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09/07/2025

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Pausa para uma série: 'Jogo Cruzado'


Com um olhar crítico sobre o universo machista do futebol, a série Jogo Cruzado usa a comédia escrachada e uma narrativa leve para abordar temas delicados que ainda são tratados como tabus no esporte mais popular do Brasil. Entre risadas e provocações, a produção oferece reflexões importantes e necessárias. Em oito episódios repletos de convidados especiais – todos já disponíveis na Disney Plus – a série busca apresentar o ambiente do futebol através de novos olhares sempre tendo o humor na ponta da chuteira.

Matheus (José Loreto) é o craque de um time que busca sempre os títulos mais importantes. Elisa (Carol Castro) é uma jornalista fiel aos princípios da profissão que escolheu em busca de novos desafios na carreira. Eles nunca se deram bem. Quando Matheus precisa parar com o futebol por ordem médica, seu destino volta a se cruzar com o de Elisa, e juntos são convidados a apresentar um programa esportivo que promete chocar o mundo do jornalismo esportivo.

Com um episódio piloto acelerado e confuso, seguido por um segundo capítulo aquém dos demais, a série só encontra seu verdadeiro rumo a partir do terceiro episódio — quando os temas centrais começam a ser apresentados com mais clareza. A partir daí, em um jogo de protagonismo que alterna entre personagens principais, o desenvolvimento se dá por meio dos conflitos em suas vidas pessoais e profissionais.

Imerso em um ritmo acelerado e uma ação reflexiva que muitas vezes se limita à superfície, o projeto segue por caminhos previsíveis — mas não sem antes levantar reflexões relevantes. Entre os temas abordados, destacam-se questões pouco exploradas, como os desafios enfrentados por jogadores homossexuais em um ambiente ainda machista, a propagação de fake news por falta de apuração jornalística, o sensacionalismo na mídia esportiva e as doenças psicológicas, como a depressão, que afetam atletas no auge da pressão.

O machismo no futebol também ganha um foco importante, talvez sendo o tema mais consistente ao longo dos episódios. A personagem Elisa, vivida por Carol Castro, revela situações enfrentadas por muitas mulheres no jornalismo esportivo. Por meio de cenas que espelham o cotidiano, a série levanta questões relevantes e convida o público a refletir sobre a desigualdade de gênero nesse meio.

Equilibrar comédia e drama é um desafio — e, neste projeto, a fórmula não se concretiza. Com forte inclinação para o humor, as possíveis camadas dramáticas acabam ficando na superfície, muitas vezes recaindo em clichês já conhecidos. Ainda assim, mesmo em meio a uma espécie de bagunça organizada, a série consegue transmitir mensagens relevantes, o que se torna um dos principais méritos da produção.


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18/06/2025

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Critica do filme: 'Sally'


Em busca de uma história real, marcante e cheia de camadas, o documentário Sally nos conduz pela trajetória pessoal e profissional de Sally Ride, a primeira astronauta norte-americana a viajar para o espaço. Corajosa e pioneira, ela abriu caminhos em um ambiente dominado pelo machismo dentro dos estudos aeroespaciais. Disponível no Disney Plus, o projeto, vencedor de um prêmio no Festival de Sundance deste ano, já desponta como um dos grandes documentários lançados em 2025.

O roteiro é cirúrgico ao revelar os detalhes mais significativos da trajetória de Sally Ride, desde o circo midiático em torno de sua primeira missão até os debates sobre sexualidade em uma década de 1970 e 1980 ainda marcada por forte preconceito contra quem decidia se assumir. Além disso, somos guiados pela própria Sally em muitos momentos, por meio de áudios e vídeos da época. Nessa narrativa em grande parte contada por ela mesma, o documentário nos ajuda a compreender o contexto social da época e as inúmeras pressões que ela enfrentou por todos os lados.

Um dia a NASA colocou um anúncio com vagas para selecionar o primeiro grupo de astronautas femininas do programa espacial norte-americano. Num mundo dominado por homens, Sally foi uma das selecionadas. Num primeiro momento somos convidados a conhecer um pouco sobre a protagonista desta história, como se fosse uma espécie de prólogo sobre o que o projeto abordaria mais pra frente. Esses primeiros minutos são fundamentais para reter nossa atenção, somos logos fisgados pelas dicas de camadas que logo se abririam. Embarcamos em um universo de sonhos e segredos.

Graduada simultaneamente em Inglês e Física pela prestigiada Universidade de Stanford, Sally Ride era altamente qualificada para ocupar qualquer cargo que desejasse na NASA. No entanto, a pressão da opinião pública e o ambiente conservador da época a fizeram manter em segredo, por toda a vida, seu relacionamento com Tam O'Shaughnessy — revelação trazida de forma sensível por este documentário. Ao expor essa parte até então oculta de sua história, o filme propõe um exercício de revisitar os mesmos acontecimentos sob uma nova perspectiva, iluminando os sacrifícios pessoais que Sally precisou fazer em sua trajetória. Tudo isso é conduzido com delicadeza e profundidade pelo roteiro.

Dirigido por Cristina Costantini, Sally chega para mostrar todas as verdades de uma vida dedicada a sua profissional mas também com sacrifícios dolorosos. Depois das soviéticas Valentina Tereshkova e Svetlana Savitskaya, Sally Ride marcou seu nome como uma das poucas mulheres a irem para o espaço. Você precisa conhecer essa história!

 

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16/05/2025

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Pausa para uma série: 'A Garota Roubada'


Com um piloto aceitável e alguns episódios sonolentos que se seguem, num balanceamento desequilibrado dos elementos de uma narrativa, chegou sem muito alarde ao catálogo da Disney Plus a minissérie A Garota Roubada. Estrelada por Denise Gough e Holliday Grainger esse projeto te deixa preso num primeiro momento em uma história de desaparecimento mas que logo sofre por um desenvolvimento com o freio de mão puxado apresentando um recheio - nada satisfatório - de clichês.

A vida da aeromoça de jatos particulares Elisa (Denise Gough) vira de ponta a cabeça após permitir que sua filha durma na casa de uma nova amiguinha, influenciada pela insistência da mãe da garota, Rebecca (Holliday Grainger). Em uma busca do paradeiro da filha após percebido o sumiço, a protagonista e o pai da menina, Fred (Jim Sturgess), acionam a polícia. Ao longo do desenrolar dos dias, algumas surpresas do passado de Elisa, e também sobre esse casamento, vão aparecendo.  

Em poucos minutos, o primeiro episódio realiza com eficiência a difícil tarefa de apresentar, de forma objetiva e com ritmo acelerado, os alicerces da história, despertando interesse genuíno pelo que está por vir. No entanto, a partir do segundo episódio, a narrativa começa a se desviar do rumo: acumulam-se pontas soltas, e temas promissores que poderiam render reflexões mais profundas acabam tratados de maneira superficial, com resoluções simplistas e pouco impactantes.

Os holofotes se colocam num duelo entre anti-heroína e vilã, se esquecendo de resolver os conflitos de outros personagens escanteados da história. Elementos desse grupo dos esquecidos, estão Fred e Selma (Ambika Mod), essa última, uma jornalista investigativa que pega o bonde andando desse furo de reportagem - a falha tentativa de crítica ao circo midiático em todo caso de repercussão - se tornando coadjuvante até mesmo da sua própria jornada.

Baseado na obra Playdate, da escritora norueguesa Alex Dahl, essa minissérie de cinco episódios segue na linha do convencional para convencer o público com uma receita de bolo batida de suspense que se joga em reviravoltas pra lá de mirabolantes e pouco convincentes. Tudo começa bem mas desanda, rumando para um desinteressante duelo contra a previsibilidade.


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15/05/2025

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Pausa para uma série: 'Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano'


Uma luta por justiça e respostas. Era julho de 2005, em um país europeu abalado por recentes atentados terroristas. Em meio ao clima de tensão, com a polícia e autoridades debatendo os próximos passos na segurança pública, um erro imperdoável resultou na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes.

Apresentando detalhes chocantes desse TRUE CRIME, chegou na Disney Plus a minissérie de quatro episódios Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano, marcada por cenas fortes e perturbadoras. Ao longo dos impactantes capítulos, vamos entendendo o antes e o depois de um quebra-cabeça de erros onde a incapacidade de comando determinou uma tragédia.

Percorrendo um intervalo pequeno de dias, conhecemos Jean Charles (Edison Alcaide), um brasileiro batalhador que trabalha como eletricista em uma Londres de 20 anos atrás. Com a cidade sendo alvo recente de ações desumanas que vitimaram mais de 50 pessoas, a polícia resolve criar forças tarefas para retomar o controle e aliviar a pressão pública. No dia 22 de julho, em meio a uma falha operacional inacreditável, Jean foi confundido com um terrorista procurado e executado com onze tiros pela Polícia Metropolitana de Londres, dentro de uma estação de metrô.

Um importante trunfo desse projeto chocante é o passo a passo do que aconteceu antes e depois da morte do brasileiro, sempre tendo mais de um ponto de vista. Com uma contextualização eficiente, que resume em pouco tempo todo o caos e medo que viviam os moradores da capital inglesa naquela época, acompanhamos – com indignação - uma série de erros e abusos de poder serem expostos. A narrativa logo encontra um ritmo intenso chegando na aflição, na angústia, se construindo em volta de um retrato assustador – bem exposto - de incompetência policial.

As derrapadas morais vão de encontro a uma série de personagens importantes que se misturam no não saber lidar com o fracasso de uma operação e reconhecer o erro, até outros que ajudaram a trazer verdades pra frente das barreiras que foram colocadas. Os pais de Jean Charles foram consultores da série, um fato importante, algo que deixa mais próximo da verdade tudo que acompanhamos.

Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto por Engano culmina em uma poderosa mensagem de luta por justiça e por respostas. Com todos os episódios já disponíveis no Disney Plus, é bem provável que você termine a minissérie tomado por um profundo sentimento de indignação.


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12/03/2025

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Pausa para uma série: 'Whiskey on the Rocks'


Pincelando as ironias da geopolítica com um episódio absurdo que aconteceu durante o período de guerra fria, a brilhante minissérie sueca Whiskey on the Rocks – pouquíssimo divulgada aqui no Brasil – usa sem abusar da sátira nos levando para um registro histórico que ficou perto de colocar em linhas de combate os Estados Unidos e a ex-União Soviética (URSS). Criada por Henrik Jansson-Schweizer e Björn Stein, Whiskey on the Rocks também é um show de desabafos que mostra através da comédia tensões em três pontos do mundo num momento caótico do planeta.

No ano de 1981, nos últimos anos de guerra fria, um fato curioso aconteceu em águas escandinavas. Um submarino russo classe Whiskey, U-137, em treinamento, após uma enorme bebedeira por parte de sua tripulação, acaba ficando encalhado no território sueco. Durante quase duas semanas uma série de situações políticas criou um verdadeiro alarde para os mandachuvas das duas maiores potências mundiais tendo no centro do tabuleiro o ex-primeiro ministro sueco Thorbjörn Fälldin (Rolf Lassgård) que fez de tudo para que a diplomacia vencesse quem tinha a pólvora nas mãos.

A polarização do bloco comunista e capitalista ao longo de mais de quatro décadas é uma página batida em livros de história, algo que aprendemos com certa ênfase por conta de seus desenrolares que só foram desfeitos com o declínio financeiro e político da ex-União Soviética (URSS) já nos anos 1990. Esse assunto, que ficara no imaginário de muitas pessoas, se desenvolveu com muitas histórias desse período que já foram adaptados para projetos audiovisuais.

Em Whiskey on the Rocks a fórmula encontrada para contar mais um capítulo desse embate é o humor. Com generalizações simplificadas dentro de estereótipos guiados pelo calor daqueles momentos, chegamos em personagens conhecidos da história mundial, como o ex-presidente norte-americano Ronald Reegan (Mark Noble) que logo no seu início de governo buscava frear a influência global da União Soviética. Também ganha o palco o Ex-secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Leonid Brejnev (Kestutis Stasys Jakstas). No meio disso tudo, não podemos esquecer a Suécia e sua política interna controlada, guiada por um criador de ovelhas, Thorbjörn Fälldin.

Com seus diálogos memoráveis e uma contextualização eficiente - até visualmente com o uso de um ‘tabuleiro de War’ a cada ping pong nas conexões - Whiskey on the Rocks coloca por entrelinhas o desespero por um estopim para se criar uma inconsequente guerra. Jogando para escanteio qualquer tipo de profundidade dramática, com a espionagem também ganhando seus contornos, essa ótima minissérie nos leva até um aulão bem-humorado que coloca em evidência a diplomacia, algo difícil por aqueles tempos.


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Pausa para uma série: 'Paradise'


Com uma forma criativa e concisa de apresentar sentimentos e dilemas em torno do fim do mundo – e também no declínio das relações sociais - chegou nesse início de 2025 na Disney Plus o surpreendente seriado Paradise. Criado pelo excelente roteirista Dan Fogelman, que já tinha deixado sua marca com a aclamada This is Us, esse seu novo projeto atrai o público com reviravoltas, mistérios e camadas que se abrem aos montes nos levando para uma jornada empolgante através de personagens enigmáticos.

Tudo ia bem numa comunidade perfeita de algumas milhares de pessoas até que um dia o presidente Cal (James Marsden) é brutalmente assinado no seu quarto. Logo, Xavier (Sterling K. Brown), o responsável chefe por sua segurança, começa a juntar as peças desse quebra-cabeça que nos leva até a exposição de fatos surpreendentes que vão de encontro aos interesses de Sinatra (Julianne Nicholson) uma influente nas relações políticas. Se você acha que a trama se prende a isso, não ande por esse caminho. Ao final do primeiro episódio entendemos um pouco do que é aquele lugar.

Trazer o fim do mundo e os dilemas que surgem a partir de decisões no calor do momento amplia os horizontes dessa obra-prima de oito episódios que trazem surpresas atrás de surpresas. Impressiona como são bem desenvolvidos os personagens – os principais e os coadjuvantes – fato fundamental para entendermos ações que se completam com um contexto que se mostra bem mais amplo que a premissa.

Indo mais a fundo, precisamos falar também de algumas atuações. O trio protagonista formado por James Marsden, Sterling K. Brown, Julianne Nicholson é impressionante, dominam nossos olhares. Muitas vezes taxados como heróis ou vilões alguns personagens tem um brilho que ultrapassa essa corrente simplista, esses três personagens se encaixam nesse ponto. Merecem estar na próxima temporada de premiações.

Do drama ao suspense tendo as verdades nas entrelinhas, as etapas da jornada do herói são complexas com o passado interligando o presente. Para isso o recurso narrativo de flashbacks se tornam uma mola propulsora e certeira. Com essa estrutura sólida, chegamos nos emaranhados dos campos políticos, nas relações familiares, nos traumas e consequências e nos deslizes da moral.

A fórmula encontrada por Fogelman encontra horizontes, caminhos que se cruzam, com as ótimas Fallout e Silo, mas tem sua própria identidade, segue por outros caminhos que elevam a qualidade do projeto. Um destacado mérito é conseguir amarrar as pontas soltas até seu season finale sem deixar de plantar dúvidas sobre o que virá pela frente. Alguns dos episódios, principalmente o penúltimo que se torna um enorme divisor de águas, podem pintar em listas futuras de melhores capítulos de uma série nos últimos anos.

Com a segunda temporada já garantida nos resta aguardar os novos desenrolares dessa que é até agora a melhor série do ano.


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30/12/2024

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Crítica do filme: 'A Música de John Williams'


A magia do cinema do cinema também está associada a elementos que muitas vezes não damos devido valor, como a trilha sonora. E quando pensamos nessa questão não podemos esquecer de John Williams. No documentário, lançado no segundo semestre de 2024 na Disney Plus, A Música de John Williams acompanhamos curtos recortes na carreira e vida pessoal desse genial compositor e maestro de 92 anos autor de temas inesquecíveis: Star Wars, Superman, ET – o Extraterrestre, Jurassic Park e tantos outros.

Nesse glorioso passeio pela criação e emoção de forma preponderante para uma obra cinematográfica nos encontram depoimentos de amigos, músicos, cineastas e sua família, sem esquecer de mostrar as origens de suas mais belas contribuições à sétima arte. A narrativa encontra sentido por meio de uma linha temporal detalhando os primeiros trabalhos, suas referências e o poder que uma orquestra possui. História é o que não falta.

Desde os tempos de pianista seguindo a carreira no jazz, que teve como grande referência o próprio pai, já no fim dos anos 1950, após voltar do exército começou sua estrada associada à Hollywood chegando ao grande reconhecimento anos depois assinado a trilha sonora de Tubarão. E por falar nessa obra, o diretor da mesma, Steven Spielberg marca presença no projeto, praticamente um capítulo à parte, já que John Williams fez a trilha de quase todos seus filmes.

Capaz de entregar a emoção de forma preponderante para um filme, a importância da trilha sonora é um ponto fundamental e amplamente debatido por aqui. Desde os primórdios da adição desse elemento no corte final até as novas tecnologias, além da importância citada do uso das orquestras, esse documentário – que teve um lançamento limitado nos cinemas de Nova York, Los Angeles e Londres - se torna um projeto atemporal para profundos debates.

Indicado mais de 50 vezes ao Oscar, vencendo em cinco oportunidades, John Williams é um daqueles nomes que os amantes da sétima arte nunca irão esquecer. Tendo em vista o sucesso na ampla contextualização dentro da narrativa, que passa pelos principais sucessos do compositor sem deixar de entregar acontecimentos importantes no tempo e discurso proposto, A Música de John Williams é um documentário inesquecível.

 

 

 

 

 

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19/12/2024

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Pausa para uma série: 'O Dia do Chacal'


Escrita pelo britânico Frederick Forsyth no início da década de 1970, a clássica obra político e espionagem O Dia do Chacal já ganhou algumas adaptações cinematográficas ao longo do tempo. Em 2024 foi a vez da obra virar uma série na Disney Plus, com ares novelescos, que se sustenta na força de um camaleônico personagem com uma associação interrogativa com traumas de um passado que se apresentam para inúmeras interpretações. Com direito a cenas de total violência dentro de um enigmático quebra-cabeça emocional, essa adaptação busca nos laços - e na quebra deles - trazer ritmo empolgante para uma geração que nunca ouviu falar desse personagem.

Na trama, trazida para o presente em uma Europa cheia de conflitos políticos, conhecemos um assassino de aluguel de alcunha o Chacal (Eddie Redmayne), contratado para realizar serviços quase impossíveis. Vivendo num casa luxuosa e repleta de mentiras ao lado da esposa Nuria (Úrsula Corberó), o protagonista tem um último serviço para enfim tentar a aposentadoria. Mas Bianca (Lashana Lynch), uma agente do MI6, está cada vez mais perto de descobrir seus planos.

Buscando num embaralhado de referências sobre as origens do personagem adaptados para o mundo de agora, esse seriado de 10 episódios tem alguns lados pouco abordados em outras obras sobre o universo de O Chacal. Um ponto são os laços amorosos dele pela esposa e o filho, fato esse que torna a vulnerabilidade algo nítido o que causa estranheza por conta da meticulosidade e frieza que é conhecida. Algo parece não bater por aqui, mesmo que há a compreensão de ser uma nova releitura. Com essa nova faceta apresentada, alguns episódios rumam para um novelão repleto de clichês mas que são compensadas por um emaranhado de ações alucinantes e sequências de tirar o fôlego.

As cenas de espionagem e ação são muito bem dirigidas, Eddie Redmayne encara seu personagem com competência deixando um monte de interrogações sobre seu modo de pensar e tendo o sangue frio no gatilho quando preciso. Essas características aproximam o espectador sobre a natureza desse vilão. Seus duelos com Bianca, mesmo que de forma confusa e previsível em muitos momentos, são parte de um alicerce que contornam o roteiro do seriado como um todo. A parte política e os outros vilões que se apresentam ficam em segundo plano, sem profundidade, num caminho de achismos.

O Dia do Chacal, longe de ser a obra-prima que poderia, conta com a força de um vilão já vivido por Edward Fox e Bruce Willis nos cinemas, que encontra em Eddie Redmayne um novo norte para camadas que poderão serem exploradas ao longo de temporadas. E por falar nisso, a segunda temporada já está garantida e deve chegar em breve na Disney Plus.


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15/07/2024

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Pausa para uma série: 'Debaixo da Ponte: A Verdadeira História do Assassinato de Reena Virk'


As marcas da maldade na busca por aceitação. Criado por Quinn Shephard, inspirado no livro Reena: A Father's Story escrito por Manjit Virk, o seriado Debaixo da Ponte: A Verdadeira História do Assassinato de Reena Virk busca uma ampla análise social, através de um assassinato ocorrido no final da década de 90 no Canadá, sobre um assunto que é vivo até os dias atuais: o bullying. Com o uso constante de flashbacks, percorrendo pedaços de décadas, o projeto usa os porquês para o seu alicerce narrativo gerando reflexões que vão desde a rebeldia indomável que se sobrepõe à inconsequência, até o abandono.

Na trama, conhecemos Rebeca (Riley Keough), uma mulher que volta para casa, na cidade de Vitória, capital da Colúmbia Britânica no Canadá, para escrever um livro. Logo após sua chegada, um terrível assassinato é cometido, uma jovem de 14 anos chamada Reena (Vritika Gupta) é encontrada sem vida levando a policial Cam (Lily Gladstone), uma velha conhecida de Rebeca, para uma complexa investigação, repleta de telefone sem fio, que foca em outros jovens que viram a vítima pela última vez.

Amizades ruins, crueldade, manipulação, mentiras, inveja. Partindo de uma protagonista com traumas no passado que vê no trágico ocorrido uma oportunidade para se libertar de algumas marcas, Debaixo da Ponte: A Verdadeira História do Assassinato de Reena Virk contorna o bullying para abrir outras portas com dois pontos que se destacam: a compaixão como elemento de análise com variantes intercessoras e o abandono. Esse último ponto, visto sob algumas perspectivas que se associam aos deslizes da imaturidade.

O contexto familiar da vítima ganha bastante espaço, principalmente em um dos episódios centrais. Filha de descendentes indianos, religiosos ligados à Testemunhas de Jeová, Reena se sentia em conflito pelas regras da fé imposta, chegando até um conturbado relacionamento com a mãe e uma desesperada busca pela aceitação, um elo definitivo para o encontro com outros jovens que nunca a receberam de braços abertos. 

Cheio de bifurcações que adentram camadas poderosas associadas às subtramas, o início, o meio e o fim parecem se associar conforme os episódios passam, com o passado e presente apresentando fatos e trazendo respostas. Não esperem revelações surpreendentes, o objetivo por aqui é usar os porquês para o seu alicerce narrativo. Assim, passo a passo e com muitos detalhes espalhados de forma implícita, chegamos na maldade, na psicopatia, no fardo carregado que ninguém ajuda, na dor, no coração magoado, na necessidade de se sentir aceito.

Protagonizada pelas ótimas Riley Keough e a indicada ao Oscar Lily Gladstone, com um capítulo completando o outro, num total de oito episódios baseados em fatos reais, essa minissérie cheia de caminhos para nosso refletir está disponível na Disney Plus. Merece uma maratona!



 

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07/01/2024

Crítica do filme: 'A Mão que Balança o Berço'


A terceirização da culpa. Trazendo para debate a psicopatia ligada à uma sede de vingança obsessiva, mais de três décadas atrás chegava aos cinemas um filme com um título bastante chamativo que consegue apresentar várias camadas na sua narrativa nos levando para dentro de um suspense eletrizante que emplaca suas estruturas em torno da maternidade. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Curtis Hanson, com roteiro assinado por Amanda Silver, o filme marcou a geração que viveu intensamente os anos 90.

Na trama, conhecemos o casal Claire (Annabella Sciorra) e Michael (Matt McCoy), ela uma dona de casa, ele um engenheiro genético. A dupla percorre seus dias felizes e com a recente chegada do novo filho resolvem ir procurar uma babá para ajudá-los, assim encontram Peyton (Rebecca De Mornay). Só que a nova babá não é quem diz ser e aos poucos emplaca um plano de vingança. O título do filme veio inspirado em uma frase escrita pelo poeta William Ross Wallace que relaciona a maternidade com as mudanças no mundo.

A narrativa percorre seu percurso na visão das antagonistas que possuem como ponto de interseção a maternidade. De um lado uma mulher feliz, com uma família estruturada que no início da segunda gestação sofre um forte trauma, um abuso médico durante uma consulta. Esse fato acaba sendo o motivo de seu destino cruzar com o de Peyton, essa última uma mulher que apresenta uma psicopatia doentia, em atos com requintes de crueldade, que terceiriza a culpa de suas tragédias no colo de Claire. Esse ping pong em relação ao ponto de vista é cirúrgico transformando um forte drama em um suspense eletrizante.

Indo mais a fundo nesse recorte sobre a vingança, o filme abre debates sobre a construção invisível do trauma e as formas como os abalos psicológicos podem influenciar todo o futuro de uma pessoa. Um prato cheio para quem curte psicológica. Pra quem quiser conferir esse ótimo filme tem na Star Plus!


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05/07/2023

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Crítica: 'Uma Babá quase Perfeita' (Revisão)


Um assunto de adultos na visão de todos. Camuflada de comédia mas com fortes traços de drama, principalmente sobre toda a problemática que gira em torno de um divórcio complicado, 30 anos atrás chegava aos cinemas um filme que marcou uma geração e marcou para sempre a carreira de um os mais artistas que o mundo da sétima arte já viu: Robin Williams! Dirigido por Chris Columbus e baseado na obra Aliás Madame Doubtfire, de Anne Fine, Uma Babá Quase Perfeita é um daqueles filmes sempre bom de rever!


Na trama, acompanhamos Daniel (Robin Williams), morador de São Francisco, na Califórnia, um ator com enorme coração mas sem emprego fixo, imaturo, também um pai que não consegue viver longe dos filhos após um doloroso divórcio. Sem saber o que fazer e já na linha do desespero, tem a inusitada ideia de se vestir de governanta mais velha e assim se candidatar a vaga de babá na casa da mãe dos filhos. Uma série de situações loucas acontecem e o protagonista passa por mirabolantes situações para manter o seu disfarce.


Profundo sem perder a ternura. Falar sobre divórcio é sempre complicado, principalmente em um roteiro que se aprofunda na visão dos filhos em relação a essa situação. Tudo é bem cirúrgico por aqui, se aproximando dos detalhes desse casal depois de uma década e meia juntos resolvem se separar, ela uma executiva e sócia de uma empresa de designer de interiores, ele um desajustado, imaturo que parece não levar a sério as responsabilidades do cotidiano. A dor, o sofrimento, o sentimento de mudança, o desespero ganham tons cômicos na figura de uma personagem que é o retrato de tudo que Daniel não conseguiu ser quando junto da esposa.


Vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem em 1994, Uma Babá quase Perfeita teve na maquiagem um fator importante. Robin Williams levava cerca de quatro horas e meia para se vestir na sua personagem. Reza a lenda que para testar a eficácia da maquiagem e sua personagem, uma vez Williams foi até uma livraria fora das gravações e não foi reconhecido. Falar desse ator é sempre muito especial, durante as filmagens improvisos atrás de improvisos eram vistos e o diretor Chris Columbus chegou a filmar com várias câmeras a mesma cena pois não sabia o que podia vir da mente brilhante do humorista que deixa saudades até hoje. E nossa... que saudades do Robin! Uma outra curiosidade, é que o papel da filha mais nova quase foi de Blake Lively mas na audição final o papel ficou com Mara Wilson.


Emocionante e engraçado, Uma Babá Quase Perfeita é um filme que sempre ganha uma nova leitura a cada vez que assistimos mas uma coisa é certa: mostra que o laços de amor são a base de qualquer família.

 


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31/10/2022

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Crítica do filme: 'Reflect'


Se aceite e seja feliz! No ritmo da leveza e da delicadeza, o curta-metragem Reflect, disponível no catálogo da Disney Plus, nos leva a refletir sobre a aceitação do nosso corpo. Se formos pensar mais profundamente, encontramos uma relação com a sociedade que ainda massacra as emoções criando traumas através de um padrão. O trabalho é assinado por Hillary Bradfield, em seu primeiro projeto como diretora, antes ela realizou inúmeros trabalhos no departamento de artes em filmes como: Encanto, Frozen 2 e mais recentemente no aguardado filme de James Cameron, Avatar: O Caminho da Água. Reflect apresenta a primeira protagonista plus size da história da Disney.


Na trama, que explora os conceitos de disformia corporal, acompanhamos uma bailarina que tem um grande problema com o espelho por não se sentir bem com seu corpo. Nas aulas de balé, se sente com vergonha mas acaba descobrindo uma maneira de encarar essa situação quando se aprofunda nesse conflito. Ela se projeta para dentro de uma metáfora sobre o medo percebendo que pode reverter toda sua não aceitação e a jogar para escanteio.


A perspectiva é a de uma bailarina, uma grande ideia do roteiro. A importância da dança, uma arte cultural, chega quando pensamos que a personagem está em um ambiente em que ela tem que olhar para si, mesmo não querendo. Interessante aqui a questão do espelho, mesmo não querendo olhar para si, ao redor seus reflexos, o conflito chega e a protagonista precisa entrar em uma jornada de encarar esse trauma. Podemos ler que o sentido de corpo nesse projeto é um compartimento de emoções, muitas vezes conflituosas, deixando nas entrelinhas as verdades sobre o caminho do viver e que os momentos ruins vão existir mas a aceitação está dentro da gente.


Impressionante como alguns curtos minutinhos nos fazem pensar sobre traumas, aceitações, dentro de uma metáfora objetiva e com uma mensagem super positiva: Se sentir feliz é uma grande arma contra qualquer medo.


 

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23/01/2022

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Pausa para uma Série: 'Gavião Arqueiro'


O complemento da história de um herói bastante família. Chegou ao streaming da Disney recentemente o seriado Gavião Arqueiro que se passa pouco tempo depois dos acontecimentos de Vingadores: Ultimato, nos apresentando um amargurado Clint Barton buscando seguir em frente com sua família após a perda da grande amiga, a viúva negra. Buscando elementos que façam paralelos com a época natalina, o projeto não se esquece das ótimas cenas de ação dentro de um drama quase existencial. Um dos méritos é conseguir deixar seu protagonista como coadjuvante em muitos momentos fazendo brilhar todas as subtramas de outros ótimos personagens que chegam (alguns reaparecem) ao universo Marvel.


Na trama, voltamos a encontrar o maior arqueiro do mundo, Clint Barton (Jeremy Renner), também conhecido como Gavião Arqueiro, super herói da formação clássica da Marvel nos cinemas, que durante a aniquilação de metade do mundo em Vingadores: Guerra Infinita acabou mostrando seu lado sombrio dando vida ao que ficou conhecido como Ronin. Mas aqui nesse seriado que se passa após a derrota de Thanos, Clint vai seguindo sua vida feliz com sua família, mesmo tendo que conviver com marcas tristes do passado. Ele resolve levar os filhos para um passeio em Nova Iorque e após descobrir que a fantasia de Ronin estava sendo usada por outra pessoa, manda as crianças de volta pra casa e vai investigar. Ele acaba assim conhecendo a também arqueira Kate Bishop (Hailee Steinfeld), uma jovem rica que descobre segredos que envolvem pessoas que Clint conhece muito bem. Assim, a dupla de super-heróis precisarão combater criminosos implacáveis pelas ruas de nova Iorque.

Os primeiros dos seis episódios que compõem esse projeto são dedicados para uma raio-x completo do estado emocional (e também físico) de Clint. Amargurado, com aquele olhar tristeza, se culpa a todo instante por não ter encontrado uma solução que não precisasse do sacrifício de Natasha. Sem super poderes expressivos como seus amigos Hulk, Thor, Capitão América entre outros, sempre teve que ser muito criativo para levar vantagem em cima dos vilões com suas criativas flechas certeiras. Querendo ficar longe de encrencas, sua grande alegria no presente (talvez única), seja sua família. Quando ele se depara com Kate mesmo não querendo percebe que precisa virar uma espécie de pai/mentor da jovem que pode ser nos filmes seguintes figura importante dentro do Universo Marvel nos Cinemas.


Kate, a protagonista do seriado, rouba a cena em muitos momentos. Uma jovem protagonista feminina, usa sua inteligência e pontaria para ir atrás dos bandidos. Por não ter muita experiência na função de super heróina, desliza no campo emocional e impulsivo, o que o seriado mostra em muitos momentos como os grandes conflitos da forte personagem.


A essência da família, os valores e questões são abordados a todo instante. Os conflitos oriundos dessa questão acabam moldando ações e consequências transformando o projeto em um rico e reflexivo entretenimento. Voltado a todos os públicos, Gavião Arqueiro consegue com muita simplicidade ser profundo e objetivo.

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05/01/2022

Crítica do filme: 'Encanto'


As diversas maneiras de falar sobre família. Super candidato a ser o ganhador do próximo Oscar de Melhor Animação, o longa-metragem da Disney, Encanto, é uma fábula bastante superficial e com pouco carisma que busca a todo instante tocar no assunto família e seus desenrolares. Dirigido pela dupla Byron Howard e Jared Bush, além de músicas assinadas pelo gênio da Broadway Lin-Manuel Miranda, o projeto se embala em um roteiro onde assume os riscos em que a descrição precisaria ser concreta mas começa com o conceito (extremamente complicado de entender) antes de construir sua protagonista.


Na trama, conhecemos a história da família Madrigal, que vive em uma vila onde todos sabem que moram em uma casa mágica e quase todos os habitantes da família possuem poderes que chegam em determinados dias de suas vidas. A exceção é a jovem Mirabel que durante sua cerimônia para saber seu poder acabou não recebendo nenhum, sendo, de alguma forma, deixada de lado por grande parte de sua família. Mas tudo isso muda quando quase que inexplicavelmente ela percebe que a casa onde gerações de sua família moram está perdendo força, assim parte em busca de respostas e soluções.


Ao longo de quase 100 minutos de projeção vamos buscando nos encontrar em um quebra-cabeça complicado de entender com assuntos mágicos e inusitados que buscam apresentar, traçar paralelos dentro de sentidos existenciais. Os diálogos são oásis dentro de um contexto mal desenvolvido, sem criatividade, algo raríssimo de se conferir em filmes da Disney. A relação familiar, através do ter ou não ter um poder (e qual o sentido disso?!), pode ser um caminho para o espectador que se esforçar para criar uma ponte de conexão com o filme, mesmo assim há lacunas que não ficarão preenchidas, vagando muitas vezes no vale perdido do achismo.


Falta carisma nos personagens. Dentro do drama, já que animação é apenas uma técnica, a aventura se mistura causando problemas em explicar os porquês dos conflitos de seus personagens, fator chave para qualquer roteiro. Por esse e outros motivos apresentados aqui, chegamos a triste conclusão que essa é uma das mais decepcionantes animações da competente Disney de toda sua história.




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08/09/2021

Crítica do filme: 'Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis'


As descobertas e redescobertas em uma homenagem à cultura oriental. Explorando o universo das artes marciais, suas doutrinas, seus sentidos e suas conexões, chegou aos cinemas nas últimas semanas o primeiro filme de mais um herói da nova geração do Universo Cinematográfico da Marvel, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Dirigido pelo cineasta Destin Daniel Cretton (do espetacular Short Term 12), o filme é um show de coreografias, cenas de ação de tirar o fôlego, com personagens muito carismáticos e atuações poderosas.


Na trama, conhecemos o jovem Shaun (Simu Liu), um manobrista sonhador descendentes de chineses que mora em São Francisco (EUA). Ele e sua inseparável amiga Katy (Awkwafina) vivem seus dias entre o trabalho, as reuniões familiares na casa de Kate e muitos karaokês. Até que certo dia, em um acidente durante uma viagem de ônibus, Shaun precisa revelar que na verdade chama-se Shang-Chi e precisa voltar à China urgente para avisar sua irmã Xialing (Meng'er Zhang) que ambos correm perigo porque o pai dos mesmos, Xu Wenwu (Tony Chiu-Wai Leung), está atrás deles. Assim, todos esses personagens embarcam em uma aventura sobre segredos, família, escolhas e muitas batalhas.


O que mais chama a atenção é como o filme, que tem pouco mais de duas horas de projeção, consegue se conectar rapidamente com o público. Há carisma por todos os lados, mesmo nas reflexões culturais que estão sempre presente nas linhas do roteiro, o que de fato leva o filme para uma profundidade dramática, a maneira como se lidam com os mais variados assuntos, principalmente os que envolvem família, é feita de maneira leve e com mensagens chegando rápidas ao nosso campo de reflexão. Como todo primeiro filme onde estão nos apresentando um herói (passamos por isso ao longo de todos esses anos com a chegada de todos os Vingadores) a busca pelos detalhes é importante e o preenchimento da tela com atores e atrizes fantásticos, (como Tony Leung Chiu-Wai, vencedor do prêmio de melhor ator do Festival de Cannes por seu papel no inesquecível filme de Wong Kar-Wai, Amor à Flor da Pele) é fundamental para esse sucesso.


O protagonista é trazido para a realidade do trabalhador e sonhador que vive em solo norte-americano criando uma espécie de contraponto cultural principalmente quando pensamos na riqueza de sua origem, com a fabulosa história de como seus pais de conheceram e como sua mãe fora figura chave na formação de sua vida, suas escolhas. Tudo acaba fazendo muito sentido no final, principalmente quando olhamos da ótica de Shang-Chi , seus conflitos com o pai, a irmã, em busca de sua identidade que acaba sendo o elo perfeito para chegar até aonde todo mundo queria saber como chegaria: a equipe dos vingadores. Ótimo filme! Vale a pena conferir!

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27/06/2021

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Crítica do filme: 'Luca'


As descobertas da amizade, dos valores harmônicos das primeiras sabedorias sobre a felicidade. Lançado no canal de Streaming da Disney (Disney +), o longa-metragem de aventura com técnicas de animação, Luca, parece ter uma história bobinha, superficial mas acabamos o filme com lindos pontos de reflexão para pensar sobre, tamanha a profundidade que alcança seus ensinamentos, principalmente sobre a amizade. O roteiro também abre espaço para fazer poesias filmadas com os sonhos de um carismático protagonista que adora descobrir as novidades de um mundo cheio delas ao seu redor. Belo filme dirigido pelo cineasta Enrico Casarosa.


Na trama, conhecemos o jovem ser aquático Luca que vive com sua mãe, pai e avó debaixo d’água sendo ensinado desde cedo que não deve de jeito nenhum tentar chegar a superfície por conta dos perigos. Certo dia, consumido por uma curiosidade tamanha, fica mais distante de casa chegando perto da beira do mar quando encontra um outro jovem que nem ele, chamado Alfredo, descobrindo assim que quando sai da água ele vira um ser humano não aquático que nem todos os outros. Assim, acaba embarcando em uma grande aventura em busca de sonhos e de ganhar um super prêmio numa gincana da região. Para tal, receberá também a ajuda de Giulia, uma jovem de sua idade.


Navegando um pouco sobre a cultura italiana, o que é sempre enriquecedor em filmes para todas as idades, Luca mistura o inusitado com o universo do sonhar tendo ainda uma reta na paralela, que acompanha toda a aventura, que aborda a força da amizade, seu valores. Alguns momentos peixe, outros momentos ser humano que nem a gente, o modo construtivo de pensar sobre o que ainda não conhece se junta ao momento chave na vida de todos nós quando começamos a ligar os pontos da vida. Dentro de um uma linda paisagem, sendo a porta de entrada para seu sonhar, o protagonista descobre a força do amor pelos livros, pela amizade, através também do sofrer.


Dos criadores de Toy Story e DivertidaMente, o projeto está disponível na Disney+, um ótimo divertimento para baixinhos e altinhos, todo mundo que sabe toda a força que possui o sonhar.

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01/01/2021

Crítica do filme: 'Soul'


Se você pudesse ver toda sua vida até aqui e além disso refletir sobre ela, você viraria uma pessoa melhor? Lançado na plataforma Disney+ , ainda sem chances de tela de cinema, Soul é um inteligente drama com pitadas cômicas de aventura usando a técnica de animação. Emocionante, foca no inusitado universo das almas, o curioso espaço entre o físico e o espiritual. Não importa sua religião, esse é um projeto, dirigido pela dupla Pete Docter e Kemp Powers, que nos apresenta a esperança e a importância dos valores emocionais para qualquer ser vivo. É uma animação para grandinhos mas onde também a criançada pode aprender bastante de forma muito divertida. Não ganhou as telonas do cinema (ainda, quem sabe...) mas ganhou nossos corações.


Na trama, conhecemos o músico e professor de música no colégio Joe (Jamie Foxx – dubla na versão original), um homem solitário que tem a paixão pela música e mais especificamente o Jazz como motores de sua felicidade. Certo dia, consegue a grande chance de sua vida e tocar em um quarteto de uma grande diva do Jazz. Só que Joe acaba sofrendo um acidente e acaba indo parar em uma espécie de pré-paraíso, um mundo das almas, onde conhece 22 (Tina Fey – dubla na versão original) uma alma descrente sobre a vida. Enquanto seu corpo está respirando por aparelhos no hospital, Joe e 22 embarcarão em uma aventura para tentar levar Joe de volta a seu corpo e também fazer com que 22 muda suas ideias pré conceituais do mundo.


Há muitas portas abertas para se refletir sobre esse lindo projeto. Sonhar não mata fome de ninguém mas é imprescindível nessa vida louca e repleta de obstáculos que nós vivemos. O sonho é motor importante para o protagonista, as vezes um pouco ingênuo sobre as questões mundanas mas tendo a música como elemento que o integra de certo forma as relações sociais. Passando pelo universo das habilidades vamos caminhando em teorias animadas e bastante sensíveis sobre nossa existência, além disso, O filme pode se tornar uma bela e gratuita sessão de terapia para aquelas almas que ao assistirem a esse filme encherem seus corações de sentimentos variados. Vale a menção que esse é o primeiro filme da Pixar com um protagonista negro.


O roteiro é maravilhoso, dentro da narrativa existencial, surpreendentes paradoxos caminham com Joe e 22 e dão muito sentido ao que os personagens estão vivendo em suas reflexões, como o protagonista receber conselhos amorosos de uma alma que nunca nasceu. Soul é um projeto recheado de boas intenções que rouba nossos corações do primeiro ao último minuto. Viva a vida!

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24/12/2020

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Crítica do filme: 'Três Solteirões e um Bebê' (Revisão)


Há mais de 30 anos atrás, uma comédia atemporal e que transpira carisma chegava a vista dos cinéfilos. Dirigido pelo eterno Spock, Leonard Nimoy (sim, ele mesmo!), Três Solteirões e um Bebê fala de forma leve e engraçada sobre a paternidade na visão de três adeptos do ‘solteirismo’ que precisam readequar suas vidas quando um bebê de poucos meses é deixando na porta de onde moram. Disponível no streaming Disney+ (assim como sua continuação), o longa-metragem de enorme sucesso é protagonizado pelos ótimos Tom Selleck, Steve Guttenberg e Ted Danson. A trilha sonora, com a música chiclete Bad Boy, segundo single lançado pela banda americana Miami Sound Machine liderada por Gloria Estefan, é excelente.


Na trama, conhecemos três amigos muito bem sucedidos que moram em uma cobertura em Nova Iorque. Peter (Tom Selleck) é arquiteto, Michael (Steve Guttenberg) é desenhista e Jack (Ted Danson) é ator, todos eles são adeptos da vida boa e cultivam sua solteirice como modalidade de vida. Tudo muda quando um bebê é encontrado na porta da casa deles dizendo ser filha de Jack. Como o papai viajou para a Turquia para rodar um filme, Michael e Peter precisarão passar dias muito intensos, confusos e engraçados tentando cuidar da nova hóspede.


O foco principal é a paternidade em uma visão muito bem elaborada dentro de um roteiro simples onde a própria história ganha seu brilho através das lentes de Nimoy. Os personagens são ótimos, se encaixam com perfeição dentro de um contexto importante para a época mas a história não deixa de ser atemporal mesmo após mais de três décadas. O relacionamento pais e filhos pode ser mostrado de muitas formas, Três solteirões e um Bebê nos apresenta uma forma muito descontraída que o amor de quem cuida é o que vale no final das contas.

 

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17/07/2020

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Pausa para uma peça de teatro filmada (Pro-Shot): #1 – Hamilton


E se ganharmos nossa independência? Ampliando a criatividade de levar ao público de todo o mundo uma das peças de teatro da Broadway mais badaladas dos últimos anos, a Disney, no seu streaming Disney+ lançou o Pro-shot (em curta explicação, seriam gravações de números teatrais compondo um filme) do badalado musical Hamilton. Ao longo de quase três horas de duração, vamos por meio de textos cantados em forma de rap conhecendo a história de Alexander Hamilton, um dos criadores dos Estados Unidos e que inclusive dá rosto à cédula de dez dólares. No papel principal, o grande criador do espetáculo (baseado na obra do historiador Ron Chernow), o Hors concours das mentes criativas atuais quando pensamos em musicais, Lin-Manuel Miranda. Pulsante, inovador e beirando ao extraordinário, Hamilton, do primeiro ao último minuto, mostra ao que veio. Não desperdiçou sua chance, chance.

Nessa história cheia de situações políticas e decisões que colocaram um novo rumo, desde a independência norte americana até os primeiros governantes dessa hoje potência mundial, acompanhamos a trajetória pouco comentada de Alexander Hamilton (Lin-Manuel Miranda), um órfão que veio de navio de uma das ilhas do caribe para se tornar em pouco tempo figurinha carimbada nas rodadas políticas de independência e depois dos bastidores das escolhas dos primeiros que assumiram o poder. Repleto de escolhas, de uma traição dolorida, duelos de armas, inveja, amizades, lealdades somos testemunhas de uma grande história de um dos pais fundadores dos Estados Unidos.

Musical raiz, daqueles onde todas as linhas do roteiro são cantadas pelos artistas em cena, Hamilton estreou anos atrás no off-broadway, com as rápidas críticas positivas de crítica e público passou a ser apresentado na galeria principal das ruas da broadway se tornando um fenômeno artístico poucas vezes visto nos últimos anos. Sua mistura de história antiga, com raps, misturas equilibradas de palavras em contextos antes complexos de explicações por todo o blá blá blá político, além de um elenco inspirador e extremamente competente transformam essa saga de Hamilton em uma experiência única.

Em uma época de pandemia inesperada, um pro-shot simbólico, de um dos maiores sucessos da história da Broadway, pode ser o caminho para muitas outras ótimas peças de teatro, musicais ou não, conseguirem chegar até o público através das plataformas de streamings.

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02/07/2019

Crítica do filme: 'Free Solo'


Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Contando a impressionante saga, e o grande desafio, de um dos mais habilidosos escaladores solo do mundo, Free Solo, o documentário vencedor do último Oscar é uma jornada eletrizante por dentro das emoções de um homem e seu desejo peculiar. Tudo é muito bem feito nesse filme, as imagens são de tirar o fôlego, você se emociona, se diverte e não consegue tirar os olhos para saber como termina essa impressionante aventura. Um dos melhores documentários dos últimos tempos, vencedor de 23 prêmios internacionais.  

O enredo desse Doc. é simples, somos apresentados a Alex Honnold, um escalador norte americano que pratica a escalagem sem cordas por meio de diversas paisagens enormes do chão ao topo. O sonho desse corajoso jovem é escalar ‘solo’, sem qualquer outro equipamento de segurança, as falésias de granito do El Capitan, no Parque Nacional de Yosemite que fica nas montanhas da Serra Nevada, na Califórnia, EUA. Mas a missão não será nada fácil, acompanhando o preparo mental e físico de Alex ao longo de um grande período, além do seu recente relacionamento que modifica demais o pensar do protagonista, o filme vai nos guiando em uma aventura inesquecível.

Os componentes que envolvem essa saga são de, seus amigos, sua família e sua namorada vão preenchendo as lacunas que ficam soltas, já que Alex é uma pessoa muito tímida e que pouco se abre. A partir do novo relacionamento com sua namorada, parece que há uma mudança no modo de pensar, medos inexistentes começam a surgir bem claramente a sua frente e por um triz todo o projeto de realizar essa escalada não tem um desfecho mais triste.

Produzido pela National Geographic, Free Solo, é antes de mais nada uma grande experiência, não só marcante na vida de Alex mas também para aqueles que tiverem a oportunidade de assistir a essa história marcante.

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