Com um tema central, importante e atual, colocado para debate e desenvolvido com sensibilidade ao longo de sua breve, porém bem distribuída duração, o curta-metragem Brasa nos leva até um recorte profundo sobre uma questão alarmante que choca pelas estatísticas em nosso país: a gravidez na adolescência.
Com ótimas artistas em cena - Bárbara Colen e Mel Faria
em destaque - que transmitem toda a aflição e tensão dos conflitos que se
seguem, o projeto dirigido por Diane
Maia, em sua primeira direção, com roteiro assinado pela mesma e Ana Alkimin, teve sua primeira exibição
no Festival do Rio 2025, onde integrou a potente lista da Première Brasil.
Analu (Mel Faria)
é uma jovem estudante de 16 anos, apaixonada por um rapaz que trabalha como
motoboy no Hortifruti de sua mãe (Bárbara
Colen). Moradora de uma cidadezinha no interior do país, busca a realização
dos seus sonhos mesmo com as limitações do cotidiano. Quando descobre que está
grávida do rapaz, Analu comunica o rapaz na esperança de um final feliz, mas logo
é abandonada e precisará enfrentar a situação com a ajuda da mãe.
O filme deixa, nas entrelinhas, questões que circulam o tema
principal, abrindo camadas. Um dos que mais chama a atenção é a desinformação e
a falta de diálogo quando o assunto é sexualidade. O Brasil é um dos líderes no
ranking de gravidez na adolescência, e uma das causas é o silêncio das emoções
no âmbito familiar - algo explorado com sensibilidade por essa obra, que apresenta
um retrato comovente de conflitos vividos por mãe e filha.
Brasa também
apresenta reserva surpresas, com uma revelação no seu desfecho que se soma à
toda carga de intensidade sobre o que se sente e não é revelado, chegando até
um sentido amplo sobre os assuntos que surgem. O título do filme – certeiro e
alinhado ao discurso - pode ser interpretado no sentido figurado como uma
situação intensa que persiste mesmo com as revelações, simbolizando um primeiro
passo de uma chama que não se apaga.