17/07/2016

Crítica do filme: 'Hello, My Name Is Doris'

Até na pessoa mais cansada o amor é como um despertar. Dirigido por Michael Showalter Hello, My Name Is Doris, ainda sem previsão de estreia no circuito brasileiro, é uma história bem comovente mas narrada de maneira charmosa que conta com uma bela atuação da veterana Sally Field. Falar sobre o amor na terceira idade é a mesma coisa que falarmos sobre o despertar para a vida e assim, ao longo dos curtos 95 minutos, entre diversas situações diferentes (aos olhos da protagonista), vamos conhecendo melhor a incompreendida e adorável Doris.

Na trama, conhecemos a contadora Doris (Sally Field), uma mulher para lá de 60 anos que vive solitária em seu mundinho que gira em torno de um trabalho entediante em uma promissora agencia de publicidade e sua casa que mais parece um brechó de tanta coisa em pouco lugar. Sua pacata rotina muda quando conhece o novo diretor de arte da empresa que trabalha, John (Max Greenfield), por quem logo nutre uma paixão daquelas de adolescente. Assim, explorando a paixonite, acaba ganhando coragem após participar de um seminário de auto ajuda, ministrado por Willy (Peter Gallagher), e acaba entrando de cabeça no mundo de John e sem querer redescobre os prazeres da vida.

A princípio, o raio-x das emoções da protagonista é bastante complexo. Possui um relacionamento instável com seus irmãos, sua mãe falecera a pouco tempo e possui poucas colegas. A chama do despertar para a vida chega quando o amor a encontra, de maneira inusitada sem dúvidas (vocês vão perceber que ela parece a avó de Walter Mitty), mas quase como um empurrão de suas emoções para que ela redescubra uma nova maneira de viver. Aos poucos vamos conhecendo a personagem, seu grande amor distante que deixou para cuidar de sua mãe, a obsessão que possui com as coisas dentro de casa, a relação próxima mas quase superficial com as amigas. Assim, aos olhar atento dos cinéfilos, Doris vai se desabrochando e o filme ganhando contornos cômicos, românticos e dramáticos.


O longa possui algumas pitadas de açúcar além da conta mas nada que atrapalhe o bom desenvolvimento da curiosa trama. A direção de Showalter é correta, o roteiro também, esse último deixa sua protagonista brilhar e não esquece de explorar os ótimos personagens que a cercam.  Mas nada ganha mais destaque do que a ótima atuação da duas vezes ganhadora do Oscar de Melhor Atriz (Norma Rae e Um Lugar no Coração), Sally Field. A atriz de 69 anos dá um show de simpatia e mostra mais uma vez a todos nós que um simples papel vira um grande papel nas mãos de uma excelente artista.  
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Crítica do filme: 'A Odisseia de Alice'

Acreditar em si mesmo leva a um destino infinito. Acreditar que falhou pode ser o fim da sua jornada. Assim, é preciso recomeçar. Escrito e dirigido pela atriz e diretora francesa Lucie Borleteau, A Odisseia de Alice é uma jornada em busca do saber amar, do conquistar ser reconhecida em sua profissão e também do saber esquecer e seguir em frente. A poderosa protagonista, interpretada pela excelente e bela atriz grega Ariane Labed (vencedora do último prêmio de melhor atriz no Festival de Locarno), é o centro de todos esses conflitos e emoções que vão ganhando um certo charme libertário, com uma pegada feminista, ao longo dos intensos 97 minutos de projeção.

Na trama, conhecemos a jovem engenheira Alice (Ariane Labed), uma mulher de menos de 30 anos que trabalha na marinha mercantil. Entre uma viagem e outra, algumas que duram meses em alto mar, ela acaba reencontrando um dos grandes amores de sua vida, o capitão Gael (Melvil Poupaud). O problema é que Alice deixou em terra seu noivo, Felix (Anders Danielsen Lie - do excelente Oslo, 31 de Agosto) por quem tem grandes sentimentos. Ao longo dos dias, Alice precisará descobrir realmente para quem deseja entregar seu coração, ou se simplesmente prefere viver um dia de cada vez sem compromissos.

Alice, mesmo analisando de maneira trivial, é uma personagem bastante complexa que chega até certo ponto esconder os sentimentos de si mesmo. Há um conflito dentro dela, praticamente um triangulo isósceles onde duas posições mudam de posição constantemente. Lutando pelo reconhecimento em um lugar de trabalho onde vive cercada de homens e poucas mulheres, a protagonista coloca sua profissão em primeiro lugar.

Fica bem claro logo nos primeiros minutos de filmes que estamos prestes a sermos testemunhas de uma trajetória inconsequente de quem não sabe como amar. Há um sentimento bem forte de egoísmo da personagem principal. Alice é adepta da liberdade e, por causa de sua imaturidade nos relacionamentos, nunca pensa como o coração dos outros pode ficar por conta de suas atitudes. Ela sofre, chega próximo do amar mas prefere ser inconsequente. É uma escolha.


Com uma fotografia belíssima e ótimas atuações do simpático elenco, A Odisseia de Alice estreou no circuito brasileiro algumas semanas atrás de vem ganhando diversos elogios da crítica e dos cinéfilos. Merecido, é um belo trabalho.
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13/07/2016

Crítica do filme: 'Green Room'



A tensão é um mecanismo de defesa para as possibilidades do que achamos ser inevitável. Selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2015, o excelente filme Green Room é o que chamamos de pérola em meio a inúmeros blockbusters que circulam anualmente nos circuitos de cinema pelo mundo. Sem nenhuma pretensão de ser um filme politicamente correto, o projeto é uma aula de roteiro, explora o universo da tensão de maneira original, simples e com objetividade. As cenas são bem complexas, fica nítida a dedicação estafante de todo o elenco. Méritos do desconhecido Jeremy Saulnier que escreveu e dirigiu esse impactante filme. De triste para o universo cinéfilo mesmo é que projeto marca um dos últimos filmes do jovem ator russo Anton Yelchin que faleceu poucas semanas atrás.

Na trama, conhecemos uma banda de punk rock formada por jovens liderados por Pat (Anton Yelchin) que entre um show e outro acabam parando em um bar barra pesada neonazista. Após o show, quase indo embora, parte da banda presencia um assassinato e eles acabam ficando presos dentro de um quarto onde precisarão manter a calma e tomar as melhores decisões caso queiram sair com vida deste tenebroso lugar. Lançado em abril deste ano nos Estados Unidos, o longa vem fazendo grande sucesso com o público cinéfilo mundo a fora. 

Na trajetória de seu clímax, que para deleito dos cinéfilos dura bastante tempo, o filme caminho em passos quase ronceiros mas que entram em compasso de maneira furiosa e mexem com nossas pulsações ao extremo. Impressionante o clima de tensão criado. As personalidades dos personagens ajudam muito a nos deixar curiosos com os inúmeros caminhos que o roteiro pode traçar e mesmo assim somos surpreendido a quase todo instante. O elenco também está fantástico, destaques para o protagonista Anton Yelchin, a jovem atriz Imogen Poots e o veterano professor Xavier Patrick Stewart. 

Exibido em diversos festivais de cinema, inclusive na última edição do Festival do Rio, Green Room é uma daquelas gratas surpresas que muitas vezes só ficamos sabendo por conta do boca a boca de quem conseguiu conferir. Uma das coisas mais legais ao analisarmos o projeto é que o filme possui seu próprio gênero, para mim um subtópico em meio ao Thriller psicológico. Em 90% dos casos, a marca registrada de um filme bom é a sua originalidade em trabalhar seus elementos em cena, modelando entre gêneros e consequentemente fazendo o público se interessar pela trama. Green Room consegue isso com louvor.  
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10/07/2016

Crítica do filme: 'A Chefa'

Às vezes a gente pensa que está fazendo comédia mas na verdade está fazendo bobagens sem tamanho. O novo projeto da atriz e comediante Melissa McCarthy, A Chefa, é um longa metragem, de inacabáveis 100 minutos, que tenta ser comédia e fracassa, tenta ter momentos de ação e fracassa. Reunindo o número recorde de cenas sem noção do ano (até aqui, nunca sabemos o que acontecerá no próximo filme do Nicolas Cage), o filme, que estreia em agosto no circuito brasileiro, é um show de palhaçadas onde esquecem da trama a todo instante. Um dos filmes mais ridículos do ano, sem dúvidas.

Na trama, conhecemos a empresária de sucesso Michelle Darnell (Melissa Mccarthy), uma mulher fútil e odiada por todos ao seu redor, exceto por Claire (Kristen Bell), seu braço direito. Certo dia é enviada para a prisão ao negociar informações confidenciais do mercado e passa meses em reclusão. Ao sair, tenta se reerguer aos poucos comandando um empreendimento a partir de deliciosos doces feitos por Claire, porém ainda precisa amadurecer e entender o valor da amizade e da família para ter sucesso.

O projeto, escrito e dirigido pelo marido de Melissa, Ben Falcone, perdeu uma grande chance de falar com eficácia sobre o poder do empreendedorismo e fortalecer debates convincentes sobre o poder da família na vida de todos nós. Ao invés disso, e indo em uma direção totalmente contrária, o longa metragem, além de ser uma enorme perda de tempo, pega pesado demais em determinadas cenas. Tentando ser engraçadinho, esqueceram de puxar o freio de mão e a lambança correu solta. Na ganância de modelar a história de acordo com o que vende, tudo vai por água abaixo com diálogos ridículos e uma trama bem abaixo da média. Framboesa é pouco.


Saber que esse filme vai estrear no circuito e tirar a chance de exibição de inúmeros projetos maravilhosos que nunca ganharão espaço nos cinemas daqui é de cortar o coração de qualquer pessoa que ame a sétima arte. 
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09/07/2016

Crítica do filme: 'King Jack'

Na adolescência tudo parece o fim do mundo, mas é apenas o começo. Debutando em longas metragens o cineasta Felix Thompson (que dirige e escreve o projeto) consegue realizar um trabalho muito consistente que fala sobre tempos difíceis de um jovem que vive lutando intensamente e diariamente contra seus instintos adolescentes praticamente sem referências. Com competente atuação de seu protagonista Charlie Plummer, King Jack é o que podemos falar de pequena obra com muito valor, aquela raridade que nós cinéfilos adoramos encontrar.

Na trama, conhecemos o jovem meio rebelde chamado Jack (Charlie Plummer), um garoto de 15 anos que mora em uma cidade pequenina onde consegue em pouco tempo arranjar confusão para todos os lados. Quando sua tia distante fica doente, seu primo acaba indo morar com Jack, sua mãe e seu irmão mais velho. Aos poucos uma grande amizade vai surgindo e Jack vai começar a descobrir a importância da família em sua vida.

Há muitos pontos a se analisar nesta pequena grande obra. A relação do protagonista com sua família é caótica, daí a consequência de uma personalidade fragilizada por impulsos juvenis, raiva, dor e sem nenhum perspectiva. Sua mãe parece não se importar com ele e seu irmão mais velho parece ser aquele típico irmão mais velho de filmes norte-americanos dos anos 90. Quando começa a descobrir o amor, é rejeitado e traído. A única pessoa que parece oferecer algum tipo de esperança é uma amiga (rejeitada por ele) que sempre está por perto nos momentos mais difíceis que enfrenta. Com a chegada do primo, o personagem principal começa a amadurecer forçadamente. Valores que nunca existiram para ele começam a aparecer em sua frente, principalmente o da amizade. Viver em um universo limitado e sem referências fizeram com que Jack buscasse outros sentimentos para se sentir mais forte.


A única coisa que deixa nós cinéfilos tristes é que esse filmaço indie muito provavelmente não entrará em cartaz nos cinemas brasileiros, talvez por falta de espaço, talvez por falta de percepção das distribuidoras. Mas fica aqui a dica deste belo olhar sobre o rito de passagem da adolescência para a juventude em um universo não muito distante de todos nós. 
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03/07/2016

Crítica do filme: 'Maestro'



A beleza essencial pode estar na sutileza, no subliminar. Dirigido pela atriz e diretora suíça Léa Fazer, Maestro é uma daquelas pequenas obras-primas que achamos no baú empoeirado do mundo mágico da sétima arte. Quase sem possibilidade de exibição nos cinemas brasileiros, o filme é um ato poético sobre o descobrimento do saber usando a estrada do cinema de arte. Ao longo dos curtinhos 81 minutos, somos testemunhas de metáforas filmadas e gestos muitos simples de sabedoria sobre a arte do viver.

Na trama, conhecemos o caricato e jovem ator Henri (Pio Marmaï), que sonha em trabalhar algum dia nos blockbusters hollywoodianos mesmo não conseguindo se estabelecer ainda como ator. Certo dia, parece que sua sorte muda quando recebe a chance de trabalhar um filme do conhecido cineasta Cédric Ròvere (Michael Lonsdale), uma referência do Cinema de arte. No set de filmagens, quase um peixe fora d’água, acaba se apaixonando por Gloria (interpretada pela bela atriz belga Déborah François) e descobrindo com boas intenções o ar da intelectualidade e suas simplicidades de entender melhor a vida. 

O projeto tem vários pontos positivos para destacarmos. Um deles, a relação Mestre X Aprendiz que o filme disseca de forma objetiva e deixa várias lacunas para completarmos com nosso imaginário. Muitas dessas lacunas, inclusive, são preenchidas quando na subida dos créditos somos informados que o filme é parte baseado em uma história real que aconteceu com o consagrado diretor francês Éric Rohmer  no set de seu último filme O Amor de Astrée e Céladon. Outro fator importante é a modelagem/construção do que é o surgimento do amor aos olhos do protagonista. Com tanta transformação que o personagem principal passa em pouco tempo, a ingenuidade e simplicidade acabam se tornando elementos de interseção de todo o processo.

Com convincentes atuações, sem almejar nada mais do que ser uma boa história filmada, Maetro é um filme simplesmente complexo em sua maneira de enxergar o mundo mas bem trivial na maneira de tocar nossos corações sonhadores. Uma pequena obra-prima, se tiver a chance de conferir, não perde não :)
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Crítica do filme: 'Como eu era antes de Você'



Baseado no livro de sucesso da escritora britânica Jojo Moyes, o drama Como eu era antes de Você é um daqueles filmes que tentam, a cada segundo de projeção, fisgar nossos corações e mexer com muitas emoções profundas.  Dirigido pela debutante em longas metragens Thea Sharrock, o projeto tem boas coisas, como a atuação emocionante de Emilia Clarke (a Daenerys Targaryen de Game of Thrones) e a sutileza de muitas cenas difíceis. Mas como nem tudo são flores, há um excesso de açúcar demais em algumas sequências o que perde um pouco da intensidade que o filme poderia ter. 

Na trama, conhecemos Will Traynor (Sam Claflin), um jovem que tinha tudo mas que após um infeliz acidente envolvendo uma motocicleta perdeu quase todos os movimentos de seu corpo. Vivendo em um lugar lindo, vigiado a todo instante por sua protetora mãe Camilla (Janet McTeer), Will precisa de uma nova assistente para ajudá-lo com as rotinas básicas diárias. Assim, surge na vida dele a impactante e delicada Lou (Emilia Clarke), uma jovem que abandonou a faculdade para poder ajudar seus pais e que em poucos meses vai mudar pra sempre a rotina da família Traynor. 

Se muita gente curtir o filme, muito se deve a atuação da estonteante Emilia Clarke. Sua Lou é o sonho de qualquer sogra: um sorriso impactante, uma energia profundamente positiva, um ar de ingenuidade misturado com uma garra que só se encontra em pessoas especiais. Praticamente desfilando em uma passarela imaginária (a dos sonhadores), seu figurino certamente será bastante lembrado, Lou traz ao outro protagonista uma dose inesquecível de esperança mesmo que essa já tenha tido seu prazo esgotado. É um rasteiro paralelo com a fé nossa de cada dia personificada em uma pessoa com as mais sinceras intenções. 

Mas aí, entra a questão dos açúcares mencionados na introdução. Para transformar essa trama em um filme, abusaram da melosidade. Não era preciso. A força da história está certamente na simplicidade de sua protagonista, por mais que o raio-x de qualidades e defeitos tenha sido feito com muita maestria, o roteiro acaba entrando em uma espécie de licença poética e adiciona demais em cenas que precisavam de elementos simples para criar o tal do boom da emoção inesquecível. Como eu era antes de Você perdeu a chance de ser lembrado e entrar em uma galeria cinéfila ao lado de PS Eu te Amo e Questão de Tempo.
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26/06/2016

Crítica do filme: 'Uma Repórter em Apuros'



Quem sabe, muitas vezes não diz. E quem diz muitas vezes não sabe. O negócio é apurar. Dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa (ambos diretores do fraquíssimo Golpe Duplo), Uma Repórter em Apuros é baseado no livro The Taliban Shuffle, de Kim Barker. Até agora não dá pra saber se eles queriam fazer uma comédia meio sem noção, um drama cômico ou algo parecido com isso. O importante é que o filme tem uma consistência, tanto em roteiro quanto em direção e atuações que transformam esse projeto em uma grata surpresa. Óbvio que a ideia a princípio era aproveitar a veia cômica de Tina Fey (protagonista do filme) mas ao longo da projeção, que fala sobre um tema bem polêmico na área política norte americana, o filme ganha contornos emocionantes. 

Na trama, conhecemos a solitária Kim Baker (Tina Fey), uma editora que nunca teve nas frentes das câmeras e na necessidade de sua emissora de enviar alguém para cobrir a guerra no Afeganistão, acaba topando o desafio e embarca com sua chamativa mala para frente do conflito. Chegando lá, enfrenta muitas dificuldades que vão do alojamento precário da imprensa até um certo tipo de preconceito por ser uma das poucas mulheres cobrindo esse conflito. Mas aos poucos, Kim vai mostrando seu valor e conseguindo histórias muito interessantes que cercam esse conflito. 

Em um lugar onde até pessoas experiências tomam decisões erradas, Kim embarca em sua jornada tendo sempre como guarda costas Fahim Ahmadzai. Assim, o filme vai navegando em assuntos complicados como a relação da imprensa com personagens da zona de conflito, histórias emocionantes de militares norte americanos e a própria relação entre os repórteres de muitos países cada um mostrando ao seu público sua visão da guerra. Os diálogos entre os repórteres são excelentes. Contornam a trajetória de Kim, a jornalista Tanya Vanderpoel (interpretada pela beldade Margot Robbie), o hilário fotógrafo escocês Iain MacKelpie (Martin Freeman, em uma atuação pra lá de especial) e um caricato influente da região Ali Massoud Sadiq (Alfred Molina em uma de suas melhores atuações dos últimos tempos). 

Seria um absurdo dizer que o filme pega leve com o tema proposto. Tenta sair da superfície em diversos momentos, a protagonista tem muita empatia e isso ajuda muito. Quando o longa começa, parece que vamos ver um Borat de saias ou algo tipo mas aos poucos as peças vão se encaixando e a solidez do roteiro vira um alicerce importante para que o ritmo da trama não se perca. Uma Repórter em Apuros deve estrear em breve nos cinemas brasileiros e vale a pena dar uma conferida.
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Crítica do filme: 'X-Men: Apocalipse'



A amizade destaca a confiança, união de pensamentos e a esperança. Dirigido pelo nova iorquino Bryan Singer, o mesmo que dirigiu o filme anterior da sequência (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido), X-Men: Apocalipse é um daqueles filmes de transição de uma grande história. Protagonizado mais uma vez por Jennifer Lawrence e companhia, a Equipe comandada pelo emblemático Professor Xavier (James McAvoy) mais uma vez volta a campo para lutar pelo bem estar na terra. O foco da trama é a ação. Nesse quesito, Singer comanda um show a parte. As cenas conseguem destacar todos os mutantes igualmente e todo mundo tem a chance de mostrar para o espectador seus poderes. 

Ambientado na década de 80, e contando um ponto mais profundamente a origem dos conhecidos mutantes do bem comandados pelo mestre cerebral Charles Xavier, X-Men: Apocalipse se passa alguns meses após os acontecimentos do último filme da franquia X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Com a chegada de Kurt Wagner (Kodi Smit-McPhee, do remake Deixe-me Entrar- 2010) como Noturno, Scott Summers, o Cyclop (Tye Sheridan) e o retorno de Mística (Jennifer Lawrence) os comandados de Xavier dessa vez precisarão enfrentar o poderoso Apocalipse (Oscar Isaac) e seus poderosos mutantes recrutas com destaques para o velho conhecido Erik Lehnsherr, o Magneto (Michael Fassbender) e a jovem Tempestade (Alexandra Shipp). 

Um dos pontos centrais da trama gira um pouco em torno da jovem Jean Grey, seu desenvolvimento e aperfeiçoamento dos poderes, até certo ponto, de maneira superficial é fundamental para as principais ações dentro da história, quando pensamos em elo. A jovem atriz britânica Sophie Turner, a Sansa Stark do seriado Game of Thrones, ganhou o papel para interpretar essa jovem mutante. Mais uma vez, Wolverine (Hugh Jackman) aparece de relâmpago e rouba todas as atenções em poucos minutos. O vilão, interpretado por Oscar Isaac, pouco adiciona e nem de longe é interessante o bastante para ter alguma relevância em nossa memória cinéfila. A cena que rouba completamente a atenção do pública é o resgate heroico de Noturno (Evan Peters), filho de Magneto. Essa sequência vale o ingresso. 

A questão política envolvendo os aparecimentos dos mutantes e o convívio dos mesmos com os humanos é feita de maneira bem na superfície, talvez pelo roteiro não conseguir ter força nesse sentido ou algum personagem nessa subtrama da história conseguir se destacar. Os meros esforços da história é tentar, dentro desse contexto, criar algum elo entre a ira e preconceito sofrido por Magneto. 

X-Men: Apocalipse não é nem de longe um dos melhores de super heróis feitos nos últimos anos mas possui uma trama em alguns momentos interessantes e boas cenas de ação.
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