03/07/2014

Crítica do filme: 'Muppets 2: Procurados e Amados'



Um sucesso do passado pode fazer sucesso no presente? Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (26.06) a sequência de Os Muppets – O filme, comédia infantil baseada no clássico programa de televisão de anos atrás. Dirigido por James Bobin e com Ricky Gervais e Ty Burrell no elenco, Muppets 2: Procurados e Amados é um tantinho de mais do mesmo misturado com comédia pastelão. Não se propõe a absolutamente nada, nem divertir.

Na trama, voltamos a acompanhar os simpáticos Caco (também conhecido como Kermit), Pig, Gonzo e o restante da turma, agora com o objetivo de fazer uma turnê mundial. Para isso, acabam se juntando a Dominic (Ricky Gervais), um falso cara bonzinho, que na verdade é um criminoso perigoso. Assim, em maus lençóis, os amiguinhos precisarão reunir forças para combater os obstáculos. 

O carisma dos Muppets rompeu gerações na televisão. No formato cinematográfico, nem tanto porque não conseguiu ser um filme divertido para os adultos também. Essa sequência é mais uma daquelas dispensáveis que não acrescentam em nada a toda nostalgia que os personagens conseguiram reviver ao longo desse tempo. O roteiro é chato e sem complemento para as sequências; é maçante e poucos risos vão ser escutados nas salas de cinema. 

A sorte do longa-metragem é que não há em cartaz tantos filmes infantis. Os papais e as mamães é que ficarão reféns dessa história. A tentação para assistir a esse filme será grande, já que ir ao cinema cada vez mais voltou a ser um programa de fim de semana de muitas famílias brasileiras. Para esses, vai uma dica: aluguem A Bela e a Fera, Alladin, O Rei Leão e passe para a criançada.
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Crítica do filme: 'O Grande Hotel Budapeste'



Existe valor para uma grande amizade? Para falar sobre a trivialidade dos sentimentos do ser humano, ninguém melhor que o cineasta, queridinho dos cinéfilos, Wes Anderson (Moonrise Kingdom). Seu mais novo trabalho, O Grande Hotel Budapeste, é uma incrível aventura percorrida através do real valor de uma amizade. Com uma atuação espetacular de Ralph Fiennes (com toda a pinta que vai ser indicado ao próximo Oscar), esse filme vai agradar a grande maioria do público. É uma obra que empolga o espectador, do início ao fim.

Na trama, conhecemos o atual dono do famoso Grande Hotel Budapeste, um homem com um passado sofrido que por meio de flashbacks relembra toda sua história de aventuras inesquecíveis ao lado de seu grande amigo M. Gustave (Ralph Fiennes). Baseado em textos de Stefan Zweig, o roteiro adaptado assinado pelo próprio diretor é o paradoxo quebrado entre o muito bom e o muito bom ainda mais bom. 

A trama, dividida em partes (a La Von trier), é recheada de elemntos fascinantes. Depois de mais esse belo trabalho, não há mais dúvidas sobre a genialidade e originalidade de Wes Anderson que neste novo projeto, consegue executar com maestria todas suas brilhantes ideias em meio a planos incríveis. O mais impressionante nos trabalhos do diretor é que se você acha que seu modo de filmar é sempre igual, você se agarra aos personagens e fica tudo maravilhoso outra vez.

Forçando um sotaque engraçado, andando de Bobsled, passando um perfume atrás do outro, o carismático M. Gustave rouba a cena graças a interpretação iluminada do sempre ótimo Ralph Fiennes. Inseguro, pobre e depois rico, o mais famoso funcionário do Grande Hotel Budapeste se joga em diálogos deliciosos que conquistam o público rapidamente. Em meio a um grande conjunto de rostos conhecidos pelo grande público (Willem Dafoe, Adrien Brody, Edward Norton, Bill Murray, Tilda Swinton, Jude Law, entre outros), Fiennes é a grande atração. 

Com personagens excêntricos, situações inusitadas, uma fantasia disfarçada de ficção e muito bom humor, O Grande Hotel Budapeste é sem dúvidas um dos grandes filmes deste ano. Corram para os cinemas! Bravo!

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Crítica do filme: 'O Céu é de Verdade'



O céu é uma esperança? Milagres, crenças, religiões e convincentes interpretações fazem parte do mais novo trabalho do diretor Randall Wallace (que dirigiu o agora longínquo O Homem da Máscara de Ferro (1998)), O Céu é de Verdade. Com estreia definida no circuito nacional já na próxima quinta-feira (03.07), o filme apresenta argumentos de todo os tipos para despertar e intensificar a fé que existe em nossos corações. 

Na trama, acompanhamos a história do Pastor Todd Burpo (interpretado de maneira inspirada pelo ótimo ator Greg Kinnear), um trabalhador, pai de família que ministra cultos em uma pequena igreja no interior dos Estados Unidos. Certo dia, após o seu filho ser operado e salvo na mesa de cirurgia, recebe confissões desse mesmo filho dizendo que foi no céu e voltou durante a cirurgia. Sem saber o que fazer, se acredita ou não nos relatos e revelações do filho, Todd embarca em uma viagem emocionante em busca da renovação de sua fé.

Um sonho? Percepção extrassensorial? Um milagre? Conforme vamos acompanhando essa peculiar história começamos a entender melhor como pensa o pai da criança. A certa altura do filme, o protagonista passa a questionar a sua fé e a dos outros. O medo de acreditar, o transforma e aos poucos somos testemunhas de que a verdadeira fé dele está no amor que sente por sua família. Quando o espectador foco nesse grande personagem, esquece de qualquer exagero hollywoodiano ou clichês que o filme volta e meia deixa escancarado na telona.

O ponto central da trama é a saga do pastor. Ele quebra a perna, enfrenta um problema no rim, luta para manter saudável a saúde financeira da família e ainda perde o que tinha de mais valor dentro dele, sua fé. O personagem é muito bem exposto dentro da trama, só a atuação do Greg Kinnear vale o ingresso. Mas o longa-metragem, baseado no Best-seller homônimo que já vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo, é muito mais que apenas uma excelente atuação, escancara em muitas sequências o poder do nosso acreditar. Mesmo não sabendo se o céu é de verdade, você precisa conhecer essa história.
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25/06/2014

Crítica do filme: 'Jersey Boys: Em Busca da Música'



Somos de onde tivermos de ser. Quem diria que chegaria o dia em que um dos reis dos filmes de faroeste norte-americano dirigiria um musical, e o melhor: realizando um trabalho impecável na direção. O novo trabalho do mais que conhecido ator e diretor Clint Eastwood, Jersey Boys: Em Busca da Música é uma deliciosa viagem aos anos 50/60, época em que foi fundado um dos grandes conjuntos de rock que o mundo já viu, o The Four Seasons. A história é narrada de forma divertida pelos personagens, principalmente por Tommy DeVito (grande atuação do ator Vincent Piazza), de longe, o personagem mais carismático da trama.

Na trama, voltamos aos anos 50/60, na cidade de New Jersey, onde conhecemos o encrenqueiro Tommy DeVito que vive de roubos na vizinhança, contrabandos e de música. Seu conjunto musical, vai de mal a pior, tocando em pequenos clubes. Certo dia, convida seu grande amigo Frankie Valli (John Lloyd Young) para ser o novo vocalista da banda e assim o grupo ganha projeção. Para dar o último passo rumo ao estrelato, chega o compositor e tecladista Bob Gaudio (Erich Bergen). Apadrinhados pelo mafioso Gyp De Carlo (interpretado pelo sempre excelente Christopher Walken), o grupo tem uma rápida ascensão e uma queda com grandes consequências.

O filme é super bem-humorado, mostra os duros caminhos até a fama, o poder da amizade e os problemas que podem acontecer quando o sucesso sobe à cabeça. Gravando um sucesso atrás do outro, dando festas na suíte de Sinatra e com uma presença de palco marcante, o grupo The Four Seasons, pouco conhecido dos jovens de hoje emplacaram músicas que todos nós conhecemos. O filme retrata fielmente essa época de ouro da banda e com atuações inspiradas e uma direção perto do impecável transformam esse longa-metragem em uma experiência fantástica. Você se sente na primeira fileira de um grande show!

Os números musicais possuem uma qualidade que impressionam. Coreografias robóticas cômicas, fazendo grandes shows em imensos teatros lotados justificam todo o glamour dessa história baseado no Sucesso estrondoso na Broadway. Já no arco final, quase chegando no seu desfecho, a trama cai em um limbo dramático importante onde se explica com detalhes a queda desse grupo emblemático norte-americano. 

Vocês não podem perder esse filme. Nota 10! O longa-metragem meio drama, meio musical, de 130 minutos tem ainda um verdadeiro show nos créditos finais, vale a pena ficar e conferir esse final fantástico.  De filmes assim que precisamos sempre! Bravo Clint!
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Crítica do filme: 'O Homem Duplicado'



O caos é uma ordem ainda indecifrável. Depois de se tornar um dos diretores queridinhos dos cinéfilos (por conta dos filmaços Incêndios e Os Suspeitos (2013)) o cineasta canadense Denis Villeneuve resolve topar o desafio de levar para o cinema uma das obras do famoso escritor português José Saramago, publicada no ano de 2002, O Homem Duplicado. Estrelado pelo badalado ator californiano Jake Gyllenhaal e com presenças das belas Mélanie Laurent e Sarah Gadon, o longa-metragem  é sombrio, enigmático, instiga o espectador a esperar angustiosamente a cena seguinte. Porém, essas expectativas acabam deixando o público não satisfeito, já que os desfechos das subtramas não são satisfatórios. Uma grande viagem rumo ao nada é colocada à disposição.

Na trama, conhecemos um professor de história que vive em, uma certa, solidão profunda. Sua vida é acordar, tomar café da manhã, ler alguns livros e dar aulas em uma faculdade. Certo dia, após assistir a um filme em casa, percebe que um dos coadjuvantes desta trama é fisicamente idêntico a ele. Assim, cheio de dúvidas e aflições, de maneira transtornada, o professor resolve ir atrás dessa pessoa, desencadeando uma série de sequências esquisitas.

O roteiro é curioso e ao mesmo tempo doido de cabo a rabo. As metáforas inseridas em algumas sequências fogem de qualquer tipo de senso comum, normalidade. Parece que a adaptação da obra de Saramago para o cinema (feita pelo roteirista Javier Gullón), resolve brincar com o espectador, montando um quebra-cabeça dentro de um quebra-cabeça. Nos sentimos jogados naqueles filmes do mestre Lynch (porém, sem o mesmo brilhantismo).

Os atores até se esforçam para criar um grande clímax em alguns momentos da trama. Mélanie Laurent e sua beleza impactante sempre acrescenta alguma coisa nova as suas personagens, impressionante. A bela canadense Sarah Gadon, participa de momentos chaves sempre com uma postura firme e misteriosa. O protagonista Jake Gyllenhaal se esforça ao limite para interpretar dois personagens mas não consegue levar o filme nas costas.

Uma das frases que chamam atenção nesta produção norte-americana é: “Você nunca sabe o que um dia reserva para você. “Depois de assistirmos a esse filme, podemos fazer uma modificação nessa tal frase: “Você nunca sabe o que um filme reserva para você. Às vezes, nada.” Para quem curte as obras de Saramago, pode ser interessante a experiência mas será difícil sair satisfeito ao término dos 90 minutos de fita.
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