Uma jornada fúnebre e sangrenta. Disponível na MAX, Fundo do Poço nos mostra a trajetória de um homem bem sucedido, prestes a morrer, e seus enfrentamentos aos últimos dilemas que percorreram toda sua vida. Ao longo de 90 minutos de projeção, entre tragédias na iminência, vamos caminhando para reflexões num retrato de um leve despertar da solidão. Dirigido por Rightor Doyle, o filme bate na tecla da sexualidade, assunto que contorna os desenrolares de um roteiro que se desenvolve na harmonia entre uma bolha melancólica e um humor afiado.
Na trama, conhecemos Gary (Zachary Quinto), um homem em busca de realizar os últimos desejos
já que tem um câncer inoperável no cérebro. Completamente sozinho em uma enorme
mansão, já que sua família o abandonou quando contou que era gay, um dia ele
resolve contratar Cameron (Lukas Gage),
um massagista com fins sexuais. Quando uma série de situações acontecem nesse
dia, passando por encruzilhadas, dilemas, arrependimentos e descobertas de instantes
de felicidade, essa dupla de desconhecidos precisará vencer alguns obstáculos.
Um dia caótico, regado à sangue, inusitados momentos e a
necessidade de enfrentar as consequências. Através do despertar de um
personagem reprimido que buscou durante toda sua vida ser um exemplo da hipócrita
imposição da sociedade dentro do conceito da moral e bons costumes chegamos em
uma série de situações que conseguem em ótimos diálogos nos levar para várias
reflexões. A narrativa se impõe com dinamismo, com o uso de um ritmo frenético
onde a intensidade das emoções afloram e são vistos em cena através de uma
direção de arte que diz muito pelas entrelinhas.
Tendo a sexualidade como epicentro dos conflitos que se
seguem, o roteiro encontra um caminho interessante para desenvolver um alguém
que está preso em uma melancolia e enxerga de forma abrupta seu despertar
através do olhar de um outro personagem que também passou por dramas parecidos.
É uma dupla que funciona em cena. Junto a isso, outros personagens aparecem
nesse liquidificador que encosta no caos, nas despedidas, mas tendo as ironias
do destino a seu favor.