14/01/2017

Crítica do filme: 'La La Land - Cantando Estações'



O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos. Filme de abertura do último Festival de Veneza ano passado, La La Land - Cantando Estações é um daqueles filmes que dificilmente sairão de nossa memória.  Falando sobre a magia de Hollywood, o impactante som do Jazz e principalmente sobre as inúmeras tentativas do ser humano em alcançar os seus sonhos mais lindos, o longa metragem, que deve ser o grande vencedor do próximo Oscar, é uma aula em como fazer o público se divertir através do olhar de protagonistas (interpretados magistralmente por Ryan Gosling e Emma Stone) que louvam o amor. O jovem cineasta Damien Chazelle (do impressionante Whiplash) mais uma vez brinda os cinéfilos com uma pequena obra prima.

Na trama, ambientada em Los Angeles, conhecemos o pianista Sebastian (Ryan Gosling), um amante do Jazz que vive buscando seu espaço em meio a mudanças constantes que a vida coloca em seu caminho. Rabugento e completamente sozinho, de maneira inusitada, acaba conhecendo a sonhadora Mia (Emma Stone), uma jovem que partiu para Los Angeles para buscar a difícil carreira de atriz mas que hoje trabalha em uma espécie de Starbucks dentro de um famoso Estúdio de gravações de filmes. Logo o amor entre os pombinhos acontece e, entre as estações do ano, precisarão compreender como é viver a vida a dois e o tamanho que o sonho de cada um tem na vida do outro.

Cidade de estrelas, você está brilhando só para mim? Em pouco mais de duas horas de projeção – que desejamos que nunca acabe – o roteiro, também assinado por Chazelle, navega na busca pelo sonho tendo um inesquecível amor que nasce de plano de fundo. Todas as fases do relacionamento entre os protagonista é decifrada de maneira nua e crua, real. Sentimos toda a dor e sofrimento, que são aliviadas, talvez, pela atmosfera musical que o filme se completa. O amor de dois sonhadores pode nem sempre terminar em um final feliz mas outras possibilidades existem e a grande cereja do bolo maravilhoso de Damien Chazelle é exatamente apresentar para nós meros cinéfilos um leque de possibilidades para esse desfecho numa sequência final que deixa a todos nós praticamente sem conseguir respirar e onde a emoção transborda até mesmo nos corações mais durões.

É este o início de algo maravilhoso e novo? Ou mais um sonho? O filme também presenteia o público com uma singela homenagem aos musicais e a uma Hollywood e sua magia que sempre fizeram parte do imaginário de todos que amam a sétima arte. A poesia do filme e todos os sentimentos expostos pelos brilhantes personagens é algo mágico, um sentimento que somente o cinema pode proporcionar, toca bem profundo em nossas emoções. A trilha sonora é digna de prêmios e adicionamento em nossas playlists para uma eternidade. As atuações são magistrais, Gosling e Stone cantam, dançam e emocionam em interpretações históricas, marcantes. 

La La Land - Cantando Estações estreia nos cinemas brasileiros na próxima semana e sem dúvidas será um grande sucesso de público. Amor, Jazz, charme, Hollywood, sonhos, escolhas. Louvando Hollywood, o filme mostra que a realidade nem sempre é como nos filmes. Esse projeto é um Oasis em nossos corações sofridos, uma chance de encararmos a realidade com muito mais leveza.
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Crítica do filme: 'Os Penetras: Quem Dá Mais?'



Malandragem de verdade é viver. Tentando seguir o sucesso de público do primeiro filme (que teve mais de quatro milhões de ingressos vendidos em todo o Brasil), Os Penetras: Quem Dá Mais?, segundo longa metragem da franquia estrelada pelos humoristas Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, é um pouco de mais do mesmo do primeiro filme. Dirigido novamente pelo cineasta Andrucha Waddington, o projeto tem alguns momentos engraçados mas o roteiro deixa a desejar. É o tipo de filme que é feito para divertir sem nem um compromisso com perfeições cinematográficas.

Na trama, voltamos a encontrar o ingênuo Beto (Eduardo Sterblitch) que acaba indo parar em uma clínica psiquiátrica após ter sido enganado mais uma vez pelo amigo de malandragem Marco (Marcelo Adnet). Com o cotidiano limitado, certo dia, Beto recebe uma mensagem e descobre que Marco acabou falecendo, assim resolve fugir da clínica e ir ao enterro do amigo, chegando lá encontra os outros parceiros de trambiques: a bela Laura (Mariana Ximenes) e o experiente malandro Nelson (Stepan Nercessian). Nesse reencontro acaba surgindo a possibilidade de um novo golpe ao mesmo tempo que Beto começa a ver o que parece ser o espírito de Marco em todos os passos que dá.

O roteiro acelera a trama central, não há profundidade. Fica limitado basicamente a uma outra boa cena cômica de Sterblitch, ou, alguma boa intervenção de Adnet em forma de espírito. O destaque cômico mesmo não fica marcado nos protagonistas mas para o coadjuvante Nelson, interpretado por Stepan Nercessian, que possui boas sequências ao longo da trama. Andar pelo caminho da malandragem, com os leques de opções sendo muito diverso, o roteiro pode acabar se perdendo, principalmente se tentar adicionar clichês a todo instante, como fica bem claro no filme.

Os Penetras: Quem Dá Mais? Estreia na próxima quinta-feira, 19 de janeiro, nos cinemas e promete ter uma boa média de público e pegar o rabo do foguete Minha Mãe é uma Peça 2 que é o mais novo fenômeno em vendas do cinema nacional.
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08/01/2017

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Crítica do filme: 'Um Limite Entre Nós'

Mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Dirigido e protagonizado pelo genial artista Denzel Washington, Fences fala sobre a vida de um homem, seus conflitos, suas convicções e suas relações conturbadas e cheias de princípios com sua família. Baseado na peça homônima de enorme sucesso escrita por August Wilson (que assina o roteiro), e também protagonizada por Denzel e Viola Davis nos teatro (papel que lhes rendeu o prestigiado prêmio Tony em 2010), o longa metragem tem momentos de pura poesia que nos faz pensar a cada minuto sobre nossa vida e nossos sonhos nesse imenso mundo cheio de diversidades em que vivemos. Talvez a cereja do bolo, as atuações de Denzel e Viola Davis são magistrais, uma grande aula de cinema.

Na trama, ambientado na década de 50 nos Estados Unidos, acompanhamos a trajetória de Troy Maxson (Denzel Washington) um homem analfabeto, que foi preso por anos, e depois trabalhou duro todos os dias para sustentar sua família, de origem humilde, em um bairro familiar norte americano. Frustrado toda vida por não conseguir ter sido um jogador de baseball profissional, com todo o talento que tinha, seu destino lhe reservou outra história e assim ele vive o cotidiano entre um drink e outro, tentando se manter consciente em casa e no relacionamento conturbado que possui com sua mulher Rose Maxson (Viola Davis) e seus dois filhos além de ter que cuidar do irmão Gabriel (Mykelti Williamson), um ex-combatente do exército que voltou com problemas da guerra.

Mesmo falando de assuntos familiares complicados, com a ótica totalmente em cima nas escolhas que o protagonista toma, o filme respira poesia e leveza. As lições que o texto de August Wilson provoca no espectador são inúmeras. As cercas do título fazem total sentido, é o paralelo com Troy que parece ter colocado uma grande proteção em volta de quem os cerca. Mesmo com atitudes impulsivas e seguindo uma regra de disciplina fervorosa, Troy é o retrato de grande parte dos trabalhadores norte americanos de origem humilde na década de 50, esperando por chances que às vezes nunca chegam, lutando contra preconceitos todo dia. Podemos fazer uma analogia com os tempos atuais de crise não só no Brasil mas em boa parte do planeta.

O filme ganha contornos mais dramáticos quando Troy conta a sua esposa Rose, com quem é casado há 18 anos, que terá um filho em breve de uma amante. Essa cena já vale o ingresso, Viola e Denzel não dão só show, dão aula em cena. A partir desse ponto, muita coisa muda na visão de Rose mesmo Troy tentando se manter firme em suas atitudes e as conseqüências que chegam a partir disso, como o distanciamento do filho mais novo que é praticamente expulso de casa certo dia pelo pai.


Fences possui cerca de 140 minutos, e praticamente nem sentimos. Podemos dizer que é um teatro filmado, com poucos cenários e impactantes diálogos. É uma história forte, muito bem escrita e atuada que conta com atuações espetaculares de dois dos melhores atores norte americanos em atividade. Bravo! 
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06/01/2017

Crítica do filme: 'Vizinhos Nada Secretos'

Caso um dia a inveja bata na sua porta, deixe-a entrar pois nada é pior do que um mal frustrado. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Greg Mottola (do engraçado Superbad: É Hoje), Vizinhos Nada Secretos possui uma daquelas histórias chatas que já vimos em alguns insuportáveis blockbusters ao longo dos anos. Tudo é muito ruim, do roteiro, às atuações, à direção. De secreto mesmo vem a qualidade, que fica escondida durante todo o filme, secreta mesmo.

Na trama, conhecemos Jeff Gaffney (Zach Galifianakis), um homem da classe média norte americana que mora em um simpático bairro com sua esposa Karen (Isla Fisher). Certo dia, Tim e Natalie Jones (Jon Hamm e Gal Gadot) se mudam para a vizinhança dos Gaffneys e logo um misto de mistérios com inseguranças acabam tomando conta da vida dos protagonistas, já que os novos vizinhos são na verdade dois espiões que estão naquele bairro para uma missão.

O roteiro assinado por Michael LeSieur possui arcos muito mal definidos. Na primeira parte da história, uma introdução bastante superficial acompanha a trajetória corrida dos personagens abrindo aspas apenas para tentativas de piadinhas sem graça em grande parte dos diálogos, principalmente entre a dupla de protagonistas. Do meio para frente uma ação desenfreada é instaurada e tudo que acontece na tela vira uma grande confusão na mente do espectador. Mesmo sendo feito de maneira para rir em alguns momentos, dá mais vontade é de chorar (de raiva).  

Em falar nos personagens principais, não há um pingo de carisma na dupla (nem no quarteto) interpretada por Zach Galifianakis e Isla Fisher. Os novos personagens, os vizinhos, que poderiam agregar alguma coisa à trama acabam virando manequins humanos para criar o estereótipo das belezas hollywoodianas, principalmente a nova Mulher Maravilha Gal Gadot.


Vizinhos Nada Secretos (título mais clichê impossível), estreia no circuito brasileiro no mês de fevereiro e deve ser mais uma daquelas comédias hollywoodianas que passam voando pelos cinemas, tiram alguns poucos risos e são deletadas da mente dos espectadores em poucos dias. 
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02/01/2017

Crítica do filme: 'Animais Noturnos'

Quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Dirigido pelo cineasta Tom Ford, em apenas seu segundo filme na carreira (o primeiro foi o ótimo A Single Man), Animais Noturnos é uma série de insanidades intelectuais que fala basicamente sobre o descontrole emocional, rica em detalhes estéticos que dão um verdadeiro nó na mente do espectador. É preciso muita atenção para entender alguma mensagem que o filme queira transmitir. Indicado a três categorias no Globo de Ouro desse ano, o projeto conta com uma atuação inspirada de Aaron Taylor-Johnson.

Na trama, conhecemos a desiludida Susan (Amy Adams), uma rica e chique Srta. Que trabalha em uma prestigiada galeria de arte. Casada com o milionário Hutton (Armie Hammer), que passa por problemas financeiros, a protagonista é uma alma triste que escolheu tempos atrás ter estabilidade do que acreditar no sonho de seu ex-marido, o escritor Edward (Jake Gyllenhaal). Certo dia, Susan recebe em sua casa um esboço do novo livro do ex-marido e acaba embarcando na aterrorizante história que acaba mudando suas escolhas de alguma forma.

Tudo é muito difícil de se entender nesse filme, por isso, paciência e atenção. Orçado em 20 Milhões de dólares, Animais Noturnos fala em sua maior parte do tempo do descontrole emocional e as dúvidas nas escolhas que traçam as principais direções de vida dos personagens. Reclusa em seus pensamentos a maioria do tempo, abalada emocionalmente, tendo noites sem dormir, Susan é uma personagem intrigante e que vai mudando de personalidade conforme vai avançando nas páginas de leitura intensa do livro do ex-marido. Essa transformação acaba mudando não só sua maneira de ver as coisas mas a de todos ao seu redor.


O paralelo, talvez o pulo do gato que Tom Ford queira expor mas que se dificulta o entendimento por conta da narrativa extremamente peculiar, é a associação da história lida por Susan (e mostrado paralelamente à rotina da protagonista) com sua própria vida. E nessa junção, a interseção é somente uma: a vingança. Correndo em longas distâncias, os paralelos seguem rumo a um desfecho que motiva o espectador a assistir até o final (prende a atenção) por mais que o resultado não seja tão satisfatório.
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01/01/2017

31/12/2016

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Crítica do filme: 'Horizonte Profundo: Desastre no Golfo'

A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a autodestruição do homem. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Peter Berg (O Grande Herói (2013)), o ótimo filme Horizonte Profundo: Desastre no Golfo fala sobre, entre vários pontos, a ganância do ser humano. Baseado em fatos reais, o filme consegue deixar o espectador com os olhos atentos ao longo dos 107 minutos, muito porque consegue fugir de vários clichês retratando com muita verdade os acontecimentos traumáticos desse dia que foi o maior desastre em uma plataforma de petróleo da história dos Estados Unidos.

Na trama, ambientada no ano de 2010, conhecemos o chefe de manutenção da plataforma Deepwater Horizon Mike Williams (Mark Wahlberg), um mecânico que mora com sua esposa Felicia (Kate Hudson) e sua única filha. Em abril de 2010, Mike irá enfrentar o maior desafio de sua experiente carreira quando a plataforma em que está começa a pegar fogo por conta de descaso nas políticas de prevenções. Lutando contra a vida e tentando ajudar a todos se salvarem, Mike e Jimmy Harrell (Kurt Russell), um dos chefes da Deepwater Horizon, precisarão reunir forças para enfrentar o caos em alto mar.

O filme bate profundamente nas políticas de proteção das plataformas petrolíferas norte americanas, mostrando de todos os ângulos os verdadeiros culpados por esse trágico acidente. Por conta disso podemos dizer que é um filme muito corajoso, além disso, o roteiro (escrito por Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand, baseados no artigo de David Rohde e Stephanie Saul) é muito bem definido tentando também fugir de eventuais clichês. O projeto consegue unir as críticas contundentes aos responsáveis pelo acidente a um enredo envolvente com cenas de tirar o fôlego.


Lançado nos cinemas brasileiros no início de novembro passado, Horizonte Profundo: Desastre no Golfo passou rapidamente pelo circuito mas é um filme que se você tiver a oportunidade de assistir não deixe de conferir. Grata surpresa. 
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30/12/2016

Crítica do filme: 'Minha Mãe é uma Peça 2'

Uma mãe compreende até o que os filhos não dizem. Dirigido pelo cineasta César Rodrigues, também diretor do recente Vai que Cola - O Filme (2015), Minha Mãe é uma Peça 2 chegou aos cinemas brasileiros na quinta-feira passada (22) e virou um grande fenômeno de bilheteria, consolidando de vez o ator Paulo Gustavo como um dos melhores e mais queridos comediantes brasileiros da atualidade. O filme é honesto com seu público e seu roteiro tem suas imperfeições mas se fortifica na atuação do seu protagonista, um quase show de stand up comedy na tela grande, caracterizado com o seu melhor personagem da carreira.

Na trama, voltamos a encontrar a hilária Dona Hermínia (inspirada na mãe do protagonista Paulo Gustavo, Dona Dea) que dessa vez embalou uma prestigiada carreira na televisão. Mas sua vida pessoal continua a enfrentar diversos problemas principalmente com a chegada na maturidade dos seus filhos Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) que decidem se jogar na vida profissional e buscar boas oportunidades em suas carreiras na grande São Paulo. Precisando se reinventar e brigando com a solidão, Dona Hermínia encontrará novos personagens que a ajudarão a encontrar novos caminhos.

Mesmo não sendo profundo em suas subtramas o longa, que a cada semana bate mais recordes, explora mais o lado sentimental falando sobre perdas, lado profissional e se enchendo de novos personagens que poderão ser aproveitados em futuros novos filmes da franquia. Paulo Gustavo é um caso a parte, domina seu personagem como poucos, faz rir uma multidão em diálogos ácidos usando e abusando de seu carisma. Nesse segundo filme vemos uma Dona Hermínia mais relaxada, vivendo seu cotidiano mais próximo de uma verdade na realidade, o espectador sente isso durante boa parte da projeção.


O primeiro longa da franquia foi a maior bilheteria do ano de 2013, visto por mais de quatro milhões de espectadores. Nesse segundo trabalho os números irão atropelar essa contagem e irão transformar essa comédia nacional numa das mais vistas da história do cinema brasileiro. Se você gosta do trabalho do ator, gosta de rir e esquecer dos problemas do mundo, Minha Mãe é uma Peça 2 pode ser uma boa opção. 
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Crítica do filme: 'Loving'

O casamento é o fim do romance e o começo da história. Dirigido pelo excelente cineasta Jeff Nichols (dos ótimos Midnight Special, Amor Bandido e O Abrigo) Loving fala, além de qualquer outra coisa, de maneira impactante, sobre o mais forte dos sentimentos humanos: o amor. O tom do filme é algo lindo, gera metáforas fabulosas mas sempre com uma verdade impressionante. A atuação dos protagonistas Ruth Negga e Joel Edgerton é algo inesquecível, marcante. Exibido no último Festival de Cannes, o longa possui alma e muita verdade também ao falar dos obstáculos que ambos precisam enfrentar por conta de seu casamento, numa época de muito preconceito em boa parte dos Estados Unidos.

Na trama, baseada em fatos reais e ambientado no final da década de 50 no Estado da Virgínia nos Estados Unidos, conhecemos o casal Mildred (Ruth Negga) e Richard (Joel Edgerton),  dois seres humanos apaixonados que resolvem oficializar seu amor se casando quase que secretamente em uma cerimônia bem simples. Mas as autoridades do local onde vivem começam a persegui-los, pois, por serem um homem branco e uma mulher negra, naquela época o casamento entre eles, naquela cidade, era proibido. Assim, enfrentando todo um preconceito de uma região, eles irão enfrentar a todos sempre fortalecidos pelo maior de todos os sentimentos do mundo, o amor.

Produzido por dois grandes do cinema da atualidade, o ator Colin Firth e o cineasta Martin Scorsese, Loving possui personalidade própria principalmente por conta de sua narrativa deveras lenta mas muito rica em detalhes e expressões. Jeff Nichols é um mestre em captar sentimentos e detalhes de contextos dramáticos e/ou situações complexas. Mas nesse filme seu principal papel foi dar o toque de genialidade em suas lentes para as impressionantes atuações dos protagonistas. O Richard de Joel Edgerton é comovente, com seu jeitão duro e ao mesmo tempo seu amoroso coração deixam o público impressionado com tanta empatia. A Mildred de Ruth Negga é forte, repleta de esperanças que busca todo seu refúgio nos braços do seu adorável marido. Loving entrega ao espectador uma das duas melhores atuações do ano e que deve ser lembrada na próximas lista do Oscar.

Loving ainda não tem previsão para desembarcar por aqui em nosso país. É uma linda história de amor, com grandes atuações, uma direção primorosa que fala com toda a verdade sobre a luta contra um preconceito absurdo que existia (e infelizmente ainda existe) em alguns cantos do planeta.
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Crítica do filme: 'Passageiros' (2016)

O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade, a que chamamos vontade. Até que ponto a tecnologia irá se sobrepor nas decisões dos seres humanos num futuro bem próximo? Dirigido pelo bom cineasta norueguês Morten Tyldum (do excelente Headhunters), um dos primeiros blokbusters de 2017 a chegar no circuito brasileiro de exibição, Passageiros, é uma fábula sobre as fragilidades do egoísmo aliada à um poder tecnológico bastante imaginável nos tempos atuais. O roteiro, escrito pelo nova iorquino Jon Spaihts (que fez parte da equipe de roteirista de Doutor Estranho e Prometheus) possui seus méritos apesar de não envolver o público com a trama como poderia. Além de preso a clichês hollywoodianos a história beira ao óbvio com protagonistas pouco inspirados. Um fato curioso é que Andy Garcia parece 10 segundos na fita, já no fim. Será que terá uma sequência já planejada? Bastante arrojado por parte dos produtores.

Muitos e muitos anos a frente de nossa geração humana, uma incrível nave espacial faz um longo caminho pelo universo levando cerca de 5.000 tripulantes para uma nova colônia, um planeta distante bastante parecido com a nossa Terra. Nessa peculiar invenção tecnológica voadora todos os seres humanos estão dormindo em câmeras projetadas para acordarem seus respectivos quando faltaram quatro meses para a chegada nesse novo planeta. Porém, durante o trajeto, cerca de 30 anos após o início da jornada, um imprevisível acidente acaba acordando um dos passageiros, o engenheiro mecânico Jim Preston (Chris Pratt) que acordara cerca de 90 anos antes do previsto. Após passar um ano aproveitando todas as regalias da nave parque de diversões que está ele começa a se sentir muito sozinho e com medo de morrer sem nunca mais ter uma interação com outro humano. Assim, resolve acordar uma passageira, a escritora Aurora Lane (Jennifer Lawrence) para lhe fazer companhia. Logo surge uma paixonite entre eles mas segredos precisam ser revelados quase ao mesmo tempo que a nave em que estão precisa ser consertada com urgência.

Quando você pensa, ao final do filme, em tudo que foi esse projeto, fica um sentimento de que a ideia era excelente mas foi mal executada e principalmente se prendeu a vícios hollywoodianos, algo cansativo em vez de dar o efeito esperado ou simplesmente repetitivo (conhecido também como clichê). Chris Pratt, um dos protagonistas, tenta envolver o espectador com todo seu carisma, já visto em outros gigantescos lançamentos nos últimos anos, mas acaba se perdendo em cena. Quando chega Jennifer Lawrence e sua forte personagem, o filme parece que vai crescer mas apenas algumas pontas de brilhantismo conseguimos enxergar nessa fórmula de bolo sem cereja.

Os rápidos momentos de brilho chegam em diálogos entre Jim e o robô garçom Arthur (interpretado pelo sempre excelente Michael Sheen). Esse último mostra um certo lado humano dentro da inteligência artificial implementada um processo cênico bem interessante. As questões vitais emocionais/existenciais fruto dos pensamentos a longo prazo dos dois pombinhos protagonistas tem partes interessantes, juntamente com o desfecho dessa história.


Passageiros estreia por aqui no Brasil nas primeiras semanas de janeiro de 2017. Mesmo sendo um filme muito longe da perfeição , você que curte filmes de ficção científica pode até achar mais pontos positivos do que esse mero cinéfilo que vos escreve. 
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