19/12/2013

Crítica do filme: 'Um Toque de Pecado'



O filme ganhador do prêmio de melhor roteiro no último Festival de Cannes chegou aos cinemas na semana passada (13) causando grande euforia nos cinéfilos que não puderam conferir suas exibições na Mostra Internacional de Cinema de SP deste ano. A verdadeira identidade de uma China perdida em suas desilusões emocionais é o foco deste belo e violento trabalho de Jia Zhang-Ke (que dirigiu o excelente Em Busca da Vida (2006). Em pouco mais de duas horas de fita, entramos em um quebra-cabeça social modelado primorosamente por Zhang-Ke (que assina também o roteiro). A qualidade no modo de contar essa história transforma Um Toque de Pecado em um dos melhores filmes do ano.

Quatro histórias, quatro dramas com desfechos violentos. Um mineiro indignado (Wu Jiang) que luta contra a corrupção massiva dos líderes do vilarejo onde reside. Um homem frio e calculista que regressa para seu lar com sua mobilete de poucas cilindradas na véspera de ano novo e começa uma reflexão macabra em relação às infinitas possibilidades de se viver da violência. Uma linda jovem que se envolve com um homem casado sendo levada ao limite da loucura quando é assediada por um cliente imbecil. E por fim, um jovem (quase adolescente) trabalhador fabril salta de trabalho em trabalho à procura de uma vida melhor. Os visões dessas histórias são extremamente pessimistas mas não deixa de ser uma crítica ao que ocorre longe dos holofotes da mídia quando o assunto é o desenvolvimento do Dragão.

Passado nos tempos atuais, os costumes e tradições chineses são incorporados com grande maestria pelo diretor.  Detalhistas como sempre, os cineastas orientais sabem como prender a atenção do público em poucos minutos de projeção. Entre uma sequência e outra, somos testemunhas de belas imagens que lembram a abertura do famoso seriado de David Lynch, Twin Peaks. Os atores passam uma verdade absurda em seus gestos e ações, destaque para Wu Jiang e seu personagem Dahai que deve ficar na mente de muita gente durante algum tempo.

A história pode parecer um pouco confusa para alguns. São diversas tramas e elementos tendo apenas o objetivo de mostrar uma China que está escondida. O roteiro é o principal destaque do filme e não tenham dúvidas: Vão ter dezenas de cineastas norte-americanos querendo produzir um remake deste belo projeto. A questão é saber se temos a mesma sensibilidade que os nossos amigos do oriente. Essa afirmativa chega de encontro como uma crítica ao ‘novo Oldboy’  feito pelo Spike Lee que se torna uma verdadeira incógnita cinéfila.

A busca para entender o pecado é transportada das telas para as cadeiras do cinema. O oásis da prosperidade chega com um toque de pecado para cada uma dessas melancólicas e perdidas almas. Violento, sangrento, e certas vezes angustiante, são elementos que transformam Um Toque de Pecado em um trabalho que certamente Quentin Tarantino aplaudiria de pé, e quem sabe, você também.
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Top 10 – Melhores filmes de 2013



Nesse belo ano para os cinéfilos e para todo mundo que gosta de filmes inteligentes fomos brindados com diversos projetos que emocionaram, causaram indignação, calafrios e muitos outros tipos de sentimentos, sentados em nossas cadeiras de frente para a telona. Entre produções do Canadá, China, França, Arábia Saudita, Itália, Estados Unidos e com mais de 500 filmes vistos esse ano, nasceu a minha lista com os 10 melhores trabalhos de 2013.

10. O Que Traz Boas Novas (Monsieur Lazhar, 2011)

Ganhador de mais de 26 prêmios internacionais, chegou aos cinemas brasileiros neste ano o novo e elogiado trabalho do cineasta Philippe Falardeau (do excelente C'est pas moi, je le jure! ), O Que Traz Boas Novas. Qual o papel do professor? Educar ou ensinar? O longa levanta essa questão básica da educação centralizado nos interessantes diálogos entre pais, educadores e alunos. Além disso, o filme é delicado, transborda ao mesmo tempo pureza e maturidade. Na trama, após uma tragédia inestimável, uma escola enfrenta um grande problema com seus alunos. Abalados, pais e orientadores buscam uma saída para a superação de toda uma classe até a chegada do novo professor de origem argelina, interpretado pelo ótimo ator Mohamed Fellag (O Gato do Rabino). Esse é o tipo de filme para ver ao lado de quem você ama e quem sabe fazer uma sessão dupla e iluminar a sala de cinema com brilho no olhar, de ter encontrado alguém que te entende e gosta das mesmas coisas que você.

09. A Vida Secreta de Walter Mitty (Walter Mitty, 2013)

Você já fez algo realmente extraordinário? Com um roteiro do sempre competente Steve Conrad (À Procura da Felicidade), baseado em um personagem fantástico criado pelo escritor americano James Thurber no conto publicado na revista The New Yorker em 1939, o novo trabalho como diretor do astro de Hollywood Ben Stiller A Vida Secreta de Walter Mitty se propõe em ajudar ao público a encontrar a verdadeira beleza do sonhar contido dentro de todos nós. Contando também com a participação mais do que especial do ganhador do Oscar Sean Penn, A Vida Secreta de Walter Mitty se consolida a cada minuto de fita como um retrato maduro entre a realidade e a ficção. Então pessoal, o jeito é seguir o ABC de Walter Mitty. Veja o mundo. Os perigos que virão. Chegue mais perto. Sinta. Esse é o propósito da vida. Não percam essa fabulosa experiência cinematográfica que Jung iria amar. Bravo!


08. Um Toque de Pecado (Tian zhu ding, 2012)

O filme ganhador do prêmio de melhor roteiro no último Festival de Cannes chegou aos cinemas brasileiros no finalzinho deste ano, causando grande euforia nos cinéfilos que não puderam conferir suas exibições na Mostra Internacional de Cinema de SP 2013. A verdadeira identidade de uma China perdida em suas desilusões emocionais é o foco deste belo e violento trabalho de Jia Zhang-Ke (que dirigiu o excelente Em Busca da Vida (2006)). Em pouco mais de duas horas de fita, entramos em um quebra-cabeça social modelado primorosamente por Zhang-Ke (que assina também o roteiro). A qualidade no modo de contar essa história transforma Um Toque de Pecado em um dos melhores filmes do ano.


07. O Sonho de Wadjda (Wadjda, 2012)

Ganhador de elogios ao redor do mundo, desembarcou no Brasil o drama O Sonho de Wadjda. Tendo influência do clássico da década de 40, O Ladrão de Bicicletas, de Vittorio De Sica (Desejos Proibidos), o longa fala sobre a destemida juventude que calça All Star e com uma mescla de inteligência e sabedoria consegue burlar qualquer símbolo de prepotência de uma sociedade machista no tempos atuais. É no mínimo um filme ousado, aguerrido e alentado. Talvez chocante para alguns. Pelos diálogos nos identificamos e torcemos para que mais Wadjda apareçam nesse mundo tão perto e conservador. Bravo! É o tipo de filme que procuramos em dezenas de sites, inúmeras lojas, sites estrangeiros, pois queremos dar de presente para alguém que amamos e nutre a mesma paixão que temos pelo cinema. 


06. Questão de Tempo (About Time, 2013)

Um pôster do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain preso na parede de um quarto já era o primeiro indicador que iríamos conhecer um sonhador, romântico e que faz de tudo para ser feliz. Em Questão de Tempo, o diretor e roteirista neo-zelandês Richard Curtis (Um Lugar Chamado Notting Hill) nos leva a conhecer Tim e sua incrível jornada à procura de um futuro ao lado de um grande amor. Uma trilha sonora jovem e popular embala esse ótimo trabalho que é aquele tipo de filme que todo mundo na sala de cinema faz uma corrente imaginária positiva para que o desfecho seja feliz. Esse é o tipo de filme que você quer ver com a pessoa que ama. Se ela não puder ir, por ter provas no dia seguinte a exibição, vá com sua prima e pense nela. Fale do filme, mande mensagens no whatsapp, indique e faça o coração dela saber que precisa ver esse filme para entender cada dia mais que o amor de cinema está presente também na vida real.


05. A Grande Beleza (La Grande Bellezza, 2013)

Um dos diretores mais fantásticos do cinema atual Paolo Sorrentino (que dirigiu a ótima atuação de Sean Penn no filme Aqui é o Meu Lugar) chega novamente aos cinemas brasileiros apresentando um personagem e seu conflito. Dessa vez, criticando assiduamente a alta sociedade européia, seus altos e baixos, coloca um recheio de exuberância, luxo, dança e glamour através do olhar do amadurecimento de um homem e seus passeios nas memórias. Aos amantes de obras de arte, A Grande Beleza permite um grande tour, exclusivo para príncipes e princesas, por dentro de corredores memoráveis lembrando muito – nestas sequências - o clássico filme do russo Aleksander Sokurov, A Arca Russa. O protagonista fascina pois conhece tudo e todos. Molda seus raciocínios através da larga experiência que possui dentro dessa burguesia dominadora em que vive. É o tipo de filme que vemos no chão do cinema, por não ter mais lugar na plateia, ao lado do amor de sua vida que pode reclamar um pouquinho pelo filme ser muito longo.


04. Ferrugem e Osso (De rouille et d'os, 2012)

Quantas formas de amor existem? Escrito e dirigido pelo cineasta francês Jacques Audiard (O Profeta), Ferrugem e Osso é um drama que consegue tocar a alma de todos os espectadores de maneiro bruta, intensa, deixando um rastro de emoção em cada sequência. Estrelado pela ganhadora do Oscar Marion Cotillard (Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge) o filme é adaptado de uma história do autor Craig Davidson que mais parece o encontro da era moderna entre a bela e a fera. A trajetória fria, triste e vazia da personagem principal, a bela moderna Stephanie, se agrava com um acontecimento que muda para sempre sua vida. A partir desse momento, a personagem amadurece e conseguimos acompanhar essa linda mulher com outros olhos. Marion Cotillard está mais uma vez excelente em um papel sofrido, onde precisou de muita doação, dessa que é uma das melhores atrizes francesas de sua geração.


03. O Último Elvis (El Ultimo Elvis, 2012)

Festas para uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90 minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos que preenchem aos poucos a telona. A inconsequente busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!


02. Azul é a Cor mais Quente (La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2, 2013)

E vem da terra de Godard o filme mais quente deste ano, Azul é a Cor mais Quente. Dirigido pelo tunisiano Abdellatif Kechiche,  ganhador da Palma de Cannes neste ano, o drama francês é uma excepcional e comovente história recheada de diálogos árduos, cenas picantes e uma inteligente análise dos sentimentos humanos, feita de forma transparente, real e bastante atual. O longa metragem é provocante, chocante e ao mesmo tempo apresenta contornos dramáticos em forma de gestos de ternura e carinho de suas personagens. Esse é um filme que ficará na sua memória por muito tempo. As conversas em alto nível intelectual vão agradar o público. As amantes dão um show de conhecimento das artes argumentando sobre quadros de Picasso e conversando sobre teorias de Sartre. Os cinéfilos são abençoados com duas grandes interpretações. Todos os prêmios do mundo para as atrizes Léa Seydoux (Adeus, Minha Rainha) e Adèle Exarchopoulos. Vocês não podem perder esse lindo trabalho. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvidas! Bravo!


01. A Caça (Jagten, 2013)

O que começa em novembro e não termina nunca mais. Discussões em familiares, bebedeiras e caça entre amigos, o novo trabalho do aclamado diretor, criador do movimento Dogma 95, Thomas Vinterberg (Submarino) é um daqueles filmes inesquecíveis onde sentimos do lado de cá da telona toda a angústia e injustiça que ocorre nas sequências desse projeto, disparado, o melhor filme do ano. A construção dos personagens dentro do contexto, especialidade de Vinterberg é o grande pilar desse drama comovente que gera uma comoção do público. Poucas vezes assistimos um filme e já pensamos nos debates que podem acontecer. A culpa, o perdão, a indignação. Sentimentos que andam em conjunto destruindo emocionalmente os personagens e brindando o público com uma verdadeira obra de arte. Cinema bom é assim mesmo, faz o público refletir. Bravo!
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Cinema aos olhos da música: Capítulo 2 – Tico Santa Cruz, do Detonautas Roque Clube



Cinema aos olhos da música: Capítulo 2 – Tico Santa Cruz, do Detonautas Roque Clube

O nosso segundo entrevistado na coluna Cinema aos olhos da música é um vocalista de personalidade forte e que sempre argumenta com muita propriedade sobre o cenário político e social brasileiro pelas redes sociais. Aos 36 anos, Luis Guilherme Brunetta, ou para nós Tico Santa Cruz, é o líder da banda Detonautas Roque Clube desde 1997. A banda se conheceu pela internet e ficou marcada no cenário musical brasileiro por suas letras impactantes tanto para falar sobre amor quanto para abrir os olhos do povo em relação à política, sendo assim, a voz de milhões de fãs espalhados pelo Brasil.

Por trás do corpo quase todo tatuado, há um ser humano engajado em expressar todos seus sentimentos e insatisfações em melodia. Tico batalhou com inúmeras palavras sobre o voto consciente, divulga o trabalho de diversas bandas independentes e nunca deixa de se expressar em qualquer polêmica de rápida repercussão por conta das redes sociais. Fã de Woody Allen e Quentin Tarantino, Tico Santa Cruz topou conversar com a gente e falar um pouquinho sobre sua visão em relação ao cinema.

1) Qual a relação que a música e o cinema possuem?

Tico Santa Cruz: A música sempre foi fundamental para o cinema. É através das trilhas sonoras que o diretor consegue conduzir o clima que precisa para fazer com que o espectador sinta-se inserido no contexto da cena. A música tem o poder de emocionar, de criar tensão, suspense, medo, ou seja, movimenta as sensações humanas. Sem a música o filme perde muito em sua capacidade de atingir a alma humana.


2) Quais seus filmes prediletos e porquê? E qual foi o último filme que assistiu?

Tico Santa Cruz: Assisto de tudo. Tenho filhos e um de meus hobbies preferidos é ir ao cinema com eles. Meus diretores preferidos são Quentin Tarantino e Roberto Rodriguez. Gosto de filmes que misturam ação, terror, violência. Mas também tenho apreço por títulos que mudam nossa forma de ver o mundo. Crash foi um desses, poderia dizer que Clube da Luta também mexeu muito comigo. Adoro Woody Allen, gosto de praticamente todas as fases dele e a forma como mete o dedo na ferida da hipocrisia das pessoas. Eventualmente uma boa comédia pastelão pode me fazer relaxar. Cinema assim como a música é Estado de espírito, então depende muito de como você está se sentindo. Matrix, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Invasões Bárbaras, são alguns filmes que marcaram minha lembrança. Gosto de temas de guerra também e tenho ótimas recordações da infância como Goonies, De volta para o Futuro, entre outros. O último filme que assisti que posso recomendar é Django Livre, pois existe uma safra atual no cinema assim como na música que seria melhor que não tivesse vindo à tona.


3) Quem você acha que tem maior dificuldade: um músico em início de carreira ou um cineasta tentando lançar seu primeiro filme?


Tico Santa Cruz: O início é difícil para todas as profissões. Para quem faz arte é mais difícil ainda, para quem faz arte num país onde as pessoas só dão valor depois que você chegou numa grande emissora de TV ou foi elogiado por revistas e jornais, nem se fale... Acho que talvez seja mais difícil para um cineasta fazer seu primeiro filme e lançar porque este depende de mais recursos técnicos e consequentemente de mais recursos financeiros. Enquanto que para um músico que tiver um estúdio este consegue produzir um disco sem grandes dificuldades operacionais.


4) O que é cinema para você?

Tico Santa Cruz: Entretenimento, informação, conhecimento. Uma maneira de fundamentar conceitos de vida e de transformar a realidade. Em alguns momentos quase uma bola de cristal. Quantos cineastas não desenharam no passado distante a realidade que vivemos hoje?


5) Você já criou alguma canção baseada em algum filme que viu?

Tico Santa Cruz: Não, mas certamente já saí de algum filme com pensamentos que possam ter me influenciado a compor algo que tenha escrito. Mas não me lembro de um filme especificamente.


6) Mande uma mensagem aos cinéfilos do nosso portal.

Tico Santa Cruz: Cinéfilos, entrem na minha página do Facebook e deixem dicas para que eu possa aprender e conhecer ainda mais sobre a sétima arte.
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Crítica do filme: 'O Hobbit: A Desolação de Smaug'



Para delírio de milhares de fãs espalhados pelo mundo, chega aos cinemas a continuação da saga de Bilbo Bolseiro e Cia, O Hobbit: A Desolação de Smaug. Comandado por Peter Jackson, que faz uma pontinha nos primeiros segundos de projeção, essa continuação é infinitamente superior ao primeiro filme em relação a tudo o que você possa listar como fundamental para entreter qualquer tipo de público. Fugindo de aranhas gigantescas, chamas poderosas de um dragão assustador e monstrengos Orcs famintos por sangue, os nossos heróis, com a ajuda dessa vez de Legolas (Orlando Bloom), voltam a enfrentar inúmeros desafios em busca de seu objetivo.

Orçado em US$ 250 Milhões e com 161 minutos de fita, O Hobbit: A Desolação de Smaug é o segundo filme da trilogia de adaptação do livro O Hobbit, de J.R.R. Tolkien. Nesta segunda parte, voltamos a acompanhar os novos desafios da jornada épica de Bilbo Bolseiro para recuperar o Reino dos Anões de Erebor. Bilbo, os anões e Gandalf continuam sua ingrata caminhada depois de serem salvos pelas águias nas Montanhas Sombrias (no primeiro filme), chegando até a Floresta das Trevas onde são surpreendidos por criaturas arrepiantes e pelos elfos que os capturam. Quando conseguem fugir da prisão dos arqueiros orelhudos, precisam encarar o maior desafio dessa jornada: roubar Smaug, um dragão que há muito tempo saqueou o reino dos anões do avô de Thorin e que desde então dorme sobre esse tesouro.

Ágeis, corajosos e com verdadeiros corações de guerreiros, os anões de Erebor brindam os espectadores com suas cenas quase circenses de lutas e seus diálogos sempre bem humorados. Eles lutam, ajudam, brigam entre si, mas no final do dia mostram uma união comovente que os faz não desistir de seus objetivos. A cada nova sequência, entre um brinde e outro, os guerreiros liderados por Thorin conquistam e reconquistam o público a cada minuto.

Por mais que maravilhosos personagens da trilogia O Senhor dos Anéis dêem o ar de sua graça nesse segundo filme da franquia, quem rouba a cena é Thorin. O lúcido e enigmático personagem, líder da legião dos anões, é interpretado com bastante competência pelo ator Richard Armitage (Capitão América: O Primeiro Vingador). Destemido, bravo e com uma personalidade de causar inveja a muita gente, o pequeno guerreiro exala carisma na telona.

Tauriel, personagem de Evangeline Lilly (Ex-Lost), adiciona muita emoção à trama. Além de ajudar o famoso orelhudo elfo Legolas com suas setas e facadas certeiras, vira médica para um certo soldado ferido e figura central de um surpreendente triângulo amoroso com o arqueiro mais famoso da trilogia O Senhor dos Anéis e um dos anões. A bela atriz canadense de poucos trabalhos de expressões no mundo do cinema caiu como uma luva na personagem.

Os efeitos especiais continuam no mais alto padrão que a tecnologia deste planeta pode oferecer. Mas o mérito de Peter Jackson e sua equipe não vem só disso. Reunir um roteiro envolvente, uma direção louvável e cenas de tirar o fôlego, usando essa tecnologia mencionada, é uma tríplice mais do que vitoriosa, inesquecível. Os padrões para criar um filme de fantasia que agrade a qualquer tipo de público foram elevados de uma maneira considerável por este audacioso projeto.

A aventura épica, dirigida pelo genial Peter Jackson (Almas Gêmeas) é garantia de diversão do início ao fim. Com um corte seco em seu desfecho e uma pergunta fundamental como gancho para o último filme da saga, O Hobbit: A Desolação de Smaug deve agradar não só aos fanáticos pelos textos de Tolkien mas também a todo mundo que ama cinema. Nessa próxima sexta-feira 13, Jason será esquecido facilmente, corra para o cinema e confira esse excepcional trabalho.

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