08/01/2015

Crítica do filme: 'Invencível'



Estimado em U$$ 65 Milhões, o novo projeto, da agora atriz e diretora Angelina Jolie é equivalente a uma novela mexicana: Dramalhões, cenas forçadas, atuações longe da perfeição e uma direção que tenta maquiar cinematografic amente qualquer falha de um roteiro bem fraco. Invencível é um enlatado norte-americano que tenta criar um herói, uma espécie de soldado super atleta e patriota que não respinga um pingo de simpatia nos longos minutos de filme. 

O roteiro não é muito atraente (uma grande decepção pois foi escrito pelos irmãos Coen), a ideia dos flashbacks foi muito mal executada porque não consegue chegar no clímax de nenhum dos momentos vividos pelo sofrido protagonista, principalmente na época que começou sua carreira de atleta. Louis Zamperini é interpretado por Jack O'Connell, um ator que está longe de seu melhor momento, pelo menos nesse filme., o que atrapalha ainda mais no processo de interação do filme com o espectador, falta empatia. Domhnall Gleeson acaba sendo o grande ator do filme, com seu personagem de fala mansa e suas tiradas em meio aos dramáticos momentos que acompanha a história de seu personagem, Phil. Quando Phil, some do filme em determinada parte, os cinéfilos vão pedir pelo amor de Deus que ele retorne na cena seguinte urgente!

A parte mais interessante do filme acaba se tornando, um pouco forçadamente, quando Louis é preso no campo de concentração japonês Omori. Lutando contra um comandante japonês bem cruel, a esperança passa a ser uma ilusão perdida dentro dos pensamentos do protagonista. Mas mesmo nessas sequências, muitas cenas são forçadas. Parece que tentaram dar uma dramatização deveras forçada para cada ato de bravura que o personagem principal executava, fora a mal encaixada trilha sonora que percorre os incontáveis 137 minutos de fita.

Invencível estreia nesse mês de janeiro nas salas brasileiras e por conta de quem assina a direção do filme, deve gerar uma leve curiosidade dos amantes da sétima arte. Para vocês, corajosos cinéfilos que vão se aventurar a assistir a esse filme preparem-se para cenas dramáticas que não vão refletir em nenhum tipo de emoção. Como dizia Napoleão Bonaparte: “A bravura provém do sangue, a coragem provém do pensamento.” Falta coragem ao filme.

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Crítica do filme: 'Whiplash – Em Busca da Perfeição'



O preço da perfeição é a prática constante. Escrito e dirigido pelo cineasta, de apenas 29 anos, Damien Chazelle, Whiplash – Em Busca da Perfeição é o tipo de filme que vai levar o espectador a um grande sorriso assim que os créditos começarem a subir.  Eletrizante, emocionante, magnífico, espetacular. Impossível você sair da sala de cinema e não estar arrepiado com tamanha força que essa história possui, e, pra completar essa busca pela perfeição, o filme conta com a grande interpretação de um ator no ano passado: J.K. Simmons está simplesmente espetacular!

Na trama, acompanhamos o jovem músico Andrew (Miles Teller), um garoto talentoso que estuda na escola de música mais prestigiada dos Estados Unidos. O protagonista é um prodígio da bateria e não pensa em outra coisa a não ser estudar e aperfeiçoar todos seus movimentos. Certo dia, durante uma seleção surpresa para a principal banda de Jazz da escola em que estuda, Andrew é recrutado pelo temido professor Fletcher (J.K. Simmons) e assim começa uma trajetória de dor, sofrimento, dedicação, esforço e amor pela música. 

No compasso do jazz, nas batidas da emoção, o filme vai mergulhando na estrada árdua do perfeccionismo. Os calos nas mãos, abdicação de possíveis grandes amores, uma quase eminente ruptura com a família, a estrada que caminha Andrew se desconstrói para poder se reconstruir. Whiplash – Em Busca da Perfeição não deixa de ser uma saga em que podemos fazer um paralelo às pressões impostas pela sociedade em busca dos melhores. A mistura de imaturidade e foco demasiado é o grande trunfo do roteiro para deixar o seu personagem principal cada vez mais real, e também se soma a uma ótima atuação de Miles Teller.

Mas, Whiplash – Em Busca da Perfeição não seria o mesmo filme senão fosse a presença de um personagem forte, impactante, que mexesse demais com o espectador a cada nova sequência. O professor Fletcher é um anti-herói, um obsessivo pelo perfeccionismo que transforma a vida de todos seus alunos em uma verdade batalha entre a competência e a limitação. A interpretação iluminada de J.K. Simmons é algo magnífico, poucas vezes vistas nos últimos anos nos filmes norte-americanos. Esse grande ator de 65 anos encontrou o personagem de sua vida, aquele que cada ator sonha em encontrar e raramente encontra. Merece todos os prêmios que o cinema pode entregar.

Whiplash – Em Busca da Perfeição estreia nesta quinta-feira, 08 de janeiro, nos cinemas brasileiros. Uma grande oportunidade para você conferir um dos melhores longas-metragens do ano. Esse é um daqueles filmes inesquecíveis, podem ter certeza disso.
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04/01/2015

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Crítica do filme: 'Viver é Fácil Com os Olhos Fechados'



Me ajude, se você puder, me sinto pra baixo e eu aprecio você estar por perto, ajude-me, coloque meus pés de volta no chão. Um dos mais maravilhosos filmes do ano de 2014 fala sobre a vida, a música, a amizade, os Beatles e a arte da simplicidade. Diretamente da terra de Almodóvar, Viver é Fácil Com os Olhos Fechados é uma singela fábula passada em outros tempos que conta com uma atuação espetacular e emocionante de um dos melhores atores do cinema espanhol atual, Javier Cámara. 


Dirigido pelo espanhol David Trueba e passado na década de 60, Viver é Fácil Com os Olhos Fechados conta a história de um inspirador professor, que usa as músicas dos Beatles para ensinar inglês em um colégio religioso espanhol, que parte em uma viagem inusitada com o objetivo de conhecer seu grande ídolo John Lennon que está filmando em uma região isolada na Espanha. No meio dessa jornada, acaba encontrando pelo caminho uma jovem grávida e um jovem que fugiu de casa por conta de seus diversos problemas com o pai. Assim, os três embarcam estrada à dentro em uma jornada que vai mudar a vida de todos eles. 


O filme é inspirador, não tem como defini-lo de outra forma. O carisma dos personagens, a direção impecável de Trueba e o roteiro pra lá de emocionante nos levam em uma história que geram lembranças inesquecíveis para se discutir nas mesas de bares. O papel do professor na educação dos jovens é bem explorada, Javier Cámara mostra mais uma vez porque é um dos grandes atores do cinema espanhol da última década, impossível o espectador não se emocionar com as atitudes maravilhosas desse personagem deslumbrante.


Além de toda a doçura, delicadeza e simplicidade na condução essa trama, as letras de John Lennon e dos Beatles são parte de explicações sobre o viver e se juntam a trilha sonora dessa história, transformando triviais sequências em frames que transpiram lições para uma sociedade que muitas vezes não sabe aproveitar as simples coisas da vida. Viver é Fácil Com os Olhos Fechados é um filme inesquecível e será um absurdo se nenhuma distribuidora colocar esse trabalho nos cinemas brasileiros.
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Crítica do filme: 'The Guest'




Dirigido por Adam Wingard e com um ótimo roteiro assinado por Simon Barrett, o longa-metragem de ação The Guest (ainda sem título em português) é uma grata surpresa para os cinéfilos que curtem filmes cheios de suspense, explosões e cenas de tirar o fôlego. Surpreendente também é a atuação do Dan Stevens que incorpora um protagonista seco, frio, sem expressão, que usa e abusa de seu charme para conseguir cumprir seus objetivos. The Guest, sem dúvidas, vai figurar em muitas listas do gênero ação neste ano. 

Na trama, somos rapidamente apresentados a um soldado chamado David (Stevens) que acabara de ser dispensado de uma frente de batalha e resolve ir até a casa de um amigo de pelotão. A família desse amigo o recebe como se ele fosse um filho, só que David esconde muitos segredos que começamos a perceber quando muitas mortes começam a acontecer na cidade e todas, de certa forma, ligadas a chegada desse misterioso homem. 

O filme tem muitos méritos. Já falamos do belo roteiro, do ótimo personagem principal e também devemos falar sobre os coadjuvantes que preenchem com êxito todas as lacunas deixadas pela macabra história. Dentre esses, Anna, a filha mais velha, interpretada pela competente Maika Monroe, é um dos grandes destaques, tem papel fundamental nas mudanças que a história executa, praticamente do meio pra frente as ações dessa ótima personagem domina as sequências. 

A esperança dos cinéfilos brasileiros é que alguma distribuidora consiga trazer esse belo trabalho aqui para nossa terra. Os filmes de ação lotam nossas salas de cinema ano a ano, sempre com atores muito famosos ou diretores já consagrados, porém, isso não quer dizer que a maioria desses títulos tenha alguma qualidade. Merecemos também ver filmes de ação com atores novos e diretores com ideias diferentes, como esse belo projeto chamado The Guest.
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30/12/2014

Crítica do filme: 'Se Fazendo de Morto'



Como fazer o papel dos outros se você não ouve ninguém? Em seu décimo primeiro trabalho como diretor, o cineasta francês Jean-Paul Salomé apresenta a inusitada história de decadência da profissão de ator mostrados ao público pelos olhos de um teimoso, chato, metido mas bastante empático protagonista. O sempre ótimo François Damiens segura muito bem todas as ‘nuâncias’ de seu complexo personagem.

Em uma região fria da França, um ator que ganhou o Cesar (uma espécie de Oscar do cinema francês) de revelação na década de 80, chamado Jean Renault (François Damiens) que todos não gostam de trabalhar e que está atualmente desempregado, consegue um trabalho inusitado: atuar como ator em reconstituições de crimes. Assim, logo em seu primeiro dia de trabalho enfrenta uma metódica juíza e uma cidade cheia de mistérios, ajudando a polícia a desvendar o assassinato. 

A história é bem construída envolta do protagonista. Possui tons de comédia pastelão, o personagem principal vai ao extremo em diversas características. As sequências de brincadeiras com o nome do personagem principal, Jean Renault com o astro francês Jean Reno são hilárias. O filme possui uma engraçada sintonia com os filmes do Pantera Cor de Rosa, imortalizados pelo Peter Sellers e as levemente intrigantes histórias de Georges Simenon. 

Se Fazendo de Morto tem uma cara de série para televisão. Esse filme pode ser interpretado como um piloto. O personagem tem carisma suficiente para se envolver em muitas histórias parecidas por conta desse novo nicho em sua arte escolhida. Como longa-metragem é um projeto que possui aquele toque mágico francês de transformar bobeirinhas dentro dos diálogos em um filme competente.
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