03/07/2017

Crítica do filme: 'O Zoológico de Varsóvia'

Os horrores da guerra e a coragem de alguns para esperança de outros. Dirigido pela cineasta neo Zelandesa Nick Caro (do excelente Encantadora de Baleias) e baseado em histórias do livro The Zookeeper's Wife: A War Story, de Diane Ackerman, O Zoológico de Varsóvia é mais um recorte das histórias da maior das grandes guerras, onde milhares de lares foram extintos e onde poucos conseguiram ajudar quem mais precisava. Explorando todo o contexto que cercava a Polônia em época de guerra, o filme conta com uma bela fotografia mesmo que em alguns momentos o roteiro seja um pouco arrastado. No papel principal, Jessica Chastain prova que uma boa atriz consegue fazer de um filme bom um belo trabalho.

Na trama, voltamos à Polônia, no final da década de 30, perto da invasão nazista, onde o casal Antonina (Jessica Chastain) e Jan (Johan Heldenbergh) vivem felizes administrando um zoológico bastante frequentado em Varsóvia. Quando a invasão nazista chega mais forte na Polônia, a rotina da família é modificada, resolvendo abrigar dezenas de judeus perseguidos pelos alemães por todos os lados na capital polonesa. Dedicando seus esforços nesse tempo de guerra e perseguição, o casal precisará com Lutz Heck (Daniel Brühl) que antes um amigo acaba se tornando um dos chefes da invasão nazista naquela parte da Polônia.

O filme é muito detalhista quanto ao contexto histórico que ocorre e explica um pouco sobre o maior gueto judaico estabelecido pela Alemanha Nazista na Polónia durante o Holocausto, o Gueto de Varsóvia. Exatamente por esse gueto e conseguindo entrar e sair, Jan, alegando buscar comida para os porcos que eram criados no zoológico para alimentar as tropas nazistas lá instauradas, consegue retirar dezenas de Judeus e os colocar em seu caminhão a caminho a sua casa, onde, ajudam os judeus a fugir com documentação falsa.

A personagem principal, divinamente interpretada por Jessica Chastain, é a grande alma do filme. Sua delicadeza e coragem com que encara essa nova fase em sua vida é algo bem nítido nas emoções da personagens, principalmente nos diálogos com seu marido e o modo como tenta lidar com as ações e observações de Lutz Heck. Antonina é uma guerreira da era moderna, sua luta é ajudar a quem precisa mesmo que isso coloque ela e sua família em constante perigo. Todo o carinho e dedicação com sua família refletem nos novos hóspedes que abriga, respeitando suas tradições e sendo uma referência para as crianças que ficaram longe de suas famílias.


A beleza de gesto positivos de generosidade e coragem dessa família vale todo o filme. O Zoológico de Varsóvia chega aos cinemas brasileiros em breve. Nick Caro consegue realizar mais um projeto com alma e muito delicado. Vale muito a pena conferir.
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30/06/2017

Crítica do filme: 'Ouro'

A ganância e o foco são duas vertentes distantes mas que se aproximadas a incerteza é algo mais provável. Ouro, Gold no original, novo trabalho do bom diretor Stephen Gaghan (do ótimo Syriana, que deu o Oscar para George Clooney pela atuação) é baseado em fatos reais e mostra um obstinado protagonista em busca de um objetivo complexo, uma nova reviravolta na vida, que parte para a Indonésia arriscado tudo que possui, até o amor de sua vida. No papel principal, o ator Matthew McConaughey, famoso pela doação em seus personagens, que faz de tudo para receber mais uma indicação ao Oscar mas acaba caindo em um terreno complicado de paralelos com outros personagens da carreira.

Na trama, conhecemos uma espécie de Indiana Jones dos novos tempos, o empresário/aventureiro/bêbado Kenny Wells (Matthew McConaughey) um homem que passou grande parte da vida na empresa caçadora de ouro do pai. Quando há mudanças drásticas na empresa onde trabalha, provocada pelo falecimento de seu pai, Kenny resolve se arriscar atrás de um sonho, conseguir ter sucesso em um ramo complicado (onde precisa ter muita sorte). Assim, parte para indonésia com uns trocados no bolso e vendendo um presente valioso que tinha dado para sua namorada Kay (Bryce Dallas Howard) para encontrar Michael Acosta (Edgar Ramírez) um geólogo renomado que descobriu um lugar em uma selva inexplorada onde há a probabilidade de encontrarem muito ouro. Só que após encontrarem o tão sonhado Ouro surpresas acontecem logo quando Kenny estava na crista da onda.

O longa é baseado em fatos reais mas com poucas referencias de que se tudo o que vemos ao longo dos 120 minutos de filme realmente é verdade. Houve de fato algo na década de 90 onde uma fraude foi descoberta mas os detalhes viraram teorias diversas. Os primeiros arcos são bem construídos, mostram toda a decadência inicial e desacreditada de Wells e sua incansável busca por um objetivo que sonhou. O filme chega em seu clímax quando o objetivo do protagonista é alcançado e magnatas do mercado financeiro avançam sobre seu negócio, uma óbvia tentativa de tornar Ouro um filme com pontas que se assemelham a O Lobo de Wall Street e outros títulos parecidos. O desfecho não agrada, tem peças bem soltas no quebra cabeça instaurado. Muitas dessas peças vem do personagem de Acosta que, pouco explorado, acaba se tornando o grande vilão da história mas sem muitas explicações razoáveis.


O que parece quando terminamos de assistir essa aventura capitalista é que vimos flashes de outros filmes, algo como se fosse um grande trailer com cenas de outras histórias, até mesmo atuações na linha excêntrica. Faltam elementos para deixar o público mais envolvido, talvez explicações mais convincentes sobre a fraude encontrada, o roteiro acelera demais no seu arco final. Ouro ainda não tem data definida para estrear no Brasil.
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Crítica do filme: 'Monsieur & Madame Adelman'

Se você fosse um livro, pensaria nas melhores palavras. Debutando na direção de um longa-metragem após trabalhos como roteirista e ator, o cineasta Nicolas Bedos (também um dos protagonistas desse filme) pisa com o pé direito em sua estreia. Monsieur & Madame Adelman é contagiante, sensual, levanta polêmicas e argumentos importantes sobre inusitadas visões sobre relacionamentos, seja esse como for. Com uma trilha sonora absolutamente fantástica e um casal de protagonistas praticamente impecáveis, o longa percorre décadas de um relacionamento sem deixar de mostrar todo o contexto de um planeta que viveu muitas modificações ao longo do tempo, assim como essa linda história de amor.

Na trama, logo em seu início tem um funeral de um escritor importante no mundo da literatura francesa, por isso, um jornalista é enviado até lá para entrevistar a companheira dele de toda uma vida. Com o gravador ligado, começa essa inesquecível história, com muitas verdades e uma impactante reviravolta. Assim, conhecemos mais detalhadamente Victor (Nicolas Bedos) e Sarah (Doria Tillier) um casal apaixonado que vão viver juntos durante décadas em busca de realizações, um lar feliz, desejos profissionais sempre um dando muito apoio ao outro mesmo com todos os problemas que ocorrem. Essa saga de romance moderno (feminista com boas pitadas), começa na década de 70, onde, Sarah conhece Victor em uma decadente boate de Paris e se apaixona perdidamente. Nos meses seguintes, há o primeiro desencontro e eles voltam a se encontrar para viverem toda uma vida tendo o outro ao lado. O longa é dividido em 14 capítulos, ao longo de 120 minutos de projeção, tem uma pegada sexy, é envolvente, misturando hilários diálogos e situações inusitadas. E, talvez o melhor de tudo, um final arrebatador que deixará o público bastante surpreso.

Você se parece com você. É linda como você. Antes de mais nada, é importante frisar: Monsieur & Madame Adelman é uma história de amor. Nas idas e vindas desse casal e todos os fatos preponderantes na vida deles, principalmente os sucessos literários do romântico e complexo Victor (que escreve muitas vezes em primeira pessoa, escrevendo sobre muitos que o cercam causando certo receio e atitudes impensadas de alguns), Sarah se torna o centro dessa saga romântica pois todo o ímpeto desajustado de Victor chega com impacto nas emoções da protagonista. O roteiro, longe de ser delicado, opta pela verdades de seus personagens, sem esconder uma vírgula de personalidade, erros e acertos. As viradas na trama são abruptas e chocantes onde o público fica ansioso aguardado o próximo passo desses inesquecíveis personagens. Somos testemunhas de uma autópsia cruel e árdua sobre a arte de manter um relacionamento.

O que cerca os personagens chega por meio de atitudes dos mesmos. Os altos e baixos de Victor, muito incompreendido por sua rica família se vê amado pela família de Sarah e assim fica mais seguro para seguir no relacionamento. Vemos cenas lindas de declarações ao longo desse tempo que ficam juntos, brigas também fazem parte e atitudes desesperadas/incontroladas de um jovem escritor que desafia suas angústias e sua baixo estima a todo instante mesmo tendo uma forte, fiel e companheira ao seu lado. Os desabafos de Victor com seu psicólogo ao longo do tempo são hilários e passam um verdadeiro raio-x sobre a personalidade conturbada do escritor, suas angústias e o reflexo das situações que vai vivendo refletem em uma última cena hilária com seu psicólogo mais velho no leito de um hospital. Já no último arco, na terceira idade e com a saúde de Victor debilitada podemos notar mais claramente o trabalho impressionante de maquiagem.

As ações de Sarah são preponderantes na vida do casal, ela comanda o cotidiano seja no lado profissional do marido, seja no lado familiar do casal. Com a chegada dos filhos, com tratamento oposto de Victor em relação ao primeiro filho do casal principalmente, Sarah segue firme e forte na luta por uma boa harmonia. Há uma linha de interseção entre sucesso e desastre que é bastante explorada, tornando-se um paralelo às antigas tragédias gregas que muito conhecemos. Segredos são revelados já no desfecho e assim conseguimos juntar as últimas peças que faltavam desse relacionamento que rompeu barreiras em busca de uma certa felicidade.

Lançado na França bem recentemente, em meados de março desse ano, Monsieur & Madame Adelman chega ao Brasil no próximo dia 06 de julho. Podemos considerar, já na metade de 2017, que esse belo trabalho é um dos filmes inesquecíveis que você verá esse ano nos nossos cinemas.



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24/06/2017

Crítica do filme: 'The Wizard of Lies (O Mago das Mentiras)'

O cofre do banco contém apenas dinheiro; frusta-se quem pensar que lá encontrará riqueza. Infelizmente produzido para ir direto para a televisão (esse filme merecia uma telona de cinema), The Wizard of Lies, no português, O Mago das Mentiras, esse impactante drama é uma biografia sobre o nova ioquino Bernard Lawrence "Bernie" Madoff responsável por uma das maiores fraudes financeiras da história mundial. Dirigido pelo veteraníssimo cineasta Barry Levinson (de clássicos como: Bugsy, Bom Dia Vietnã, Rain Man) o longa metragem, com pouco mais de 130 minutos, faz um pequeno raio-x de um esquema conhecido como Pirâmide (nesse caso comparado ao famoso Esquema Ponzi), além de ir a fundo no drama familiar que Bernie deixou de herança e que mudou a vida e a rotina de seus filhos e esposa para sempre. No papel do protagonista, o mito, a lenda, Robert De Niro, que desenvolve uma de suas melhores atuações dos últimos anos, muito bom ver o bom e velho Touro Indomável de volta a uma grande atuação.

Na trama, conhecemos a vida de fortuna e status de Bernie Madoff (Robert de Niro), ex-guarda vidas que fundou aos poucos uma empresa mundialmente conhecida, principalmente em Wall Street, se tornando presidente de uma sociedade de investimento que tem o seu nome e que fundou no início da década de 60. Bernie mantinha sua empresa ao lado de seus únicos dois filhos Andrew (Nathan Darrow) e Mark (Alessandro Nivola) que trabalhavam para ele mesmo eles não tendo um controle sobre realmente tudo que acontecia por ali. No ano de 2008, resolveu se entregar a polícia norte americana assumindo a culpa de um esquema fraudulento que deixou o mercado financeiro mundial em total colapso com perdas na casa dos 60 bilhões de dólares. Após assumir a culpa e praticar se entregar (seus filhos quando souberem tomaram a frente nesse sentido) Bernie, isolado em uma prisão de segurança máxima, vai enfrentar não só a ira de todos que foram roubados, da imprensa e do governo norte americano mas também verá a decadência de sua família que nunca mais encontrou uma gota de esperança em ser feliz.

O roteiro se define por arcos muito bem estabelecidos que fazem com o que o público se interesse a cada minuto por essa história. A vida pessoal de Bernie é bem explorada mostrando a relação conturbado que tinha com os filhos; Mark com que tinha vários embates e mostrava autoridade e com Andrew que fica claro pelos pensamentos declamados que o via como futuro presidente da companhia que criara. O relacionamento com sua esposa Ruth (a queridíssima Michelle Pfeiffer) gera ótimos diálogos ao longo do filme, uma espécie de divã que acontecesse em três atos: o antes da fraude ser exposta, o durante o processo criminal e o depois que as tragédias familiares acontecessem. Ninguém sofreu mais com as surpresas reveladas por Bernie do que sua família, os acontecimentos que ocorrem são bem detalhados pelas lentes de Levinson.

Figura bem explorada, e, praticamente, o braço direito de Bernie na operação de fraude é Frank Dipascali (Hank Azaria, ótimo por sinal). Num andar misterioso, comandado por Frank, em um dos principais prédios no maior centro financeiro do mundo acontecia as misteriosas anotações e números que chocaram todo um planeta financeiro. Ninguém tinha acesso a esse lugar, somente poucos funcionários que não entendiam as causas maiores Bernie e Frank. O filme tenta a todo instante exemplificar, em termos econômicos, a questão do golpe dado por Bernie. Citações ao Esquema Ponzi (uma tipo de pirâmide) são explicadas detalhadamente mas mesmo assim podem gerar dúvidas de como ocorre.  Basicamente, Bernie e sua trupe do mal atraíam clientes com uma promessa de gigantescos lucros e usavam o montante investido por esses para pagar os mais antigos clientes. Essa jogada estratégica e de péssimas intenções funcionou em grande parte porque os rendimentos não eram pagos aos clientes todo mês, o ‘dinheiro’ ficava lá numa espécie de vitrine e o mesmo só seria devolvido ao cliente quando este pedisse seu resgate. O mundo veio abaixo para Bernie porque, pouco antes de decidir se entregar,houve uma enorme demanda por resgates do dinheiro aplicado, por única e exclusivamente por uma crise financeira que afetou os investimentos mundiais. Assim, o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagar todos os clientes.


The Wizard of Lies (O Mago das Mentiras) é muito mais que um filme sobre o Mercado financeiro, é um drama impactante, com ótimas atuações e uma direção firme que nos leva a pensar a todo instante em que mundo vivemos. 
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22/06/2017

Crítica do filme: 'Apprentice (2016)'

Dúvidas tornam as pessoas sábias. Escrito e dirigido pelo cineasta singapuriano Junfeng Boo, esse belo drama vai bem fundo na questão da pena de morte onde foca nos medos e indecisões de um jovem guarda prisional ao enfrentar seus conflitos internos, fruto de um passado que não consegue esquecer. O roteiro é maravilhoso, o desenvolvimento dos personagens, suas construções de desconstruções, uma pintura com carga dramática elevada ao mais competente sentido.  É um filme que merece debate em todas as salas de exibição onde for exibido. Infelizmente esse belo projeto ainda não tem previsão de desembarcar no circuito exibidor brasileiro (que tá bem mais preocupado com os blockbusters pipocões de sempre).

Na trama, conhecemos os primeiros dias do jovem e ex-militar Aiman (Firdaus Rahman) no serviço prisional de segurança máxima em uma das maiores cadeias de Singapura. Logo na primeira semana consegue destaque e ser visto com bons olhos por um dos chefes de execução do local Rahim (Wan Hanafi Su). Lutando contra seus conflitos pessoais, alguns ligados à irmã que está de viagem marcada para a Austrália onde irá se casar, certos segredos vem a tona para o público, transformando esse filme em um grande dilema para o protagonista.

Indicado a Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes no ano passado, esse belo trabalho diretamente da Singapura explora um tema de debates de muitos países onde a pena de morte existe. A questão da consciência dos atos feitos, perfeitamente personificada na figura de Rahim é o grande centro de discussões, principalmente nos confrontos verbais e de ideias sobre a função de carrasco exercida e os direitos sobre a questão da dúvida. O filme navega em uma carga dramática gigante, com uma câmera preponderante em relação aos fatos, as lentes de Junfeng Boo percorrem cada espaço dessa trama impactante.

O protagonista chega à prisão de uma maneira e em poucos dias já vira outra pessoa. Seus receios e conflitos afloram quando consegue o cargo de aprendiz de carrasco. Isso tudo porque uma tragédia em sua família, ligada à função que exerce hoje na prisão, mudou o rumo de sua história e da sua irmã. Uma mescla de culpa com busca por respostas em saber mais detalhes sobre esse ocorrido é o grande segredo que o personagem esconde de todos exceto da irmã. Não é bem uma busca por vingança, é mais uma necessidade por respostas do porquê as coisas são assim no país onde vive.


Tendo oportunidade de assistir, não perca a chance. Apprentice (2016) é um belíssimo trabalho que possui atuações impactantes, uma direção de primeira e um roteiro competente.
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Crítica do filme: 'A Múmia (2017)'

Um dos mais aguardados blockbusters do ano, A Múmia (2017) tem ação, aventura, monstros, mocinhos, vilões...em resumo, um grande pipocão que os norte americanos adoram e saber fazer. Com o veterano Tom Cruise no papel do protagonista, o cineasta Californiano Alex Kurtzman (do ótimo Bem Vindo à Vida (2012)), em seu segundo longa-metragem como diretor, foca nas cenas fantásticas e efeitos que o dinheiro pode comprar. Em relação a trama, bastante regular, servindo mesmo para futuras conexões do anunciado Dark Universe.

Na trama, voltamos rapidamente centenas de anos atrás para conhecer a história da bela princesa Ahmanet (Sofia Boutella) que fora assassinada e depois enterrada em um lugar distante perto do Oriente Médio nos dias atuais. Voltando aos dias atuais, conhecemos o militar/aventureiro/contrabandista Nick Morton (Tom Cruise) que junto com seu braço direito e hilário Chris (Jake Johnson), durante uma tentativa de achar relíquias em meio a uma guerra, descobrem um lugar misterioso no subsolo. Vendo a possibilidade de encontrarem algo valioso para a história da humanidade, entra na história Jenny (Annabelle Wallis), uma moça misteriosa que revela a eles o que poderia ser aquilo que encontraram, principalmente quando o misterioso segredo é revelado e monstros são libertados. Assim, Nick embarcará em uma história repleta de seres estranhos e será praticamente apresentado a um universo que nunca imaginara.

Nesse reboot do universo da Múmia (uma das versões aquela famosa com o Brendan Fraser), As cenas de ação são de tirar o fôlego e muito bem feitas por sinal. O investimento de tempo e dinheiro nesse sentido colheu frutos, sequências fantásticas feitas para ver dentro de uma sala de cinema. Mas tudo é muito misterioso dentro da história, somente aos poucos (e com muitas brechas para próximos filmes do Dark Universe) o público vai entendendo melhor os reais objetivos dos personagens.

Talvez a parte mais interessante da trama, quando somos apresentados ao Dr. Henry Jekyll (aquele mesmo de O Médico e o Monstro), aqui interpretado pelo gladiador Russell Crowe, e sua ‘Shield’ , a organização Prodigium – empresa que rastreia e captura criaturas desconhecidas. Nesse imaginativo lugar (provável palco também de outros filmes da Dark Universe), conhecemos mais sobre o que eles são, o probleminha médico virando monstro, a revelação de Jenny e tudo começa a ficar mais interessante e explicativo.


Com boa abertura no mundo (exceto EUA incrivelmente), A Múmia (2017) é um bom entretenimento, complexo em alguns pontos mas com portas abertas para o restante do agora tão aguardado Dark Universe.
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Crítica do filme: 'Em Busca de Vingança (Aftermath)'

O luto por quem amamos é sempre eterno, assim como as saudades e as lembranças de tudo que compartilhamos. Dirigido pelo desconhecido cineasta Elliott Lester, baseado em fatos reais e com os dois primeiros atos primorosos, Em Busca de Vingança (Aftermath) é um drama bem forte que fala sobre uma terrível tragédia ocorrida em solo norte americano. Acostumados a ver Arnold Schwarzenegger em filmes de ação, muitos se surpreenderão com a bela atuação do ex-governador da Califórnia nesse drama comovente que tinha tudo para figurar entre os melhores trabalhos do ano senão fosse um ato final acelerado e com muitas peças embaralhadas na composição dos personagens que era feita até então.

Na trama, conhecemos Roman (Arnold Schwarzenegger), um esforçado senhor que trabalha arduamente em uma construção aguardando ansiosamente sua esposa e sua filha chegarem em território norte americano. Chegando ao aeroporto para buscar as duas, é surpreendido pela notícia que o voo que elas estavam sofre uma terrível fatalidade e que possivelmente ninguém sobreviveu ao ocorrido. Assim, o mundo de Roman desaba e ele precisará colocar a cabeça no lugar e tentar a sua maneira superar essa tragédia. Ao mesmo tempo, Jake (Scoot McNairy), o controlador de voo responsável pelo espaço aéreo naquele momento, se torna o grande vilão da história sendo massacrado pela imprensa, pela população. Jake também precisará reunir forças para fugir dessa situação que destruiu a relação que tinha com sua família. O destino dos dois irá se cruzar e trarão consequências para ambos.

O roteiro se molda em torno da emoção dos personagens, explora muito bem a dor da perda e as consequências para todos os envolvidos na tragédia. Navegamos em duas vertentes. A primeira de um pai de família que perdeu sua única filha, grávida, e a esposa na tragédia e luta contra uma depressão profunda, sem saber como seguir em frente. A segunda, de Jake, um controlador de voo envolvido na tragédia que tem sua vida perfeita dilacerada pelo ocorrido, precisando mudar de nome, de cidade e tentando reconstruir os cascos de toda felicidade que tinha com sua esposa Christina (Maggie Grace) e seu filho Samuel. Tanto um, quanto o outro sofrem bastante pelo ocorrido, um por perder tudo que tinha e o outro por se culpar a cada minuto buscando explicações para o ocorrido.


A mudança drástica em seu desfecho tira parte do brilho da competente construção dos personagens até o momento, com uma série de situações mal explicadas como a entrada na ação de uma jornalista que quer escrever um livro sobre a tragédia e a aceleração da história, não dando profundidade por exemplo na parte jurídica e ação do protagonista contra a empresa aérea. De qualquer forma, Em Busca de Vingança (Aftermath) vale pela bela atuação de Schwarzenegger, talvez uma das melhores da carreira desse veterano das telonas.
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21/06/2017

Crítica do filme: 'Free Fire'

Em terra de cego, quem tem olho é rei. Com produção executiva de Martin Scorsese, chegou aos cinemas ingleses em março desse ano um filme pouco badalado mas bastante sangrento. Com óbvias referências a filmes policiais e ação de décadas passadas, como o clássico Cães de AluguelFree Fire chegou às telonas sem muita repercussão, mesmo tendo um elenco bem interessante, e manobra suas ações em um roteiro simples, bem objetivo e uma direção que dá muito ritmo a história. O roteiro e a direção são assinados pelo cineasta inglês Ben Wheatley (Turistas (Sightseers)) que executa um trabalho convincente e cheio de momentos hilários em meio ao caos.

Na trama, ambientada na década de 80 em Boston (EUA), um grupo de criminosos, comandados por Chris (Cillian Murphy) e com contato de Justine (Brie Larson), chegam a um balcão enorme e abandonado para comprar armas do grupo comandado por Vernon (Sharlto Copley) e Martin (Babou Ceesay). Chegando lá, após uma série de discussões mais brandas, um dos comandados de Verbon e Martin identifica em um dos comandados do outro grupo o homem que violentou uma parente dele na noite passada. Confusão armada, todos se abrigam onde podem, com as armas que tem em uma grande batalha cheia de tiros, explosões e muito violência.

É quase uma sessão nostalgia, aquelas roupas antigas, cada figuraça que aparece em cena e muita ação. Free Fire pode ser tudo menos um filme monótono. Todo mundo é vilão, não há mocinhos. Uma batalha pela sobrevivência ao melhor estilo Counter Strike é instaurada, os personagens interagem com diálogos marcantes (ao melhor estilo Tarantino). Os objetivos, a princípio de ficar com o dinheiro da transação mal resolvida, vira uma batalha sangrenta cheio de alternativas já que ninguém confia em ninguém. As situações projetadas ao longo dos 90 minutos de filmes se passam todas dentro do balcão ao melhor estilo ‘essa noite tudo deu errado’. Aos poucos, o longa vira uma grande comédia de erros e com personagens convincentes.

Sem previsão de estrear no Brasil (alô distribuidoras!), Free Fire é um filme quente para todos os amantes de filmes do Tarantino, alguns do próprio Scorsese.  Extremamente bem filmado, é uma sátira de criminosos e seus desesperos provocados por maluquices em busca de seus objetivos. 


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20/06/2017

Crítica do filme: 'The Belko Experiment'

A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência humana. Dirigido por Greg McLean (Wolf Creek - Viagem ao Inferno) e com roteiro do cineasta sensação do momento James Gunn (responsável pelos excelentes filmes dos Guardiões da Galáxia) The Belko Experiment é um aterrorizante jogo/experimento onde o psicológico, colocado em uma situação extrema, faz rodopios nas mentes dos personagens levando a inconsequentes situações de terror e medo. Valeria a pena se alguma distribuidora comprasse os direitos e exibisse esse projeto nos cinemas brasileiros.

Na trama, conhecemos um grupo grande de pessoas que trabalham na Colômbia em uma filial de uma multinacional. Chegando um dia para o trabalho e com filas de carros para serem revistados e novos guardas em posição ao redor do complexo alguns personagens já percebem que algo de incomum vai acontecer. Após chegarem as suas mesas de trabalho, um pouco antes da hora do almoço, uma voz no alto falante diz que eles precisam obedecer e matar metade dos funcionários senão alguns aleatoriamente morrerão em minutos. Parte das pessoas acha que é brincadeira até que as primeiras mortes começam a acontecer. Lutando para sobreviverem, os funcionários precisarão tomar medidas drásticas para tentar algum êxito nesse jogo macabro.

The Belko Experiment é um filme difícil de se definir. Tinha tudo para ser um baita filme aterrorizante (em alguns momentos a tensão é bem forte e chama a atenção) mas acaba se perdendo um pouco no seu arco final mas sem deixar de ser interessante, principalmente se analisarmos os aspectos e mudanças (ou não) de personalidades a partir da situação extrema que os personagens são guiados. O personagem central acaba sendo Barry Norris (Tony Goldwyn – o eterno vilão de Ghost), que de chefe e respeitado por todos acaba sendo o líder da revolta pela sobrevivência colocando dúvidas em todos que antes o respeitavam. Ex-militar, parece que quando o chamado para sobreviver é acionado, ele vira a chave e passa a ser o grande vilão da situação.

O roteiro é cirúrgico com as portas possíveis de abrirem em busca da solução para o problema que os funcionários estrangeiros em uma filial na América do Sul passam. O absurdo da situação detalham os pensamentos e ações de ótimos personagens misturados com outros que não adicionam basicamente nada a trama. As escolhas partem por afinidade, o casal que já existira, uma nova funcionária que fica meio em cima do muro em que decisão tomar, os departamentos se defendendo e os que não conseguem superar a barreira do medo seguindo o que mais personifica a posição de líder. A cada nova tarefa dada por uma voz marcante no alto falante, tudo muda de figura e antes pensando em um coletivo a trama percorre os caminhos do egoísmo onde cada um luta sozinho sua própria batalha pela sobrevivência. A tensão provocada nos intensos minutos de projeção leva o público a todo instante criar teorias do que vai acontecer com aquelas pessoas e que situação é essa que vivem: um jogo? Um experimento? As respostas para nossas lacunas não preenchidas são inúmeras.


Sem previsão de estreia no Brasil, The Belko Experiment , esse thriller com bastante intensidade e com alguns personagens muito interessantes poderia ser uma das grandes sensações do ano, talvez, se fosse dirigido por seu roteirista. 
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Crítica do filme: 'Chips - O Filme'

Escrito, dirigido e estrelado por Dax Shepard (provável diretor do próximo Scooby-Doo que deve ser lançado em 2020 no Brasil), baseado em um seriado das antigas, que teve seis temporadas entre o final dos anos 70 e o início da década de 80, escrito por Rick Rosner, Chips - O Filme é mais uma daquelas comédias bem bobas que seguem a linha de Anjos da Lei e outros projetos do gênero. Há uma clara releitura de todo o universo da série. Tentando transformar a história com elementos de humor escrachado (bem diferente do usado no seriado), bastante ofensivo em alguns momentos, Chips o Filme perde um pouco da magia que ganhara milhões de fãs mundo a fora décadas atrás. Os fãs do seriado, em sua grande maioria, podem não gostar do resultado final desse filme.

Na trama, conhecemos um agente do FBI é designado para trabalhar infiltrado na equipe de patrulheiros rodoviários de Los Angeles com o nome de Frank “Ponch” Poncherello (Michael Peña) com o objetivo de descobrir corrupção dentro da corporação dos motoqueiros policiais. Ao mesmo tempo da entrada de Ponch à equipe, o ex-motociclista profissional Jon Baker (Dax Shepard), não sabemos como, consegue entrar na corporação e se torna parceiro de Ponch. Vindos de dois universos completamente diferentes e de personalidades bastante distante, a dupla precisará unir forças para descobrir as verdades sobre crimes de uma mesma gangue que acontecem na região.

O filme é honesto com o público desde seu trailer. Não ilude ninguém, se veste de comédia absurda e dá seguimento em uma história pra lá de maluca cheia de cenas picantes, destruição de carros, seduções via telefone e diálogos pouco construtivos. O roteiro falha em muitos momentos, nem as cenas de ação possui algum brilho. O vilão, papel do ótimo ator Vincent D'Onofrio, é a melhor parte do filme mesmo tendo pouco espaço em tanta cena desnecessária ao longo dos intermináveis 100 minutos de projeção. É mais um enlatado norte americano, igual a dezenas de comédias lançadas por Hollywood ano após ano.


Com um orçamento de absurdos 60 milhões de dólares e ao optar por um roteiro terrível com o simples intuito de gerar risadas bobas e vender pipoca, Chips - O Filme fica muito distante de ser uma homenagem à Larry Wilcox, Erik Estrada (os atores do antigo seriado) e aos fãs do antigo seriado. 
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