A arte de se descobrir surge das maneiras mais simples, no
modo de amar. Baseado no premiadíssimo livro de Alice Munro, Amores Inversos é uma daquelas
produções que sem muita divulgação, às vezes até como uma grande surpresa pela
simplicidade, chega devagarzinho e atinge em cheio nossos corações. A direção
competente de Liza Johnson, o ótimo Nick Nolte e a maravilhosa atuação de
Kristen Wiig colocam muita qualidade em cada sequência, cada diálogo, deste
surpreendente filme.
Na trama, acompanhamos a sofrida e distante Johanna Parry
(Kristen Wiig), uma pacata mulher que esconde dentro de si desejos e sonhos,
sem condições de realizar. Certo dia, vai trabalhar na casa do emburrado Mr.
McCauley (Nick Nolte) e lá se aproxima da jovem Sabitha (Hailee Steinfeld). O
pai da menina, Ken (Guy Pearce), volta e meia apareci para ver a filha e Johanna
logo se apaixona. Depois de uma brincadeira de mal gosto de Sabitha e sua amiga
Edith (Sami Gayle), Johanna embarca em jornada de descobertas que influenciam o
destino de sua vida e a de todos ao seu redor.
A dinâmica do filme é
muito interessante. As histórias dos personagens vão se desenvolvendo de
maneira muito uniforme e a cada nova informação acontece uma transformação
maravilhosa que leva o espectador a pensar sobre as ações deles. É um filme que
gere uma grande reflexão sobre sonhos e o desejo de despertar. O carisma da
protagonista é justificado exatamente por isso, uma pessoa comum que poderíamos
facilmente encontrar diariamente atravessando a rua ou comprando um pão na
padaria. Mesmo correndo o risco da personagem estacionar em momentos de
lentidão – fruto do estilo da narrativa - , Kristen Wiig constrói e desconstrói
Johanna de maneira surpreendente. Sem dúvidas, um dos melhores trabalhos dessa
artista muito contestada pelos cinéfilos.
Amores Inversos
não deve ganhar um circuito que merecia aqui no Brasil, principalmente no Rio
de Janeiro onde apenas duas salas vão exibir o filme. Uma grande pena que
pequenas obras tão legais como essa vão ser “punidas” por um circuito nacional
tão defeituoso e com poucas salas de cinema que realmente prezam pelos ótimos
filmes. Mas você caro leitor cinéfilo, depois de tudo que leu até aqui, não
deixe a chama da curiosidade se apagar e veja esse belo e surpreendente
trabalho.