10/02/2015

Crítica do filme: 'Laggies'

Até na pessoa mais confusa emocionalmente, o amor é um despertar. Para falar sobre a crise de imaturidade de uma mulher na casa dos 30 anos, a cineasta Lynn Shelton volta as telonas com seu novo trabalho Laggies. Com um roteiro assinado pela estreante Andrea Seigel, o filme, bem água com açúcar por sinal, navega entre diálogos inteligentes e bobíssimos clichês que às vezes nem mesmo o carisma que exalam alguns personagens conseguem superar. A protagonista Keira Knightley faz de tudo para criar uma identidade de sua personagem mas acaba naufragando nessa tentativa, a boa atuação mesmo vem do craque Sam Rockwell que faz o filme despertar quando aparece na trama.

Na história, conhecemos Megan (Keira Knightley), uma mulher de meia idade que parece não ter conseguido se estabelecer profissionalmente e vive uma rotina tediosa ao lado do noivo, que conhecera ainda no colégio. Quando alguns estopins, como a traição do pai, despertam Megan para vida, ela resolve passar uma semana longe de casa e assim acaba conhecendo a jovem Annika (Chloë Grace Moretz), uma menina que lembra muito como ela era na fase adolescente. Ambas irão percorrer uma jornada de amizade em busca da felicidade.

Podendo ser o mundo de alguém, a protagonista se afoga em conflitos e vira apenas um alguém no mundo. Essa crise de meia idade pela qual percorre, ao longo dos 99 minutos de fita, tem momentos que despertam o interesse do público mas na maioria das sequências a personagem não é convincente. Não adianta um sotaque britânico camuflado de inglês americano fluente, falta um pouco de carisma a Keira Knightley. Os diálogos com a personagem de Chloë Grace Moretz deveriam ser o grande clímax da história mas isso não acontece. Nos divertimos e interagimos bem mais com a trama quando o pai de Annika, interpretado pelo ótimo Sam Rockwell aparece na história.


Laggies, ainda sem tradução para o português, tinha tudo para ser mais profundo (por mais que seja uma história nada diferente de outras vistas por aí) mas acaba sendo superficial. É o tipo de filme que você logo esquece, não cria identidade com o público. Falta carisma, é como se o filme não tivesse força suficiente para conquistar nossa atenção.  
Continue lendo... Crítica do filme: 'Laggies'

09/02/2015

Crítica do filme: 'Selma: Uma Luta Pela Igualdade'

Ser profundamente amado por alguém nos dá força, amar alguém profundamente nos dá coragem. Dirigido pela cineasta norte-americana Ava DuVernay, um dos filmes concorrentes ao Oscar de Melhor Filme esse ano no Oscar, chega as nossas telonas, estamos falando do ótimo Selma: Uma Luta Pela Igualdade. Tendo como principal tema central em seu roteiro a  luta pelo direito a votação dos negros nas eleições norte-americanas, o filme de 128 minutos possui uma excelente direção, além de discursos fervorosos, empolgantes e uma atuação brilhante e inspirada do ator David Oyelowo que interpreta o protagonista Martin Luther King Jr.

Na trama, voltamos a década de 60, onde o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Martin Luther King Jr. (David Oyelowo), luta pelos direitos dos negros ao voto. O filme retrata toda sua trajetória nessa causa: seus conflitos familiares, por conta das ameaças que sofria, seus discursos emocionados e uma coragem e força que eram sua maior marca. Figuras políticas de um Estados Unidos fervilhando de conflitos: O presidente Lyndon B. Johnson, interpretado pelo bom ator britânico Tom Wilkinson,  J. Edgar Hoover (Chefão e criador do FBI) são alguns dos nomes que circulam pela trama, que tem o roteiro assinado por Paul Webb.

Sua família vivia sob tensão e o próprio Dr. King não sabia direito como melhorar essa situação. Parecia um predestinado a encarar seu destino, seja ele qual fosse, em busca do objetivo que modelou sua vida. Em uma cena, buscando forças para seguir em frente em sua caminhada, Luther King liga para uma cantora sua amiga e pede para ela cantar e o abençoar com uma canção, é uma das cenas mais lindas e emocionantes deste belo trabalho.


Os diálogos entre Luther King e sua esposa são maravilhosos, fazem o público ficar com os olhos fixos na telona. Há tanta verdade nas interpretações dos artistas. A diretora nessa hora, também merece receber os méritos, nos sentimos sentados ao lado dos personagens, cada palavra, cada cena mostrada, nos fazem borbulhar em raciocínios, opiniões e lembranças.  Selma: Uma Luta Pela Igualdade emociona do início ao fim, e merecidamente teve seu reconhecimento com diversas nomeações à festivais de cinema ano passado. É um filme que todos nós devemos assistir e conhecer um pouco mais sobre a história da humanidade.  
Continue lendo... Crítica do filme: 'Selma: Uma Luta Pela Igualdade'

08/02/2015

Crítica do filme: 'O Imperador'

Em seu primeiro projeto como diretor, Nick Powell não poderia ter começado com mais força e de pé esquerdo. O Imperador, é uma sucessão de erros. Diálogos deprimentes, cenas de ação feitas de forma desleixadas, nenhum tipo de entrosamento entre os atores em cena, planos bisonhos, atuações que beiram ao amadorismo. Nicolas Cage aparece bem pouco mas o suficiente para ajudar a derrubar o filme.

Na trama, conhecemos Jacob (Hayden Christensen) e Gallain (Nicolas Cage), dois guerreiros, vinculados aos templários, que destroem tudo e a todos que encontram pelo caminho. Os anos se passam e avançamos até o norte do oriente, onde Jacob reaparece dessa vez viciado em ópio e precisa ajudar uma dupla de irmãos que lutam para manter a dinastia deixada pelo recém assassinado pai deles. Para ajudar o trio no longo caminho que precisam percorrer, Gallain também reaparece e todos reunidos combatem as forças do mal.

Roteiro, direção, elenco, difícil saber qual desses itens é a pior parte deste projeto. O longa-metragem, é uma comédia de erros do primeiro ao último minuto. Não dá para entender o que o roteirista James Dormer quis dizer com esse filme. Nada que o diretor tenta executar com seus planos dá certo. É um filme muito mal roteirizado e dirigido.

Além disso tudo, precisamos falar de atuações. Nicolas Cage se supera em cada novo projeto. Perdeu de vez o rumo de sua carreira. Dá pena de ver. Nesse filme está cada cena mais bizarro, fica caolho sem muitas explicações, falas de seu personagem sendo ditas como se ele fosse o Darth Vadder da nova era e para brindar essa atuação caótica, uma sequência segurando uma cobra que deve virar meme na internet muito em breve.


Tanto filme bom que não consegue chegar até os nossos cinemas e algumas distribuidoras teimam em comprar filmes ruins como esse. O público merece mais. Esse trabalho é quase uma falta de respeito com a nossa inteligência.
Continue lendo... Crítica do filme: 'O Imperador'

05/02/2015

Crítica do filme: ' '71 '

Em seu primeiro longa-metragem na carreira, o diretor Yann Demange não podia ter começado de maneira mais certeira. Seu trabalho em ’71, filme ganhador de uma menção honrosa no último Festival de Berlim, é elogiado por crítica e público, mostrando a realidade nua e crua por trás de uma guerra.  Estrelado pelo bom ator Jack O'Connell (que estrelou o último e terrível trabalho de Angelina Jolie como diretora, O Invencível), ’71 promete deixar o publico impactado com essa história cheia de dor e sofrimento.

Na trama, durante o início da década de 70, o soldado Gary Hook (Jack O'Connell), do exército britânico, é abandonado pelo pelotão que pertence em meio a uma zona de conflito. Totalmente perdido e sem saber como voltar para casa ou ao menos se proteger, percorre as tensas ruas de uma Belfast em plena guerra civil. Inúmeros personagens cruzam seu caminho, alguns tentando ajudar, outros querendo eliminá-lo.

Uma eterna briga entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte, conflito que é oriundo desde a idade média, é o estopim dessa grande história. O roteiro, assinado pelo desconhecido Gregory Burke, leva ao público um retrato marcante de um conflito que já dura décadas. Consigamos entender melhor todo esse contexto por meio dos ótimos personagens coadjuvantes que circulam pela trama. Belfast é apresentada como uma cidade destruída pela guerra, carros incendiados usados como barricadas, ruas destruídas e famílias vivendo com medo e sob tensão absoluta 24 horas por dia.

Um clima de tensão e suspense percorre os 98 minutos de fita. O cineasta Yann Demange realiza um trabalho primoroso, apresenta ao público as sofridas e dolorosas verdades por trás dessa inacabável guerra.  ’71 é um filme extremamente forte, com cenas impactantes, que se juntam a outros ótimos filmes que já mencionaram situações em Belfast.


Traições, espionagem e um final eletrizante. Pena que esse filmaço tem pouquíssimas chances de chegar nos nossos cinemas. Quem sabe algum dia, com novas distribuidoras no mercado brasileiro, esse cenário mude e consigam trazer mais e melhores filmes de todas as partes do mundo. O público quer ver filme bom, e merece. Se tiverem a oportunidade, nãod eixem de conferir esse espetacular filme. 
Continue lendo... Crítica do filme: ' '71 '

04/02/2015

Crítica do filme: 'Força Maior'

O inimigo é a imagem que temos do herói. O cineasta sueco Ruben Östlund resolve voltar as telonas de todo mundo para contar uma história tensa sobre medos, constrangimentos e uma relação deteriorada por uma ação inconsequente. Com uma trilha sonora moldada a partir de solos intensos de violinos, Força Maior é um daqueles filmes que causam um grande impacto em todos nós durante as duas horas de fita. O diretor, que também assina o roteiro, dá um show atrás das câmeras, a cena da avalanche, epicentro da trama, é simplesmente eletrizante.


Na trama, conhecemos uma família sueca que vai para uma estação de esqui para passar um período de férias. Tudo ia bem até que um dia, almoçando em um restaurante ao ar livre, uma avalanche inesperada surge, dando um grande susto. Na hora em que estava se aproximando o fenômeno natural, o pai pega suas luvas e celular e sai correndo, deixando o restante da família para trás. Agora, a partir desse ato, terá que viver as consequências que impulsionarão brigas e desconfianças com sua mulher.


O sofrimento causado pela inusitada situação é enorme,  atinge todos os membros da família com a mesma intensidade. A mulher, Ebba (Lisa Loven Kongsli), não se conforma que o marido não admita que saiu correndo por medo da avalanche. O homem, Tomas (Johannes Kuhnke), fica constrangido toda vez que o assunto volta a tona em conversas, parece lutar para não admitir sua ação no trauma em que passaram, é uma vítima de seus próprios instintos. Outros casais (e seus outros problemas) vão passeando pela história e os protagonistas precisam segurar seus pensamentos e tentam blindar a família a todo instante. Porém, o assunto da atitude durante a avalanche nunca perde espaço e propaga uma série de reações inesperadas.   


O diretor realiza um trabalho muito competente atrás das câmeras. Ajuda a compor várias cenas emblemáticas como: a forçada não troca de olhares no espelho do banheiro, a tentativa de sexo entre o casal de protagonistas visto pelo reflexo de uma janela, entre outras. A capacidade de gerar ao público um raio-x completo sobre os problemas que um relacionamento pode enfrentar é feito com louvor.


O longa-metragem, que figurou entre os melhores filmes do cinema europeu ano passado, chega ao Brasil em março e promete deixar a plateia satisfeita pelo belo trabalho de Östlund e todo o elenco. É um grande filme, sem dúvidas.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Força Maior'

03/02/2015

Crítica do filme: 'Song One'

A letra da canção é o que pensamos entender, mas o que faz com que acreditemos, ou não, é a melodia, do dia a dia. Após uma série de curtas, a jovem cineasta Kate Barker-Froyland dirige e assina o roteiro de uma história protagonizada por uma das grandes revelações do cinema da última década, que fala sobre amor, música e a intensa vontade de buscar fazer o bem a alguém. Song One, ainda sem tradução para o português, tenta fugir dos clichês de forma admirável, principalmente com seu desfecho aberto que deixará o público imaginando mil e uma opções de final.

Na trama, conhecemos a doutoranda em Antropologia, Franny (Anne Hathaway), uma jovem solitária que roda o mundo fazendo suas pesquisas. Certo dia, recebe um telefonema de sua mãe dizendo que seu único irmão sofrera um grave acidente e está em coma. Assim, pega o primeiro avião para casa e passar a tentar conhecer melhor a vida desse irmão que se tornara distante. Após andar de um lugar a outro que o irmão frequentava, o destino coloca em sua frente James Forester (interpretado pelo artista sul-africano Johnny Flynn), um famoso cantor indie, ídolo de seu irmão.

A indomável e valente irmã tenta recriar todos os passos e gostos do irmão, lutando contra a dor que sente no momento. Seus lugares preferidos, suas músicas inesquecíveis, é uma grande busca e descoberta para nunca deixar de esquecer o irmão. Anne Hathaway parace que assumiu de vez o posto de sorriso mais impactante do cinema desses tempos, posto que era de Julia Roberts nos anos 90. Impressiona a profundidade que leva sua sofrida personagem. O público é refém da atuação dessa ótima atriz, não conseguimos tirar os olhos de sua personagem.

Um outro destaque deste ótimo filme é a trilha sonora invejável, navega pelas sequências em impressionante harmonia com o que vemos em cena. Entre grandes composições ao som de guitarras, violões, acordeões e violinos, vale a lembrança da passagem, muito bonita por sinal, onde ouvimos ‘leãozinho’ do Caetano Veloso sendo interpretado por um músico local.


Sem previsão de estreia ainda no Brasil, Song One é um daqueles trabalhos simples mas que tocam demais nossos corações. 
Continue lendo... Crítica do filme: 'Song One'

Crítica do filme: 'Pássaro Branco na Nevasca'

Os únicos limites das nossas realizações de amanhã são as nossas dúvidas e hesitações de hoje. Baseado na obra homônima de Laura Kasischke, Pássaro Branco na Nevasca é um drama com uma narrativa lenta que possui leves pitadas de suspense. O diretor Gregg Araki, que também assina o roteiro adaptado, tem méritos por reunir um bom elenco mas o roteiro deixa a desejar, tornando o filme em algumas partes bem maçante.

Na trama, conhecemos um pouco melhor a história de Katrina (Shailene Woodley), uma jovem que vive no final dos anos 80 com os pais em um bairro de classe média no interior dos Estados Unidos. Kat tem inúmeras barreiras provocadas pela difícil relação com os pais. Quando sua mãe desaparece sua vida e a de todos ao seu redor, anos se passam e Kat ainda se vê envolvida por esse misterioso sumiço. É uma atuação forte e corajosa de Shailene Woodley. Muitas cenas envolvendo sexo são vistas, onde o diretor Gregg Araki faz um excelente trabalho nessas sequências, mostrando a sensualidade sem ser ofensivo em nenhum momento.

O filme se molda como uma confissão de uma adolescente provocada pelos estragos emocionais de sua família problemática e nada convencional. Kat expõe o que pensa e vive, principalmente suas aventuras sexuais com o namorado e um homem mais velho. Muitas dessas confissões são feitas durante sessões de terapia e nos inúmeros e longos bate papos com seus amigos mais próximos.

A relação de Kat com sua mãe era desgastante. A insanidade da figura materna levava a protagonista pra dentro de diálogos fervorosos. Eve, mãe de Kat (interpretada pela bela Eva Green), parece ter inveja da filha que vira seu principal alvo nos surtos depressivos que passa ao longo do tempo. Já a relação entre Kat e seu pai Brock (interpretado pelo ótimo Christopher Meloni) é muito carinhosa mas vai se tornando muito esquisita por conta de uma mistério que ronda a família.


Apesar das boas atuações que vemos ao longo dos 95 minutos de fita, a fórmula de misturar a lentidão das cenas dramáticas com um ritmo mais acelerado quando há um mistério a ser resolvido, deixa o trabalho sem identidade, não chegando a envolver o público como deveria, apesar do arco final surpreendente. Pássaro Branco na Nevasca é o tipo de filme mais ou menos que logo sairá da memória dos cinéfilos.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Pássaro Branco na Nevasca'

Crítica do filme: 'Dois Dias, uma Noite'

E pensar que nesta noite na Terra, milhares de pessoas se sentem sozinhas, assim como eu. Estimado em cerca de 7 Milhões de Euros, o novo trabalho dos geniais cineastas belgas Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, é uma história angustiante de luta e constrangimentos em busca da manutenção de um emprego. Estrelado pela magnífica Marion Cotillard (o filme não seria o mesmo sem ela), Dois Dias, Uma Noite é uma fábula urbana que deve gerar todos os tipos de reações do público já que torcemos pela personagem principal a todo instante. Mais um trabalho impecável da nossa eterna Piaf.

Na trama, somos apresentados a Sandra (Marion Cotillard), uma mulher com grave crise de depressão que tem uma única chance de convencer seus colegas de trabalho a abdicar um bônus de 1000 Euros para ela ser mantida no trabalho. Assim, percorrendo os seus dramas e a de todos os outros colegas de trabalho, parte em busca de uma redenção que pode não ser necessariamente a manutenção de seu emprego.

Sandra navega nas dores dos outros personagens. Indo de porta em porta na busca de um final feliz para sua saga. Pagamento do colégio, recomeço com novo noivo, pagamentos de despesas básicas como luz e gás, os motivos são inúmeros. Cada personagem possui seu drama mas nenhum deles é maior que o de Sandra que topa uma luta desesperada para manter seu emprego. Uma humilhação, o resgate de uma força além dos seus próprios limites físicos e mentais para chegar em uma certa coragem necessária.

Seu marido a ajuda viver essas intermináveis horas antes da nova votação. A partir disso, problemas e dúvidas sobre o casamento acabam sendo atraídos e verdades tiradas de debaixo do tapete. É uma situação incômoda e um caminho extremamente solitário. Ter seu destino nas mãos dos outros é algo que ninguém gostaria de pensar.

Uma das melhores atrizes do mundo, a musa francesa Marion Cotillard, enche a tela de emoção. Impressiona tamanha verdade que ela passa com o seu desnorteado olhar. Somos reféns da dor e do sofrimento de sua personagem. Cotillard merecidamente foi indicada a mais um Oscar, por essa baita atuação.


Com uma Europa em crise nos tempos atuais, o grande mérito dos irmãos Dardenne é trazer à tona essa história que beira ao absurdo mas que pode realmente acontecer a todos nós e de diversas formas algum dia.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Dois Dias, uma Noite'

Crítica do filme: 'Cake - Uma Razão para Viver'

Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim.  Falando sobre a dor da perda e uma incrível distância sobre a arte do despertar novamente à vida, o diretor Daniel Barnz (do maravilhoso Menina no País das Maravilhas) consegue realizar um trabalho bastante competente, cheias de sentenças verdadeiras que acontecem em nosso mundo mas as vezes não enxergamos. Cake – Uma Razão para Viver, é uma jornada rumo às profundezas de um mar sem fim, sem melodramas, com muita verdade e que conta com uma baita atuação de Jennifer Aniston.

Na trama, conhecemos a sofrida e mal humorada Claire (Jennifer Aniston), uma advogada de meia idade que passou por um enorme trauma em sua vida, não conseguindo se reerguer. Chata, ranzinza, vazia, vive pelos canteiros do mundo que criou, prefere se afogar nas tristezas e lembranças escondidas do que respirar a busca por uma nova felicidade.Certo dia, passa a ser atormentada pelo fantasma de uma mulher que conheceu em um grupo de apoio e sua vida começa a tomar outros rumos quando conhece a família dela.

Viciada em remédios contra a dor que sente em seu corpo e em seu coração, Claire, parece levar sua vida de maneira inconsequente, rumo a uma zona de dor e sofrimento. Sem amigos, sem marido, sem família, ela consegue se fechar uma concha sem ter a oportunidade do despertar. É impactante a atuação de Aniston. A atriz, bastante contestada por muitos de nós cinéfilos, dessa vez prende a atenção do público cada vez que aparece em cena.

Silvana (interpretada pela ótima Adriana Barraza), empregada de Claire, também é um belo personagem na trama. Braço direito para as loucuras da protagonista, tenta preservar a saúde mental de sua chefe a protegendo de inevitáveis exageros. Os melhores diálogos do filme são entre essas duas personagens fortes que conquistam o público a cada nova sequência.


Perder o dom de acreditar, desistir dos novos rumos em nossas vidas, viver as dores o máximo que podemos. Quantos de nós já não conhecemos histórias de pessoas que entraram nessa jornada? Cake – Uma Razão para Viver nada mais é que a verdade sobre a dor, escancarada em nossa cara, o que nos faz refletir e comove demais nossos corações. 
Continue lendo... Crítica do filme: 'Cake - Uma Razão para Viver'

01/02/2015

Crítica do filme: 'James Brown'

Produzido pelo astro do Rock, Mick Jagger, que tem sua famosa banda mencionada em um contexto deste trabalho, Get on up, ou na tradução James Brown, é uma quase emocionante homenagem a um ícone artista norte-americano mas um filme apenas mediano. O roteiro assinado por Jez Butterworth e John-Henry Butterworth tem diversas falhas principalmente quando começam a brincar com a linha temporal, mostrando flashbacks da ascensão do protagonista e deixando de lado uma construção mais profunda da personalidade forte que tinha um dos grandes reis dos palcos americanos das últimas décadas. De ponto positivo, a intensa interpretação/doação do bom ator Chadwick Boseman que dá vida ao protagonista. Como um todo, o filme termina deixando um gostinho de que poderia oferecer mais ao público.

Na trama, acompanhamos a trajetória de vida do futuro músico de sucesso James Joseph Brown Jr, o James Brown, um dos únicos artistas do planeta a vender mais de 100 milhões de cópias em toda sua carreira. Nesse trabalho, dirigido por Tate Taylor (Histórias Cruzadas), acompanhamos muitas fases da conturbada vida do protagonista, desde sua infância extremamente pobre na Carolina do Sul, passando pelo estrondoso sucesso nas décadas de 50, 60 e 70, até a decadência de sua carreira.

O rei do Soul, como era conhecido Brown, teve uma infância complicada. Filho de uma mãe que abandonou a família e um pai que não queria cuidar dele, acabou tendo que viver na casa de uma tia. Esteve preso durante um período e lá conseguiu encontrar outros músicos e assim montar uma primeira banda chamada The Famous Flames. Porém, sua voz e seu carisma eram preponderantes e James Brown acabou tendo que ficar mais em evidência o que gerou mal estar com os outros integrantes da banda. Essa parte no filme é mostrada de maneira rápida mas objetiva.


Os conflitos pessoais que levaram James Brown a ter uma vida até certo ponto mais difícil se dão ao fato de ter uma personalidade extremamente forte, o que o deixava em evidência e em conflito a todo instante. A sua genialidade era posta em prática durante as gravações, as ideias magníficas para os shows e com seu gingado que até hoje recebe adeptos mundo à fora. A atuação de Chadwick Boseman é louvável se doa ao máximo para mostrar cada detalhe desse furacão que era James Brown por mais que o roteiro não o ajude o tempo todo. Talvez falte um pouco mais de profundidade ao roteiro para entendermos melhor o homenageado, em certos pontos do filme não conseguimos interagir com a história, deixando o público até certo ponto decepcionado.
Continue lendo... Crítica do filme: 'James Brown'