16/03/2015

Crítica do filme: 'Golpe Duplo'

Dirigido pela dupla de cineastas Glenn Ficarra e John Requa, o novo trabalho do ator brasileiro Rodrigo Santoro em Hollywood, Golpe Duplo,  é um longa-metragem recheado de clichês que fala basicamente sobre o mundo da malandragem. Estrelado pelo norte-americano Will Smith e com a nova musa do cinema norte-americano Margot Robbie no elenco, o filme não acrescenta e praticamente replica ideias de outros filmes do gênero, como os quase homônimos Vigaristas de Rian Johnson e Os Vigaristas de Ridley Scott. Haja pipoca para aturar tanto clichê.

Na trama, conhecemos Nicky (Will Smith) um empreendedor do ramo da malandragem que durante certos períodos do ano, reúne uma equipe de trambiqueiros em algum lugar dos Estados Unidos e juntos aplicam golpes de médio porte. Para se juntar a sua equipe e um novo trabalho, Nicky vai atrás de Jess (Margot Robbie) e a seleciona para o novo golpe. Quando acaba o trabalho, Nicky e Jess estão envolvidos (sentimentalmente falando) e o primeiro resolve ir embora e não viver esse amor. Passam-se três anos e o destino coloca novamente os dois apaixonados frente a frente em um novo trabalho.

O que mais incomoda nesse chatinho trabalho é que nenhuma nova ideia, algum elemento diferente, é arriscado pelas mãos que assinam o roteiro. Assim, o filme acaba se parecendo com muitos outros que falam sobre o universo da malandragem. Nada é muito surpreendente e o único lapso de suspiro é quando entra em cena o ótimo Adrian Martinez com seu personagem hilário mas totalmente deixado de lado pela história.

Estimado em 50 Milhões de dólares, Golpe Duplo, conta ainda com a participação de Rodrigo Santoro. O ator brasileiro interpreta um vilão de fala complicada que aparece quase no fim da história e não acrescenta muita coisa. É o tipo de papel que qualquer ator poderia ter feito. Santoro é um bom ator e merece um papel de mais destaque em um próximo trabalho na terra do Tio Sam.


Resumindo, Golpe Duplo, estreia em uma semana complicada, onde ótimos filmes nasceram no circuito nacional, como: Para Sempre Alice, Blind, O Amor é Estranho, Dois Lados do Amor.  Não chega a ser um dos piores filmes do ano, mas é aquele tipo de filme que esquecemos rapidamente depois de conferirmos.
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04/03/2015

Crítica do filme: 'O Cidadão do Ano'

A vingança procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar as injúrias. Dirigido pelo espetacular diretor norueguês Hans Petter Moland, cineasta que comandou um dos filmes mais lindos dos anos 2000 (chamado Uma Vida Nova, em 2004), a fita norueguesa  O Cidadão do Ano conta com um excêntrico vilão, personagens envolventes, roteiro afiado, que deixam o nível de adrenalina lá em cima a cada nova sequência. É um filme violento que, antes de mais nada, mostra a dor de um pai e o incansável e ilimitado limite que o mesmo extrapola para vingar a morte de seu único filho.

Na trama, conhecemos Nils (Stellan Skarsgård), um homem de meia idade, bom trabalhador, honrado cidadão, que ganha a vida limpando a neve por meio de sua empresa familiar. Tudo ia bem em sua pacata vida até que uma tragédia acontece, seu único filho é encontrado morto. Não querendo acreditar nas causas ditas pelas autoridades sobre o falecimento, e afastando-se cada vez mais de sua mulher, resolve ir investigar por conta própria e acaba resolvendo combater uma poderosa gangue que domina a região faz anos. Assim, embarcamos no terrível universo da vingança.

O filme detalha muito bem a rotina de uma organização crimonosa, sabemos detalhes sobre o dia a dia dos personagens, o que ajuda muito na hora de entendermos as ações que eles tomam ao longo da projeção. Há uma certa intolerância estúpida acoplada a uma falta de senso de justiça percorrendo todos os minutos deste belo trabalho. Além do ótimo roteiro e da direção quase impecável de Hans Petter Moland, O Cidadão do Ano é um desfile de ótimos atores. Destaque para o protagonista, interpretado pelo sempre competente Stellan Skarsgård e também para a participação especial do eterno Bruno Ganz.

O grande clímax do filme é o conflito pessoal que o personagem principal passa na hora de tomar as atitudes que necessita para consolidar seu plano de vingança. Sem saber direito como proceder em meio a uma guerra iniciada por ele mesmo, o protagonista abusa da arte do ‘achismo’ e sê vê posto em situações de extremo desconforto. A câmera de Moland escancara uma verdade tão nítida que os nossos olhos às vezes teimam em não acreditar. Com ou sem lição de moral em seu desfecho, semi-aberto e interpretativo O Cidadão do Ano cumpre seu papel e se coloca com uma das melhores estréias européias que veremos em nossos cinemas neste ano.
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03/03/2015

Crítica do filme: 'Happy, Happy'


Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento. Ganhador do prêmio do Júri no mundialmente consagrado Festival de Sundance, chega ao Brasil no próximo dia 12 de março a excelente comédia Happy, Happy. Exibido no Festival do Rio anos atrás, essa pérola norueguesa é um longa-metragem que vai conquistar plateias de todo o Brasil, muito por conta da excelente direção de Anne Sewitsky e da ótima atuação de sua protagonista, interpretada pela ótima atriz Agnes Kittelsen.

Na trama, conhecemos Kaja (Agnes Kittelsen), uma mulher de meia idade que vive uma pacata vida ao lado da família em uma região onde prepondera a neve. Sem muitas expectativas em relação a sua vida, vive integralmente sendo dona de casa, dando carinho e atenção ao marido e para o único filho. Certo dia, um casal de novos vizinhos chegam para morarem na casa ao lado da de Kaja e sua vida começa a mudar, principalmente quando ela se apaixona pelo marido de sua nova vizinha.

Happy, Happy fala sobre diversos assuntos importantes como o relacionamento familiar, o preconceito e principalmente sobre como sempre achamos que nossas vidas são menos felizes que as das outras pessoas. O choque de realidade que vive a protagonista a leva a um movimento de auto conscientização principalmente quando percebe que nenhuma família é perfeita e que todos nós temos nossos problemas.


A maturidade que a protagonista desenvolve ao longo dos modestos 85 minutos de fita é algo a se destacar. Impressiona o desenvolvimento da mesma durante todo o ciclo do filme, que foi o indicado da Noruega ao Oscar anos atrás. Kaja começa como uma simples dona de casa, terrivelmente bobinha, que aos poucos vai começando a sair para a vida e se redescobrir, sempre com muito humor. O público fica espantando (no bom sentido) com tamanha simpatia em cada gesto, cada pensamento e cada palavra que a personagem principal executa. Os ótimos coadjuvantes, cada um com sua história, também ajudam muito a contar essa bela história. Esse, sem dúvidas, é um filme que você não pode perder.
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Crítica do filme: 'O Garoto da Porta ao Lado'

Falando sobre o mundo dos stalkers, o novo projeto do diretor nova-iorquino Rob Cohen, que dirigiu o terrível A Múmia - Tumba do Imperador Dragão, é uma história muito forçada que explora a sensualidade sem profundidade. O Garoto da Porta ao Lado é um dos filmes mais perdidos que serão lançados neste ano aqui no Brasil. Não consegue se encontrar sendo suspense, é uma viagem indigesta quando tenta ser um drama e com certeza é um filme que passará desapercebido pelos cinemas brasileiros.

Na trama, acompanhamos uma professora de meia idade que acabara de deixar o marido após uma traição dele. Certo dia, conhece Noah (Ryan Guzman), o sobrinho de seu idoso vizinho. Após uma série de troca de olhares, a professora se rende ao jovem mas ao longo de tempo percebe que se meteu em uma furada já que o seu affair é um desequilibrado que passa a persegui-la.

O Garoto da Porta ao Lado se transforma lentamente em uma tentativa de suspense com péssimas atuações. Difícil saber quem está pior em cena: Jennifer Lopez ou Ryan Guzman. Não há um pingo de entrosamento entre os atores. O roteiro também não ajuda, parece que o filme foi todo picotado, diversas  sequências surgem sem nenhum nexo com o que vínhamos acompanhando na arrastada trama.


Repleto de clichês do gênero indefinido que o filme se auto evolui,  O Garoto da Porta ao Lado demora para acabar, e olha que são somente 91 minutos de projeção, é um grande sofrimento para todos nós cinéfilos.  É um sonífero mais forte que qualquer remédio para dormir.  Acordamos somente com o barulho das cenas de perseguição de carros, talvez, feitas para os produtores conseguirem colocar a logo da Chevrolet nos nossos olhos adormecidos de tanto tédio.
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Crítica do filme: 'Deixa Rolar'

Depois de dirigir um curta-metragem, único trabalho no mundo do cinema antes desse, o cineasta Justin Reardon chega aos cinemas batendo na mesma tecla que outros inúmeros diretores que estão começando agora no mercado cinematográfico, resolvendo encher de clichês do primeiro ao último minuto uma história que tinha tudo para ser mais simples. Deixa Rolar é uma comédia romântica esquizofrênica, onde não somos levados a lugar nenhum muito por conta da falta de harmonia entre os personagens em cena.

Na trama, um jovem escritor (interpretado por um certo capitão américa de outro filme) leva a vida sem nunca ter se apaixonado de verdade. Até que certo dia, conhece a personagem de Michelle Monaghan, uma linda morena que tem namorado. Apaixonado e sem saber como reagir a esse novo sentimento que brota em seu peito, o jovem escritor tenta de todas as formas conquistar seu primeiro grande amor.

Uma comédia romântica com todos os toques de clichês que o mundo do cinema pode imaginar. Não tem outra forma de definir esse trabalho que beira as tosquices que Sandler e outros produzem a cada novo ano.  O filme até poderia funcionar melhor se tivesse alguma competência artística em cena. Chris Evans precisa comer muito arroz com feijão para poder convencer como ator, e não adianta ter lapsos de boas atuações nos próximos filmes do Capitão da América.  Michelle Monaghan não é uma atriz ruim mas suas escolhas de projetos estão levando a carreira dela para um nível abaixo de razoável.

Os personagens coadjuvantes, que também poderiam ajudar bastante o desenvolvimento da história, são totalmente descartáveis. Não adicionam bulunfas a história. Deixe Rolar é o típico filme sessão da tarde, onde precisamos deixar o cérebro desligado e as emoções escondidas em compartimento secreto dos nossos corações.  Nada funciona, o roteiro possui falhas grotescas e deixa o espectador confuso a todo instante.


Com tamanha boas estreias que o circuito brasileiro vai absorver nesse mês de fevereiro/março, obviamente Deixa Rolar já teve sua estreia adiada e corre o risco de ir parar direto nas locadoras.
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Crítica do filme: 'Simplesmente Acontece'

Depois de lançar alguns títulos que nunca chegaram no Brasil, o bom diretor Christian Ditter volta as telonas com um filme que tinha tudo para ser chatinho e bobinho mas, com muita maturidade e desenvolvimento dos personagens, se torna um dos bons filmes desse ano que vão falar sobre a arte do amar.  Simplesmente Acontece, baseado no best-seller da irlandesa Cecelia Ahern, que também escreveu P.S Eu Te Amo, promete e certamente vai conquistar o público.

Na trama, conhecemos a jovem Rosie (Lily Collins), uma menina graciosa que possui uma amizade (quase colorida) com seu vizinho Alex (Sam Claflin). Ao longo do tempo vamos vendo os personagens se desenvolvendo, passando pela adolescência e chegando na fase adulta mas sem nunca terem tido um relacionamento amoroso duradouro. Obviamente há uma atração nítida em cada cena entre os dois pombinhos mas o destino teima em não deixar que essa história de amor se realize por completo. Assim, lutando contra um destino nada promissor, ambos irão enfrentar muitos obstáculos esperando a grande chance de serem felizes.

Dançando ao som de Beyonce, pagando micos adolescentes, lutando para não perderem contato, os dois personagens principais irão proporcionar lindas e inspiradoras cenas ao longo do filme. Lily Collins e Sam Claflin, mesmo as vezes faltando um clímax de carisma entre os dois, executam muito bem tudo que seus personagens podem proporcionar.  A falta de personagens coadjuvantes de peso, e com certa influência na história, deixa o filme praticamente nas mãos desses dois personagens.

Os encontros e desencontros vão modelando a trama, as vezes os absurdos dos desencontros podem fazer o público se distanciar da trama mas as reversões para os `encontros  são cheias de charme e carisma enchendo o público de expectativa. Os exageros em forma de clichês que assistimos ao longo dos 102 minutos de fita são deixados para trás pois a trama é envolvente. Assim como na vida, um filme pode amadurecer ao longo de seus minutos isso certamente acontece com essa simpática história.

O roteiro possui arcos bem definidos. A história se passa ao longo de 12 anos, cobrindo a fase adolescente e adulta dos personagens. O trabalho do diretor Christian Ditter é bastante competente, eleva a qualidade do filme com sua câmera em mãos.  Simplesmente Acontece estreia na próxima quinta-feira, dia 05 de março, e deve agradar a adolescentes e adultos.


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