren consegue com muita criatividade criar uma linda jornada através do sonho, estamos falando da divertida animação Turbo. Os pontos positivos se enumeram aos montes. Além de valores como amizade, trabalho em equipe que são perfeitamente abordados ao longo dos 96 minutos de fita, há uma louvável homenagem aos empreendedores, esses que também são sonhadores e acreditam nos seus respectivos negócios.  

Na trama, conhecemos um caracol de jardim que gosta de ser chamado de Turbo, um sonhador, aficionado por corridas de automóveis. Certo dia, após uma série de acontecimentos tristes, ganha super poderes e acaba encontrando uma turma que vai ajudar esse amante da velocidade a ficar mais perto de um grande desejo.

A vida de um caracol não é fácil. A cada bom dia, uma nova perda. Enfrentam perigosos corvos, jardineiros e suas máquinas de última geração, além de tomates gigantes. Sem limite para a sua vivacidade, o protagonista é um sonhador que não quer acordar. Seu cotidiano é mostrado na telona de forma divertida e gostosa de assistir.  

A particularidade dos personagens que giram ao redor do protagonista ajudam a criar todas as pontes entre os diálogos e os objetivos de cada um deles. O dono da loja de Tacos, Tito, possui um carisma fascinante. Quando aparece pela primeira vez em cena dá a impressão de que será um dos vilões da história mas logo percebemos que debaixo de tanta excentricidade há um coração que vai cativar a todos.

A qualidade da técnica de animação é um dos pontos altos da aventura. A Dreamworks, produtora de Turbo, acerta em cheio na interação que as imagens geram com o público. Os olhos dos pequenos cinéfilos ficarão brilhando e sorrisos brotarão no rostinho de cada um destes. Os papais também não podem deixar de conferir, vão se divertir, é um filme para todas as idades.


Nenhum sonho é grande demais e nenhum sonhador é pequeno demais. Os sonhos dão informações muito interessantes a quem quiser compreender seu simbolismo, e no caso de Turbo, esse simbolismo exala carisma de uma ponta a outra da telona!  Imperdível!
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08/07/2013

Crítica do filme: 'O Concurso'

Quem nunca teve o sonho de passar em um concurso público? Com essa ideia na cabeça, o roteirista e produtor LG Tubaldini Jr. resolveu criar uma história ao melhor estilo Os Trapalhões sobre um grupo de pessoas atrás desse objetivo tão complicado. Para tal, chamou o inexperiente diretor Pedro Vasconcelos e um elenco de nomes pouco conhecido do público de cinema. Resultado?  Piadinhas sem graça, a mesma historinha mal executada e uma verdadeira confusão cinematograficamente falando. Esse é o resumo da nova e terrível comédia, O Concurso.

Nessa versão brasileira de Se Beber, Não Case, somos rapidamente apresentados a quatro geniais mentes, cada um de uma parte do Brasil,  que se classificaram para a fase final do concurso público para Juiz Federal. Quando chegam na cidade do Rio de Janeiro com antecedência para fazer a prova, resolvem aproveitar  o fim de semana e acabam em muitas confusões.

O roteiro é linear mas tem falhas na sua execução, o que acaba gerando erros de continuidade entre uma cena e outra. As escorregadas na realidade e as situações impossíveis passam perceptíveis até ao olhar mais desatento: bancas de jornal fechadas às 7:45 da manhã de uma segunda-feira, um trânsito que não existe em pleno dia de semana pela manhã, um sequestro bizarro de um dos personagens por um grupo de travestis, entre outros pequenos absurdos.

As excêntricas personalidades dos personagens provocam uma grande confusão na telona. Os exageros são inúmeros.  Diálogos forçados, Sabrina Sato com um personagem sem função na trama, sequências mal dirigidas e situações impossíveis mostrando que todos os atores, o diretor e o roteirista parecem estar sem inspiração.

Fabio Porchat (Vai que Dá Certo), a grande esperança de tirar risos da plateia, é praticamente um Titanic (começa bem e naufraga), cenicamente falando. Algumas risadas são provocadas com sua mais forte qualidade, exageros em formato Stand Up Comedy. Porém, muito menos risos do que o esperado.  Talvez Porchat deva aprender a desenvolver seu Stand Up na tela grande com o Paulo Gustavo, ator que deu um show na comédia recém lançada Minha Mãe é uma Peça.


Ao longo do filme somos sentenciados a escutar a frase: “Perante a lei, todos são iguais”. Assim, ao término do longa (que graças a Deus não é muito grande), o adorador da sétima arte tem vontade de pegar um megafone e gritar: “Perante ao bom senso cinéfilo, ainda tem muito filme nacional que me irrita”!
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07/07/2013

Crítica do filme: 'Uma Dama em Paris'

O que fazer quando você está preso em uma relação de dívida eterna? O drama Uma Dama em Paris demonstra a força do cinema francês quando resolve inovar na maneira de contar uma história. Somos guiados pelas inteligentes lentes do cineasta estoniano Ilmar Raag (diretor do aclamado longa Klass), em uma viagem que começa na longíqua Estônia e termina nas calorosas ruas e avenidas da cidade luz.

Na trama conhecemos Anne, uma mulher de meia idade que mora na Estônia em um vilarejo. Quando sua  mãe morre, resolve voltar ao serviço, sendo assim contratada para cuidar de uma velha senhora em Paris. Chegando na cidade, busca se adaptar, mesmo encontrando dificuldades com sua nova paciente e se surpreendendo com a chegada de um amor inesperado.

O longa possui duas protagonistas,  fato que soma muito à trama. A intérprete de Anne,, encontra uma zona de conforto para sua personagem, se abrindo aos poucos para as emoções. Conseguimos nos conectar rapidamente com essa protagonista, uma empatia instantânea ocorre. Méritos da excelente atriz Laine Mägi (Klass). Jeanne Moreau (Jules e Jim - Uma Mulher para Dois), o nome mais conhecido do elenco, vai até o extremo do sarcasmo com sua complicada personagem Frida. O público busca uma maneira de entender essa complexa idosa mas no final acaba virando mesmo uma espécie de vilã.

Um grande destaque ao longo da história, vem na forma da inversão nas posições de destaque das protagonistas e do ator coadjuvante. Podemos analisar a trama de acordo com cada uma dessas vertentes que transformam esse triângulo amoroso em uma delicioso filme tipicamente francês, com desilusões, problemas e muita delicadeza nas conduções dos árduos diálogos.


As belas sequências nas praças e pontos turísticos parisiense dão o charme desse belo, sensível e imperdível trabalho que agradará não só os amantes do cinema europeu mas todos que gostam de boas histórias contadas de maneira comovente.
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05/07/2013

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Crítica do filme: 'Truque de Mestre'

Quem não gosta de um bom show de ilusionismo? Criss Angel, David Blaine, Harry Houdini, Mister M. são alguns dos mais famosos nomes que acompanham o imaginário de muitas pessoas ao redor do mundo com suas habilidades de mágica e ilusão. Se aproveitando dessa necessidade humana pela curiosidade, os roteiristas Boaz Yakin e Edward Ricourt criaram uma história muito inteligente onde o espectador não consegue desgrudar os olhos da telona. Truque de Mestre tem cenas de ação misturadas com diálogos interessantes, transformando a trama em um filme dinâmico e que deve agradar a maior parte do público.

Na trama, acompanhamos um recrutamento, feito por uma pessoa misteriosa, onde habilidosos artistas se unem para um grande golpe envolvendo bancos, chantagens e muito dinheiro o que acaba chamando a atenção da polícia e da mídia mundial. O cineasta francês Louis Leterrier, de trabalhos terríveis como Fúria De Titãs e Carga Explosiva 2, encontra uma fórmula de sucesso, unindo ótimas cenas de ação e momentos de emoção, para dirigir essa empolgante história.

Um dos trunfos são os personagens muito bem definidos. Cada um tem seu objetivo apresentado desde o início, clareando o entendimento ao espectador. Óbvio que algumas surpresas precisavam ser guardadas - o que pode confundir um pouco o público no final - a graça de um filme inteligente como esse é exatamente essa.

É o tipo de filme que empolga do início ao fim. Um outro fator que contribue para tal, são as atuações convincentes do cast principal. Todo o elenco comprou a ideia de fazer um trabalho marcante, inesquecível! Jesse Eisenberg (Para Roma, com Amor), Mark Ruffalo (Os Vingadores), Woody Harrelson (Jogos Vorazes), Isla Fisher (O Grande Gatsby), Dave Franco (Meu Namorado é um Zumbi), Mélanie Laurent (Toda Forma de Amor), Morgan Freeman (Oblivion), Michael Caine (Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge) merecem todo o crédito na execução quase perfeita de cada respectivo personagem.  

O engraçado é pensar nesse filme com outros atores. Antes da produção resolver optar por um grupo de jovens protagonistas (tirando o experiente Woody Harrelson), Philip Seymour Hoffman, Jim Carrey, Hugh Grant, Sacha Baron Cohen e Colin Firth foram considerados para os papéis principais. Com certeza seria um outro tipo de filme e, talvez, nem tão interessante.

Parece em alguns aspectos com Onze Homens e um Segredo. Recrutamentos, planos mirabolantes, uso da tecnologia, golpes em bancos. Uma outra analogia é com o filme de Christopher Nolan, A Origem.  Atenção aos detalhes, a busca de respostas pelo o público e a sensação angustiante e eminente que vai ser surpreendido no desfecho.

Todos os núcleos da trama são bem amarrados, não deixam o espectador confuso. Temos a parte da ação, do drama, do romance, do suspense, todos muito bem envolvidos, deixando o público ansioso em saber o misterioso desfecho. Claro que alguns vão implicar com alguns exageros e peças mal encaixadas ao longo do filme. Para esses, segue a dica: uma pitada de licença poética é saudável em qualquer história passada na telona!  

O grande truque não é mostrado! É sentido pelos espectadores que confortavelmente sentados em suas poltronas no cinema acompanham uma historia empolgante, repleta de reviravoltas. É um trabalho que até o grande David Copperfield aplaudiria de pé!



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26/06/2013

Crítica do filme: 'Dossiê Jango'

Em uma época de esperança onde um homem buscou a reforma agrária capitalista, entre outras melhorias para o país, um golpe é dado deixando o nosso país em estado de alerta e limitado durante alguns anos. Dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, o documentário Dossiê Jango é, antes de tudo, uma grande aula de história que tem como protagonista um ex-presidente deposto.  Produzido pelo Canal Brasil e premiado no Festival do Rio como Melhor Documentário Júri Popular e na Mostra Tiradentes como Melhor Longa Metragem Júri Popular, o documentário pode ser definido como um thriller investigativo.

Na trama, conhecemos melhor a história de João Goulart, vulgo Jango, que governou o país até o congresso e os militares darem o golpe (de 64), com os norte americanos financiando pelos bastidores esse movimento. Nesse filme, muitas verdades escondidas são ditas. Impressionam os detalhes e a quantidade de argumentos, todos muito bem organizados. O ponto de interrogação convive na cabeça dos que sabiam as verdades por trás da história de João Goulart.

Dossiê Jango é um apoio aos que pedem uma investigação mais ampla sobre esse caso que marcou a caminhada política brasileira. Em um espaço de nove meses, três mortes de políticos que queriam retornar à democracia são expostas com provas e declarações polêmicas. A interminável busca por respostas sobre as dúvidas que permanecem é uma espécie de clímax intocável nesse relato vivo sobre a história política do Brasil.

Enquanto o Estado Brasileiro não lutar pela verdade, nunca vamos saber realmente o que aconteceu com um homem que lutou pelo Brasil. Essa indignação que é transposta em tela, frequentemente, transforma esse belo trabalho de Fontenelle e companhia em um documentário atemporal cumprindo com louvor ao que se propõe.


Essa produção mostra mais uma vez que o cinema pode complementar o que aprendemos em sala de aula. Em dias de revoluções nas ruas do nosso país, chega aos cinemas esse excelente documentário como uma ótima dica para o público conhecer um pouco melhor da nossa caminhada rumo à democracia. Mais um documentário muito bom feito no Brasil neste ano, bravo!
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Crítica do filme: 'Hannah Arendt'

Dirigido pela cineasta alemã Margarethe von Trotta (do inteligente Vision - Aus dem Leben der Hildegard von Bingen),  Hannah Arendt é um drama sobre uma mulher importante para o mundo da filosofia política que possuía um leve ar inconsequente. O roteiro é deveras interessante, se auxiliando de flashbacks e pensamentos, só deixando a desejar em relação a maiores explicações para os leigos em filosofia. Quem já conhece Hannah Arendt vai entender muito melhor as explicações dadas neste filme do que quem nunca ouvir falar sobre ela.

Numa época que pensadores originais não precisavam de diploma para lecionar, conhecemos a filósofa política alemã de origem judaica, Hannah Arendt que trabalhou como jornalista e professora universitária além de publicar obras importantes sobre filosofia política. Sempre rodeada por livros e textos que contribuíram para com a sua obra, somos apresentados aos amigos (alguns deles famosos pensadores) e a toda uma problemática pessoal provocada pelo seu pensamento que culminou na transformação de um julgamento em uma questão filosófica.

Entre um trago e outro, um clima de tensão vai moldando o filme do meio para frente. Considerada por muitos um poço de arrogância e insensibilidade, a prestigiada filósofa é diversas vezes questionada se realmente amava o povo a qual pertencia. Tudo por conta de um acontecimento emblemático, um julgamento que mobiliza uma legião de pessoas diretamente ou indiretamente afetadas pelas ações absurdas dos nazistas na segunda guerra.

Um dos recursos interessantes do filme é que vamos descobrindo sua maneira de pensar através de memórias que surgem para o público em forma de flashbacks pincelados de acordo com a cronologia da história. Acompanhamos a criação de um dos mais comentados livros do século XX, entendemos melhor a sociedade em que vivia a protagonista onde pensar era uma atividade solitária.

A atriz alemã Barbara Sukowa (Veronika Decide Morrer) ficou com a árdua tarefa de dar vida a protagonista, uma das vozes mais marcantes na sociedade daquela época. Passou com louvor no teste! Outro destaque, Janet Mcteer (Albert Nobbs) e sua presença sempre contagiante viram protagonistas de ótimas cenas. Impressiona como a atriz britânica de 51 anos rouba a cena quando aparece. Exatamente como fez no interessante Albert Nobbs, onde atuou como coadjuvante de Glenn Close.


Um prato cheio para quem curte discussões sobre questões sociais, existenciais e que realmente quer conhecer a fundo o mundo da filosofia. Não deixem de conferir esse bom trabalho!  
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24/06/2013

Crítica do filme: 'Os Amantes Passageiros'

Escrito e dirigido pelo mundialmente conhecido cineasta espanhol Pedro Almodóvar (A Pele que Habito), Os Amantes Passageiros é um drama puxado para a comédia exagerada. As peculiaridades de Almodóvar são expostas na telona sem nenhum filtro. O roteiro flutua nos sobejos sobre sexualidade e situações que fogem do possível. É praticamente um delírio cinematográfico descompromissado com a realidade.

Nessa história, que encosta na loucura e no absurdo a quase todo instante, conhecemos algumas pessoas que estão presas em um avião sem conseguir aterrissar por conta de uma falha no trem de pouso. Aos poucos vamos conhecendo melhor a cada uma das pessoas, seus dramas e conflitos e assim uma série de situações inusitadas acontecem.

A comédia é inteligente (não há como negar), provoca risos intensos na platéia. Algumas inserções de atualidade, como um funcionário do aeroporto que adora twittar, diálogos afiados tendendo aos papos sobre sexualidade e as conturbadas vidas particulares de cada uma das pessoas à bordo vão moldando o roteiro que pode ser visto como genial por alguns e chato por outros.

Antonio Banderas e Penélope Cruz (que nunca haviam trabalhado juntos em um filme de Almodóvar), aparecem pouquíssimos segundos em cena. Os artistas conhecidos do grande público dão lugar a rostos novos e deveras competentes. Joserra é um personagem excelente, dita o ritmo das confusões naquele avião. Mais uma atuação fantástica do experiente Javier Cámera (Fale com Ela). Vale o destaque também para os nem tanto conhecidos Carlos Areces e Raúl Arévalo que participam da maior parte das cenas.


Qualquer filme de Pedro Almodóvar podemos previamente classificar como polêmico. Esse não foge à esse raciocínio. A única certeza que temos sobre Os Amantes Passageiros é a de que dividirá opiniões do público que vai correr para os cinemas e assistir a esse aguardado novo trabalho do sempre polêmico Pedro Almodóvar.
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