26/04/2015

Crítica do filme: 'Uma Longa Jornada'

Viver é super difícil, o mais fundo está sempre na superfície. Baseado em mais um livro de sucesso de Nicholas Sparks, The Longest Ride, Uma Longa Jornada conta com mais uma história de amor cheio de dramas e emoções, neste caso recheado dos mais apurados clichês que a indústria cinematográfica norte-americana pode criar. É uma produção feita com bastante água com açúcar que conta com Scott Eastwood, filho do cineasta Clint Eastwood como protagonista.

Na trama, conhecemos o cowboy Luke Collins (Scott Eastwood), um jovem que após um grave acidente com um temível touro, tenta recuperar a boa forma para conquistar o título mundial que sempre sonhou. Em um desses rodeios, acaba conhecendo a estudante Sophia Danko (Britt Robertson), uma jovem determinada e com muitos sonhos profissionais prestes a serem realizados. Logo o amor inicia seu percurso para os dois pombinhos mas tudo nessa área de amor é mais difícil e quando cruzam o caminho com senhor Ira Levinson (Alan Alda), partem rumo a um destino inesperado e cheio de emoção.

Há uma certa química entre os protagonistas, interpretados por Scott Eastwood e Britt Robertson. O primeiro se mantém gelado ao longo da projeção, evitando qualquer deslize de seu personagem, talvez . A segunda é o motor da história, sempre com uma delicadeza simpática que trás luz para algumas cenas. A presença de Alan Alda como coadjuvante nesta produção é um dos pontos altos da trama, sempre com uma elegância e presença preponderantes em cena. A direção de George Tillman Jr., do ótimo Homens de Honra,é apenas regular e parece não fazer mais nada além do que o feijão com arroz básico de qualquer diretor que não quer se comprometer.


Aos poucos no mundo do cinema, vai nascendo o gênero Sparks, uma mescla de romance, drama, clichês e comédia. A cada nova temporada, sabemos que o próximo livro de Sparks já é 100% certo de virar filme. Mesmo mudando os atores protagonistas, os diretores, a essência dos textos do milionário escritor tentam ser preservadas, a questão que complica as vezes quando se passa uma história de Sparks para o cinema é a quantidade de clichês que os produtores/diretores/quem investe um grana no marketing para o filme acontecer insere no longa-metragem para tornar o filmes mais comercial. Simplesmente desnecessários em quase todas essas adaptações.
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Crítica do filme: 'Um Dia Difícil'

Você nunca vê dias difíceis em um álbum de fotografias, mas são eles que levam de uma foto feliz até a próxima. Depois de oito anos longe das telonas, o diretor sul-coreano Kim Seong-hoon volta aos cinemas com o suspense misturado com a ação Um Dia Difícil, uma história eletrizante que lembra e muito o ótimo Oldboy de Park Chan-wook. Um dos grandes méritos deste fabuloso trabalho é a criatividade na hora de rodar as cenas, o roteiro tenta fugir o tempo todo do óbvio e chega bem próximo a uma realidade que realmente pode existir nas situações e ações que acontecem com o personagem principal.

Na trama, conhecemos o detetive Gun-Su (Lee Sun-kyun), um homem que vive uma vida simples ao lado de sua família. Certo dia, no dia do enterro de sua mãe, quando estava dirigindo por uma avenida deserta, atropela um homem. Desesperado e sem saber o que fazer, tem a ideia de esconder o corpo do acidentado dentro do caixão de sua mãe. Com a consciência pesada mas achando que tudo estava resolvido, Gun-Su é surpreendido mais uma vez com uma ligação anônima dizendo saber tudo o que aconteceu. Assim, o protagonista precisa reunir todas as partes do quebra-cabeça e tentar de vez sair limpo desta história.

Desde o primeiro minuto de projeção, já percebemos que estamos diante de um filme no mínimo interessante. Os mistérios que envolvem a trama, os intrigantes personagens, o show na manipulação da câmera do diretor, a ótima atuação (e reações) do protagonista Lee Sun-kyun vão criando um longa-metragem completo que abastecem a sede de qualidade que todos nós cinéfilos sentimos.   


Explosivo, tenso, misterioso. Um Dia Difícil é um daqueles filmes em que não conseguimos tirar os olhos da tela. O roteiro, assinado por Seong-Hun Kim, Seong-hoon Kim, Hae-jun Lee, é brilhante! Lembra em vários aspectos o clássico sul-coreano Oldboy e alguns blockbusters norte-americanos mas com a diferença fundamental de que os clichês contidos nos blockbusters simplesmente não existem nesse ótimo filme que foi exibido em Cannes no ano passado. É um filme para todo tipo de público. A diversão é mais que garantida, é quase vivida! 
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23/04/2015

Crítica do filme: 'A Viagem de Yoani'

A maior expressão da liberdade de nossa parte, é quando respeitamos o direito à liberdade dos outros. Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (23), o polêmico documentário, dirigido pela dupla Raphael Bottini e Peppe Siffredi, A Viagem de Yoani. Construindo um computador sozinha, comprando peças no mercado clandestino nas periferias de Cuba, a jovem protagonista se tornou rapidamente um sucesso da rede mundial de computadores. Seu site, Geração Y, é traduzido para 20 países e hoje é considerada por pesquisas como uma das mulheres mais influentes do mundo.

Com belíssimas imagens da eterna ilha de Fidel, o documentário conta um pouco sobre a história da cubana Yoani Sanchez e sua conturbada visita ao Brasil depois de anos sem poder sair da ilha onde nasceu. Somos jogados em um mundo cubano de anos atrás com várias curiosidades, como: o acesso à internet nos hotéis, uma das poucas formas de contato de liberdade do povo com o mundo. Um país tão controlador, ter um blog e expressar sua opinião é algo que gera um certo medo mas Yoani era movida pela vontade de contar ao mundo a sua visão da história cubana nas últimas décadas. Mas ao longo dos curtos 75 minutos, outros argumentos são apresentados e colocam em xeque a credibilidade dessa celebridade da internet mundial.

Quando a protagonista desembarca no Brasil, muitos manifestantes a favor de Fidel fazem protestos calorosos por onde ela passa. Um copo cheio de insatisfações com o totalitarismo de Fidel e Cia são um dos grandes focos de Yoani na maioria de seus textos. Militantes, alguns obviamente movidos por motivos duvidosos, pois, deixam claros em depoimentos curtos ao longo do filme que nunca visitaram e viram as realidades de Cuba, fazem protestos que se seguram na linha tênue entre a violência verbal e a física. Esses intensos relatos são as partes mais tensas deste excelente documentário.


O filme é uma grande mesa de debates, apresenta argumentos a favor e contra Yoani. O público é munido de pensamentos, situações e teorias, chegando a diversas conclusões que podem ir variando conforme os minutos de projeção passam. Essa imparcialidade com o tema, eleva a qualidade deste trabalho que merece ser discutido e a discussão ampliada em salas de aula e em universidades. Usar o cinema como forma de ensinar e formar a opinião crítica dos jovens é uma das coisas mais inteligentes que existem.
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Crítica do filme: 'Os Vingadores 2 – A Era de Ultron'

Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, alí, ataque com a sua maior força. Parafraseando Sun Tzu, estrategista de guerra e grande filósofo chinês, começamos falando desse aguardado filme do universo Marvel que reúne mais uma vez um grande número de super-heróis famosos em batalhas e sequências grandiosas só que dessa vez com um toque considerável de maturidade e um retrato peculiar de cada um dos envolvidos nos intensos 142 minutos de projeção. Joss Whedon novamente comanda a festa e consegue a proeza de realizar um filme melhor que o primeiro.

Na trama, somos testemunhas do cotidiano batalhador da nossa querida turma de super-heróis que lutam a cada novo pôr do sol pela vida na terra. Certo dia, durante alguns testes com tecnologia ligada à teoria de inteligência artificial, Tony Stark e Cia acabam conhecendo um novo e terrível vilão chamado Ultron que possui entre seus aniquiláveis objetivos destruir os vingadores. Assim, tendo que ficarem mais unidos do que nunca, nossos heróis terão que enfrentar o maior desafio que já viveram até hoje e contarão com a ajuda de novos e poderosos amigos.

Um dos pontos mais interessantes a se analisar nesse novo filme dos Vingadores é o ponto equilibrado de maturidade que acompanhamos da equipe liderada pelo Capitão América. Cada um dos envolvidos expressa com mais clareza suas ideias e o porquê de cada um estar ali naquele grupo. Um dos mais destacados é Clint, o Gavião Arqueiro, interpretado pelo ótimo Jeremy Renner. Acompanhamos a vida pessoal do personagem e seu único objetivo que é voltar para sua família e viver com calma sua aposentadoria de super-herói, nada mais que um reflexo de partes de todos os personagens, principalmente quando chegamos ao desfecho da trama e vemos uma renovação na ‘equipe titular’ da turma.

Talvez um ponto negativo seja a falta de uma sequência emblemática de batalha que por acaso ou não aconteceu no outro filme. O foco principal do filme dirigido por Whedon são os personagens, as sequências de batalhas ficam em um segundo plano. Mesmo assim, todas as sequências são minuciosamente bem executadas e geram uma intensa satisfação aos fãs da história.


Os Vingadores 2 – A Era de Ultron, por mais que tenha uma classificação indicativa para acima dos 12 anos, é um filme para todas as idades. Vão haver filas e filas nos primeiros dias de exibições, será um sucesso de bilheteria (talvez até a maior do ano), será um sucesso com os cinéfilos, será um sucesso com todos que adoram se divertir comendo pipoca. É muito bom ver um blockbuster de qualidade que consegue reunir em uma sala de cinema gente de todas as idades. Não percam!
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11/04/2015

Crítica do filme: 'A Song of Sea (A Canção do Oceano)'

Estimado em cinco milhões e meio de Euros, a animação européia A Song of Sea (A Canção do Oceano)  é um dos mais belos espetáculos que o mundo da técnica de animação premiará os cinéfilos nesse ano.  A aventura, dirigida por Tomm Moore (do espetacular Uma Viagem ao Mundo das Fábulas (2009)), é empolgante do início ao fim, transformando os espectadores em testemunhas de uma bela história recheada de metáforas que fazem nossa imaginação flutuarem de alegria.

Na trama, conhecemos o jovem Ben, um menino meio tristonho que mora com seu deprimido pai e sua irmã Saoirse, em uma região isolada, cercada por águas para tudo que é lado. Ben sente muita falta de sua mãe que certo dia, nãos atrás, foi embora e nunca mais voltou. Certo dia, após uma série de acontecimentos se envolve em uma aventura com sua irmã para salvar o mundo dos espíritos e outros seres mágicos.

O desenvolvimento dos personagens é brilhante. Há uma desconstrução do protagonista ao longo da fita que mostra uma transparência absurdamente fantástica do roteiro. Parece, certa vezes, que já conhecemos o personagem tão bom o desenvolvimento deste durante toda a história. Os coadjuvantes estão longe de serem coadjuvantes, são inseridos na história aos poucos, adicionando demais ao tempero dessa aventura.


A Song of Sea (A Canção do Oceano) é brilhantemente pensado para ser um produto para toda família. Tanto adultos, como crianças, choram, riem, se empolgam e embarcam de cabeça nessa grande aventura. É o tipo de filme que ficará nas mentes das pessoas pela beleza da história, a maneira como a mesma é contada e pela brilhante direção do ótimo Tomm Moore. Concorreu ao Oscar neste ano na categoria Melhor Animação e era um dos melhores trabalhos da lista. Talvez por esse motivo, consiga chegar aos cinemas brasileiros. Tomara!
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08/04/2015

Crítica do filme: 'Velozes e Furiosos 7 '


Como fazer um filme regular para bom, utilizando matéria-prima de todos os filmes de uma franquia que rendeu seis longa-metragens? A tarefa não era fácil, beirou ao absurdo e no fim se tornou uma grande homenagem emocionante. Velozes e Furiosos 7 chegou aos cinemas brasileiros nesse mês e já levou muita gente para o cinema. O filme sofreu diversos cortes e cenas refeitas por conta do falecimento do ator Paul Walker. O diretor James Wan consegue ganhar um destaque criando um filme tão empolgante que parece que perece que perdemos uns dois quilos ao final da projeção. Mesmo assim, o roteiro absurdo incomoda e muito coisa poderia ser melhor amarrada nessa história. Velozes e Furiosos 7 é o famoso filme mais ou menos.

Na trama, voltamos a encontrar nossos já conhecidos Don (Vin Diesel) e Cia, dessa vez vivendo felizes, cada um em um lugar. Até que um dia, um criminoso impiedoso resolve partir para uma vingança cruel por conta da morte de seu irmão. Assim, Don e sua trupe de velozes motoristas precisam fazer de tudo para não deixar o mal vencer, e dessa vez contam também com a ajuda de um personagem intrigante, perito em operação de vigilância e muito bem interpretado pelo sempre querido por nós cinéfilos, Kurt Russell.

Um dos pontos altos do filme, além dos enquadramentos empolgantes do diretor, é um certo foco nas características marcantes dos personagens, principalmente a de Tyrese Gibson e seu hilário Roman  que tira risadas de todos na sala de cinema. Até mesmo o ar melancólico de Don (Vin Diesel), eterna luz e voz de comando da franquia, encaixa bem no roteiro mirabolante escrito por Chris Morgan. Sentimos o ronco do motor e adrenalina constante porém uma falta de coesão mais real para a história acaba também marcando esse encerramento de franquia.

A chegada do diretor James Wan foi ótima para dar mais novidades e criatividade para as ações contidas na história que beira ao mirabolante filme, muito por conta do absurdo roteiro, repleto de cenas impossíveis que somente nos cinemas conseguimos assistir. Deram um bico na realidade e tentaram criar uma trama repleta de adrenalina do início ao fim. Para quem é fã do gênero, o filme deve ter agradado bastante mas quando pensamos como cinema de uma maneira geral, o longa metragem  protagonizado uma última vez por Vin Diesel e companhia deixa um pouco a desejar, poderia ser muito mais real e acessível a nossa imaginação.


O filme não deixa de ser uma grande homenagem ao ator Paul Walker, que falecera no decorrer das filmagens deste trabalho. Por conta disso,  dá para perceber alguns arranjos no roteiro e algumas cenas refilmadas ao longa de toda a projeção. Levando tudo isso em consideração, Velozes e Furiosos 7 é um entretenimento aceitável pra quem curte filmes assim, e vai levar milhares de cinéfilos, principalmente aqueles que curtem os filmes de ação, para dentro dos cinemas.
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29/03/2015

Crítica do filme: 'No Meio do Rio, Entre as Árvores'

Com mais de 20 filmes no currículo, o ótimo diretor Jorge Bodanzky chega aos cinemas com seu mais recente trabalho, No Meio do Rio, Entre as Árvores. Ao longo do filme, vamos acompanhando uma oficina de vídeo com habitantes locais, e, que são absorvidos em forma de imagens e depoimentos pelo diretor. É uma mescla da visão do experiente cineasta com uma nova ótica que surge no olhar do cotidiano dos moradores pelos mesmos.

No Meio do Rio, Entre as árvores fala, entre outros assuntos, sobre o desmatamento e auto conscientização que acontece quando os próprios moradores argumentam sobre tal fato. Os costumes locais e as críticas que chegam aos olhos dos espectadores, implícitas, em muitos desabafos dos mais experientes dessa região. É um recorte geográfico e detalhista sobre os rumos do desenvolvimento sustentável, que sofre com a falta de carinho com a administração do dinheiro reservado para ajudar essas comunidades.

Em meio a muitos depoimentos que vemos, uma das denúncias mais profundas e chocantes é a de que a falta de um ensino qualificado e mais regular, acaba afastando os jovens da região que vão para a cidade grande em busca de novas oportunidades. Aos poucos, o público vai percebendo que essa região do país é praticamente esquecida pelo governantes e assim, seus costumes e gostos vão virando presa fácil para a extinção.


O trabalho não deixa de ser um documentário com pegada educacional que se propõe a mostrar comunidades ribeirinhas no alto Solimões, na Amazônia, pelos olhos dos próprios moradores destes locais. O longa-metragem possui um potencial enorme para gerar debates e aulas sobre, assuntos ligados a educação e meio ambiente, assim, já fica a dica aos tantos professores desse nosso Brasil que utilizam o cinema como ferramenta complementar de ensino.
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25/03/2015

Crítica do filme: 'The Loft'



Quem cedo e bem aprende, tarde ou nunca esquece. Quem negligencia as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento. Estimado em 14 milhões de dólares, grande parte desses talvez para pagar alguns rostos conhecidos que estão no elenco, chegou aos cinemas norte-americanos esse ano o interessante filme The Loft. Sem nenhuma expectativa de aterrissar nas telonas brasileiras, o filme conta de forma equilibrada um mistério daqueles que só sabemos quem é o culpado no final. Mesmo com alguns exageros e os famosos clichês dos filmes do gênero, The Loft apresenta personagens interessantes que fazem de tudo para contribuir com o clima de suspense que a história pede. 

Uma mulher loira é morta e algemada em uma cama, encontra assim em um loft luxuoso no meio de uma grande cidade para nutrir os desejos de 5 amigos para suas compulsivas e obsessivas traições. Ao longo da trama, vamos conhecendo melhor a vida de todos os envolvidos, seus segredos, suas mentiras e seus impulsos. O filme utiliza o flashback para mostrar dinamismo e fazer com que o público tente resolver o quebra-cabeça que é montado aos poucos nesse inventado tabuleiro cinematográfico.

O roteiro, assinado pela dupla Bart De Pauw e Wesley Strick, é bem amarrado e deve agradar a todos os entusiastas e amantes dos filmes de suspense. A composição de cada personagem merece destaque, são protagonistas bem diferentes entre si e possuem uma ótima química em cena, nos convencem. Sentimos em um grande jogo de RPG onde precisamos escolher nossos personagens e defender sua absolvição a cada novo movimento ou virada de mesa que acontece na história.

Se envolvendo com todo tipo de personalidade feminina que cruzam seus caminhos, os amigos vão se expondo cada dia mais, tornando suas vidas cada vez mais sem limites. Nesse momento, há um certo exagero da história, até mesmo forçando algumas cenas mas de maneira geral o roteiro é um dos méritos do filme, não há dúvidas. A direção do belga Erik Van Looy, em sua primeira expedição no cinema norte-americano, é bem regular e tenta a todo instante jogar o público para dentro dessa trama cheia de surpresas.
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Crítica do filme: 'Eden'



Após o ótimo Adeus, Primeiro Amor (2011), a jovem cineasta francesa Mia Hansen-Løve volta as telonas para apresentar um um recorte da juventude francesa nos anos 90. Muito bem centralizado, Eden é profundo em sua análise sobre a cena underground européia, mostrando o cotidiano, seus dramas e dilemas dos eminentes DJ’s do futuro, aqueles que adoram misturar máquinas com vozes. Assim, navegando nas baladas da juventude, vários passagens de tempo vão se tornando importantes interseções do bom roteiro assinado pelos irmãos Mia Hansen-Løve e Sven Hansen-Løve. 

Na trama, conhecemos um grupo de jovens que gostam de se reunir para festas que varam à noite em uma França exposta no início dos anos 90. Ao longo da trama, um dos personagens se torna o protagonista, Paul Vallée (Félix de Givry), um estudante de literatura que abandona tudo para se dedicar integralmente ao universo das festas. Assim, vamos acompanhando todos os bastidores do cenário jovem parisiense. 

Com uma trilha sonora inspirada, com mais de 40 músicas originais doadas ao filme, o local dos prazeres (significado da palavra Eden) mostra, em muitos momentos, reflexões sobre os sonhos de uma juventude que acreditava em seus ideais. Entre a euforia e a melancolia, o desgaste com a não realização completa de seu sonho, leva o protagonista a uma jornada rumo ao fundo do poço provocando sempre um certo preconceito e desconfiança de sua família.

Sem esconder as drogas e os vícios que assombraram, assombram e assombrarão a juventude deste planeta, o grande ponto alto desta fita francesa é tentar transformar o personagem principal em um espectador e avaliador de sua própria trajetória, o que aproxima o público da história. O complicado é dizer se o filme conseguirá atingir a todas as idades, existem cenas não muito detalhistas sobre as idéias e ideais dos jovens da outra década, talvez só quem viveu por aquele tempo possa realmente entender por completo as razões e conseqüências que sofre o personagem principal e alguns dos coadjuvantes.
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Crítica do filme: 'Blind'



Dirigido pelo ótimo cineasta Eskil Vogt, roteirista do espetacular Oslo, 31 de Agosto, chegou aos cinemas brasileiros o espetacular filme Blind. Exibido no último Festival do Rio, onde gerou comentários super positivos da maioria do público que conferiu o filme, esse longa-metragem norueguês possui dezenas de elementos instigantes que deixarão o público completamente fixado nas ótimas sequências e raciocínios sobre a mente humana que se prolongam ao longo dos majestosos 91 minutos de projeção. Esse, sem dúvidas, é uma daquelas jóias raras que o cinema europeu, felizmente, lança mais de uma vez durante todos os anos.  

Na trama, conhecemos a misteriosa Ingrid (uma atuação fabulosa de Ellen Dorrit Petersen), uma mulher de meia idade que perdera a visão recentemente e isola-se em casa, ao lado do marido, por se sentir mais segura e por conhecer, de memórias, o ambiente. Aos poucos Ingrid vai se vendo mais sozinha e começa a criar uma história a partir de profundos medos/inseguranças e fantasias totalmente reprimidas. Assim, acompanhamos essa trajetória mágica que diz muito sobre a mente humana.

O diretor preza pelos detalhes, impressionante a capacidade de fazer o público ficar perplexamente introduzido a tudo que acontece em cena. O respirar, o tocar, todos os outros sentidos vão ganhando força nas ações da brilhante personagem. O fato dessa personagem ser deficiente visual, transforma essa fita em uma original história sobre a arte do recomeçar o viver. Tudo é novo e ao mesmo tempo antigo na mente de Ingrid, o público percebe as angústias, pensamentos ambíguos e todo tipo de ação da personagem.

A única coisa que temos para lamentar é o curtíssimo circuito que o filme teve aqui no Brasil. Essa fita, é uma das raridades que o cinema produz a cada ano, merecia uma aposta das grandes salas de cinema, fato que não ocorreu. De qualquer forma, Blind chegará nas locadoras em breve e com certeza em outras janelas de exibição. Vocês não podem perder essa grande história!
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23/03/2015

Crítica do filme: 'O Último Ato'

A vida é um eterno filme ou mesmo uma eterna peça de teatro. Dirigido pelo experiente cineasta norte-americano Barry Levinson, O Último Ato é um filme que possui uma pegada a la Woody Allen que só vendo você pode perceber. Com uma atuação de gala do eterno poderoso chefão Al Pacino, The Humbling (no original) fala sobre a decadência de um famoso ator de teatro que precisa se recriar dentro de seus problemas e isso acaba gerando cenas hilárias e reflexivas onde a cada minuto que passa vamos conhecendo a fundo um dos melhores personagens do ano.

Na trama, conhecemos Simon Axler (Al Pacino), um senhor de idade, mestre dos palcos que resolve abruptamente encerrar a carreira e se dedicar a consertar sua vida pessoal, nada social. Nessa espécie de mini aventura de auto descobrimento, Axler acaba batendo de frente com a filha de alguns ex-amigos e se envolve calorosamente com ela. Esse é o início de uma série de pequenos conflitos que vão fazendo o público cada vez mais se aproximar deste belo personagem. As sessões do personagem principal com o psiquiatra via Skype são excelentes, entendemos melhor sua personalidade nesses ótimos diálogos que compõe os arcos do roteiro ao longo dos 112 minutos de fita.

O protagonista é intrigante. Al Pacino pinta e borda seu Simon Axler é um brilhante artista em plena crise e afundado em reflexões sobre todas as decisões que tomou ao longo de toda sua vida, pessoal e profissional. Encontramos um paralelo bem interessante entre esse trabalho e o atual vencedor do Oscar de Melhor Filme Birdman. A profissão de ator não é fácil, altos e baixos acontecem mas sempre o objetivo é a volta por cima.


Estar no palco era como estar em casa. Há muitas perdas que você pode superar, mas seu ofício? Acompanhamos detalhadamente cada situação que se envolve o protagonista, suas mágoas e seus desejos mais profundos, sempre em busca da arte do recomeçar. Não adianta o brilhantismo, você precisa estar preparado. Esse é o grande desafio que acompanha a trajetória desse fabuloso personagem brilhantemente interpretado por um dos atores mais fantásticos que já atuaram nas telas de cinema mundo à fora, Al Pacino.
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