10/03/2014

Crítica do filme: "Alemão"




Não existe caminho para a paz. A paz deveria ser o caminho. Mais uma vez falando sobre a violência no Brasil, chega aos nossos cinemas no próximo dia 13 de março (agora é quinta-feira que o circuito muda sua grade de programação), o mais novo blockbuster nacional, Alemão. O filme, alinhado com os moldes hollywoodianos, possui um roteiro instigante e seus personagens conseguem a atenção do espectador do começo ao fim. Dirigido pelo bom diretor José Eduardo Belmonte, o longa-metragem possui apenas um problema, logo com o vilão da história, interpretado pelo ator Cauã Reymond que nem de longe convence no papel.

Na trama, somos jogados para anos atrás na época da imensa invasão da polícia ao morro do Alemão no Rio de Janeiro. Assim, descobrimos que 5 policiais, que estavam infiltrados entre os traficantes estão escondidos em um esconderijo e sendo perseguidos pelos chefões das máfias locais. Misturando medo, dúvidas e muita apreensão, em um ambiente de total insegurança, os 5 homens precisar se agarrar em sua fé e se unirem para tentarem sair vivos dessa situação. O roteiro (assinado por Leonardo Levis e Gabriel Martins), principal qualidade do filme, possui elementos que deixam a tensão espalhada pela telona ao longo de todos os minutos de fita.

O equilíbrio nos contextos dos personagens é a chave para que todos os atores consigam exectar um ótimo trabalho. Caio Blat e o seu Samuel, um jovem inteligente que acredita nas virtudes de suas coorporação. Gabriel Braga Nunes interpreta Danilo e talvez seja o que mais destoa do grupo mas tem papel importante no desfecho. Otávio Muller é Doca, a patente mais alta do grupo mas o responsável por imperdoáveis ações que os levaram a essa situação. Marcello Melo Jr. É Carlinhos, o cara que mais conhece a região mas o que mais todos desconfiam por conta de seu envolvimento amoroso com uma irmã de um traficante. Mas o termômetro da trama é Branco (interpretado pelo excelente ator Milhem Cortaz), todo o filme passa pelos olhos, atitudes e temperamento dele, grande atuação de Cortaz.

Alemão não tem pretensão de ser melhor que Tropa de Elite ou qualquer outro filme que fala sobre guerra urbana. São histórias completamente diferentes, principalmente porque esse novo trabalho de Belmonte possui um vilão explícito. Por mais que a idéia seja interessante, a história quase desmonta com a atuação muito ruim de Cauã Reymond como Playboy, traficante chefe da favela. O ator global não convence em nenhum momento no papel.

O filme conta também com a ótima presença, mais que especial, de Antonio Fagundes. Não é um absurdo dizer que em uma cena chave, já no final da história, Fagundes lembra muito Tom Hanks em Capitão Phillips, emocionando a todos a sala de cinema. Alemão é um filme de ação que você encontra boas subtramas escondidas e que surpreendem o espectador. Mesmo sendo superficial em sua crítica social, possui outros méritos e por isso merece ser conferido por todos os cinéfilos.
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07/03/2014

10 Filmes para você assistir ao lado do grande amor de sua vida



Ser profundamente amado por alguém nos dá força, amar alguém profundamente nos dá coragem. Quando pensamos sobre o amor, milhões de frases, momentos, filmes marcantes aparecem em nossa mente com a velocidade de um asteróide. Quantas histórias já vivemos? Quantas ainda vamos viver? Lembramos daquele dia no metrô quando surgiu espontaneamente um abraço apertado e um brilho no olhar ao ver você de cabelo cortado  sem aquela barba que conhecera,  não esquecemos daquele show onde houve o pedido para canções dedicadas e todas as letras refletiam o que vivíamos/sentíamos, aquelas tardes no cinema sempre com os deliciosos debates sobre as histórias que conferimos. Cada momento, cada lembrança. Tudo tem o seu significado.

Ver um filme ao lado de alguém que você ama é igual a colocar aquela cereja no bolo. Se a história for sobre o amor, então vira um momento emblemático que nunca mais vai sair do seu coração. Pensando nisso, eis uma lista de 10 filmes que vocês precisam ver ao lado de alguém que vocês amam. 


10) A Vida de Outra Mulher

"..não importa para onde vão ou se serão felizes, o que importa é você sonhar.."Em seu primeiro longa metragem, como diretora, Sylvie Testud explora a mágica do universo da viagem no tempo, com toda a trama sendo executada por personagens carismáticos, porém, bastante complexos, que às vezes se perdem nas composições e direcionamentos que a história vai rumando. A musa francesa Juliette Binoche mais uma vez exala talento e se torna um dos destaques da fita.

O filme aborda questões interessantes sobre o futuro de uma jovem que possui dúvidas e sofre com a doença do pai. Quando é modificado seu universo,ela percebe que a partir de algumas decisões tomadas, sua vida e sua personalidade foi modificada de alguma forma e essa busca é um elo importante com o espectador, onde juntos, vão descobrindo as respostas.

O roteiro ganha o público pelos excelentes (e profundos) diálogos. A ato final, a declaração, a exposição do sentimento de maneira viva, nua e crua é algo primoroso e leva às lágrimas os cinéfilos que conseguem se identificar, de alguma maneira, com aquela história. É impressionante como Binoche se transforma nos personagens, mesmo o filme ser longe de ser um espetáculo, a artista francesa precisa de poucos minutos para ganhar a confiança e simpatia do público. Vejam todos os filmes dela, mas assitam por ela, super recomendado!

Em seu desfecho, as opiniões serão diversas. Na cena final, não importa para onde vão ou se serão felizes, o que importa é você sonhar! Veja esse filme!


09) Entre o Amor e a Paixão

Como não gostar de um casal que comemora o aniversário de casamento indo ao cinema? Com uma abertura detalhista, a rainha do drama Sarah Polley une a ex-Marilyn Monroe, Michelle Williams e o ator de comédias Seth Rogen em um filme profundo em busca da verdadeira essência da felicidade, assim começamos falando do ótimo “Entre o Amor e a Paixão”.

O filme tenta quebrar o clima sofrido/melancólico com alguma hidroginástica feminina, brincadeiras infantis entre o casal protagonista e metáforas guiadas por uma trilha fabulosa. Olhar aquele relacionamento à olho nu leva literalmente à diretora a takes polêmicos.  Alguns nus frontais totalmente desnecessários, outros se justificam, em partes. O jogo sedutor começa. Declamações sexuais, desejos escondidos, o proibido vai se tornando cada vez mais real, eminente. A trilha sonora é excelente. Se encaixa perfeitamente em toda essa profunda trajetória.

Será que um olhar vale mais que mil palavras? Somos testemunhas de uma grande direção. Cenas belíssimas vão compondo o longa. A cena da piscina é ótima, praticamente coloca o espectador em um novo capítulo. Isso é um fator positivo, pois, é como se uma mágica é quebrada ao toque daqueles pés molhados. Só mesmo vendo para entender.

O estilo meio paradão pode afastar alguns cinéfilos. Por isso o aviso: não corram! Deem uma chance dessa história chegar até você. Cenas de sexo em panoramas 360 graus, pensamentos que se esbarram em metáforas, o desfecho se constrói com base na premissa: entre amores e paixões faça a escolha certa! Confira esse filme.


08) Livre para Voar

A fita inglesa ‘Livre para Voar’ é um drama que mostra um peculiar relacionamento de amizade entre duas almas em fúria, por circunstâncias da vida. O filme conta com a ótima direção de Paul Greengrass (‘O Ultimato Bourne’) e tem no elenco dois grandes artistas que juntos em cena elevam a qualidade do longa. Uma grata surpresa direto da terra da Rainha.

O longa, que foi lançado em janeiro de 1999 nos EUA, conta a história de Richard um sonhador que é fascinado por aviação. Um certo dia, decide tentar voar (com uma bugiganga inventada por ele) no prédio onde trabalha sua namorada; o desfecho é de um total fiasco. Após o ocorrido, perde a namorada e começa a ter uma crise emocional muito forte e decide se mudar de Londres (cidade onde residia). Em um novo lugar, cheio de montanhas, dedica-se à algumas horas de serviços comunitários (para compensar o incidente do Vôo). Assim, entra em sua vida Jane Hatchard, uma jovem de apenas 25 anos que possui uma doença degenerativa. A função de Richard agora é cuidar dessa jovem e aos poucos uma grande amizade vai sendo criada mesmo após um pedido peculiar da corajosa jovem.

Kenneth Branagh interpreta o protagonista Richard. Exalando competência e carisma, transforma seu personagem num alegre sonhador e possui ótimos diálogos com Jane Hatchard. Essa última é interpretada pela talentosa (e às vezes esquisita) Helena Bonham Carter, nesse filme prova mais uma vez que é uma das grandes atrizes inglesas de sua geração. Um papel extremamente difícil que aos poucos vai comovendo o espectador. Os dois juntos, tem cenas maravilhosas em diálogos cômicos e às vezes com uma carga emocional pesada. Vale lembrar também das ótimas coadjuvantes: Gemma Jones e Holly Aird, que fazem um belíssimo trabalho com suas personagens. Você vai rir, se emocionar e alugar com certeza esse maravilhoso trabalho que tem o roteiro assinado por Richard Hawkins.  


07) Late Bloomers – O Amor não tem Fim

A diretora Julie Gravas volta ao mundo cinematográfico após seu último (e maravilhoso) trabalho em ‘A Culpa é do Fidel’. Dessa vez a filha do famoso diretor grego Costa-Gavras embarca em uma história deliciosa narrada por dois grandes atores do cinema mundial, William Hurt e Isabella Rossellini.
O foco principal é o eterno romance que há entre essas duas almas que vivem um momento delicado de suas vidas, cada um com sua particularidade, mesmo vivendo sobre o mesmo teto. Alguns sentidos da vida trocam de importância, levando os dois a um caos em suas emoções e automaticamente interferindo consideravelmente no relacionamento que mantém há muitos anos.

É um filme em que vemos o talento continuar percorrendo à trilha do sucesso no mundo mágico da sétima arte. Isabella Rossellini é filha da atriz Ingrid Bergman (‘Casablanca’) e do cineasta Roberto Rossellini, e como já mencionado a diretora é filha de Costa-Gavras. A reunião de um elenco que esbanja competência é a chave principal do sucesso de público e crítica que o filme teve no mundo todo. Com uma ótima história e atuações maravilhosas percebemos que se depender desse longa, nosso amor pelo cinema não tem fim!


06) A Delicadeza do Amor

A culpa de um beijo transforma sofrimento em amor, modelado por uma das formas mais peculiares que seria possível. Dirigido pela dupla David Foenkinos, Stéphane Foenkinos “A Delicadeza do Amor” chegou aos nossos cinemas no final de maio com o compromisso de manter a tradição de filmes água com açúcar que a França exporta aos montes durante todo o ano. Delicado como seu título, o filme consegue agradar todo tipo de público, por meio de canções, por rodadas de câmeras em 360 graus e diálogos muito bem construídos. O entrosamento em cena de François Damiens e Audrey Tautou é um ponto fundamental para que o carisma transborde na tela.

A personagem passa por todas as fases de indignação após o ocorrido. Rotinas são quebradas, objetos jogados fora, um sofrimento extremo toma conta desses momentos. Um recomeço? Sim, lá no fundo daquelas duas almas a busca é a mesma, de uma vida diferente agora um contando com o outro. A culpa de um beijo em delírio se transforma em uma relação amorosa cômica e deveras peculiar. O atrapalhado Markus, um sueco solteiro que se apaixona perdidamente por sua chefe. Tem cenas impagáveis ao lado de sua paixão: o envio de um ‘smile’ errado, uma procura por uma noite romântica perfeita pela internet são alguns exemplos do que esse simpático personagem apronta ao longo da história. Nathalie é bem diferente de seu par. Mulher forte, determinada, vive basicamente para trabalhar e aproveita pouco os prazeres da vida. O relacionamento complicado e esquisito lembra muito um filme, também francês, chamado “Românticos Anônimos”.

Gosta de rir e curte pitadas de emoção? Dê uma chance a esse filme francês que é água com açúcar mas agrada pelas situações e seus ótimos personagens.


05) Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos

Um amor carnal e um amor por consideração, tudo isso em forma de poesia filmada. No novo trabalho dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca, “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos”, somos apresentados a Lavínia, uma mulher complicada que passou por muitas fases em sua conturbada vida. Vive num triângulo amoroso com um pastor e um fotógrafo, que os leva à um esgotamento até a alma, terminando em um desfecho para lá de simbólico. Com um ritmo lento em alguns momentos, principalmente em seu início, o espectador pode ter uma grande dificuldade de se conectar com a história, porém, já segue o conselho desse amante da sétima arte: Não importa a lentidão, veja-o até o fim é um magnífico trabalho, em muitos sentidos.

O triângulo amoroso que é moldado leva os personagens a um extremo em suas ações e na sua maneira de pensar. É uma fita viril quando tem que ser, carnal como toda relação em alguns momentos.  Se tivesse uma versão estrangeira desse filme, um remake propriamente dito, o diretor mais indicado para comandar esse barco poético seria Steve Mcqueen. Um casamento interessante, não acham?

Há cenas muito difíceis para os artistas executarem, há uma entrega grande de todos os envolvidos, é nítido nas sequências. O personagem Victor e suas cutucadas poéticas são um contraponto, ótimo, excelente interpretação de Gero Camilo. O final tem pitacos de crítica social muito bem amarrados no sólido roteiro de Beto Brant, Renato Ciasca, Marçal Aquino.Falsos finais prolongam a fita até o angustiante desfecho, trágico para alguns e simbólicos para muitos. Em meio a muitos cortes, Beto Brant e Renato Ciasca realizam uma direção muito competente com a câmera esperta e olhares únicos sobre aquela história que saiu dos livros e ganhou uma bela vida na telona.

Recomendado! Dê uma chance ao nosso cinema!


04) Sentidos do Amor

A grande virtude da humanidade é seguir em frente, haja o que houver. Com um raciocínio parecido com esse, o novo trabalho do diretor David Mackenzie explora ao extremo a maioria dos nossos sentidos, sob a ótica do amor. O comovente drama é um filme bastante original que leva o espectador a pensar em cima de tudo aquilo que está ocorrendo no planeta.

Na trama, uma cientista especialista em epidemias e um chef de cozinha (ambos vivendo na Inglaterra) começam a escrever uma história de amor após os traumas no passado de cada um deles. Porém, como prova dessa união, enfrentarão uma epidemia de escala global: as pessoas estão perdendo, um por um, os sentidos levando todos ao colapso de suas emoções. Será que esse amor é mais forte que tudo?
Acompanhamos a história sob a ótica dos amantes Michael e Susan (Ewan McGregor e Eva Green). Assim que perdem o primeiro dos sentidos, mudanças ocorrem nas suas vidas. Oportunidades de conhecer novas coisas também, a cena na banheira onde comem creme de barbear e um sabonete exemplifica bem essa teoria. Conforme a raiva (sentimento que é uma espécie de interseção entre as perdas de sentido) chega, o casal apaixonado sabe que mais um sentido foi perdido e tem que recomeçar de novo, aprendendo novas maneiras de se viver.A reflexão quando termina a fita é a prova que o filme toca em pontos importantes e de tamanho interesse pelo público.

Não deixem de conferir a saga amorosa desses dois corações, aprendendo a viver num mundo sem sentido.


03) Românticos Anônimos

A apresentação do sentimento mais puro que temos, para duas pessoas longe da normalidade, é feita de maneira bem recheada com açúcar, nessa simpática fita francesa. Na emocional história dirigida por Jean-Pierre Améris, que promete agradar a muitos cinéfilos, o mundo dos doces volta a ser tema de uma comédia romântica.

Uma moça com um dom de criar maravilhas de sobremesas através do chocolate e um gerente de uma fábrica com dificuldades. Duas almas perturbadas por uma série de conflitos emocionais. Como unir esses dois corações? O amor está presente em cada calda, cobertura, pedaço do filme e a maneira como chegamos até a união desse casal é a grande sacada do longa escrito por Jean-Pierre Améris e Philippe Blasband.

Uma fábrica de chocolates, que anda mal das pernas, contrata uma jovem muito simpática para ser a nova consultora de vendas. Por trás de toda essa simpatia esconde-se uma pessoa que sabe lidar pouco com as tensões da vida. Aos poucos essa nova consultora vai se relacionando, de forma bem peculiar, com o gerente da fábrica. Assim, nasce um amor onde todos se entendem e ninguém se compreende. Ambos utilizam o auxílio de terceiros para resolverem seus conflitos internos: ela é integrante dos Emotivos Anônimos e ele desabafa todos os seus traumas com seu psicólogo. O amor vai nascendo da maneira mais singela. As neuroses, por serem semelhantes, vão encurtando os obstáculos do amor.

Um filme curto (aproximadamente 71 minutos) com ótimos diálogos que você deve assistir!


02) Amor à Flor da Pele

Pode o ser humano resistir a uma eminente história de amor? O longa chinês 'Amor à Flor da Pele' responde com maestria a essa pergunta, deixando o olhar cinéfilo compenetrado esperando ansiosamente o desfecho dessa linda trajetória de dois corações em conflito. Uma atração que vemos em forma de narrativa que se renova a cada momento da excelente trama de Wong Kar-Wai.

Na trama, Chow muda-se com sua mulher para um apartamento simples. Li-Zhen se muda quase que ao mesmo tempo para um apartamento vizinho, com seu marido. Como os esposos de ambos viajam muito, os dois passam a maior parte do tempo sozinhos. Aos poucos vamos conhecendo melhor aquelas duas almas gêmeas.  Conforme vão se conhecendo, muitas coisas em comum vamos percebendo entre os dois. No clímax, eles tem que encarar a realidade que os assombra: o marido de Li-Zhen e a mulher de Chow estão tendo um caso! O que será que farão os dois personagens principais dessa grande história?

Esse filme figura entre lista de melhores produções da década em que foi concebido. Não é para menos. Tudo se completa com bastante sutileza e cada detalhe é uma peça diferente do quebra-cabeça complicado que aos poucos vamos vendo sendo montado. A fotografia é um show à parte, com detalhes únicos e que mostram mais uma vez como o cinema asiático é competente. É uma experiência única, um pouco sentida para quem se acostumou a ver as mega produções Hollywoodianas. Essa fita é poesia, feita com triviais elementos que transformam esse em um dos meus filmes preferidos.


1) A Vida dos Peixes

É difícil pensar que um filme chileno, país de pouca expressão no mundo do cinema, possa mexer tanto com o espectador em menos de uma hora e meia de fita. Em “A Vida dos Peixes”, a simplicidade que sempre devemos levar em consideração em qualquer produção de orçamento baixo, é o pontapé inicial positivo desse trivial/genial longa. Pegaram poucos recursos (até mesmo locações, só tem uma) mas com muita mão-de-obra qualificada (sim, os atores) e colocaram no liquidificador, deu certo.

A trama, fala basicamente sobre um reencontro de dois eternos namorados, em uma festa rodeada de passado e indefinição sobre o futuro. O filme não toma tendências, o que é ótimo, os atores tem uma harmonia comparável, sem dúvidas, a Julie Delpy e Ethan Hawke (“Antes do Amanhecer”/”Antes do Pôr-do-Sol”) e ao casal de “Once” (aqueles que não sabemos os nomes dos personagens até hoje).Matías Bize (que dirigiu o intenso “Na Cama”) é o comandante desse grande filme. O diretor enriquece a fita com detalhes e ótima movimentação da sua inteligente câmera. No elenco dois atores que se completam muito bem em cena: Santiago Cabrera e Blanca Lewin dão vida aos personagens que comovem o público com suas incertezas e desejos evidentes um pelo outro.

A trilha sonora é uma crítica à parte. Algo maravilhoso, preenche cada lacuna daquele especial momento na vida dos corações apaixonados. Créditos para Diego Fontecilla que assina essa obra de arte musical. Você sairá do cinema correndo para o computador mais próximo querendo acessar o famoso site de vídeos para ouvir novamente alguma das belas canções apresentadas nessa fita.Extremamente recomendado! E você que não gosta de cinema sem ser o “americano”, larga esse preconceito bobo e vá ver filme latinos, sempre achamos bons trabalhos, está cada dia melhor!


Filme bônus: Loucamente Apaixonados

Um amor inteligente em um desenvolvimento original. A futura jornalista, o futuro designer de móveis. Um sentimento forte nasce desses dois corações e faz a platéia se emocionar esperando para que lado o vento vai levar essa relação. O novo longa do diretor Drake Doremus (confesso que não vi nenhum outro filme dele), poderia ter sido mais um feito nesse gênero tão visto que é o ‘drama recheado de amor’. Mas a maneira como vemos o desenvolvimento da história é deveras interessante e transforma essa produção numa grata surpresa a todos os cinéfilos.

Na trama uma jovem inglesa vai para os EUA estudar, lá se apaixona por um rapaz. Juntos, vivem uma intensa paixão. Quando tudo está indo muito bem, uma problemática com o visto da jovem coloca em xeque esse forte sentimento. Eles acabam tendo que enfrentar um arriscado relacionamento à distância. Será que esse amor é maior que qualquer obstáculo que a vida impõe?

Os atores possuem uma harmonia em cena e desenvolvem bem seus personagens. Anna e Jacob são muito bem interpretados pelos competentes Felicity Jones e Anton Yelchin. A primeira passa um carisma logo nas primeiras cenas e faz o espectador sofrer com ela quase que em todo o filme, boa dinâmica e ótima atuação. O segundo é um ator russo que já vimos em mega produções como ‘Star Trek’ (2009) e ‘O Exterminador do Futuro – A Salvação’ (2009), porém, nunca enxergamos essa veia dramática que Anton consegue transmitir com esse novo personagem. Um belo trabalho da dupla.

O longa bate na tecla de como pequenos detalhes se transformam numa relação de amor e afeto, sem deixar de lado um ar juvenil sobre o conceito desse forte sentimento. Por conta da distância, do fuso-horário, dos novos trabalhos... resumindo... pelas barreiras impostas pela vida, a melancolia toma conta dessa paixão.Aos poucos, o ciúmes toma conta da história. ‘Simons e Samanthas’ contornam o imaginário dos protagonistas e os levam a um caos emocional. A trilha muito boa de Dustin O'Halloran tem forte presença  em todas essas reviravoltas.Um desfecho é proposto, gerando inúmeras interpretações para o público, que com certeza, deve ver esse bom filme.

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05/03/2014

Crítica do filme: 'Eles Voltam'



Os pés imaturos queimando o asfalto, os carros passam vem e vão. O que fazer com o instinto despreparado da solidão? Escrito e dirigido pelo cineasta Marcelo Lordello, Eles Voltam é uma simples história de uma jornada incrível de descobertas. A direção se esforça para ser detalhada, a lente inteligente do diretor mostra o mundo nebuloso do abandono (seja ele pessoal, social...) pelos olhos inocentes de uma jovem largada pela família na beira de uma estrada. O filme tem cara de curta, jeitão de média e acaba convencendo como longa.

Na trama, desse belo trabalho made in Brasil, somos jogados na história de Cris (Maria Luiza Tavares), uma adolescente de 12 anos que após uma briga dentro do carro de seus pais, é deixada na estrada ao lado de seu irmão mais velho. Confusa e sem saber quando os pais vão voltar para buscá-los, ainda é rejeitada pelo próprio irmão que a deixa sozinha. Assim, sem direção e com medo do que poderia enfrentar pelo caminho, Cris consegue ajuda de um simpático morador da região onde está, uma família que vive da renda da mãe comerciante e de uma antiga vizinha que não via Cris fazia anos. A jovem viverá dias intensos, reunidos em uma experiência que a transformará completamente, vendo o mundo de outra forma.

Eles Voltam marca o encontra da imaturidade com o selvagem mundo real. As histórias vividas nessa aventura vão ser refletidas nos bons diálogos com a família da protagonista, já no final da trama. A superficialidade em alguns assuntos polêmicos são completamente entendidos, já que estamos vendo um filme aos olhos de uma jovem. Mesmo assim, o diretor poderia ter ido à fundo, ou até mesmo ter dado mais destaque, em embates sobre a nova visão do mundo da personagem.

Esse bonito projeto possui uma narrativa leve, quase estática. A fuga do dinamismo é uma fórmula que, neste caso, dá certo. Encher o filme com lindas paisagens não transforma um filme em um bom trabalho, ainda bem que o diretor estava atento a isso. De negativo mesmo, vem o fato de que os coadjuvantes que vemos nas sequências poderiam ter contribuído mais com a história, o que pode transformar esse filme fraco e ingênuo para alguns espectadores.

Com estreia marcada para o próximo dia 07 de março nos cinemas brasileiros, Eles Voltam entrará no concorrido mercado de exibição brasileiro que está repleto de cópias dos filmes que foram indicados ao Oscar deste ano. É um peixinho especial em meio aos grandes tubarões. Coloque em seu aquário! Você precisa conhecer, refletir, pensar e argumentar sobre essa experiência.
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27/02/2014

10 Filmes para você assistir e fugir do carnaval



Brasil, terra do futebol, das lindas mulheres, da corrupção, dos governos festeiros, e, óbvio, a terra do carnaval. Uma data festiva, que todos comemoram, vista por muitos como importante para o turismo em nosso país. Agitos dos trios elétricos mais barulhentos do planeta, bundas rebolando, curtição, bebedeira, pegação, Ivete, Claudia, calor e uma ressaca terrível no dia seguinte. Legal! #sqn. Para quem foge de momentos como esse, vista o seu abadá cinéfilo, vá ao cinema, alugue um montão de filmes, entre no ar condicionado e faça a sua folia! 

Abaixo, 10 filmes para você curtir o carnaval se deliciando como todo e bom cinéfilo:

10) Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum

Com uma introdução musical belíssima, o novo trabalho dos irmãos mais famosos do mundo do cinema pode ser considerado uma baladinha Folk dentro do cinema. Tecnicamente excelente, Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum mostra uma incrível jornada, rumo ao fundo do poço, ao mundo do Entretenimento musical norte-americano, trajeto vivido por uma alma conturbada e deveras sonhadora. A história fica engessada no protagonista mas bons coadjuvantes ajudam a contar esse conto sonhador moderno.

Esse filme mostra que cantar é a alegria e a expressão da alma. Quando o protagonista chega ao limite de suas forças, coadjuvantes surgem para contribuírem com um certo tipo de direção ou mesmo aprendizagem para o jovem cantor solo. Assim, vemos aparições relâmpagos de Justin Timberlake, a sempre ótima Carey Mulligan e o excelente John Goodman que dá um verdadeiro show com seu personagem folgado por si só que vai tirar risadas a todo instante da plateia.

A melancolia do personagem principal e a forma como vê e sente o mundo ao seu redor é muito parecida com as letras das canções de Folk, gênero imortalizado pelo grande Bob Dylan (que é mencionado e interpretado em uma rápida sequência). Driblando sua própria desarmonia, somos testemunhas do sofrimento e desenvolvimento de um homem em busca do seu tão sonhado eldorado. É possível nos identificarmos facilmente com esse ótimo personagem, seu jeito enrolado de ver o mundo reflete o sentimento de muitos do lado de cá das telas.

Com o Folk tomando conta da telona, você vai sair do cinema querendo ter o cd com todas as músicas cantadas neste projeto. Mesmo sendo considerado Cult, o trabalho deve e merece ser assistido por pessoas de todas as idades, gostos cinéfilos, gostos musicais. Mais um acerto dos Coen. Viva essa experiência, bravo!

O que esse filme ensina: O Folk é um gênero musical bem melhor que qualquer trio elétrico. Assistir a esse ‘show’ no ar condicionado e sem abadá, é o que há!


09) Clube de Compras Dallas

Até onde um homem vai em busca de sua salvação? Uma das grandes sensações em festivais importantes mundo à fora, e um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme neste ano, Clube de Compras Dallas é um retrato escancarado de um homem em busca da cura para uma doença que já matou milhões de pessoas neste planeta. Dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée (que comandou o ótimo A Jovem Rainha Victoria) e com uma atuação digna de Oscar dos atores  Matthew McConaughey e Jared Leto, o drama deve comover do início ao fim qualquer um que tiver a sorte de assistir a este belo trabalho.

O longa-metragem aborda muito bem toda a mentalidade da população perante aos riscos do vírus HIV. O preconceito exacerbado (para muitos, quem tinha Aids era porque tivera relações homossexuais), as dúvidas sobre os tratamentos confiáveis pelos portadores do vírus, as brigas judiciais entre fabricantes de medicamentos norte-americanos e pessoas que procuravam novas soluções para combater a doença. Clube de Compras Dallas não deixa de ser uma crítica à indústria farmacêutica que lucra milhões anualmente. É um trabalho inteligente e muito corajoso de Vallée e toda a equipe.

Todo o elenco esteve inspirado durante o período de gravações. O antes rejeitado pelos cinéfilos, Matthew McConaughey consegue a melhor atuação de sua carreira (que decolou com muito mais talento nos pelos menos últimos cinco filmes que participou) e tem reais chances de conseguir um dos Oscars na próxima noite da grande festa. A certeza maior de prêmio é para Jared Leto. O cantor/ator mais uma vez interpreta um personagem envolvido no mundo das drogas e mais uma vez mostra que é um artista completo, magnífica atuação. Até a mulher do ex-novo Batman Ben Aflleck, Jennifer Garner, consegue desempenhar com muita eficácia sua complicada personagem.

Clube de Compras Dallas é um filme que conquistará muito fãs no Brasil e no mundo. A qualidade cênica é importante para toda a história fluir e captar a atenção do espectador durante toda a fita. Esse é um daqueles filmes impactantes que marcará a carreira de todos seus participantes.

O que esse filme ensina: A nossa vida vale muito e lutamos por ela todos os dias.


08) Grand Central

Quando o amor não basta, o medo consome. Para falar sobre as problemáticas nucleares, uma pincelada crítica dos abalos energéticos de muitos países, a diretora Rebecca Zlotowski (em seu segundo longa-metragem) utiliza uma cobertura romântica protagonizada pela mais nova musa do cinema francês, Léa Seydoux. Grand Central pode ser definido também como a história de homens e seu traiçoeiro trabalho que geram conflitos emocionais, físicos e familiares muito bem reproduzidos na telona.

A conflituosa relação que o destino cravou gira quase que exclusivamente em torno do protagonista, um homem que nunca esteve apaixonado e que vive de maneira intensa sua vida. Nas mesas de sinuca ou na estrada andando como nômade à procura de uma razão para sua existência, encontra no amor seus conflitos mais profundos. Um jogo de paixão, desejo e razão vão se misturando, deixando o personagem à deriva de ações inconseqüentes.

Obviamente, a intenção da fita era transmitir e criar uma discussão em cima da problemática e os perigos das usinas nucleares. Só que a história que a princípio viria em segundo plano, o amor singelo e bruto entre dois personagens, acaba tomando o papel de protagonista no processo de interação com o espectador muito por conta da intensidade e competência da atriz Léa Seydoux, iluminada (mais uma vez) em cena.
Longe de ser o melhor filme da coadjuvante principal de Azul é a Cor Mais Quente (nem tão pouco seu filme mais polêmico), Grand Central merece ser conferido por todos os cinéfilos pois consegue encontrar em suas subtramas uma inteligente razão de existência.
O que esse filme ensina:  Nas histórias mais confusas encontramos os amores mais intensos.

07) Pais e Filhos

Depois do maravilhoso trabalho O Que Eu Mais Desejo, o diretor japonês Hirokazu Koreeda volta a falar sobre a relação da família no seu mais novo projeto, o cativante Pais e Filhos. Usando de uma simplicidade e uma delicadeza impressionante, o filme é uma grande jornada sentimental nas escolhas difíceis que pais e filhos se envolvem. O espectador é alvo fácil de cada palavra, cada sentimento, contidos em todas as linhas desse roteiro.

O que mais deixa o público envolvido com a história é a construção belíssima do personagem Ryota. Um Workaholic assumido, deixa sua família em segundo plano, assim como seu pai no passado fizera com ele. Perdido em meio ao caos emocional estabelecido pela trágica notícia, Ryoto, a cada passo que tenta dar pra frente se esquece dos pequenos detalhes afetivos e comete uma série de ignorâncias, fruto de sua frieza característica. Quando a mudança se torna eminente, o filme ganha contornos tão emocionantes que fica impossível os olhos não se encherem de água.

Se você já teve uma relação difícil com seus pais, esse filme chegará como um cometa colorido que vai atingir a superfície de seu coração. O poder dessa história, juntamente com a mágica do cinema, é enorme e pode fazer você querer mudar certas situações, quem sabe até mesmo perdoar. As lições são inúmeras, esteja de coração aberto para receber esse lindo trabalho. Sábio, é o pai que conhece o seu próprio filho. E vice-versa. Não perca esse filme.

O que esse filme ensina: Pais e filhos é uma relação eterna de amor, na maioria do tempo.


06) Fruitvale Station - A Última Parada

Em seu primeiro longa-metragem, o cineasta californiano Ryan Coogler surpreende o mundo do cinema com um poderoso drama baseado em fatos reais que gera indignação e calafrios do início ao fim. Fruitvale Station: A Última Parada é aquele tipo de filme que faz o espectador não conseguir desgrudar os olhos da telona. A impactante trama não deixa de ser uma bandeira contra a violência policial e o despreparo da segurança, que ainda ocorre em muitas grandes cidades ao redor do planeta.

Fruitvale Station: A Última Parada é um filme independente. Partindo desse ponto, já sabemos que a força cênica precisa funcionar, exatamente para conseguir criar toda a atmosfera de sofrimento que a trama pede. A vencedora do Oscar Octavia Spencer domina o filme com sua sofrida, controlada e bastante racional personagem. Aos olhos dessa mãe em desespero por dentro mas controlada por fora, o público se sente, cada minuto que passa, mais próximo desta trágica história.

O projeto como um todo, pode ser visto como uma grande crítica às injustiças do destino, ao despreparo de policiais e ao preconceito que ainda cisma em sobreviver nesse mundo. Ao causar indignação do público, ou para todos que não conheciam essa história, o diretor consegue que a mensagem seja passada de forma muito objetiva nas telonas. Fruitvale Station: A Última Parada é um filme que pode e deve ser usado em salas de aula, principalmente em disciplinas ligadas à sociologia e direito. Essa é, sem dúvidas, uma fita que todo cinéfilo precisa conferir.


05) Breathe In

As músicas mais bonitas são aquelas que chegam ao coração de alguém que nos entende. Depois de conquistar plateias no mundo todo com o tênue romance Loucamente Apaixonados, o cineasta californiano Drake Doremus dirige e assina o roteiro da atraente fita Breathe In. Falando sobre a redescoberta da arte do viver em meio a um caos familiar derivado das conseqüências de atos naturais e impensáveis, o drama possui um enredo envolvente que vai conquistar o público do primeiro ao último minuto de fita.

A profundidade em que chegam os personagens quando são atingidos por novas perspectivas é visto nas telas com uma verdade tocante. A trama gira toda em cima de Keith que teve uma vida cheia de alegria interrompida muito cedo por conta da gestação de sua namorada e atual mulher. Um certo complexo de juventude paira pela cabeça dele com a chegada da linda Sophia. Qualquer lembrança sobre como era mais divertida sua vida vivendo de música e na cidade grande, é motivo para um isolamento instantâneo que só Sophia parece entender.

Uma relação madura e carinhosa de desejo entre homem e mulher (e também pela arte que conhecem) vai dominando os dois personagens. Um encontra no outro um porto seguro. O jeito que se olham, aquele brilho no olhar, a maneira como sentem e se identificam com a música levam essas duas almas a um relacionamento de respeito, desejo, confiança e carinho, por mais que o restante dos envolvidos (mais precisamente a filha imatura e a passiva mulher de Keith) sofram as conseqüências desses atos.

Selecionado no Festival de Sundance em 2013, Breathe In é um daqueles trabalhos em que a força dos personagens faz a riqueza da história. As melancolias, os dramas, as situações constrangedoras são passadas ao público de maneira muito verdadeira. Os últimos 20 minutos de fita são cheios de momentos intensos, dramáticos, surpreendentes e avassaladores. Vocês não podem perder esse ótimo filme, afinal, quem nunca buscou novos sentidos para sua vida?

O que esse filme ensina: A felicidade está ao alcance de quase todos nós. Os opostos não se atraem.


04) Enquanto você Dorme

Já trancou direito a porta da sua casa hoje? A nova fita espanhola “Enquanto Você Dorme” é um drama misturado com suspense que deixa o espectador completamente abismado com o que está vendo em cena. O roteiro assinado por Alberto Marini mostra o dia-a-dia de um condomínio sob os olhos do psicótico César, um porteiro que controla tudo e todos, que possui uma avassaladora obsessão por uma das moradoras, a bela Clara.  Esse Thriller, muito bem dirigido pelo catalão Jaume Balagueró (um dos diretores de “Rec”), é uma grata surpresa e por conta do desfecho em aberto pode muito bem ter uma continuação. Os cinéfilos adorariam.

Na história, acompanhamos o porteiro (César) de um edifício. A princípio tudo aparentemente normal, até que aos poucos vamos sendo introduzidos à mente desse curioso personagem. Completamente insano despeja infelicidade ao seu redor, pois isso, é um remédio para sua tristeza e solidão. Está à beira do suicídio em muitos momentos, principalmente quando se sente dominado pelos raciocínios negativos de sua mente com problemas. A nova obsessão de Carlos tem apenas um nome: Clara. Completamente sem juízo, toda madrugada, invade o apartamento dessa moradora, aplica um mecanismo de dormência e se deita junto dela. Conforme os dias da semana vão passando a obsessão só cresce, a sorte de Clara é que alguns acontecimentos prejudicarão a continuidade da maluquice de César.

O veterano ator espanhol Luis Tosar (do eletrizante Cela 211) dá vida ao protagonista. Extremamente complexo e muito bem executado em cena, César é um dos melhores papéis de Tosar no cinema. A atriz Marta Etura, que interpreta Clara, também está muito bem e passa todo o clima de tensão que vive sua sofrida personagem. Fato curioso: Luis Tosar e Marta Etura são namorados na vida real.

Um filme tenso, com pitadas de loucura, que possui ótimas interpretações e personagens bastante originais. Não deixem de conferir! Merece uma continuação! Hitchcock ficaria feliz se visse esse filme!



03) As Delícias da Tarde

Em seu primeiro longa-metragem, a ex-roteirista de seriados famosos, Jill Soloway resolve abordar os dramas familiares e as problemáticas diárias que o sexo pode provocar em alguns casais na dramédia As Delícias da Tarde. Contando com um elenco oriundo de diversas séries norte-americanas, a estreante procura dar liberdade na composição dos personagens causando alguns exageros mas no geral uma fórmula que dá muito certo em cena.

É possível falar sobre sexo no cinema sem ser piegas ou ofensivo. As Delícias da Tarde é um grande consultório onde todos nós somos convidados a participar dos debates que acontecem entre os carismáticos personagens. A relação da protagonista com todos os outros coadjuvantes são excelentes, comovem e ajudam a contar essa boa história. O destaque para essas tramas secundárias fica para a ótima participação de Jane Lynch (Glee) na pele da psicóloga totalmente maluca Lenore.

Jill Soloway ganhou o prêmio de Melhor Direção no prestigiado Festival de Sundance deste ano. Realmente a direção surpreende positivamente, conseguem transformar uma história complicada em um filme gostoso de assistir. A liberdade que o elenco teve para criar os personagens poderiam ser um problema por conta do formato que estão acostumados (seriados) mas o saldo final é muito positivo e os personagens se sustentam com louvor até o final da história.

O único pecado é que o filme não tem data definida para ser exibido no Brasil. Os sortudos que frequentaram o Festival do Rio deste ano – assim como quem vos escreve – são os únicos brindados com essa delícia, seja ela de manhã, de tarde ou de noite. Se pintar por aqui, não esqueçam, anotem na agenda e vão ao cinema, essa história vocês precisam conferir.


02) 7 Caixas Paraguaias

O sonho e a violência ganham contornos surpreendentes no elogiado drama paraguaio 7 Caixas Paraguaias. Dirigido pela dupla Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori, o filme é uma grande caixinha de surpresas onde o espectador é o grande privilegiado. O longa-metragem (a maior bilheteria da história do cinema paraguaio) mostra o sonho, nos gestos e expressões do jovem protagonista que leva uma vida na pobreza, trabalhando duro todos os dias em um mercado de muambas, uma espécie de 25 de março (SP) ou Uruguaiana (RJ).

Em 7 Caixas Paraguaias somos apresentados a Víctor (Celso Franco), um carreteiro de 17 anos, que trabalha dia e noite em um famoso mercado no centro de Assunção (Paraguai) sonhando em algum dia ser famoso e aparecer nas telinhas das televisões que lotam as lojas do grande mercado. Certo dia, recebe uma proposta diferente e misteriosa, transportar 7 caixas de madeira até um lugar, cujo conteúdo ele desconhece, em troca de uma nota rasgada ao meio de 100 dólares. Assim, ao lado de sua amiga Liz (Lali Gonzalez) precisa chegar até o seu destino fugindo de todos que não querem que isso aconteça.

O drama vira suspense em questões de minutos. Somos jogados em uma história envolvente de ambição, segredos e assassinato. Com um ritmo ao melhor estilo Corra, Lola, Corra (1998), a câmera dos diretores apresenta uma realidade impressionante, sempre tremendo e captando as expressões dos personagens de maneira detalhista mesmo que alguns cortes secos mal feitos e enquadramentos esquisitos apareçam de vez em quando.

Os diálogos e situações inusitadas que acontecem são bem recebidos pelo público que executa gargalhadas em muitas sequências. O ritmo dinâmico, a inversão rápida entre os gêneros drama, suspense e comédia são uma ótima sacada e conquistam a todos. Dê uma chance aos nossos vizinhos, os vinte minutos finais de filme valem o ingresso. Bravo!

O que esse filme ensina: Você pode fazer sucesso a qualquer minuto. O Cinema paraguaio será outro depois desse filme.


1) Tiranossauro

Com uma história intensa que fala sobre raiva e redenção de maneira muito comovente, o ator e agora diretor Paddy Considine (que assina a direção e o roteiro) faz a alegria dos cinéfilos com seu novo trabalho, “Tiranossauro”. O nome assusta um pouco, tem gente que acha até que o filme é de ficção científica, porém, qualquer suposição é apenas ilusão. O filme é recheado de pontos positivos e com duas atuações pra lá de convincentes.

Na trama, conhecemos Joseph um homem rodeado por desilusões e que está à beira da loucura dominado completamente pelo ódio que sente. Um certo dia, após beber todas em uma tarde, acaba indo parar na loja de Hannah, uma simpática vendedora que também possui seus problemas no cotidiano. Aos poucos, entre um drama e outro, vai surgindo entre eles uma amizade muito forte que acaba virando um conforto para essas duas almas perturbadas por fantasmas que os assombram à muito tempo.Ao analisarmos os dois personagens percebemos dois lados em cada um deles.

O longa possui cenas fortes e marcantes provocadas pela fúria sem limite dos personagens principais. O desfecho caracteriza um novo caminho e a liberdade de alguns desses carmas passado, porém, toda ação tem suas consequências. Bruto, intenso, brilhante!  Você não pode perder essa fita irlandesa que foi um dos filmes sensação dos últimos festivais do Rio de cinema.

O que esse filme ensina: A vida não é fácil pra ninguém
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