10/12/2014

Crítica do filme: 'Corações de Ferro'



A bravura não está no lutar uma guerra, está no significado da defesa da palavra honra. O novo filme de guerra protagonizado por Brad Pitt, Corações de Ferro, é um trabalho que se justifica e tem seu máximo valor nas ótimas atuações que vemos em meio a um caos de cenas sangrentas que já vimos em diversos outros filmes do gênero. Escrito e dirigido pelo cineasta David Ayer, o longa metragem busca ser diferente de outros trabalhos que exploram a grande guerra mundial mas acaba sendo mais do mesmo. 

Na trama, conhecemos o grupo de batalha liderado pelo sargento Don Collier (Pitt). Nesse grupo, estão o religioso Bible (Shia Lebouf), o esquentadinho Grady Travis (Jon Bernthal), o inteligente Gordo (Michael Peña). Já perto do fim da batalha mais sangrenta que a humanidade já viu, o pequeno batalhão é chamado para invadir cidades alemãs que ainda não haviam se rendido, ao mesmo tempo e para ajudar nesse objetivo, ganham o ‘reforço’ do datilógrafo Normam (Logan Lerman) que acaba sendo introduzido aos horrores da guerra pelo enfurecido líder do grupo. 

Corações de Ferro é um filme atípico de guerra, não empolga pela história, resolve focar nas trincheiras sangrentas mas convence um pouco o público por suas atuações. Os personagens recebem uma entrega invejável de seus respectivos intérpretes, transformando pequenas e curtas sequências dentro de um tanque em diálogos intensos e provocantes. Basicamente: os atores levam o filme nas costas.

Fora as boas atuações, muito pouco é visto para deixar o espectador grudado com os olhos na tela. É mais fácil o público ser acordado a cada momento de sono pelo som alto da granada que estoura em muitos momentos. As cenas de guerra, os sofrimentos, as dúvidas, as incertezas, os atos de bravura, o herói, o definir o conceito de amizade e honra, são elementos que não são inovadores. Parece que estamos vendo fragmentos de vários outros filmes. Muito pouco para “Fury” (o nome original deste trabalho, ser posto em debate em uma rodinha cinéfila.
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07/12/2014

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Crítica do filme: 'À Procura'



A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero. Para falar sobre dramas profundos e histórias que geram angústias já quando lemos a sinopse, ninguém melhor que o cineasta egípcio Atom Egoyan. Em À Procura, o experiente diretor usa e abusa do artifício da não lineariedade, uma manobra muito inteligente que deixa todos os espectadores intrigados sobre como vai terminar, e como começou, essa história. Seu protagonista, Ryan Reynolds incorpora muito bem o sofrido personagem principal. Dessa vez, pontos positivos para o pior Lanterna Verde da história do cinema.

Na trama, acompanhamos a triste história de Matthew (Ryan Reynolds), um esforçado empreendedor que vive com sua família em uma cidade do interior. A vida desse trabalhador muda completamente quando, após estacionar seu carro na frente de uma lanchonete, percebe que sua filha foi sequestrada. Após isso, sua relação com a mulher vira um leque de situações estressantes e tumultuadas. A polícia, a princípio desconfia do próprio Matthew mas logo se percebe que de fato há terceiros envolvidos no desaparecimento. Nisso, anos se passam e a luta em achar alguma pista sobre sua filha desaparecida vira uma grande obsessão. 

Um dos grandes méritos do filme, é a boa contextualização – mesmo de maneira não-linear – das características de cada personagem. Há o pai e sua desconstrução modelada pelo trauma emocional, a paralisia da mãe que praticamente busca forças não se sabe de onde para sobreviver os dias, a dupla de policiais responsáveis pelo caso (interpretados por Scott Speedman e Rosario Dawson) que possuem um papel importante já no arco final da história, há também o sequestrador e seus mistérios. Todos esses personagens são postos em cenas, sequências, argumentações, que deixam o espectador perplexo.

À Procura não é o tipo de filme que precisamos tentar descobrir quem é o grande vilão da história. O personagem que representa esse papel nos é entregue logo no primeiro arco do roteiro, mesmo assim, talvez pela excentricidade gerada pela ótima atuação do ator Kevin Durant, o público fica atento para saber exatamente como vai ser o seu desfecho. Estas trocas de perspectivas em um Thriller, por mais que não sejam tão inovadoras assim, conseguem adicionar mais elementos para a trama que estreou no Brasil na última quinta-feira (04.12) e sem dúvidas é um filme que você precisa assistir.  
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Os 10 Melhores filmes de 2014

Bom dia galera, tudo bem? Como estamos chegando já no fim do ano, segue minha lista com "Os 10 Melhores filmes que passaram no circuito comercial brasileiro neste ano de 2014":




1) Relatos Selvagens
2) The Lunchbox
3) Ela
4) BoyHood - Da Infância A Adolescência
5) O Grande Hotel Budapeste
6) Pais e Filhos
7) Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
8) Instinto Materno
9) Jersey Boys - Em Busca da Música
10) Nebraska



E aí, concordam? Tirariam algum? Colocariam algum? Comentem, quero ler a opinião de vocês queridos amigos!


Saudações cinéfilas, Rapha!
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03/12/2014

Crítica do filme: 'Canção para Marion'



E se acontecer de você vir a garota mais bonita do mundo? Cante para ela! Explodindo carisma e alegria, principalmente do elenco da terceira idade, chega aos cinemas nesta quinta-feira (04.12.14), um dos projetos mais legais do ano, o drama com pitadas cômicas Canção para Marion. A simpatia e a alegria de todos no coral vão gerar lindos sorrisos na maioria dos espectadores. O filme trata de um tema duro, denso, complicado mas a história se desenrola de maneira tão doce e amável que chega bem forte em nossos corações.
 
Entre um cigarrinho e outro, o ranzinza Arthur (Terrence Stamp) vive com sua mulher Marion (Vanessa Redgrave) em uma casa simples num bairro afastado do grande centro. Marion possui uma doença terminal e a única alegria que possui em seus melancólicos dias é cantar e se reunir com o coral da cidade, repleto de outros carismáticos velhinhos. Arthur, a acompanha em todos os ensaios mas faz questão de ser antipático com todos. Quando Marion falece, Arthur começa a tentar se reconstruir com a ajuda de todos que conhecem sua dolorosa história.

Terrence Stamp e seu Arthur, e a eterna dama Vanessa Redgrave e sua Marion possuem uma sintonia afiada em todas as cenas deste belo projeto. Para complementar e ser o chantilly dessa deliciosa história, Gemma Arterton e sua delicada personagem Elisabeth dão o toque, o elo, que a trama necessitava, deixando essa fita bem mais especial. Há carisma em todos os curtos 90 minutos de fita, os diálogos são profundos, as músicas emocionantes. O filme ainda tem o mérito de colocar os artistas para cantar e isso aparecer no filme, diferente do medroso filme de Dustin Hoffman, O Quarteto.

Dentro de nossos corações, alguém sempre vai comandar a festa, vai se unir com nossos sonhos, vai nos fazer crescer e a cada dia que passa vamos desejar nunca nos separarmos. Esse filme retrata bem isso, a reconstrução que o amor pode fazer na vida de uma pessoa. Você não pode perder!
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Crítica do filme: 'Rudderless (Força para Viver)'



Debutando na carreira de diretor (dessa vez pra valer, já que havia dirigido um filme feito para TV, Lip Service, na década de 80), o fabuloso ator William H. Macy reúne um elenco primoroso para contar uma história dramática sobre um pai em busca de redenção para um terrível trauma em sua vida. O nova iorquino Billy Crudup foi o escolhido para ser o protagonista, concorreu pela vaga com outros atores e a produção do filme não poderia ter escolhido melhor, Crudup emociona em cada cena, é algo tão tocante que deve gerar todos os tipos de reações do espectador, sem dúvidas uma das melhores atuações do ano.

 Na trama, conhecemos o confiante e bem sucedido Sam (Crudup), um pai de família que vive intensamente seu cotidiano fazendo dinheiro com seu estável trabalho. Certo dia, uma grande tragédia acontece na biblioteca onde seu filho estudava e esse fato muda completamente o protagonista que se joga no alcoolismo, muda de cidade e vai morar em um barco bem longe de casa. Passados dois anos, agora trabalhando como pintor e sem muitas pretensões na vida, Sam recebe de sua ex-mulher Emily (interpretado pela sempre maravilhosa Felicity Huffman) uma caixa com alguns pertences do filho e isso o faz despertar para um elo esquecido que eles tinham, a música. Preso ainda pelos pensamentos doloridos de seu passado, Sam embarca numa jornada musical, principalmente quando conhece o carismático Quentin (Anton Yelchin) e resolve criar uma banda.

As canções chegam para Sam de maneira impactante, o aproxima novamente de seu filho. Eles possuíam uma boa relação mas pouco se viam, esses pensamentos de nunca poder estar tão presente na vida do filho, de querer voltar no tempo, praticamente destrói o protagonista por dentro. Conseguimos sentir toda a angústia e amargura desse grande personagem por conta da espetacular atuação de Billy Crudup. Com o sucesso que o filme fez em Sundance e em outros festivais, não será nenhuma surpresa se Crudup aparecer na lista dos principais prêmios do cinema no ano que vem. Vale também os destaques para a boa direção de William H. Macy que não resistiu e também aparece no filme, e para Felicity Huffman que personifica a dor na figura materna. 

Tem um grande detalhe nesse belo roteiro que é revelado somente perto do desfecho, o que faz nós espectadores entendermos melhor toda aquela angústia e as escolhas que o personagem principal tomou após a tragédia. As músicas que ouvimos durante toda a fita, possuem uma melodia, uma letra, tão empolgante que se tornam um antídoto contra qualquer tristeza que possa estar preenchendo nossos dias. Afinal, a vida não é uma eterna arte de se reconstruir? Por isso: Respire fundo, conte as estrelas, deixe o mundo rodar sem você.
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02/12/2014

Crítica do filme: 'Nós Somos as Melhores'



A rebeldia do jovem nasce e cresce na explosão dos sentimentos, na simples e vital inquietação de não poder fazer tudo. Baseado em um quadrinho, situado na década de 80, de Coco Moodysson, o longa-metragem sueco Nós Somos as Melhores fez um grande sucesso em muitos festivais Indie que participou nesses últimos meses. Dirigido pelo cineasta Lukas Moodysson, o filme é um grito da juventude, em plena época do nuggets de torradeira, guiada por uma trilha sonora ligada nos altos decibéis do punk rock europeu. É um filme que deve agradar a todos os públicos, possui ritmo e uma genuinidade transparente que transborda na telona.

Em uma época em que o Punk domina a programação das rádios no velho continente, duas meninas de 13 anos, com um ar bem rebelde, resolvem formar uma banda de rock and roll e escrever canções sobre situações que vivem no seu dia a dia. Como elas não tem nenhuma instrução musical, resolvem adicionar uma outra jovem, com grande talento no violão, ao grupo. Assim, as 3 meninas embarcam em dias de descobertas tendo sempre a música como plano de fundo.

Nós Somos as Melhores se encaixa naquele tipo de filme que o público logo nota ser atemporal, isso aproxima demais o espectador da história. A cena onde as meninas se metem numa confusão em um festival de música, mostra uma crítica profunda a uma sociedade que limitava sonhos mas que nunca deixava de sonhar. A sociedade se remodela, o método miojo de comunicação instantânea chegou dominando, mas aquele sentimento próprio do ser humano de tentar encontrar seu caminho é algo que está dentro de nós. O filme bate nessa tecla o tempo todo. 

Os pensamentos imaturos e o seu modo de expressão viram uma mistura cômica e cheia de atitude na condução de Mooddysson. A fragilidade, oriundo da idade das protagonistas, dá um sobretom verdadeiro às atitudes. Gritando por uma liberdade precoce, elas se sentem livre, vivem essa rebeldia contagiante, abrem um sorriso ao destino e acabam redesenhando sua própria história. Não percam Nós Somos as Melhores! Bravo!
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