19/12/2016

Crítica do filme: 'A Incrível Jornada de Jacqueline'

Produzido pela turma do sucesso francês Intocáveis (2011), A Incrível Jornada de Jacqueline é o tipo de filme água com açúcar que diverte sem tentar ser nada mais que isso. Essa honestidade do roteiro é louvável, toca em pontos polêmicos apenas na sua superfície e sempre fazendo alguma graça da situação. O carisma do protagonista Fatah (Fatsah Bouyahmed) acaba sendo o grande chamariz da história, que agrada por sua leveza principalmente.

Na trama, conhecemos o argelino Farah (Fatsah Bouyahmed), um fazendeiro de origem humilde que mora em um vilarejo na Argélia. Seu sonho sempre foi poder participar da Feira de Agricultura que acontece em Paris ao lado de sua inseparável Vaca Jacqueline. Quando enfim consegue o tão sonho convite para comparecer a feira, o vilarejo se solidariza e o ajuda a arcar com os custos financeiros de uma incrível viagem, grande parte dela feita a pé pelas ruas da França. Assim, Farah encontrará pessoas pelo caminho que o ajudarão a ir de encontro com seu grande sonho.

A história é bem simples, um roteiro modelado bem claramente. Se embasa no sonho e constrói da aventura a forma como conseguir o objetivo do personagem principal. Parece às vezes um show de esquetes, um stand up comedy à céu aberto mas a história tem um certo sentido como longa metragem e o diretor Mohamed Hamidi consegue captar muito bem a essência do seu protagonista que exala alegria, ingenuidade, humildade e esperança. Talvez, os coadjuvantes que vão aparecendo ao longo desse incrível percurso de Farah e Jacque, merecessem também mais desenvolvimento como os bons personagens Hassan (Jamel Debbouze) e Philippe (Lambert Wilson). Mas o filme passa na média por conta do bom divertimento que causa. 

A Incrível Jornada de Jacqueline , que não deixa de ser também uma grande homenagem ao clássico A Vaca e o Prisioneiro (mencionado no filme) de Henri Verneuil, teve uma passagem relâmpago pelo circuito brasileiro de cinemas. Se você encontrar ele por aí, pode assistir que é garantia certa de boas risadas.


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18/12/2016

Crítica do filme: 'Bacalaureat'

Ética é a concepção dos princípios que escolhemos, moral é a sua prática. Depois de encantar o mundo cinéfilos com filmes como 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, o renomado cineasta romeno Cristian Mungiu volta ao universo cinematográfico, após um hiato de quatro anos, com o profundo longa metragem Bacalaureat, que lhe rendeu nada mais nada menos que o prêmio de melhor diretor no último e badalado Festival de Cannes. Explorando os caminhos tumultuados que um pai precisa tomar para que sua filha tenha uma vida distante dos problemas de onde vivem, Mungiu acaba fazendo uma grande exploração bastante Kantiana traçando um paralelo emblemático entre escolhas e consequências no mundo atual.

Na trama, conhecemos o médico Romeo (Adrian Titieni), um homem de idade mediana que mora com sua mulher Magda (Lia Bugnar) e sua filha Eliza (Maria-Victoria Dragus) em um bairro de classe média de uma cidade da Romênia. Romeo possui uma amante, Sandra (Malina Manovici), por quem possui um carinho enorme. Quando sua filha Eliza sofre uma violência a caminho da escola e isso a impede de completar a tempo questões de uma prova importante para o futuro dela, Romeu precisará caminhar por uma estrada onde uma linha tênue divide as posições da ética e da moral.

Um dos fatores mais interessantes do fantástico roteiro, escrito pelo próprio diretor do filme, é que as ações e consequências que vemos ao longo dos 122 minutos de projeção parecem um grande debate filosófico, pisando em linhas éticas e morais, passando pelo tráfego de influência e manipulação em um sistema de ensino rígido. Todas as peças contribuem para o debate, Romeo é apenas nossos olhos nesse tabuleiro de escolhas, um homem comum, com seus princípios, talvez nada diferente de mim ou de você.

As ações das pessoas influenciam o comportamento do indivíduo. Sem uma mancha no currículo e com uma reputação irreparável, Romeo em poucos dias ultrapassa todos os limites éticos possíveis fazendo com que sua personalidade mude e que as emoções fiquem à flor da pele. As variáveis do protagonista são muito bem exploradas pelas lentes inteligentes de Mungiu, percebemos o constrangimento e a decepção caminharem lado a lado, Romeo fica completamente esgotado. Os embates e diálogos com sua filha são as cerejas no bolo, definindo também uma necessidade de Eliza em trilhar seus próprios pensamentos, se distanciando da proximidade de seu pai e tomando as atitudes que melhor achar.


Bacalaureat, infelizmente, não tem previsão de estreia no Brasil. Uma pena, discutir sobre a maneira de se comportar regulada pelo uso (moral) e os costumes (ética), é um prato cheio para nós cinéfilos que gostamos de traçar paralelos com nossa realidade. Esse filme tem muito de muitos lugares. 
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14/12/2016

Crítica do filme: 'Rogue One - Uma História Star Wars'

Confiança não é questão de luxo, e sim de sobrevivência. Um dos mais aguardados, senão o mais, blockbusters do ano enfim desembarca nos cinemas de todo o Brasil nessa quinta-feira (15), Rogue One - Uma História Star Wars. Reunindo um elenco bastante competente, cenas de ação de tirar o fôlego e um roteiro extremamente competente, o filme promete agradar fãs de todas as idades em mais um trabalho competente do universo Star Wars. A forte personagem feminina também ganha destaque, belíssima atuação da ótima atriz Felicity Jones na pele da emblemática e empolgante Jyn Erso.

Na trama, voltamos no tempo na cronologia da série, já que Rogue One - Uma História Star Wars é ambientado antes dos eventos de Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977), primeiro filme lançado nos cinemas. Assim conhecemos a jovem Jyn Erso(Felicity Jones), uma sobrevivente que busca objetivos para sua vida após ser separada do seu pai, o cientista Galen Erso (Mads Mikkelsen) na infância. Quando seu pai envia uma mensagem via um piloto que se rebelou contra o exército do temido Darth Vader, Jyn encontra um grupo de rebeldes e juntos partem para uma missão praticamente suicida.

Esse Spin-off da franquia Star Wars deixará o público arrepiado, tudo é muito bem feito deixando margens para pouquíssimas críticas. Ao longo dos 133 minutos de projeção (você nem sente o tempo passar), as referências aos outros filmes da sensacional franquia são inúmeros. O público irá se divertir com os diálogos nada amistosos e mesmo assim hilários entre o simpático robô K-2SO e a personagem principal, ficará surpreso com a intensidade e força dos amigos combatentes de Jyn (destaque para o ótimo Chirrut Îmwe), se emocionará em cenas emblemáticas com referências a famosos personagens da saga. Rogue One - Uma História Star Wars é um filme emocionante, mexe com o nosso coração.

A complexidade dos personagens também ganham destaques. A protagonista é uma mulher amargurada pelos acontecimentos de seu passado e basicamente vive tentando sobreviver em seu cotidiano nômade não só de moradia mas de objetivos e emoções positivas. O grupo de combatentes criado é espetacular, começando pelo corajoso Cassian Andor (Diego Luna), passando pelo enigmático Saw Gerrera (Forest Whitaker) e ainda tendo a dupla simpatia Chirrut Îmwe (Donnie Yen)  e Baze Malbus (Wen Jiang). Mas como todo filme de aventura tem que ter os vilões emblemáticos, além de Vader que - despensa comentários – vale o destaque para o ótimo Orson Krennic (interpretado pelo sempre excelente Ben Mendelsohn), baita personagem que adiciona demais à trama.


Rogue One - Uma História Star Wars chega para adicionar mais imaginação aos corações de fanáticos, nerds ou não, amantes do bom cinema, espectadores que adoram uma grande aventura e inesquecíveis personagens. E nunca se esqueçam: em todas as lágrimas há sempre uma esperança. Não percam esse filme! 
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08/12/2016

Crítica do filme: 'O Apartamento'

Um trauma sempre deixa cicatrizes. Vencedor dos prêmios de melhor ator e melhor roteiro no Festival de Cannes desse ano, O Apartamento é um drama com camadas profundas que passa um grande raio-x no relacionamento de um casal após um grande trauma. Com grande direção do iraniano Asghar Farhadi (que também assina o roteiro) o filme possui todos os elementos para ser lembrado nas  listas de melhores filmes do ano.

Na trama, somos apresentados ao casal Rana (Taraneh Alidoosti) e Emad (Shahab Hosseini), casados , de classe media que também são atores e estão montando a famosa peça A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller. Entre um ensaio e outro, Emad também é professor, o casal precisa se mudar de onde moram as pressas e acabam arranjando um apartamento em outra parte da cidade. Nesse novo lugar um acontecimento inesperado muda para sempre a rotina do casal.

Dos palcos à realidade. O universo teatral é muito bem detalhado nesse belo drama, diálogos suspensos por censura, o esforço cotidiano da montagem da peça, todos os elementos servem como argumento do diretor para mostrar a difícil realidade não só da família protagonista mas também de um país com marcas profundas em seu passado que reflete ao presente.  A Morte do Caixeiro Viajante fala sobre uma família que luta contra a situação complicada na qual se encontrava, assim o protagonista passa a viver de suas memórias, fatos passados e se alimentando de eventuais mudanças em um futuro. O filme retrata esse sentimento de esperança em meio ao caos dos acontecimentos do cotidiano.


A mudança na personalidade dos protagonistas afetam seus modos de ser e todos ao redor, e, esse fator drástico da mudança de pensamento sobre o mundo que vivem se torna uma série de consequências que viram ganchos importantes para os arcos que o roteiro modela com grande brilhantismo. O Apartamento é uma grande aula de cinema ambientado em um lugar com muitas ideias presas ao passado mas que não deixa nunca de questionar.
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04/12/2016

Crítica do filme: 'Achter de wolken'

Tão bom morrer de amor e continuar vivendo. Dirigido pela cineasta belga Cecilia Verheyden, chega diretamente da Holanda um filme que fala sobre o amor num ponto alto da maturidade mostrando que o tempo é o melhor remédio para o destino se restabelecer, se assim ele quiser. Carregado em primeiro plano pela forte atuação da veterana atriz belga Chris Lomme, Achter de wolken (sem previsão para chegar ao Brasil) é uma fita simples mas que não deixa de fixar seu recado aos apaixonados cinéfilos de plantão.

Na trama, conhecemos a senhora Emma (Chris Lomme), uma mulher que acabara de perder o marido e semanas depois é procurada por um antigo amor, o escritor Gerard (Jo De Meyere) de quem não tem notícias faz 50 anos. Topando, em um primeiro momento receosa, encontrar com ele (o encontro é marcado pelo facebook), Emma embarcará em uma jornada inesperada onde o sentimento precisará falar mais alto sem a influência de terceiros.

Um dos pontos altos da trama são os diálogos de Emma e sua neta Evelien (Charlotte De Bruyne) com quem possui uma espécie de confiança maternal. A jovem é a grande confidente e incentivadora das ideias e ações de sua vovó. Já com sua filha Jacky (Katelijne Verbeke), o relacionamento é bem diferente, regado a desconfianças e uma visão da vida ultrapassada, o que atrapalha Emma em suas investidas no que busca ser a felicidade.

O filme foca em seu clímax na questão da segunda chance para o amor. O roteiro persegue  a todo tempo completar as lacunas da história de 50 anos atrás de Emma e Gerard mas acaba caindo somente no paralelo de como os dois mudaram e vamos tentando construir a linha emocional a partir de vagas lembranças em diálogos pouco detalhistas.


Achter de wolken é um filme bonito, fixa com muita verdade seu recado mas poderia ter sido mais profundo ao apresentar o paralelo entre o ontem e o hoje dos dois pombinhos maduros.
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Crítica do filme: 'I am a Hero'

A luta pela sobrevivência é uma questão de persistência. Mais um filme lançado em cima do universo Zumbi explorado massivamente por projetos ao longos dos últimos ano e muito por conta do sucesso em escala global do seriado Walking Dead, I am a Hero possui suas diferenças em relação a outros, busca uma certa sintonia entre o não infectado e uma semi-infectada, além de buscar referências novas no sentido de herói e anti-herói.  Protagonizado pelo carismático ator Yô Ôizumi, o filme promete agradar muito quem curte mangás e filmes do gênero.

Na trama, conhecemos Hideo Suzuki (Yô Ôizumi), um desenhista de mangás, classe média baixa que vem enfrentando problemas financeiros e nunca consegue ser reconhecido e alcançar seu maior sonho que é ter um mangá de própria autoria lançado. Certo dia, após passar a noite vagando pela cidade já que fora expulso de casa pela namorada, percebe que a cidade onde vive entrou em colapso por conta de uma infecção generalizada que atingiu grande parte da cidade, transformando os infectados em zumbis com consciência apenas de um curto passado que viveram. Lutando contra o caos na humanidade, Hideo precisará fugir da covardia que o persegue e enfrentar o mundo caso queira sobreviver.

I am a Hero é uma grande experiência nerd cinéfila. Seu universo apresenta referência a ótimos filmes de ação, além de pinceladas em inteligentes doses de analogias com os mangás. Nosso herói é um atrapalhado e medroso desenhista que busca a todo instante, e com sonhos repentinos a La Walter Mitty, salvar o planeta mas não consegue realizar determinadas ações. Mesmo tendo em seu porte um poderoso rifle, o protagonista busca mesmo, com o passar das fases (às vezes parece que estamos em um vídeo game) uma luz em seu emocional para lidar com tanta informação ao mesmo tempo.

Um detalhe muito interessante é a forma como cada infectado reage ao vírus, tem casos hilários que vão de referência ao filme O Exorcista até atletas do salto em altura. A maquiagem também é algo de deixar muito queixo caído, praticamente tudo em relação a parte técnica é praticamente impecável.


I am a Hero é um grande achado para quem curte um bom filme. Tem ação, humor e emoção na medida certa para nossa diversão!
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Crítica do filme: 'O Túnel (Teo-neol)'

Não adianta ser um sobrevivente, a menos que você faça valer a pena sobreviver. Escrito e dirigido pelo ótimo cineasta e roteirista sul coreano Seong-hun Kim (do espetacular Um Dia Difícil (2014)), O Túnel (Teo-neol) é uma daquelas gratas surpresas que achamos e que só com muita sorte será exibido no Brasil. Contando a história de uma luta pela sobrevivência em um trágico acidente, o longa metragem consegue nos tirar o fôlego a cada segundo, além de ir bem profundamente nas feridas das críticas sociais ligadas a decisão do governo e a presença da mídia.

Exibido no Festival de Locarno desee ano, O Túnel (Teo-neol) conta a história de um trabalhador chamado Jung-soo (Jung-woo Ha) que voltando para casa em seu carro acaba ficando entre escombros quando seu carro atravessava um túnel na Coréia do Sul que desaba com ele ainda lá dentro. Restando pouca bateria, consegue pedir socorro e uma equipe de salvamento tentará fazer de tudo para retirá-lo com vida dessa situação extremamente difícil.

O projeto tem vários pontos positivos. Começamos com a coragem de ir em pontos de profundos sobre o papel da imprensa em coberturas jornalísticas desse tipo. A tragédia, quando ganha contornos de escala global, acaba sendo oportunidade para alguns jornalistas fazerem qualquer tipo de matéria e deixa o espectador argumentar em cima de algumas atitudes tomadas. O papel das decisões do governo, na complexa decisão de encerrarem as buscas e suas necessidades culturais de fotos emblemáticas para dizer que estiveram presentes naquele momento. Tudo é muito bem filmado e analisado pelas lentes inteligentes de Seong-hun Kim.

A luta pela sobrevivência ganha contornos dramáticos do segundo ato em diante. Buscando itens que possam ajudá-lo a ganhar essa batalha, Jung-soo consegue fazer duas garrafas de água virarem um banquete e sua força de vontade está na família que o espera esperançosa do lado de fora do túnel.


O Túnel (Teo-neol) estreou em agosto na Coreia do Sul, fazendo um grande sucesso de bilheteria. Também, não é por menos, um dos melhores trabalhos orientais do ano de 2016 é uma experiência cinematográfica eletrizante do início ao fim. 
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Crítica do filme: 'O Contador'

O preço da fidelidade é a eterna vigilância. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Gavin O'Connor (diretor do excelente e que absurdamente não fora lançado nos cinemas brasileiros, Guerreiro (2011)) O Contador, protagonizado pelo ator Ben Affleck, igual a cálculos complexos e difíceis da contabilidade é um filme extremamente confuso, longo e que se torna um cansativo quebra cabeça sem solução. O filme estreou no circuito brasileiro de exibição no final de outubro desse ano mas é um daqueles trabalhos que facilmente serão esquecidos rapidamente da memória cinéfila.

Na trama, conhecemos Christian Wolff (Ben Affleck), um contador de uma pequena firma que presta serviços terceirizados de contabilidade. Ao longo do tempo é que vamos percebendo que na verdade Christian (que nem é seu nome verdadeiro), possui um certo tipo de autismo e uma vida dupla estando presente em diversas operações financeiras de procurados pela justiça ao longo dos tempos. Quando o protagonista é chamado por Lamar (John Lithgow), o dono de uma empresa de robótica, sua vida certinha e disciplinada toma um rumo inesperado ainda mais com o Agente do Tesouro Americano Ray King (J.K. Simmons) em busca de sua verdadeira identidade.

O filme possui boas cenas de ação, pra quem curte o gênero. A modelagem da personalidade do protagonista muitas vezes falha com sequências bastante forçadas tentando expor os sentimentos do curioso Sr Wolff. O filme dá sinais de vida apenas quando tenta completar o passado dele, com flashbacks pouco profundos sobre toda a sua história com sua tumultuada família e principalmente seu pai e seu irmão. Muito pouco para um filme de duas horas de duração.


O roteiro, assinado por Bill Dubuque (O Juiz (2014)) acaba sendo o foco principal das críticas desse texto. Muito complicado de entender, algumas situações extremamente forçadas – como o reencontro dos irmãos matadores – tornam o filme um grande enigma para o espectador. Quando assistimos um filme, há sempre um pingo de esperança em nós cinéfilos que no final as peças se encaixam e conseguimos desenvolver argumentos para entender melhor o que vimos ao longo da projeção. No caso de O Contador, que possui uma citação com quebra cabeças, faltam peças para completar o tabuleiro. 
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28/11/2016

Crítica do filme: 'London Town'

A adversidade é um trampolim para a maturidade. Sabe aquele tipo de filme que tinha tudo para dar certo mas quando acaba a projeção percebemos que algumas coisas faltaram? London Town pode ser resumido assim. Dirigido pelo cineasta alemão Derrick Borte (do peculiar filme Amor por Contrato, protagonizado por Demi Moore e David Duchovny), o longa metragem que estreou no Festival de Los Angeles desse ano (e sem previsão de estreia no Brasil) conta a história da ebulição cultural e musical de uma Londres da década de 70 aos olhos de um jovem que precisa amadurecer rapidamente para lidar com sua vida conturbada. Jonathan Rhys Meyers interpreta o lendário Joe Strummer vocalista e guitarrista turco da banda The Clash, muito pouco aproveitado pelo roteiro.

Na trama, conhecemos o jovem de 15 anos, Shay (Daniel Huttlestone), um rapazinho que ajuda seu pai Nick (Dougray Scott) em uma loja de reparos de pianos e em casa cuidando de sua irmã mais jovem. A vida que ele vive é simples mas com muita harmonia ao lado do pai e da irmã, já que a mãe é distante. Quando recebe de sua mãe uma fita de uma banda de rock and roll chamada The Clash, seu temperamento muda e ele parte em busca de novas descobertas que irão definir para sempre sua identidade guiada por uma maturidade mais forte para enfrentar alguns problemas que aparecem em sua vida.

Em uma parte do filme, já no terceiro ato, o filme ganha alguns nortes interessantes mas nada do roteiro ser mais profundo nessas direções. A paixonite do protagonista pela ótima personagem Vivian (Nell Williams) consegue sustentar algumas lacunas e faz boa ligação com o desenvolvimento que o personagem principal passa por essa etapa na vida. Mas acaba sendo muito pouco, muito pela figura do pai sendo anulada e os conflitos nessa direção sendo cada vez mais distantes. Quando a figura materna, interpretada pela experiente Natascha McElhone, entra na história já é muito tarde e pouco vemos aproveitado Jonathan Rhys Meyers e seu Joe Strummer.


O filme não é ruim, longe disso. Ele apenas se torna decepcionante de acordo com seu potencial. A trilha sonora é espetacular, os integrantes da banda The Clash permitiram o uso de suas músicas na produção. London Town não deve chegar ao circuito brasileiro, se tiver a oportunidade não deixe de tirar suas próprias conclusões.
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Crítica do filme: 'Invasão Zumbi'

A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência humana. Uma das maiores produções cinematográficas de a maior bilheteria da história da Coreia do Sul de todos os tempos se consolida simplesmente como um dos melhores filmes de zumbi feitos nos últimos tempos. Invasão Zumbi, Busanhaeng no original, dirigido brilhantemente pelo cineasta sul coreano Sang-ho Yeon é uma thriller de ação zumbi com sequências de tirar o fôlego. Tudo é muito bom no filme, direção, elenco, roteiro, grata surpresa para o universo cinéfilo que chega aos cinemas brasileiro no final de dezembro ainda deste ano.

Na trama, conhecemos mais a fundo o complicado e odiado por muitos analista financeiro Seok Woo ( Yoo Gong), um homem que vive com sua mãe e sua filha em um bairro nobre de um coréia do sul em desenvolvimento. Certo dia, a pedido de sua filha Soo-na (Soo-an Kim), resolve embarcar em um trem rumo ao encontro com a mãe da menina. Só que uma simples viagem acaba se tornando um grande pesadelo pois quando já estão dentro do trem, acabam sabendo que um vírus transformou pessoas em zumbis e uma grande luta pela sobrevivência começa, não só no mundo lá fora mas dentro de cada vagão do trem onde estão.

Invasão Zumbi é pura adrenalina, merecendo destaque também os inúmeros figurantes zumbis que realmente dão um grande show em muitas sequências alucinantes, de tirar o fôlego. Ao longo das quase duas horas de projeção, o espectador fica de olhos abertos, tenso a todo instante, principalmente ao saber que o destino de muitos depende demais de uma cooperação de todos, coisa que não acontece quase nunca. Esse espírito de união que precisam ter, fica em cheque por conta das personalidades bem distintas de cada um dos mais envolvidos com o protagonista (esse que é para lá de antipático mas que passa por uma bonita transformação ao longo da trama).

Os sul coreanos são craques em deixar nós cinéfilos de boca aberta quando o assunto é cinema. Seja com um drama como o excelente Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera de Ki-duk Kim, seja com a maior história de vingança dos últimos tempos, Oldboy de Chan-wook Park, seja com o inusitado O Hospedeiro de Jun-ho Bong, a Coréia do sul sempre a cada ano surpreende os cinéfilos de plantão. Invasão Zumbi não é diferente, pegaram um tema extremamente batido nos últimos tempos com a explosão de sucesso de Walking Dead principalmente, e, adicionaram pitadas eletrizantes de ação e um desenvolvimento profundo dos personagens.

Não perca Invasão Zumbi! Você não vai se arrepender!
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