17/09/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #519 - Raiane Ferreira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Fortaleza (Ceará). Raiane Ferreira tem 28 anos. Realizadora, montadora e pesquisadora. Graduada em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Fortaleza desde 2015. Foi componente do Júri Jovem da 26ª edição do Cine Ceará. Dirigiu o documentário Amor com cheiro de naftalina e Náusea que participou da mostra CinEma da Unifor em 2017, e da Mostra Cine Bodó 2016 em Manaus e Mostra Bons Ventos XII Curta Canoa 2017. E seu mais atual trabalho é o curta A Fome que Devora o Coração (2020), projeto composto por equipe 100% feminina e que compôs a seleção oficial de festivais internacionais, nacionais e regionais. É a criadora do canal do Youtube Uma Mulher Com Uma Câmera, que busca refletir sobre as mulheres no cinema, tanto frente à câmera quanto atrás dela. Atualmente compõe o grupo de críticos de cinema da Associação Cearense de Críticos de Cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cinema do Dragão. Lá possui boas salas de cinema com qualidade de imagem e som, e a programação foge dos padrões das salas de Shopping, valorizando também a produção nacional e local.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me deu um “estalo” para a potência do cinema foi O Livro de Cabeceira de Peter Greenaway. Na época eu tinha 16 anos e uma tia havia alugado este filme e gostou muito dele, e ela me emprestando o DVD para que eu assistisse. Eu lembro que não entendi muito bem o filme, pois as obras de Greenaway são muito densas, mas eu fiquei impressionada com a história do filme e com a experimentação que as imagens traziam.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Minha diretora favorita é a Agnès Varda, e o filme que me encanta é Os catadores e eu, pois nele a diretora coloca na tela sua percepção do mundo, sua inventividade, sua sensibilidade, tudo isso transborda na sua forma de fazer cinema.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O filme nacional que eu mais gosto é O bandido da luz vermelha de Rogério Sganzerla, pois é um filme que tem muito a contar, cada vez que assisto eu percebo coisas novas, e é um filme singular de um diretor que respirava cinema.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

A meu ver, ser cinéfilo está além de gostar de assistir filmes, é ser curioso, se permitir descobrir novas cinematografias, conhecer as obras de diretores e conhecer novos realizadores, e também é gostar de refletir sobre o cinema e apreciar a sétima arte e sua capacidade de nos afetar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Se formos considerar que há mais cinemas de Shopping que preservam uma lógica de atuação mais comercial, e voltada pro mercado, a maioria das programação neste caso, não necessariamente passam por pessoas que entendem de cinema para além da lógica dos filmes de "estreia do próximo final de semana". Ou seja, este pensamento comercial dificilmente reflete sobre questões como formação de público, por exemplo. E as demandas que eles atendem estão mais relacionadas ao que o mercado impõe. Por isso que existe a problemática da divisão desigual dos filmes que ocupam as salas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Primeiro a gente tem de entender o que compreendemos por sala de cinema hoje. Sala de cinema é só a sala no campo do espaço físico? Ou ela borra esses limites e ecoa para outros modos de estarmos em um determinado lugar na partilha da experiência com o fílmico? Se pensarmos na sala de cinema como dispositivo composto de um espaço físico com determinadas características, talvez ela não acabe, mas se ressignifique, como ocorreu ao longo do tempo. E hoje dá para perceber estas mudanças, observando as sessões ao ar livre, ou formações de cineclubes, por exemplo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu diria que o filme A Ascensão da diretora Soviética Larisa Shepitko é uma obra primorosa que poucas pessoas assistiram justamente por não conhecerem o trabalho da diretora. Diria que este é um dos filmes de guerra mais incríveis que assisti até então.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

No caso do Brasil foi até razoável pois começou a abrir após a vacinação começar. Pelo menos aqui na cidade de Fortaleza as salas abriram alguns meses atrás e com medidas de segurança que ajudam nesta nova dinâmica que a pandemia veio trazer.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nós temos um cinema bastante amplo e rico de pensamentos, mas acho que em termos de forma fílmica, algumas cinematografias se destacam mais que outras pela sua característica inventiva da narrativa, como os filmes do André Novais, Kleber Mendonça, Sabrina Fidalgo e Anna Muylaert.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Se for para falar de uma artista que eu gosto muito e aprecio o trabalho é a Fernanda Montenegro com certeza.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é um gerador de afetos que transforma o ser humano através da imagem em movimento e do som.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Eu lembro que fui com uma amiga assistir um filme no cinema, e como a sessão terminou cedo resolvemos assistir um filme de terror que estava em cartaz. E quando estava na cena clímax, com a tenção de que algo poderia vir a acontecer, a luz do cinema apaga de repente e todos gritam. Todos ficaram sem entender o que havia acontecido. Na verdade houve um apagão na cidade toda, mas que durou por pouco tempo, e o filme voltou logo a rodar.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Cinderela Baiana é uma reprodução de clichês e ideologias errôneas que só reforça a imagem sexualizada da mulher no cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acho que o diretor precisa entender a linguagem e usá-la para contar o que deseja contar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tive a horrível experiência de assistir Sharknado com uns amigos. É de fato um péssimo filme, mas pelo menos sabemos que ele é um filme ruim que não leva a sério nem a si mesmo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Um dos documentários que mais gosto é Baraka (1992), dirigido por Ron Fricke.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, recentemente lembro de ter batido palmas quando vi Parasita no cinema. Uma obra prima.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem (1990) do David Lynch com certeza.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu sempre leio as críticas do Papo de cinema (https://www.papodecinema.com.br/) e também a do Um filme ou dois (https://danielsa510.wixsite.com/umfilmeoudois).

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Ultimamente estou acompanhando conteúdos das plataformas Netflix, Amazon Prime e Mubi.

 

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16/09/2021

Programa #50 Guia do Cinéfilo - Adailton Medeiros


Episódio #50 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto o empreendedor cultural e diretor do Ponto Cine Adailton Medeiros.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.

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Crítica do filme: 'Escape Room'


Um xadrez mortal? Um experimento? Pegando carona em filmes como o percursor do gênero Jogos Mortais, ou até mesmo a saga Premonição, Escape Room, dirigido por Adam Robitel nos mostra indivíduos em situações extremas precisando urgentemente encontrar saídas em charadas encontradas pelo caminho. O clima de tensão, ponto alto do projeto, é muito bem definido deixando a curiosidade tomar conta de nossas mentes enquanto vamos aos poucos tentando também decifrar alguns quebra cabeças através do passado dos integrantes do jogo. Filme pipoca que encontra seu público já construído por outros filmes. Está disponível no catálogo da Amazon Prime.


Na trama, conhecemos um grupo de pessoas que recebem um cubo e uma mensagem, decifrando-o ganham a chance de lutar por 10.000 dólares e acabam se reunindo em um prédio meio afastado da cidade de Chicago. Lá começam a perceber que o jogo em si na verdade é uma grande batalha entre a vida e a morte, assim precisarão contar uns com os outros para irem decifrando enigmas complicados que os fazem passar ‘fase’, ou melhor que salas mortais.


Pensando na ação e deixando qualquer tipo de complemento mais profundo sobre o passado dos personagens em segundo plano, Escape Room é o típico filme feito para divertir os amantes de filmes de suspense que misturam o terror e o lado complicado psicológico deixando margens bem extensas para surpresas pelo caminho. A fórmula é batida, tem muitos clichês mas consegue de alguma forma ter algum sentido principalmente dentro das inconsequências ligadas à situação vivida pelos personagens.


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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #518 - Thamiris Claudino


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Thamiris Claudino tem 28 anos. É Estudante de Administração de Empresas, fã da melhor série de comédia já produzida neste planeta, intitulada de: The Office, apaixonada por drama e terror psicológico e dona do cachorrinho mais lindo, Tobias. Fala sobre o universo da sétima arte de uma forma mais descontraída lá no @tameindica .

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto muito do PlayArte Splendor por ter uma programação diversa, que vai além dos filmes mais blockbusters. Acho democrático!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que vi no cinema foi Simão, o Fantasma Trapalhão, lá em 1998 (meu Deus, tô me sentindo tão velha). Lembro da baby Thami ter amado a experiência de ver um filme numa tela enorme e com uma acústica tão boa. Mas acho que o filme que me fez pensar nas infinitas possibilidades que o cinema é capaz de explorar foi 127 Horas. Acho que pelo fato de ter sido baseado numa história real e na atuação incrível do James Franco.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto bastante do David Fincher e seus thrillers. Mas o filme que fez minha cabeça explodir foi aquele filme que a primeira regra é não falar sobre! Clube da Luta, pra mim, é o trabalho mais original desse diretor, que conseguiu deixar a história do livro (que também é maravilhosa, por sinal) ainda melhor com aquele final.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil tem um lugar especial no meu coração. Conseguiu transmitir de forma delicada e com maestria o retrato de um Brasil que todos sabemos que existe, mas que é tão difícil de encarar. O filme é delicado e fiel ao mostrar o país da pobreza e do analfabetismo, mas ao mesmo tempo tão caloroso em sentimentos. Fernanda Montenegro com certeza merecia aquele Oscar!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É não só quem ama e consome tudo o que faz parte do universo que envolve a sétima arte, mas que também não se prende somente nos filmes mais cults e consegue explorar todos os gêneros possíveis, se apegando ao que de fato, gosta de consumir. Tá tudo bem assistir uma farofada de vez em quando.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que a maioria dos cinemas, como toda empresa, precisa de lucro e não há como negar como é difícil para um filme mais independente concorrer com um mais popular, na venda de ingressos. Então as salas de cinema acabam optando em dar lugar para esses filmes. O que é um tanto quanto triste.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. O cinema é imersivo, e as pessoas gostam disto. As sensações e as percepções dos filmes que assistimos em uma sala de cinema são diferentes de quando estamos na sala da nossa casa, cheios de distrações e aparelhos tecnológicos não tão bons, como os das telonas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cafarnaum. Um filme libanês dirigido pela talentosa Nadine Labaki, que retrata a vida de um garoto que vive em extrema pobreza, tendo sua infância negligenciada pelos pais e pela sociedade. É um filme tão real que por muitas vezes me fez sentir que estava assistindo um documentário. As atuações são excelentes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Agora que a vacinação já está avançando bastante, acredito que a população se sente mais segura para retornar. Se as salas continuarem a cumprir todos os protocolos, acho que deveriam continuar abertas sim.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Bacurau e Pacarrete (ambos de 2019) estão aí para provar a qualidade da produção dos filmes brasileiros atualmente. Apesar de Bacurau ter ganho uma proporção gigantesca, essa não é a realidade da maioria dos filmes realmente bons que o Brasil produz, que acabam perdendo lugar de destaque para os filmes mais blockbusters. Mas isso não anula essas produções que não conseguem o destaque que merecem e que mesmo assim brilham nos festivais de cinema e nas premiações.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura e Alice Braga.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A maior e mais linda possibilidade de enxergar outros mundos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando meu sapato caiu na fileira da frente e eu tive que assistir o filme todo descalça, torcendo pra pessoa da frente não perceber que havia um sapato aleatório debaixo da poltrona dela. No final deu tudo certo e aprendi sobre a importância do cuidado ao retirar os sapatos na sala de cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Surto coletivo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que sim, né?! Como toda profissão, é preciso ter conhecimento, bagagem, referências... Mas não acho que só ser cinéfilo basta, a criatividade e o olhar diferenciado e crítico com certeza devem se fazer presentes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Com certeza foi Chernobyl, um filme de 2012. É totalmente previsível, atuações péssimas, roteiro super preguiçoso e um final que fiquei desacreditada de tão ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Crip Camp: Revolução pela Inclusão. Um documentário lindo, tocante e super necessário que fala sobre a luta pelos direitos das pessoas com deficiências.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

E teve alguém que não bateu palmas pra Vingadores: Ultimato no cinema? Eu nem sou tão fã assim de filmes de super heróis, mas reconheço o feito que a Marvel conseguiu fazer nessa sequência de filmes que aconteceu durante vários anos. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não costumo assistir muitos filmes com ele, mas gostei do Cidade dos Anjos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

HBO Max, Prime Video e Apple TV+.

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15/09/2021

Crítica do filme: 'Comando Delta'


Nunca deixe um homem para trás. Lançado em 1986 e dirigido pelo cineasta israelense Menahem Golan, o primeiro filme da trilogia Comando Delta conta a saga de um grupo de elite do exército norte-americano que precisa resolver uma situação complicada envolvendo questões políticas e reféns em um avião, tudo isso em questões de horas. À frente do grupo o experiente Coronel Nick (Lee Marvin) e o Capitão Scott Mccoy (Chuck Norris) que enfrentarão esse enorme desafio que levará a equipe ao limite emocional.


Na trama, Nick e Mccoy lideram o Comando Delta, um esquadrão de Elite norte-americano somente chamado para situações extremas. Quando um avião indo para Roma e Nova Iorque com mais de 140 passageiros é sequestrado por extremistas e forçado a fazer uma parada em Beirute no Líbano, a Equipe Delta é chamada para resgatar os reféns. Toda a situação acaba virando um circo midiático onde os terroristas tem planos terríveis para alguns reféns de origem Judaica.


O projeto é mais um daquela leva de filmes onde os heróis são bem definidos, praticamente imbatíveis e os vilões extremistas ligados às causas que de alguma forma conversam com o panorama político social da época. De alguma forma, a temática se torna atemporal já que os conflitos mundiais entre alguns povos estão ainda longe de alguma solução de pacificação. Os super poderes dessa época eram as engenhosas máquinas e equipamentos que a equipe Delta usava, um avanço tecnológico para uma época que ainda estava longe de saber o que era internet e todas as mudanças significativas que mudaram o mundo tempos mais tarde.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #517 - Lela Lenz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Fortaleza (Ceará). Lela Lenz tem 26 anos. Graduada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará (2017). Possui pós-graduação MBA em Direção de Arte para Propaganda, TV e Vídeo pela Universidade Estácio de Sá (2020). Atualmente é mestranda do programa de pós-graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Exerceu o cargo de professora substituta do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará na área de Som/Realização entre 2018 e 2020.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu cresci no Rio de Janeiro, em Santa Teresa. É impossível lembrar da minha infância sem falar sobre o Cine Santa. Por um preço muito acessível a gente tinha acesso a uma programação variada e a produções de diversos locais do mundo, dentro de uma proposta que abrange tanto cinema comercial, quanto cinema independente e que valoriza muito o cinema brasileiro.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Por incrível que pareça, e para ser bem sincera, acho que foi o filme do Pokémon (risos). Eu tinha em torno de 5 anos e assisti em uma sala de cinema. Lembro que estava comendo pipoca e tomando refrigerante de laranja. É a minha primeira lembrança de estar dentro do cinema e me encantar com a experiência imersiva proporcionada pelo filme e pelo ambiente.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil (risos). Não consigo responder essa!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O longa de animação O Menino e o Mundo, do diretor Alê Abreu. Sou apaixonada pelo som do filme. Acho que é muito bonito como a narrativa é conduzida pela sonoridade e levanta várias questões importantes a partir de uma perspectiva infantil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser amante do cinema, pelo menos em alguns dos aspectos que ele representa.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que todo mundo que consome cinema tem a sua visão sobre o assunto e entende da sua forma os aspectos que considera importantes em uma obra. Mas acredito que quanto mais diversificada a programação oferecida, melhor, pois isso amplia as oportunidades de acesso a outras propostas cinematográficas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu realmente espero que não. Mas acredito que talvez passem por momentos em que vão precisar se reinventar, como ocorreu na pandemia.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo. 

O curta-metragem de animação Guaxuma, da brasileira Nara Normande. É um filme muito bonito.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sou muito grata por já termos vacinas contra a covid-19. Acredito que ainda é cedo para dizer como as coisas vão ser daqui pra frente, se a pandemia vai de fato estar controlada ou não, mas o que é certo é que precisamos seguir tomando todos os cuidados possíveis.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que estamos cada vez mais tendo acesso a um cinema descentralizado e isso é ótimo! Pois enriquece, e muito, o cinema brasileiro. Hoje existem universidades no Brasil inteiro que oferecem cursos de cinema, o que estimula a produção audiovisual nas mais diversas regiões do país. Claro que ainda temos um longo caminho a percorrer para garantir o acesso amplo da população a esses filmes, mas pequenos passos já têm sido dados nessa direção.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco as produções do diretor Halder Gomes!

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é cultura, arte, história, informação e entretenimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando meu irmão era bebê, minha mãe de vez em quando o colocava para dormir com músicas dos Rolling Stones. Já grandinhos, fomos assistir a um documentário sobre a banda no cinema e meu irmão pegou no sono. Essa foi uma situação inédita, pois ele nunca dorme em filmes.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti! Só ouvi falar mesmo...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Se considerar o conceito popular do que é ser cinéfilo, acho que não! Conheço excelentes diretores que não são. Entretanto, acho que é saudável e importante que diretores sejam amantes de cinema, pelo menos em algum aspecto, seja na produção, ou no próprio ato de assistir filmes prontos, porque realizar uma obra dá trabalho e demanda um bom tempo das nossas vidas (risos), precisa valer a pena e fazer sentido.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Particularmente não me sinto confortável em classificar filmes como "ruins". Acho que existem gostos, escolas, linguagens e estéticas diferentes! Normalmente, ao longo da vida, e a partir das nossas experiências, temos o olhar treinado para aceitar bem, ou não, certo tipo de filme, isso não significa que ele seja melhor ou pior. Inclusive, existem relatos de vários filmes antigos que quando lançados foram considerados péssimos e um fracasso e hoje, quando revisitados, são considerados verdadeiras obras primas. Tudo na vida é complexo, né?

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto do documentário A Imagem que Falta, por Rithy Panh.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não que eu me lembre (risos), mas muitos com certeza mereciam!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Vish, não sei dizer.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Consumo mais blogs e páginas do instagram, gosto de conteúdos técnicos de produção cinematográfica e de páginas que indiquem filmes.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Esse mês está sendo a Netflix, mas varia.

 

 

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14/09/2021

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Crítica do filme: 'O Vôo do Dragão'


Garra de tigre, cauda de dragão, gancho, golpe forte. Ambientado em Roma no início da década de 70, O Vôo do Dragão, penúltimo longa-metragem da carreira do astro de ação Bruce Lee que nesse projeto atua, roteiriza e dirige, é um filme de comédia disfarçado de ação que marca a estreia de Chuck Norris nos cinemas (a primeira e única vez em que o imbatível ator de filmes de ação interpretou um vilão nos cinemas). Só em bilheteria, o filme faturou cerca de 130 milhões de dólares no mundo todo, estrondosa soma numérica para a época.


Na trama, conhecemos Tang Lung (Bruce Lee) um jovem de família humilde de Hong Kong que é chamado por sua prima Chen Ching Hua (Nora Miao) para ajudar seu tio Wang (Chung-Hsin Huang) em algumas questões sobre o restaurante da família, perto da falência, onde inclusive os funcionários, nos fundos do estabelecimento, treinam caratê. O lugar é sempre invadido por gangues locais o que impossibilita o lucro por parte da família. Assim, Tang Lung será a principal força contra esses rebeldes.


O filme toca em temas variados através de seu simples roteiro. Aborda questões dos imigrantes orientais na Europa, não podemos dizer que é atemporal nesse sentido pois muita coisa mudou desde a década de 70 pra cá, também há o choque cultural bem na superfície, logo no início principalmente com a questão da ida ao restaurante (outro, sem ser o da família) onde o protagonista vai logo em sua chegada, depois também encosta nas questões sobre tradições mas tudo no fundo acaba sendo algum tipo de background para gerar as famosas cenas de lutas lembradas até hoje por todos que amam artes marciais.


A garra e a vontade, a verdade na expressão. Água com açúcar em muitos momentos, conforme já mencionado, o filme não deixa de ser também uma comédia. Por mais que seja marcado como um dos grandes filmes de ação (lembrado principalmente pelas coreografias das lutas) da história do cinema, há um ar leve e bastante descontraído aproximando todo tipo de público de sua história.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #516 - Jhonny Carvalho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo.  Jhonny Carvalho tem 32 anos. É farmacêutico e apaixonado por cinema, literatura e cultura pop. Desde de muito cedo, coleciona mídias físicas de filmes dos mais variados gêneros. Atualmente reside na cidade de São Paulo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em São Paulo, gosto muito do cinema de rua Cinesala, localizado no bairro de Pinheiros. A programação nos dá oportunidade de conhecer muita coisa fora do cinema puramente comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: “cinema é um lugar diferente”.

O primeiro filme que vi no cinema que me surpreendeu foi 300 de Zack Snyder. O filme me apanhou pela sua estética e forma narrativa diferente do que eu habitualmente conhecia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Xavier Dolan. O filme que mais gosto dele é o cativante Laurence Anyways de 2012.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é A Hora da Estrela da diretora Suzana Amaral. É impossível não se apaixonar, torcer e sofrer junto com a personagem principal, “Macabéa”. A história é retratada no filme de forma sensível e admirável.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que ser cinéfilo é ser aberto a experimentações culturais e, acima de tudo, sentir-se feliz apenas por ter a oportunidade de ver um bom filme. É uma constante evolução pessoal e artística.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Infelizmente, a maioria se volta para algo puramente comercial.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Podem ser reduzidas, mas acabarem? Nunca! Pois a experiência oferecida pelo cinema é única e inexplicável.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

4:30 de Royston Tan. Um filme incrivelmente curioso e triste.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Atualmente, temos uma gama de filmes medianos e poucos filmes bons. Há pouco apoio financeiro e popular de produções que retratem realmente nossa cultura e cotidiano.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho” Orson Welles

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Fui numa seção especial de O Auto da Compadecida que foi um verdadeiro tormento, não pelo filme, mas por um casal de adolescentes que não paravam de falar alto. Foi bem frustrante, na verdade.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti este filme, apenas vi alguns trechos e parece ser tudo bem mal feito e hilário.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não precisa, mas ajuda bastante se for.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Aladdin de 2019.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu Não Sou Seu Negro do diretor Raoul Peck.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, várias vezes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos de Brad Silberling.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplayers.com.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

HBO MAX.

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13/09/2021

Crítica do filme: 'Braddock: O Super Comando'


A eterna questão do nunca esquecer. Abordando o contexto complicado dos traumas da guerra e a exploração política no seu pós, o primeiro filme do personagem mais conhecido aqui no Brasil da carreira do astro de filmes de ação Chuck Norris, Braddock: O Super Comando, reflete sobre a influência governamental em meio a batalhas e o quase esquecimento de quem compõe na linha de frente, seus problemas para toda uma vida. Dos EUA ao Vietnã, uma linha extensa de caos morais e éticos vamos vendo passar em nossa frente nesse trabalho assinado pelo cineasta Joseph Zito.


Na trama, o Coronel Braddock (Chuck Norris) um homem repleto de problemas emocionais causados por tudo que viveu e fez em Ho Chi Minh (antiga Saigon) durante a Guerra do Vietnã. Passado um período, ele tem a chance de retornar ao país que era inimigo dos Estados Unidos em uma jornada rumo a descoberta de militares norte-americanos que são feitos de reféns mesmo depois da Guerra ter terminado. Assim, utilizando todo seu arsenal de conhecimento e luta na selva parte rumo a seu objetivo não medindo consequências pelo caminho, contando com a ajuda de poucos.


O roteiro conta com idas e vindas do tempo, no passado quando Braddock fora capturado e torturado pelas forças vietnamitas e no presente quando ele volta ao Vietnã em uma missão de resgate. Explora as características do coronel, o homem ferido, longe de uma diplomacia, em meio a memórias de diversas violências vividas nos tempos da guerra e, quase uma análise psicológica atemporal se pensarmos em tantas guerras que os Estados Unidos se meteu ao longo dos anos e em quantos soldados sofrem até hoje com o caos que viverem em território inimigo. A questão política toma conta de boa parte do filme, talvez um destaque para o enfrentamento crítico aos seus métodos adotados na guerra pelos próprios norte-americanos e também pelo outro país.


Um outro destaque que merece menção, já no abre alas há um contexto, bem jogado nas entrelinhas, sobre a questão do herói e do super-herói quando o protagonista no auge dos seus medos e não sabendo lidar com tudo que viveu presta atenção a um desenho do homem-aranha na televisão.


Com cenas de lutas, tiroteio mirabolantes, destruição, sede de vingança e uma tentativa de redenção de alguma forma de um herói indomável Braddock - O Super Comando está disponível no streaming da MGM.



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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #515 - Duda D’Elia


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Duda D’Elia tem 21 anos. É Graduanda em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense com experiência em Produção e Assistência de Direção. Co-criadora e co-coordenadora da Liga de Produção de Distribuição da UFF - A ProdUFF (@produff) e Co-criadora e Coordenadora de Curadoria do Cineclube Prainha Play (@prainhaplay) pelo canal do YouTube da Unitevê UFF (@uniteveuff).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Rio, as salas com as programações mais compatíveis ao que eu curto assistir certamente são as do Estação, principalmente as de Botafogo. A seleção dos filmes sempre é super completa e alinhada aos melhores lançamentos. De qualquer forma, a minha sala favorita do mundo fica em Niterói, no Centro de Artes da UFF. A seleção de lá é sempre impecável, além das condições incríveis de exibição. Recomendo para todo cinéfilo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Mágico de Oz é um marco na minha vida. Lembro de assistir em loop quando criança. O uso das cores me marcou muito. Foi o primeiro filme que assisti que não era completamente “colorido”. Nunca havia pensado na possibilidade e, desde então, comecei a questionar sobre os recursos do audiovisual.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Certamente não tenho diretora ou diretor favorito, mas uma realizadora que me inspira há muitos anos é a Agnès Varda. A sua habilidade de contar histórias e criar estéticas únicas para seus filmes é admirável. Sou uma grande fã. A trajetória dela é muito plural, tornando difícil escolher um filme favorito, mas As Duas Faces da Felicidade é um dos meus favoritos, devido à leveza da fotografia e arte em contraste com a dureza da temática.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Cinema Brasileiro é muito potente, o que torna essa pergunta muito difícil. Sinto que, levando em consideração o histórico político-social do país, Terra em Transe é uma força dentro do panorama Audiovisual Brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é amar o Cinema, a sala escura, a experiência espacial como um todo. Não necessariamente assistir quatro filmes por dia, mas apreciar o Cinema, reconhecer as belezas dessa forma de arte, e isso inclui a experiência física.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

O conceito “entender de cinema” é muito complexo. Acredito que essas pessoas tenham uma visão mercadológica que, infelizmente, negligencia certos filmes - nacionais não de comédia e os internacionais fora do circuito estadunidense.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Com certeza não. Acredito que a pandemia é uma prova disso. Estamos todos muito ansiosos para voltar a todo vapor para as salas de cinema. A experiência coletiva é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Negligenciamos, por vezes, os curtas-metragens, peças audiovisuais cuja capacidade de síntese dramática e estética pode ser mais interessante que a de um longa-metragem, por exemplo. Recomendo o curta Maioria Absoluta do grande Leon Hirszman. É um filme maravilhoso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente, temos que ser pacientes. A vacinação é um processo muito importante e, para voltarmos completamente com atividades que envolvem aglomerações, precisamos de todas as medidas sanitárias possíveis. Esperar vai valer a pena!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O Cinema Brasileiro é muito talentoso. Temos muitas potências aqui. Somos muito capazes e criamos, dia após dia, conteúdos cada vez mais relevantes. Tenho certeza que o nosso potencial será cada vez mais conhecido.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco produções que tenham a Grace Passô no elenco ou por trás das câmeras. Ela é simplesmente genial. Também acompanho de perto a produtora mineira Filmes de Plástico. Eles são sensacionais.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema é um importante reflexo da vida, sendo irreal ou não.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Bem, essa história eu protagonizei (risos)! Uma vez fui ao cinema, numa dessas sessões com debates, e a realizadora estava lá e, antes da exibição, tinha um evento com comes e bebes. Foi uma das minhas primeiras experiências nesse tipo de sessão e eu estava um pouco nervosa, até por ser fã da realizadora. Bem, em poucos momentos, a diretora e seus amigos se aproximaram do lugar que eu estava sentada e eu, muito nervosa, fui mudar de lugar. Quando vi, tinha derrubado a minha bebida no chão e no vestido da realizadora. Enfim, um desastre (risos)!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um marco no Audiovisual Brasileiro!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que qualquer realizador deve ter suas referências cinematográficas, então sim, julgo ser muito importante assistir filmes com frequência, e filmes dos mais variados. Inclusive, ler também é muito importante, assim como consumir artes visuais no geral. Todo repertório é válido.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, comprometedor (risos)! Pior é MUITO relativo, fora que eu não sou o tipo de odiar filmes, acho que sempre podemos achar algo proveitoso. De qualquer forma, filmes sobre bispos são irrecuperáveis. Esses são ruins mesmo (risos).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu sou apaixonada por documentários, o que torna essa pergunta muito difícil. Não citar Eduardo Coutinho seria um crime, então escolho Jogo de Cena, que sempre me emociona muito. Como falei sobre a Varda anteriormente, vou incluir Os Catadores e Eu, por ser um filme que amo profundamente.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Ah, sim. Com certeza. Mas apenas em sessões com debate. Sou tímida para esse tipo de coisa (risos).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma? Brincadeira (risos). Eu gosto bastante de Adaptação. Sei que as pessoas amam ou odeiam esse filme, mas eu acho bacana, me divirto assistindo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O Guia do Cinéfilo, com certeza. Acho o site bem completo mesmo, sempre atualizado. Adoro acompanhar em todas as mídias. Eu também gosto muito do Filme B, ele é ótimo para pesquisas mais direcionadas à realizadores brasileiros. Recomendo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Para filmes, o mais completo que temos é o TelecinePlay, sem dúvidas. Principalmente no catálogo mais “cult” e nacional. Curto bastante, um ótimo investimento.

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Crítica do filme: 'McQuade, o Lobo Solitário'


Em uma década onde reinavam os grandes e inesquecíveis filmes de ação do universo do cinema (a década de 90 foi complementar a tal), chegava as telonas no ano de 1983 um dos grandes filmes da carreira do lendário Chuck Norris, McQuade, o Lobo Solitário. Dirigido pelo cineasta Steve Carver o longa-metragem nos leva aos tempos onde a violência reinava na telona e onde a inconsequência tinha um lugar nada procurado dentro da impiedade. Mesmo sendo propriamente dito um filme de ação cheio de cenas mirabolantes, o projeto consegue abrir boas brechas reflexivas seja para explorar o fator solidão, seja para entendermos a eterna batalha dos limites da jurisdição e a força e a contraforça entre os comandos no Texas.


Na trama, conhecemos J.J. McQuade (Chuck Norris) um solitário Texas Rangers (respeitada agência de aplicação da lei com jurisdição em todo o estado do Texas nos Estados Unidos), que trabalha praticamente sem muitas companhias na cidade de El Paso. Pai de Sally McQuade (Dana Kimmell) e com uma situação muito bem resolvida com a ex-esposa Molly (Sharon Farrell), McQuade passa seus dias enfrenta diversos inimigos implacáveis e violentos. Certo dia, após a chegada de uma força bandida, traficantes de armas impiedosos que deixam um grande rastro de sangue por onde passam, o protagonista precisará um dos líderes do negócio corrupto, o ex-campeão de Caratê Rawley Wilkes (David Carradine) em diversos capítulos de uma batalha mortal repleta de destruição.


Bruto gentil, um guerreiro mais que lutador. Um herói ou anti-herói? Indo do leme ao pontal em diversas características que moldam esse personagem, o roteiro assinado por B.J. Nelson, baseado na história criada por H. Kaye Dyal, não deixa de mostrar o transformar da solidão para a necessidade do compartilhar, seja na questão do amor propriamente dito, na figura de Barbara (Lola Richardson), seja na amizade ou mesmo dividir seu foco e objetivo com o novo e inexperiente quase parceiro Kayo (Robert Beltran).


A ação é constante. Com métodos nada convencionais, abrindo brechas para interpretações sobre questões éticas e morais, explora de maneira superficial mas inteligente subtramas repletas de simbolismos principalmente quando pensamos no vilão interpretado magistralmente por Carradine.  


Para alguns um Beberrão, para outros uma lenda, J.J. McQuade é um dos mais intrigantes personagens da carreira do sempre lembrado quando tudo está muito difícil, Chuck Norris.

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10/09/2021

Crítica do filme: 'Quanto Vale?'


Ambientado em um dos maiores dramas da história do planeta, o ataque terrorista às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, Quanto Vale? Aborda o lado jurídico, obviamente ligado à fortes emoções, sobre a questão das indenizações para os familiares dos que faleceram ou tiveram alguma sequela na tragédia. Ao longo de quase duas horas de projeção, vamos acompanhando a trajetória do advogado bem-sucedido e professor Ken Feinberg, brilhantemente interpretado por Michael Keaton, que tem a difícil missão de ser um elo entre os que querem que o assunto se resolva sem quebrar a economia e a individualidade de cada pessoa, cada família, que perderam alguém que nunca mais vai voltar. Disponível no catálogo da Netflix, o filme tem direção de Sara Colangelo e o roteiro assinado por Max Borenstein.


Na trama, conhecemos Ken Feinberg (Michael Keaton), um advogado que ficou conhecido por conseguir encontrar fórmulas para valores em grandes casos de indenização. Após o ataque ao World Trade Center, ele consegue uma posição muito importante junto ao governo, ser o responsável de convencer as famílias das vítimas a um valor estipulado por uma fórmula matemática que a princípio não leva em considerações o individual. Ao longo de todo o processo, que dura cerca de dois anos, ele começa a perceber que se não escutar o que as famílias precisam dizer, e também o viúvo e influenciador Charles Wolf (Stanley Tucci), nada se encaminhará para algo justo.


As variáveis que contornam o filme fazem sentido quando analisamos por completo o protagonista e sua evidente desconstrução. Longe de ser um herói, na verdade bem longe disso, muito por conta do seu jeito racional e frio de lidar com perdas dos outros, Feinberg através de situações não controladas de histórias de todos os tipos que chegam com impacto ao seu conhecimento começa a buscar uma certa redenção quanto a essa frieza. Há criticas bem nas entrelinhas sobre a atuação do governo, ou pelo menos de algumas pessoas ligadas e suas formas objetivas mas nada compreensivas de tentar resolver logo um problema complexo com o pretexto de uma provável quebra da economia.


Quanto Vale? é mais um capítulo da história recente norte-americana, reflexões sobre o capitalismo e os seus limites. Mas será que existem limites na cabeça de alguns? Quanto vale a dor de uma família?

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #514 - Marcos Castro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife (Pernambuco). Marcos Castro tem 40 anos.  Diretor de elenco e produtor, trabalha no mercado audiovisual há 20 anos. Dirigiu seu primeiro curta metragem "Bianca olhe, ame, cuide", sobre Bianca Close, mulher trans em situação de rua, que teve uma campanha para construção de uma casa pra ela, #savebianca, encabeçada por ele e um grupo de amigues. Ministrou o curso "do teste ao set" e a oficina de preparação de elenco junto com a atriz Bianca Joy. Dentre os filmes que já contribuiu estão: "A morte habita a noite", "Amores de chumbo", "Danado de bom", "Paraísos artificiais", "Carro Rei" " o circo voltou".

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinemas de fundação, são as melhores seleções de filmes locais e mundiais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Sempre gostei muito de filmes de terror desde que era adolescente esses foram os que mais me chocaram; Cemitério maldido, colheita maldita, o exorcista, o iluminado (meu favorito) , renascido do inferno.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Poxa, são muitos e muitos, mas o Kubrick eu amo todos os filmes! Laranja Mecânica é foda!! 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Durval Discos, acho o roteiro e a forma que foi filmado, genial!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Assistir, ler e pesquisar sobre filmes, é uma grande paixão

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Olha, acho que as salas de shopping só passa os filmes blockbuster em sua maioria, isso é muito ruim, deveriam diversificar mais. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As de ruas quase não existem mais, né?

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Hedwing , John Cameron Mitchell.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, mas já estão abertas com separação.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho cinema brasileiro muito forte, e a qualidade só vai melhorando.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Genial.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

 

Vi um boquete!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nem perdi meu tempo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que precisa estudar muito e ter boas referências, mas não ser cinéfilo necessariamente.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Os amantes passageiros, Almodóvar.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Dzi Croquettes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

já!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Tem vários, mas o Adorocinema é massa!

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix e Amazon igual!

 

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