A única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas
não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado. Dirigido pelo aclamado cineasta Wim
Wenders, Every Thing Will Be Fine, no original, é, infelizmente, um daqueles
filmes chatos que parecem nunca terminar. Com uma linha de dramaticidade cinematográfica
ao melhor estilo Sarah Polley ou Susanne Bier, e com um elenco em total
desarmonia em cena, o longa-metragem que estréia no Brasil dia 26 de novembro é
uma quase total decepção. A trilha sonora, assinada pelo craque Alexandre
Desplat, é a melhor coisa do filme. E quando a trilha é a melhor coisa do
filme, vocês sabem que há vários pontos negativos nesta história.
Na trama, um escritor com crise em seu relacionamento, certo
dia se envolve em um acidente. Sem conseguir esquecer o ocorrido, entra em uma depressão
profunda chegando até a tentar o suicídio. Os anos se passam, os personagens
crescem e os contornos da vida vão guiando o protagonista para novas direções
mas sem folga para que seu passado volte a procurá-lo.
Tudo Vai Ficar Bem
é para corações fortes. Permanece em uma melancolia depressiva constante. Haja
paciência. Uma das subtramas, o relacionamento amoroso entre Tomas (James
Franco) e sua namorada Sara (Rachel McAdams) simplesmente não chega a nenhum
clima por conta da apatia dos personagens. O filme cresce um pouco com a
entrada efetiva de Charlotte Gainsbourg, em um dos atos centrais, mas nem essa
grande atriz britânica consegue segurar a trama. James Franco topou esse grande
desafio de ser o protagonista em um filme de Wim Wenders mas seu personagem não
consegue ser tão marcante e profundo como a história pedia.
O longa-metragem possui diversas passagens de tempo. Isso
ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. Ajuda quando pensamos que vamos finalmente
ter um elo maior com as ações dos personagens, algum tipo de redenção ao
protagonista, ou alguma mudança firme de atitude para superação do grande
trauma que gira a história. Atrapalha exatamente quando nada disso citado
acontece. Poxa! Cadê o Wim Wenders de Asas
do Desejo, ou Pina? A decepção
maior é essa, sem dúvidas.