28/06/2015

Crítica do filme: 'Phoenix'

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. Dirigido pelo cineasta alemão Christian Petzold (do ótimo Barbara), o longa-metragem Phoenix possui uma narrativa bastante lenta, um ritmo próprio que deixa o público um pouco com sono, conta com uma ótima atuação de sua protagonista e uma direção apenas boa de Petzold. Esse longa-metragem, que estreia no Brasil no mês de julho tem coisas muito boas e coisas que deixam a desejar, principalmente quando falamos em roteiro.

Na trama, ambientada no ano de 1945, acompanhamos a saga de Nelly Lenz (Nina Hoss), uma sobrevivente dos campos de concentração nazistas que, apesar de ter escapado do sofrimento que passou, sofreu vários ferimentos e seu rosto ficou totalmente desfigurado. Sem qualquer terror, vê a desunião das moléculas de sua própria existência, até que chega em sua vida, Lene Winter (Nina Kunzendorf), funcionária de uma agência judaica, que toma como missão cuidar e ajudar ela de todas as maneiras que é capaz. Junto com Lene, chega também a possibilidade de Nelly reencontrar seu marido. Mas será que ele vai reconhecê-la? O que será do destino dessas almas?

Nina Hoss interpreta com maestria sua sofrida Nelly Lenz. A agonia desta bela personagem somente é compreendida no segundo arco. E no arco final, já no desfecho da trama, carregada de emoção, surpreende o público com uma cena muito bem executada e que explica muito de todo o contexto da trama. O elenco, que leva o filme nas costas, ainda conta com Nina Kunzendorf e Ronald Zehrfeld, ambos inspirados em seus papéis.


O filme todo é modelado em atos recheados que vão melhorando conforme descobrimos mais sobre os personagens. A narrativa lenta que se destaca no início do filme, acaba deixando o andamento da história um pouco arrastado, muito porque acaba acontecendo uma certa sonolência pela falta de informação. É difícil ter empatia pelos personagens quando eles simplesmente são jogados em cena, mesmo assim as atuações dos artistas são acima da média deixando que pelo menos o suspense seja interessante para o respeitável público. 
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10/06/2015

Crítica do filme: 'Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros'


Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros. Aquela trilha sonora nostálgica, marcante (dessa vez assinada por Michael Giacchino), aquela tensão que um bom blockbuster pode provocar, o desejo do espectador de ser transportado para uma história criativa e cheia de efeitos mas com conteúdo. Esse mundo fabuloso de animais adorados por muitos, mereciam um filme do tamanho do carinho que toda essa franquia conquistou ao longo desses últimos anos. E conseguiram.  Dirigido pelo desconhecido cineasta californiano Colin Trevorrow, Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, além de tudo que os efeitos especiais podem comprar é uma experiência inteligente que faz o espectador pensar sobre a origem das espécies a cada instante.

Na trama, acompanhamos a aventura de dois irmãos em um parque de diversão cheia de dinossauros tentando lutar pela sobrevivência após a fuga de um dinossauro geneticamente manipulado. Para ajudá-los, a administradora do local Claire (Bryce Dallas Howard) contará com a ajuda do domador de dinossauros Owen (Chris Pratt), especialista em terópodes que viveram aproximadamente a 75 a 71 milhões de anos atrás, também conhecidos como Velociraptors.

O roteiro é bem amarrado, causas e consequências bem exploradas, personagens bem definidos dentro da trama e ótimos diálogos. Além de tudo, e talvez o mais interessante de todo o contexto que cerca esse blockbuster, faz uma viagem ao complexo mundo das engenharias genéticas, é criado um híbrido geneticamente temido até pelos próprios dinossauros. Há também um paralelismo no instinto dos animais muito bem embasada, com vários argumentos fazendo o público imaginar e  tirar suas próprias conclusões sobre as ações dos personagens.

Falando em personagens, esses exalam carisma, está no Dna dessa fabulosa história. O sucesso do novo parque, gera desejos ambiciosos de quem o controla. Claire (Bryce Dallas Howard) é um ponto importante da trama. Controladora, certinha, possui uma jornada muito interessante dentro da história e se torna a personagem que mais se aproxima de uma realidade próxima à nossa. O ótimo ator indiano Irrfan Khan (do espetacular The Lunchbox) é o novo dono da festa, pena que sua participação foi encaixada na margem de segurança de todo filme norte-americano chamada clichê.  Talvez o mais querido de todos seja mesmo Owen (interpretado pelo iluminado ,mais uma vez, Chris Pratt), um intrigante personagem que descobriu uma maneira de fazer alguns dinossauros o obedecerem.

Você se arrepia, você fica em estado de tensão, você se diverte. , Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros é um filme imperdível. Vale o ingresso.
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07/06/2015

Crítica do filme: 'Segunda Chance'

Não é de hoje que o cinema dinamarquês vem conquistando a atenção dos cinéfilos mundo à fora. A qualquer novo trabalho, as atenções se voltam de novo a essa intensa escola e ao seu  modo de contar uma história. Assim, começamos falando da cineasta Susanne Bier e a sua marca registrada em preencher a tela com emoções à flor da pele por meio das histórias tristes, e muitas vezes sem rumo, de seus personagens. Não há delicadeza no cinema de Bier, o ser humano é exposto aos seus mais profundos limites. As fraquezas são mostradas da forma mais nua e crua. Porém, neste trabalho, diferente de sua grande maioria passada, infelizmente, tudo dá errado e o filme vai se tornando tão ou mais sonolento do que assistir a um jogo de futebol narrado pelo Galvão Bueno.

Na trama, conhecemos o policial Andreas (Nikolaj Coster-Waldau), um sujeito boa praça que sofre um grande trauma em sua vida quando durante a noite seu único filho para de respirar. Desesperado e sem saber o que fazer, acaba escolhendo uma alternativa arriscada quando resolve trocar seu bebê por um outro. Essa escolha irá traçar para sempre seu destino.

Parece que falta alguma peça para somar a história. Não é toda hora que a famosa diretora dinamarquesa consegue prender a atenção do público com seus melodramas. Em Corações Livres, Depois do Casamento e Em Um Mundo Melhor Melhor a fórmula funciona bem melhor, nesse novo trabalho, que chegou aos cinemas brasileiros no último dia 04 de junho, não dá certo.


Mesmo com os ótimos Nikolaj Lie Kaas e Ulrich Thomsen, falta desenvolvimento dos personagens dentro da trama. Tudo é muito gratuito e muitas vezes confuso. É difícil aceitar essa fábula melodramática. Segunda Chance é um filme bem irregular que chega a ser chato em muitos momentos, acaba pagando por uma fórmula que nem sempre dá certo. Por tudo que já fez no cinema, Bier merecia uma segunda chance de fazer um filme decente. 
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Crítica do filme: 'Rainha e País'

Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. Com mais de 30 trabalhos como diretor, seja em curtas, medias ou longas metragens, o cineasta britânico John Boorman volta a falar sobre o universo que cerca uma guerra com esse novo drama Rainha e País. A fita tem alguns arcos bem chatos, o roteiro flutua entre mostrar dramas pessoais com certa profundidade, criar uma novela mexicana com a adição de paixões e a descoberta do amor. Uma fórmula muito cheia de clichês e que se mostra ao longo de todo a projeção bem sonolenta.

O filme, protagonizado pelo ator Callum Turner traz de volta o personagem Bill Rohan que já vimos em Esperança e Glória (1987), também dirigido por Boorman. Agora, já mais velho, é convocado para o exército britânico, onde ele e seu melhor amigo, o maluquinho Percy (Caleb Landry Jones), invocam uma particular briga contra seus superiores cheios de regras na base onde servem e, entre uma boa briga e outra, acabam descobrindo o amor.

Esse longa-metragem, que vem fazendo números bem baixos ao longo do mundo todo (bilheteria), poderia ter adotado a tática do não exagero na hora de transmitir uma mensagem. O personagem Percy, por exemplo, é uma peça importante para que o filme não consiga um ritmo, uma evolução que encha o público de expectativa. Suas artimanhas e malandragens se tornam uma fórmula batida e chata pois dominam a tela não significando muita coisa para a história. O protagonista é esquecido ou passa desapercebido em muitos momentos. Isso atrapalha demais.


Rainha e País é recheado de boas intenções mas que jogados na telona não funciona em nenhum momento. O que prende mais o público são os dramas pessoais , principalmente o vivido pelo carrancudo Sargento Bradley (interpretado pelo ótimo David Thewlis) e a misteriosa personagem Ophelia (Tamsin Egerton) que acaba sendo uma obsessão na vida do personagem principal. Quando paramos para pensar, o protagonista na verdade é um coadjuvante de suas próprias histórias, seja pela fraca atuação de Callum Turner, ou, seja pela falta de força do personagem ao longo da projeção. 
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Crítica do filme: 'Kamikaze'

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. Dirigido pelo cineasta, debutante em longas-metragens, Álex Pina, o drama Kamikaze tem boas pitadas de comédia, prefere seguir a linha do superficial e se aproveitar da ótima atuação do excelente ator argentino Eduardo Blanco (O Clube da Lua). É um drama, de fato, mas a premissa se inverte quando percebemos que o reviver aflora no caminho do protagonista. A leveza da fita gera uma grande empatia do público em relação a história.

Na trama, conhecemos o traumatizado Slatan (Álex Garcia) um homem que perdeu tudo em um evento traumático provocado pelo governo Russo. Agora, ele está disposto a se explodir a bordo de um avião que sai de Moscou com destino a Madrid, porém seu objetivo é desviado quando, devido a uma tempestade de neve, o vôo é cancelado . Assim, é enviado (junto com os restantes dos passageiros) para um hotel longe de tudo, para aguardar um novo vôo, onde o protagonista terá a oportunidade de conhecer melhor as pessoas quem iria machucar.

Você começa a ver o filme e logo a mente cinéfila faz analogias com Paradise Now ou algum outro tipo de filme que fala sobre atentados suicidas. Mas, Kamikaze desce em um escorrega rumo à comédia, que chega até a ser meio inusitado.  Colocaram no liquidificador o pesado tema com muitas referências a outros filmes do gênero e adicionaram uma lista de ótimos atores que tendem à comédia transformando esse trabalho em uma experiência muito interessante. Você chora, ri, e principalmente é fisgado por tudo que acontece em cena.


Estimado em cerca de 4 Milhões de dólares, esse filme espanhol dificilmente chegará às telonas brasileiras. O que é uma pena. É um filme com potencial de agradar a todo tipo de público. 
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31/05/2015

Crítica do filme: 'Qualquer Gato Vira-Lata 2'

Utilizando fórmulas norte-americanas de comédias que beiram ao pastelão, estreia na próxima quinta-feira (04 de junho), o longa-metragem Qualquer Gato Vira-Lata 2. Sob a regência da dupla Roberto Santucci e Marcelo Antunez, o filme é uma mistura torva de comédia romântica com dramas existências, extremamente mal desenvolvidos. O ponto positivo chega apenas para a atuação de Álamo Facó e Marcelo Saback que, mesmo com algumas falas totalmente sem sentido e com seus personagens, muitas vezes, perdidos na história, conseguem tirar risadas do espectador sempre que em cena.

A história (bobinha, bobinha), baseada no espetáculo homônimo de Juca de Oliveira, conta a saga da bela Tati (Cleo Pires) que viaja com seu namorado Conrado (Malvino Salvador) para a paradisíaca Cancún, onde o segundo irá fazer um lançamento/conferência do seu novo livro. Aproveitando a ocasião, a inocente Tati arma um pedido de casamento surpresa com a ajuda de sua melhor amiga Paula (Leticia Novaes) e da mãe de Conrado, Glaucia (Stella Miranda). Quando o pedido vira um pesadelo, por conta da incerteza da resposta de Conrado, Tati parte em buscar de respostas para dúvidas que começam a pairar sobre seu relacionamento.

O filme tem sérios problemas quando falamos em roteiro. Parece que falta ritmo à trama, personagens não se encaixam ou são mal colocados, diálogos superficiais que não acrescentam em nada ao longo dos 104 minutos de projeção. Senão fosse as atuações já mencionadas na introdução, o filme seria mais um sonífero em forma de comédia nacional. Os protagonistas são inconstantes e parecem não conseguir o carisma necessário para prender a atenção do espectador. Cleo Pires se esforça mas sua personagem soa forçada, já Malvino Salvador desenvolve Conrado de maneira bem lúcida mas não deixa que ele continue sendo o personagem mais chato do filme.


É complicado analisar um filme tão frívolo como esta continuação. Tanto filme nacional bom que não tem nem 10% do marketing que este projeto terá. É de deixar o coração cinéfilo triste, Qualquer Gato Vira-Lata 2 é um mini enlatado tupiniquim criado a partir dos moldes norte-americanos. Nosso cinema, nosso público, merece mais. 
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Crítica do filme: 'A Incrível História de Adaline'

Depois de dirigir o ótimo Celeste e Jesse Para Sempre (filme que passou desapercebido aqui no Brasil), o jovem cineasta Lee Toland Krieger voltou às telonas com o inusitado reconto moderno romântico A Incrível História de Adaline. Lembram daquelas histórias de começos “Era uma Vez”? Esse projeto caminha nessa vagarosa estrada, porém, possui uma profundidade marcante na maioria dos seus arcos, uma direção de arte espetacular e uma ótima atuação da atriz californiana Blake Lively. Tudo é muito bem feito nesse belo projeto que deve agradar ao público.

Ao longo dos 110 minutos de projeção, vamos conhecendo (muito por meio de flashbacks) uma linda mulher chamada Adaline Bowman (Blake Lively) que nasceu próximo da virada do último século e após um terrível acidente de carro nunca mais envelheceu. Depois de viver grandes amores, ser perseguida pelo FBI, ver sua filha envelhecer, trocar de nomes a cada nova década, resolve se entregar/viver um novo e recente amor, Ellis Jones (Michiel Huisman). Assim, deverá enfrentar todos os seus medos e receios de sua curiosa imortalidade.

O filme tem vários aspectos interessantes, que chamam a atenção. O primeiro deles são as explicações estribadas em conceitos físicos lógicos sobre a questão da imortalidade. Essa opção de uma explicação mais complexa merece nosso respeito, não só porque adiciona e muito à trama mas também porque não quiseram nos empurrar uma explanação parva. O segundo é a surpreendente delicadeza, sutileza e sobriedade da atuação de Blake Lively, uma atriz que vemos pouco nos cinemas e que se dedicou anos ao seriado Gossip Girl. O terceiro são os ótimos Harrison Ford e Ellen Burstyn (a eterna vencedora do Oscar, na opinião cinéfila, por sua magnífica atuação em Réquiem Para um Sonho (2000)) – Obs:  dane-se o que a Academia decidiu naquele ano) , cada um melhor que outro, tornando seus personagens impactantes para a história.


A Incrível História de Adaline estreou na última quinta-feira em alguns cinemas de todo o Brasil. Mesmo com algumas poucas fragilidades, é um trabalho requintado que beira ao primoroso, uma espécie de conto de fadas pós-moderno que possui elementos para fisgar públicos de todas as idades. Vale muito a pena conferir. 
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Crítica do filme: 'Spare Parts'

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado. Dirigido pelo produtor, roteirista e cineasta californiano Sean McNamara, Spare Parts tinha tudo para ser mais um filme chatinho sobre o tal do ‘vencer na vida’ mas o longa-metragem consegue uma profundidade pitoresca que usa e abusa do carisma que seus personagens exalam sem serem sardônicos. Mesmo não sendo um filme ótimo, tendo uma direção apenas regular, os destaques são George Lopez e Marisa Tomei que ficam com a missão de levar a história e conseguem com muito êxito agradar aos cinéfilos.

Na trama somos apresentados a um grupo de estudantes do ensino médio que possuem um cotidiano duro, tanto na escola quanto em casa. Eles estudam em um colégio barra pesada em uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos que é comandado por uma carismática diretora, interpretada pela sumida Jamie Lee Curtis. Certo dia, um dos professores tira uma licença e o engenheiro e professor Fredi Cameron (George Lopez) é chamado para assumir o cargo. Isso mudará a rotina de todos, pois um clube de ciências é restaurado e alguns alunos decidem se inscrevem em um torneio de criação de robôs subaquáticos, de esfera nacional. Assim, aprendendo sobre física, mecânica, união e o trabalhar em grupo, os alunos terão seus destinos mudados.

O roteiro de Elissa Matsueda, baseada um artigo escrito por Joshua Davis, é bem definido seguindo as velhas e famosas instruções, “receita de bolo”, hollywoodianas. O diferencial deste projeto, e por isso que ganhou boas opiniões não só no IMDB mas deste jovem cinéfilo que vos escreve, é a naturalidade que os personagens são desenvolvidos pelos seus respectivos atores. É muito fácil se aproximar dessa história, é pundonoroso e muito honroso a dedicação de todos quando em cena. É uma verdadeira homenagem aos reais personagens, já que o filme é baseado em uma história real.

O filme estreou nos Estados Unidos em janeiro deste ano e, infelizmente, somente por um milagre conseguirá ser exibido nos cinemas daqui. Esse é o tipo de filme que foge um pouco do radar das distribuidoras brasileiras, infelizmente. Olha que esse longa é muito melhor que muitos filmes que já estrearam neste ano por aqui. De qualquer forma, se você cinéfilo tiver a oportunidade de assistir, não pense duas vezes. Não é o melhor trabalho do mundo mas é um daqueles projetos que vale a pena dar uma olhada.

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27/05/2015

Crítica do filme: 'Terremoto - A Falha de San Andreas'

Vocês sabem o que é algo que se desgastou, perdeu o sentido ou se tornou algo que gera uma reação ruim? Acertou quem pensou Clichês. Dirigido pelo cineasta canadense Brad Peyton, o novo blockbuster estrelado pelo ex-lutador Dwayne Johnson, Terremoto - A Falha de San Andreas, é uma espécie de jogo de RPG, onde o espectador simplesmente pode escolher seu personagem e torcer para ele sobreviver em meio ao caos de um terremoto com números nunca vistos na escala Richter. O único ponto realmente positivo é a estrutura do roteiro, que mesmo assim possui cansativos minutos no seu arco final, assinado pelo craque mexicano Carlton Cuse (um dos roteiristas de Lost).

Na trama, conhecemos Ray (Dwayne Johnson) um especialista na arte do resgate e socorros que está se divorciando de sua ex-mulher Emma (Carla Gugino). Perto de sair de folga para levar a filha até a nova faculdade, um impactante terremoto atinge a cidade onde vive deixando o caos pelo caminho. Esse terremoto foi previsto pela equipe da Caltech chefiada pelo Doutor Lawrence (Paul Giamatti) que faz de tudo para avisar a população sobre os perigos intermináveis dessa ação natural. Com esse cenário de destruição eminente, Ray não mede esforços, seja pilotando um helicóptero, um avião monomotor ou uma lancha contra um tsunami para salvar sua família.

O filme até que começa bem. Vemos uma construção bem feita das características e passado dos personagens, fruto do bom roteiro já mencionado. A estrutura familiar, os encontros inusitados, tudo é passado de forma bem inteligente na primeira parte da história. O problema é quando a destruição acontece. Cenas impossíveis, personagens perdidos, a direção entra em parafuso, coadjuvantes que estavam ajudando muito a interação com o público ganham apenas mini pontas na história, etc... parece que o terremoto atingiu também a mesa de criação da história.

O que mais incomoda, além dos clichês que não vale nem a pena entrarmos no mérito pois é chover no molhado para enlatados hollywoodianos, são as menções a todo instante sobre o nacionalismo norte-americano. Bandeiras se reerguendo (quer clichê maior que esse?), o mundo desabando e a Caltech intacta, etc. Não precisava. Há um exagero desnecessário desse nacionalismo. Aliás, o filme peca pelos exageros. As cenas de mentirinhas: da lancha vencendo uma tsunami ou no pouso fisicamente impossível do helicóptero caindo na porta de um mercado, foram feitas para dar um impacto que o 3D pode oferecer. Quando falamos de cinema como um todo, o artificial raras vezes vence o natural.


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24/05/2015

Crítica do filme: 'Poltergeist - O Fenômeno' (2015)

Tentando recriar todo o clima de suspense e terror que aterrorizou espectadores na década de 80 com a versão do craque Tobe Hooper, chegou aos cinemas de todo o Brasil na última quinta-feira, Poltergeist - O Fenômeno, a nova versão hollywoodiana do clássico do gênero. Repleto de diálogos recheados por um humor que não combina em nada com a essência da história e repleto de efeitos que não adicionam em nada a tensão que a trama de outrora criara. Ao final da projeção, uma indignação toma conta do coração cinéfilo.

Na trama, acompanhamos o azarado Eric Bowen (Sam Rockwell) que mesmo sem emprego tenta dar uma vida nova para sua família. Assim, a família Bowen se muda para uma cidade onde não conhecem nada nem ninguém e aceitam comprar uma nova casa, que mais tarde eles viriam saber ser construída embaixo de um antigo cemitério. As crianças da casa são as primeiras a perceber que a casa está amaldiçoada por fantasmas, sendo assim os pais precisarão reunir força para combater essas inacreditáveis aparições assombrosas.

Toda a alma da história foi sugada por uma direção menos que regular do britânico Gil Kenan e por atuações heteróclitas, principalmente de Sam Rockwell. É muito triste para nós que amamos cinema assistir a um remake/homenagem a um dos filmes mais legais das últimas décadas, do gênero terror, sem nenhuma inspiração. Para se fazer uma regravação de um filme que marcou uma geração, o filme precisa ser muito bom, fato que não ocorre com esse trabalho nem com o chatíssimo Oldboy (2015) de Spike Lee que fora lançado nos cinemas recentemente.


Não há muitos sustos imprevisíveis, há apenas sustos calculáveis oriundos de idéias vistas em outros filmes hollywoodianos. O filme parece ser mais um enlatado norte-americano que peca pela falta de criatividade e pela falta de competência em encontrar um diretor certo para o trabalho. Os atores, em sua maioria, foram mal escalados, parecem não entender ao certo seus personagens. Resumindo: uma grande decepção.
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21/05/2015

Crítica do filme: 'Cauby - Começaria Tudo Outra Vez'


Conceição eu me lembro muito bem. E você também! Quem nunca ouviu essa música, mesmo sem saber quem cantava essa canção? Dirigido pelo cineasta Nelson Hoineff, Cauby - Começaria Tudo Outra Vez, mostra um pouco da intimidade de uma das maiores vozes da história da música brasileira. Influenciado pelos figurinos de Liberace (famoso pianista norte-americano que recentemente ganhou uma espécie de biografia, Minha Vida com Liberace,  pelas mãos de Steven Soderbergh e com interpretações fabulosas de Michael Douglas e Matt Damon), o rei do chique com brega é desmistificado e o público ganha pela emoção da  inigualável Voz.

Na trama, conhecemos mais a fundo a trajetória e um pouco da vida pessoal do cantor, e porque não dizer grande artista, Cauby Peixoto. Pai professor de violão, mãe que tocava violino, nasceu e cresceu em um ambiente musical e aos poucos foi aprendendo as técnicas do canto. Em sua casa em Higienópolis, São Paulo, vamos conhecendo suas intimidades, e, em paralelo ao universo Cauby, uma história de um jovem fã e a aventura de encontrar o ídolo pela primeira vez.

Aquela vitrola antiga, aquele som que nunca deveria deixar de ser obsoleto. Ao longo do ótimo documentário de Hoineff vemos depoimentos de artistas renomados como Aguinaldo Rayol e algumas pessoas próximas ao grande cantor. Histórias e mais histórias que chegam impactantes aos olhos do público pois contam curiosidades de toda a trajetória não só de Cauby mas da música brasileira.

Mas, não há como negar. Por mais que o longa-metragem, que estreia dia 28 de maio nos cinemas brasileiros, tenha tido um competente processo de pesquisa, algumas imagens históricas de arquivos e um momento marcante do filme quando Cauby fala sobre homossexualismo e suas experiências sexuais, a força do documentário está na voz impactante desse ícone brasileiro. Nas cenas intercaladas dele cantando seus grandes sucessos como intérprete corre um ventinho gostoso de arrepio no espectador.

Um calmante, um excitante. Cauby, nunca deixará de ser um ídolo de milhares de brasileiros e felicidade maior é esse presente não só para seus fãs mas para os cinéfilos. Por isso, Cauby: cante, cante e não pare jamais.
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