23/02/2014

Crítica do filme: 'Clube de Compras Dallas'



Até onde um homem vai em busca de sua salvação? Uma das grandes sensações em festivais importantes mundo à fora, e um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme neste ano, Clube de Compras Dallas é um retrato escancarado de um homem em busca da cura para uma doença que já matou milhões de pessoas neste planeta. Dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée (que comandou o ótimo A Jovem Rainha Victoria) e com uma atuação digna de Oscar dos atores  Matthew McConaughey e Jared Leto, o drama deve comover do início ao fim qualquer um que tiver a sorte de assistir a este belo trabalho.

Na história, baseada em fatos reais, ambientada na década de 80 no complicado Estado do Texas, conhecemos Ron Woodroof (Matthew McConaughey), um carismático eletricista, machista ao extremo, que após muitas relações sexuais com desconhecidos, uso de drogas injetáveis constantes descobre que está com Aids. Após os médicos terem lidado apenas mais 30 dias de vida, Ron entra em uma busca desesperada para encontrar a cura e assim funda um clube de tratamento contra a doença que utiliza remédios em fase experimental em outros países. Para o empreendimento, e salvação, dar certo, vira parceiro de Rayon (Jared Leto), um homossexual que também possui a terrível doença. Dessa sociedade nasce uma amizade surpreendente.

O longa-metragem aborda muito bem toda a mentalidade da população perante aos riscos do vírus HIV. O preconceito exacerbado (para muitos, quem tinha Aids era porque tivera relações homossexuais), as dúvidas sobre os tratamentos confiáveis pelos portadores do vírus, as brigas judiciais entre fabricantes de medicamentos norte-americanos e pessoas que procuravam novas soluções para combater a doença. Clube de Compras Dallas não deixa de ser uma crítica à indústria farmacêutica que lucra milhões anualmente. É um trabalho inteligente e muito corajoso de Vallée e toda a equipe.

Todo o elenco esteve inspirado durante o período de gravações. O antes rejeitado pelos cinéfilos, Matthew McConaughey consegue a melhor atuação de sua carreira (que decolou com muito mais talento nos pelos menos últimos cinco filmes que participou) e tem reais chances de conseguir um dos Oscars na próxima noite da grande festa. A certeza maior de prêmio é para Jared Leto. O cantor/ator mais uma vez interpreta um personagem envolvido no mundo das drogas e mais uma vez mostra que é um artista completo, magnífica atuação. Até a mulher do ex-novo Batman Ben Aflleck, Jennifer Garner, consegue desempenhar com muita eficácia sua complicada personagem.

Clube de Compras Dallas é um filme que conquistará muito fãs no Brasil e no mundo. A qualidade cênica é importante para toda a história fluir e captar a atenção do espectador durante toda a fita. Esse é um daqueles filmes impactantes que marcará a carreira de todos seus participantes.
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10 filmes para assistir quando está com saudade de alguém



“Quem foge da saudade preso por um fio, se afoga em outras águas mas no mesmo rio.” Citando parte da linda canção “Saudade” do gênio Paulinho Moska, começamos esse humilde artigo que fala sobre um sentimento intenso, vivido a cada segundos por muitos de nós que tem em sua casa o vazio. Para tal, não existe cura, não existe explicação. Esse sentimento vira mais doloroso ainda quando estamos com saudade de alguém que amamos e por forças do destino, erros irreparáveis, falta de sorte, imaturidade, infantilidades, entendemos que não há volta, assim, deixamos que o beijo dure, deixamos que o tempo cure. Para ajudar a superar, o cinema pode ajudar.
 
O mundo do cinema no presenteou com inúmeras obras que falam sobre essa tal de saudade. Choramos, torcemos mas nem sempre as histórias terminam com um final feliz. A primeira coisa que a pessoa pensa quando está em um momento vulnerável é: “não posso ver esse filme de drama pois ele vai me derrubar!” Mas nem sempre isso é uma boa saída. Ver, sentir, entender os sentimentos e pontos de vista de outras histórias parecidas com a sua, pode ser uma bela saída para você enfrentar de queixo erguido toda essa tempestade.

Abaixo, 10 filmes que podem te ajudar a entender sua saudade, mesmo sabendo que essa é um eterno filme em cartaz.


10) Todas as Canções falam de Mim

Quanto mais vasto o tempo que deixamos para trás, mais irresistível são os pensamentos que nos convidam ao retorno. Passando pelo Brasil como um foguete, no já distante ano de 2010, o maravilhoso filme Todas as Canções Falam de Mim dirigido pelo espanhol Jonás Trueba, é uma jornada amistosa que fala sobre a palavra que não existe tradução em muitos outros idiomas, a saudade. A química que os atores Oriol Vila e Bárbara Lennie provocam em cena pode ser comparada com a que Julie Delpy e Ethan Hawke conseguem na trilogia amorosa de Richard Linklater.

Todas as Canções Falam de Mim chama a atenção de qualquer alma sensível por conta deste título maravilhoso. Mas o filme é muito mais que isso. É uma visão madura sobre a reconquista de um amor. Entre citações de grandes romancistas e músicas que confortam qualquer coração ansioso para amar novamente, o espectador é premiado com uma história sobre duas almas muito mais comuns na vida real do que no mundo mágico do cinema. Se você viveu ou vive alguma história parecida, ao final do filme escute seu coração. Quem sabe essa história não era o combustível que faltava para você reconquistar um grande amor?

O que esse filme ensina: Se você ainda ama alguém, LUTE POR ESSE AMOR! CORAGEM! Escreva um livro, um artigo, poste canções para ela. Nunca deixe de acreditar.



09) Ela

Se apaixonar é uma forma socialmente existencial de insanidade? Depois de apresentar ao mundo uma versão peculiar da tristeza por meio de metáforas e universos inimagináveis, no longa-metragem Onde Vivem os Monstros, o diretor norte-americano Spike Jonze volta aos cinemas, quatro anos depois, com um projeto audacioso que fala sobre o diferente relacionamento no futuro entre um homem e uma máquina, Ela. Com muita suscetibilidade aplicada nas ações dos personagens, o famoso diretor precisava de um ator completo para executar o complexo protagonista. E acreditem, não havia escolha melhor do que Joaquin Phoenix. O porto-riquenho de 39 anos conquista o público, já nos primeiros segundos, com um maravilhoso monólogo.

É muito difícil perder alguém que a gente gosta. Aos poucos o protagonista começa a entender que amar também é deixar ir embora. A melancolia do personagem é maravilhosamente bem interpretada pelo ótimo ator Joaquin Phoenix. Conseguimos sentir toda a tristeza, sentimentos e em certos pontos nos identificamos. Muitas vezes com sua emblemática camisa de cor salmão, o inteligente personagem, escrito por Jonze, tem um pensamento triste e constante de que já sentiu tudo que deveria sentir na vida e não sentirá nada de novo, só versões menores do que um dia já viveu. Sair dessa melancolia, sem a ajuda do Lars Von Trier, é uma caminhada muito bonita que acompanhamos atentos em cada detalhe, cada atitude do personagem.

O que esse filme ensina: O tempo te mostrará o caminho para curar a saudade, por mais que machuque ficar longe de quem você ama.


08) À Procura do Amor

Escrito e dirigido pela cineasta norte-americana Nicole Holofcener, À Procura do Amor é um filme de romance maduro e bastante sensível. O excelente roteiro consegue captar todos os detalhes que o público precisa para se familiarizar com a trama. Além disso, há um entrosamento fabuloso entre os artistas em cena. Julia Louis-Dreyfus e James Gandolfini merecem todos os elogios do mundo. Esse último deixa para seus milhares de fãs uma linda interpretação nessa espécie de despedida do fantástico mundo do cinema.

Quando a idade chega, as chances de viver uma linda história de amor fica cada vez mais rara. A protagonista entre nesse furacão emocional e incrivelmente apresenta uma imaturidade incomum, tomando uma série de atitudes equivocadas. A personagem principal é muito bem construída por Julia Louis-Dreyfus. Insegura, infeliz, gosta de tricotar e possui uma amizade maternal com a melhor amiga da filha.  Seus altos e baixos são vistos com os olhos atentos do público que percebe as desconstruções de personalidade ao longo da fita.

Esse, é um daqueles trabalhos que de tão sensível, passamos a torcer pelos personagens. Mesmo com as dores do passado, o medo de seguir e confiar no outro novamente, aos poucos a sabedoria e a experiência vão virando antídotos para curar aos que se machucaram. Sentados nos degraus de uma simples casa no subúrbio, confidências, carinhos, risos e esperança deixam o espectador decidir qual será o final dessa história.


O que esse filme ensina: Nunca feche as portas de seu coração mesmo se ele ainda estiver muito machucado.



07) Azul é a Cor Mais Quente

E vem da terra de Godard o filme mais quente deste ano, Azul é a Cor mais Quente. Dirigido pelo tunisiano Abdellatif Kechiche,  ganhador da Palma de Cannes neste ano, o drama francês é uma excepcional e comovente história recheada de diálogos árduos, cenas picantes e uma inteligente análise dos sentimentos humanos, feita de forma transparente, real e bastante atual. O longa metragem é provocante, chocante e ao mesmo tempo apresenta contornos dramáticos em forma de gestos de ternura e carinho de suas personagens. Esse é um filme que ficará na sua memória por muito tempo.

A construção da protagonista é maravilhosa, em certo momento do filme, motivada por inseguranças e ciúmes, a personagem enfrenta uma crise existencial. Admiradora de Kubrick, Scorsese e do cinema norte americano Adèle se constrói e desconstrói durante os 180 minutos de fita. Na primeira fase da história, confusa e com desejos reprimidos sofre pressão do grupinho de amigas que faz parte.  Já na segunda fase, mais madura e completamente apaixonada, precisa enfrentar as dores de um amor que nasceu de forma bonita e se encaminha para um desfecho melancólico por conta das atitudes inconseqüentes da própria personagem.

As conversas em alto nível intelectual vão agradar o público. As amantes dão um show de conhecimento das artes argumentando sobre quadros de Picasso e conversando sobre teorias de Sartre. Os cinéfilos são abençoados com duas grandes interpretações. Todos os prêmios do mundo para as atrizes Léa Seydoux (Adeus, Minha Rainha) e Adèle Exarchopoulos. Vocês não podem perder esse lindo trabalho. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvidas! Bravo!

O que esse filme ensina: Vive intensamente todos os dias com seu amor, você nunca sabe o que pode acontecer. Na hora da saudade, se abrace nas coisas boas que viveram juntos. Não cura mas ajuda a continuar vivendo.



06) O Último Amor de Mr. Morgan


O quão triste é perder alguém? Escrito e dirigido pela cineasta alemã Sandra Nettelbeck – que tirou leite de cabra da atriz Ashley Judd (Invasão à Casa Branca) no excelente filme Helen (2009) - O Último Amor de Mr. Morgan é um filme, vale dizer, sensível. Quem possui qualquer tipo de relação conturbada com seu pai terá suas estruturas abaladas. O vulnerável protagonista, interpretado brilhantemente pelo britanico Michael Caine (Truque de Mestre), guia o espectador  pela força que as imaginárias lembranças de sua falecida esposa tem sobre ele. Assim, somos jogados em um mar dramática cheio de emoções a todo instante.

O filme, um pouco mais forte do que um copo de água com açúcar, é o retrato de muitas relações familiares. Lindas paisagens, de uma França moderna e nublada, é o cenário escolhido da complexa relação que Mr. Morgan possui com o mundo, sem sentido, em que vive. Pauline acende uma chama de esperança mas a chegada do que restou de sua família acaba ganhando contornos dramáticos, já no meio do longa-metragem, o que só faz crescer a expectativa do público sobre como acabará essa história.

O desfecho gera opiniões diversificadas, pois o personagem torna-se carismático aos olhos do público que torce para um final feliz. Qual o sentido de vida que o personagem busca? Qual o último amor de Mr. Morgan? As respostas podem surpreender você, afinal, poucas coisas são mais deprimentes do que cabides velhos.

O que esse filme ensina: Você deve guardar a saudade no cantinho do seu coração. Não deve perder a oportunidade quando a mesma bate na porta. Mas entendo quem pensa que a saudade é maior que qualquer nova oportunidade. Eu entendo.



05) Vulcão

Como reconstruir quando você só destrói? Falando sobre a busca da felicidade de um homem, o jovem cineasta islandês Rúnar Rúnarsson – em seu primeiro longa metragem -  transforma um conflito pessoal em uma obra de arte. Vulcão é o tipo de filme que você nunca ouviu falar mas que certamente vai querer debater sobre ele.

Theodór Júlíusson – o ator que interpreta o protagonista da história - tem uma atuação fabulosa. Não perde um segundo o foco de seu difícil personagem, o que facilita a exposição dos conflitos para o espectador.  Toda a dor, angústia, aflição, insegurança e desespero são mostrados com uma verdade que impressiona. A todo instante, o público interage com a trama e sai do cinema sem saber se Hannes é o vilão ou o mocinho dos fatos.

A cena mais importante da película, a do travesseiro, expõe o tão longe do seu limite emocional o protagonista ja se encontrava. A dor dá lugar à compaixão, podemos interpretar não como uma despedida mais um ato de socorro de quem quer recomeçar mais escolheu muito tarde essa opção. É uma parte tocante, uma espécie de clímax desta dramática história. Diretamente das lindas paisagens geladas da Islândia uma pérola cinematográfica brota. Vejam, não há como se arrepender. Fabuloso. Bravo! 

O que esse filme ensina: Não deixe de amar ao próximo nem um segundo por dia. Quando esse próximo vai embora, nossa saudade tem que ser sustentada por momentos maravilhosos. Se você assistir a esse filme com alguém que ama, certifique-se que ele não seja o último filme que viram juntos. É aterrorizante ter esse fato preso dentro de seu coração, mesmo que o filme seja maravilhoso.


04) Elena

"Elena, sonhei com você essa noite." Falando sobre um dos sentimentos mais sinceros e profundos, Elena é mais do que um documentário família. O projeto dirigido pela cineasta Petra Costa é um retrato delicado sobre a saudade. A diretora revive memórias tristes e distantes de sua irmã, Elena Costa,  que cometeu suicídio na década de 80 nos Estados Unidos.

Elena conheceu Coppola, dançou em muitos ritmos, se jogou na difícil carreira de atriz. Porém, como em toda vida, nem tudo era perfeito. Quando a solidão se une à desilusão percebemos a desistência de um coração triste. Elena vivia em conflito, completamente sem direção. As dificuldades da profissão foram aos poucos derrotando a jovem artista nos levando a um desfecho trágico que mais parece um desabafo profundo, uma necessidade constante de respirar.

Um documentário muito parecido com os filmes metafóricos de Mallick. Aperta o coração em alguns momentos e tenta camuflar a dor de forma bela. Busca que o público também encontre algum alívio para o que vê nas pequenas brechas da poesia. Reúne o passado e o presente de forma inteligente mas longe de ser linear. A trilha sonora é empolgante, joga o publico para dentro de todo aquele drama. Profundo e inesquecível, um documentário que beira ao espetacular. Você precisa conferir essa experiência. Bravo!

O que esse filme ensina: Nunca esqueça alguém que foi importante para sua vida. Faça homenagens, compartilhe os bons momentos principalmente quando a saudade bater.



03) O Abismo Prateado

Quando chega a hora de sair do conflituoso cotidiano. No novo trabalho do diretor Karim Ainouz (O Céu de Suely) passeamos pelas ruas de Copacabana acompanhando um desespero de um alguém surpreendentemente abandonado tentando encontrar respostas, porém, perdida em um mar de solidão sem fim. A proposta do filme, baseado em uma letra de Chico Buarque, é bem franca, detalhar o desespero da não aceitação de um término matrimonial.

Abismo Prateado é praticamente um monólogo de Negrini. Conhecemos a história pelos olhos e aflições de sua personagem. A bela atriz consegue levar o filme para um lugar interessante deixando o conflito ser discutido e opinado pelo espectador. A câmera do diretor tenta captar toda aquela inconstância muito bem exemplificada na dança frenética e desesperante estilo Flashdance, na cena da boate, que mostra também um lado cinéfilo do personagem, da atriz ou do diretor.O longa tem uma pegada européia. O roteiro, que possuía uma dificuldade enorme por ser uma adaptação de uma letra de música, não apresenta graves problemas. Se justifica na construção do personagem.

O que esse filme ensina: Para tornar possíveis mudanças profundas em nossas vidas, por mais que a saudade bata o tempo todo, você tem que estar certo de sua decisão. Qualquer dúvida haverá um sofrimento em dobro.



02) Era uma vez Eu, Verônica

É possível viver uma vida em conflito? Dirigido pelo elogiado diretor Marcelo Gomes, Era uma vez eu, verônica é um longa que possui pensamentos fortes, impactantes. A cena inicial é profunda, nua e exposta, ligando-se aos instintos e aos êxtases daquele momento. Paciente de si mesmo, a personagem principal vai se tornando complexa, sem dependência ao romance; sexo vira só sexo. O filme a toda hora parece que vai cair em um vazio existencial, mas consegue, seja em um bom diálogo ou em uma frase que faz muito sentido, suprir e apresentar razões para todos os conflitos que vemos e sentimos.

Louvável a entrega da protagonista Hermila Guedes (do excelente O Céu de Suely). Suas expressões e a transmissão das emoções para o público são os pontos altos dessa ótima atuação. O filme é todo de sua personagem, seu dia a dia é ouvir os problemas dos outros e tentar uma solução para os seus próprios. Mas quem a escuta? Como fica refém de si mesmo, somos jogados na história por um ritmo que é ditado por pausas existenciais, ressaltando de uma outra forma a essência daqueles bons diálogos. Depois de alguns acontecimentos, há uma transformação da personagem, rumando para uma tentativa de viver um amor e a confiança no novo trabalho.

"Tá tudo padronizado em nosso coração". A trilha sonora é cirurgicamente bem entrosada com a erupção de sentidos que observamos. Não é um filme fácil de digerir. A liberdade dos corpos nos apresenta a importância dos sentidos para a protagonista. Como é algo muito particular, o público pode sentir dificuldade de entender algumas passagens - porém, não pode deixar de conferir esse ótimo filme nacional. Bravo!

O que esse filme ensina: Para ser feliz precisamos entender muito bem a nós mesmos. As pessoas medrosas giram e não saem do lugar onde vivem. Lute pelo seu amor!


01) Celeste e Jesse – Para Sempre

Com uma abertura trivial mas criativa Celine e Jesse – Para Sempre dava a entender que seria mais um filminho bobinho sobre casais e seus problemas amorosos afetivos. Bem, se enganará quem pensar assim. O novo trabalho do cineasta Lee Toland Krieger é um drama com pitadas de humor mais profundo do que parece a princípio. Existem histórias de amor ‘cult’ comuns e outras apenas ‘light’, essa fita se encaixa eu todas essas características pois tem um roteiro maduro que transforma os personagens ao longo da fita.

Na trama, conhecemos a relação de divórcio esquisita entre ex-pombinhos Celine e Jesse que estão se separando mas vão juntos a todos os lugares, fora as brincadeirinhas infantis típico de muitos relacionamentos. Celeste é uma mulher bonita, inteligente que é analista de tendência e possui uma empresa de marketing. Já Jessie é um designer que não gosta muito de trabalhar  e adora ficar em casa, abrindo salgadinhos embalados e chorando vendo os ‘Vt’s’ das olimpíadas de Pequim. Com o passar do tempo e com novas pessoas circulando na vida social da dupla, perguntas e muitos conflitos vão começando a se formar. Ao subestimar a relação de anos em que vivia Celeste aos poucos percebe que cometeu um erro e tenta consertá-lo a todo instante. Entre um encontro e outro o espectador fica com um leque aberto de opções para chegar até o desfecho.

O que esse filme ensina: Há amor onde menos esperamos. Às vezes não sabemos porque amamos, porque sentimos saudades. Temos que seguir em frente mas sempre lembrando do filme mais bonito que já vimos, o amor da realidade.
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20/02/2014

Crítica do filme: 'Vidas ao Vento'



No mundo dos sonhos, tudo é permitido. Na realidade, tudo precisa ser vivido como a sensação gostosa de sentir o vento bater em nosso corpo. Contando a história real de Jiro Horikoshi, um dos maiores designers de avião da história da aviação, o premiado artista japonês Hayao Miyazaki volta aos cinemas brasileiros e promete cativar mais os adultos do que as crianças dessa vez. Seus traços marcantes são vistos a todo instante, deixando um sentimento de tristeza nos cinéfilos, pois, recentemente, Miyazaki anunciou sua precoce aposentadoria do cinema, assim, Vidas ao Vento pode ser o último trabalho desse genial cineasta.

Em uma época de afirmação militar buscada por todas as grandes potências do planeta, toda a esperança da aviação japonesa se encontra nas mãos do sonhador engenheiro Jirô Horikoshi. O jovem míope sempre sonhou em ser um grande piloto mas por não ter todas as qualidades para tal se forma na universidade entre os primeiros da turma e se torna uma referência como designer de aviões. Quando consegue uma chance para trabalhar em uma grande fábrica, Jirô precisará sonhar cada vez mais para realizar seu feito mais marcante. Ao mesmo tempo, encontra o grande amor que sofre com uma doença maligna.

Hayao Miyazaki fala sobre o sonho em forma de animação e de uma maneira madura. A fórmula acaba se transformando em um filme feito mais para os mais velhos que para todas as idades. Fazendo com que Vidas ao Vento se diferencie de outros projetos desse grande idealizador. Os problemas japoneses de décadas atrás são expostos de maneira delicada. A recessão econômica que atingiu terrivelmente a economia da terra do arroz, as dificuldades com a natureza enfrentadas até hoje por conta de sua localização geográfica, as críticas da população ao governo são alguns dos fatos que ganham destaque na história.

Em meio a um turbilhão militar que se instaura na trama (o próprio Myiazaki sofreu inúmeras críticas lá fora por conta disso), uma surpreendente e linda história de amor ganha contornos épicos e conquista a simpatia do público pela leveza que adiciona ao filme. Por mais que se estenda um pouco além do necessário, Miyazaki consegue mais uma vez realizar um belíssimo trabalho que conquistará a todos que são fãs de seus filmes e de todo mundo que ama cinema. Que o vento abra suas asas e chegue até você. Bravo!
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19/02/2014

Crítica do filme: 'Um Conto do Destino'



A vida é um grande baile onde cada um tem seu papel na hora da dança. Com mudanças temporais constantes, um roteiro que não beira ao linear, a fábula épica Um Conto do Destino tinha tudo para ser mais um filme bobinho, esquisito e feito para ganhar dinheiro nas bilheterias mundo à fora. Só que o filme é salvo por personagens intrigantes e uma história sobre destino que no final das contas acaba convencendo. Vilões que se transformam em monstros, cavalos que voam e ajudam a justificar o destino, são alguns dos estranhos elementos que contornam a história criada por Mark Helprin e adaptada, produzida, dirigida pelo estreante em longas-metragens Akiva Goldsman.

Na trama, conhecemos Peter Lake (Colin Farrell), um ladrão metido a mecânico que pulou de orfanato em orfanato quando criança. Quando Peter briga com seu chefe, o mafioso Pearly Soames (Russell Crowe), encontra um cavalo encantado (parece o cavalo da Tristar Pictures) e resolve fugir da cidade onde mora mas acaba conhecendo a bela Beverly Penn (Jessica Brown Findlay), que logo se torna o grande amor de sua vida. Assim, ultrapassando a barreira do tempo e lutando contra um destino às vezes injusto, Peter enfrentará muitos desafios em busca de um porto seguro, suas certezas e seu verdadeiro destino.

Um Conto do Destino é uma história delicada, cheia de carinho e ternura. Mas muita gente vai achar bobinha, cheia de mentirada e assuntos fantasiosos demais. Não deve existir meio termo, ou você vai amar ou odiar esse projeto. O que todos vão adorar é a belíssima trilha sonora assinada pelo craque Hans Zimmer que acaba sendo fundamental para as sequências. O espectador precisa assistir a esse filme de coração aberto. O poder dessa fábula fantasiosa é percebemos que dentro de uma história há elementos importantes que vemos todo dia em nossa realidade. Quando perdemos um grande amor, a vida passa a não ter mais sentido, vira um livro com dezenas de páginas em branco...quem não se identifica com isso?

Nomes famosos no mundo do cinema preenchem lacunas importantes deixadas pela trama. Will Smith em um papel que nunca vimos ou imaginamos antes, Russel Crowe e sua cara fechada como embaixador das forças do mal, a delicadeza e olhar impactante da sumida Jennifer Connelly, o feijão com arroz de Colin Farrell que não compromete dessa vez, o equilibrado personagem de William Hurt e o grande destaque do filme, a novata vinda do mundo dos seriados Jessica Brown Findlay. Cada um desses contribui para que todos os personagens tenham seu espaço na história.

Um Conto do Destino mostra que fábulas ainda emocionam os nossos corações. Ensina, que somos máquinas simples que precisam do universo para poder funcionar. As lições são inúmeras e se deixar levar pela simpatia dos personagens é um dos caminhos para você comprar sua pipoca e assistir a essa produção a partir do dia 21 de fevereiro nos nossos cinemas.
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