25/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #57 - Johnny Soares

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje tem um currículo maior do que os filmes do Lav Diaz. Uma das mentes mais geniais que já conheci, Johnny soares é ator, Consultor, Escritor, Professor Universitário e Jurado do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro! Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá/RJ (2018); Pós-graduado em Mídias Digitais e Interativas pela Faculdade de Tecnologia Senac Rio (2011); MBA em Marketing Empresarial pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2008); Especialização em Planejamento de Comunicação pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM, 2004); Bacharel em Comunicação Social (Publicidade/Propaganda) pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000). Atua há mais de 22 anos no mercado publicitário, de marketing e design. Coordenador da Pós-graduação em Gestão de Marketing e Estratégias Digitais da Faculdade Mackenzie Rio e da Pós-graduação em Planejamento Estratégico para Mídias Sociais da Faculdade de Tecnologia Senac Rio. Profissional de Marketing do Ano no Prêmio Colunistas 2012. Possui mais de 30 prêmios de criação e marketing. 1º e 2º Lugares no Prêmio Educação Profissional: Inovação e Qualidade 2015 e 2016, do Senac-RJ. Prêmios About, Abemd, Festival de Publicidade de Gramado, Festival de Nova York, Festival de Londres. 

Obs: Um grande cinéfilo que quase foi meu chefe! Durante um tempo me aventurei como analista de redes sociais. Trabalhei numa empresa que ficava dentro de outra. Quando a parceria se desfez, a equipe fora desfeita. Na hora de ir embora, fui chamado na sala de um dos diretores, sentei numa mesa de frente para o mar e me perguntaram se eu queria continuar na outra empresa já que tinham gostado do meu trabalho. O chefão era o Johnny! Nunca mais o vi mas se eu soubesse na época que era tão cinéfilo tinha deixado meu livro para ele de presente. Espero vê-lo novamente querido amigo cinéfilo!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação?

Detalhe o porquê da escolha. Minha sala de cinema preferida é o Kinoplex São Luiz. Gosto muito também do Espaço Itaú, mas frequento mais o São Luiz porque é muito próximo de onde moro (costumo chamá-lo de "sala de cinema da minha casa"). Além disso, tem um pequena livraria, boas opções de comida pré ou pós-cinema na galeria. São 4 salas de exibição com filmes do circuito (na maioria), mas às vezes rola uns filmes de arte ou fora do "mainstream". Como eu sou muito eclético em relação a filmes, há sempre algum em cartaz que eu quero ver.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me lembro de ter visto foi ET - O Extraterrestre do Steven Spielberg. Era feriado do dia das crianças, e meus pais me levaram com minha irmã ao cinema. A sessão estava lotada!!! Cinema Tamoio, em São Gonçalo, que depois virou um supermercado. Lembro perfeitamente do cheiro da pipoca lançada para cima pelas crianças, do alvoroço, da sala escura, da tela grande e mágica. Tive um momento de epifania, de deslumbramento. Cinema virou sinônimo de celebração, de festa, de reunião de pessoas, de comunhão, de dia especial... cinema é totalmente sensorial, afeto e memória. É um dos lugares onde me sinto mais feliz.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Nossa! Difícil essa. Tenho muitos diretores favoritos: Hitchcock, Woody Allen, Stanley Kubrick, Tarantino, Kieslowski (amo a trilogia das cores), Fernando Meirelles, Walter Salles, Stanley Kubrick...é injusto citar um só. Mas como iniciei no cinema com um filme do Steven Spielberg, ele foi durante anos o meu diretor favorito. Nunca perdi um filme do Spielberg. Ele sempre foi para mim uma assinatura de filme popular de qualidade, de imaginação, de criatividade...minha adolescência foi assistindo à saga do Indiana Jones, do De Volta para o Futuro. Depois, mais maduro, conheci o Spielberg também mais denso e emocional, em filmes como A Cor Púrpura e A Lista de Schindler. Mas admiro muito também o Almodóvar, em especial por A Pele que Habito. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e poder falar da minha adoração por suas "películas".

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, com certeza. É um "road-movie" (truck-movie, bus-movie...rs) com um roteiro primoroso, uma interpretação magistral de Fernanda Montenegro, uma direção segura e sensível do Walter Salles, uma trilha linda e emocionante. E ainda tem Marília Pêra no elenco! Como um filme com essas duas grandes atrizes poderia dar errado?! Foi uma pena e uma grande injustiça não ter ganhado o Oscar de filme e de atriz. Uma das maiores injustiças do Oscar, aliás. O filme aborda de forma crítica o tráfico de crianças, revela um Brasil pobre, retirante, que muitos teimam em não reconhecer, e na sua viagem pelo Brasil vai transformando a personagem de Dora, numa relação linda com o pequeno Josué. É um filme que não me canso de assistir e reassistir. Já decorei até algumas falas.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é amar a sala de escura e se entregar às emoções das histórias que são contadas na grande tela. É ir a uma sessão de cinema numa segunda-feira de sol, à tarde, e não se sentir sozinho mesmo que você seja um dos poucos dentro da sala. Porque você está acompanhado de todos os personagens que habitam ou já habitaram aquele lugar cheio de vida e luz. É ficar até o final dos créditos, lendo os nomes de cada componente da equipe e só se levantar quando as luzes se acenderem e a magia fizer parte, agora, apenas da sua memória afetiva.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Isso é relativo. Como minha formação primeira é a Publicidade, entendo que cada sala de cinema tem seu perfil de público. E há público para todo tipo de cinema: de circuito, comercial, blockbusters, de arte... O que, infelizmente acontece é que as opções de salas para filmes de arte, menos comerciais, são muito poucas no Rio de Janeiro. E ficam concentradas na Zona Sul, o que acaba por reforçar um estigma de que moradores de outras regiões não gostam ou não frequentam (ou frequentariam) esse tipo de filme. O que não é verdade. No Rio de Janeiro, algumas salas da rede Estação foram fechadas o que prejudicou ainda mais essa falta de opção. O Estação Paissandu, que ficava no Flamengo e virou uma academia, tinha uma boa programação de filmes de arte. Sinto falta de maior variedade nesse sentido. É uma pena. Dessa forma, a pluralidade fica muito restrita, sobretudo geograficamente falando. Nesse sentido, não sei até que ponto o problema de uma determinada programação de um cinema é um problema do programador (o "não entendimento sobre cinema") ou uma "força do mercado", dos que mandam nesse business.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca! Com certeza, não! Quando a TV surgiu disseram que o rádio acabaria. E olha ele aí! Quando o videocassete surgiu disseram que o Cinema iria acabar. E não acabou. Nem nunca acabará. Ele irá se transformar, se modernizar...mas não acabar. Muito pelo contrário. Porque o cinema é um espaço de experiência sensorial: é visual, é sonoro, é olfativo, é degustativo, é tátil. É uma experiência muitas vezes compartilhada entre tribos. E cada vez mais as pessoas buscam viver experiências. Quanto mais sensoriais forem as salas de cinema, mais elas serão indispensáveis à raça humana.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Um filme que acho que poucas pessoas viram, mas é ótimo é A Dupla Vida de Véronique de Krzystof Kieslowski. É um filme bem antigo, de 1991, que conta a história de duas mulheres de 20 anos (Véronique e Weronika) que possuem uma estranha conexão. É um filme repleto de simbolismos e poesia. Acho lindo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Acho que devemos cuidar da saúde e proteger a população. Imagino o quanto está sendo difícil para as salas de cinema e seus proprietários, funcionários...enfim, toda a cadeia produtiva. Mas é extremamente difícil e perigoso reunir diversas pessoas, aglomeradas num espaço fechado. Uma saída para algumas redes é o Cine Drive-in, mas antes de ter uma vacina contra a Covid-19 eu não me sentiria seguro a voltar a frequentar uma sala de cinema. Infelizmente.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A qualidade do cinema brasileiro está cada dia melhor: o som (que era um grande problema tempos atrás), a fotografia, a edição, montagem, os roteiros...são sensacionais. Tanto que estamos exportando muitos profissionais. Infelizmente, o que não temos é um incentivo e um interesse genuíno do governo. A distribuição também não ajuda. A "lei" do mercado acaba sempre imperando e faz com que praticamente apenas os filmes de comédia (que levam milhões de brasileiros ao cinema, e isso é ótimo seja qual for o motivo) se estabeleçam e permaneçam por mais tempo em cartaz no circuito. Bacurau, no entanto, foi um ótimo exemplo de um filme brasileiro que conseguiu romper esse "sistema" ou padrão e permanecer em cartaz por muito tempo com sucesso. Espero por dias melhores para o Cinema Brasileiro. Precisamos todos nos unir para isso. Os que produzem e os que amam a sétima arte.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tenho muitos amigos atores e atrizes, então vou sempre assisti-los quando estreiam algum filme. Mas dos artistas que não tenho contato mais próximo e não perco nenhum filme tenho que citar a nossa grande atriz e dama Fernanda Montenegro. Não perco um filme com ela. Temos que reverenciar artistas como ela por toda sua trajetória no cinema e nas outras expressões da arte.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Meu refúgio para experiências mágicas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nossa! Tenho várias. Mas lembro de uma vez, quando estava assistindo ao filme Por Uma Vida Menos Ordinária, de Danny Boyle, um senhor levantou no meio da sessão e começou a esbravejar que aquele filme era "uma putaria, uma pouca vergonha, uma indecência"...o senhorzinho estava na frente, próximo da tela, então se levantou e foi caminhando até a saída (que ficava na parte de trás da sala) reclamando, resmungando...enquanto o espectadores chiavam com ele, pedindo silêncio. O filme que já era surreal ficou ainda mais divertido.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...:

Imperdível!!! Rs. Um filme que tem Lázaro Ramos e Wagner Moura (dois dos melhores atores de cinema de sua geração) contracenando com Carla Perez não pode deixar de ser visto.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Mas, de verdade, acho muito estranho. Porque acredito que a cultura cinéfila irá ajudar o cineasta a ter mais recursos, mais repertório, mais possibilidades estéticas, narrativas e artísticas para criar e dirigir seu filme. Se você trabalha em um setor, ama aquilo que faz, tudo o que se relaciona ao seu objeto de trabalho e paixão deveria te interessar. Então, acho muito esquisito um cineasta que não é cinéfilo. Para mim é uma contradição. Afinal, aprendemos muito com os filmes que assistimos ao longo da vida.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Fazer essas suas listas são difíceis, Raphael! Rs Como já vi muita coisa, obviamente já me surpreendi com muita coisa boa e já me deparei com muito lixo também. Não tenho um só. Rs. Mas o pior filme que vi recentemente (e olha que amo musicais) foi a versão cinematográfica de Cats. Meu Deus, como é chato! Longo, cansativo, com aqueles atores feitos em computação gráfica, roteiro rocambolesco... Framboesa de Ouro total! Apocalipse com o Nicolas Cage (tinha que ser! Rs) também é outra bola fora. É o fim do mundo mesmo, sem salvação! Rs.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #56 - Valério Fonseca

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é um ator e cineasta potigar que estudou na escola Darcy Ribeiro e roteiro na EICTV em Cuba. Valério Fonseca, dirigiu 15 curtas e finaliza seu primeiro longa-metragem chamado O Alecrim e o Sonho filmado em 2009 em Natal, contemplado pelo fndo setorial do audiovisual no edital prodecine 01/2016.

Obs: Conheci esse cinéfilo gente boa na época de programador do lendário Cine Joia. Eu sempre reservava um dia na semana para receber novos diretores com filmes (curtas, medias ou longas) para ver a possibilidade de colocar em cartaz os filmes deles. Valério me procurou e teve seu filme em cartaz, Remar é...

Todo o programador precisa ter espaço em seu dia a dia para conhecer novas obras, novos cineastas! Pena que tem programador que não assiste filmes!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Infelizmente aqui em Natal não há mais cinemas de rua. Já houve vários. Hoje o cinema se resume há salas mutiplex nos shoppings. Então depende do filme. As salas são do mesmo padrão.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que foi Marcelino pão de vinho no extinto cinema Rio Grande em Natal aos 7 anos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ingmar Bergman  -  Morangos Silvestres

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

VIdas Secas - Nelson P. Dos Santos. A adaptação cinematográfica primorosa da obra prima de Graciliano Ramos. Toda atmosfera conferida pelo autor de "Vidas Secas" está no filme de Nelson Pereira com direito a ultra realismo na morte da cachorra Baleia.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Seria aquele que alimenta suas emoções e percepções da vida com as imagens que vê nos filmes e ele leva isso a sério, ele é um estudioso e tem apetite voraz na hora de ver um filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nem sempre. As vezes a programação segue normas já estabelecidas pelo mercado, principalmente o americano. Há cinemas com boa programação em algumas cidades é feita por cinéfilos bons programadores.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca vão acabar.

 

8) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Estamos num bom caminho. Já conseguimos descentralizar o cinema e fortalecer o cinema no norte e nordeste. Atencao ao cinema pernambucano que hoje é dos mais importantes do país. Houve muito investimento nesses últimos 15 anos através do fundo setorial do audiovisual, não sabemos como será daqui pra frente.

 

9) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Beto Brant.

 

10) Defina cinema com uma frase:

Cinema é o sonho que a gente nunca acorda dele.

 

11) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Exatamente na fila do Cine Joia, há uns 10 anos atrás, uma cinéfila tinha visto o curta, MARIA NINGUÉM, que eu dirigi em 2008, porem ela discutia comigo que quem dirigiu o curta tinha sido uma mulher. Ela não acreditou em mim em 2010. Não tinha internet fácil pra ver no celular e acabar com a dúvida.

 

12) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca Vi. Só trechos. Não sou capaz de opinar.

 

13) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não.

 

14) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não falaria nenhum filme. Vi muito filme ruim na vida. Não curto quando o filme é sobrevalorizado como o famoso caso de "CRASH".

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24/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #55 - Santiago Dellape

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é cineasta e cinéfilo! Santiago Dellape realizou um longa-metragem, dois telefilmes e seis curtas que ganharam mais de 40 prêmios. É formado em Audiovisual e Jornalismo pela UnB, com estudos em Teatro, Cinema e TV pela UCLA (EUA). A Repartição do Tempo, seu 1º longa, foi premiado no 37º Fantasporto, em Portugal, e distribuído nos cinemas pela O2 Play. Dirigiu o telefilme de Natal Meio Expediente, coproduzido pela Globo Filmes e exibido em 77 países pela Globo Internacional.

Obs: Conheci pessoalmente esse grande cinéfilo num antigo cinema em jacarepaguá onde ele seria exibido o ótimo A Repartição do Tempo, seu primeiro longa-metragem. Espero que nos encontremos amis vezes querido cinéfilo!

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Atualmente é o Cine Drive-In de Brasília, que até pouco tempo atrás era o último da América Latina. Agora com a pandemia estão surgindo outros em várias cidades, mas eu fico com a tradição do nosso, que existe desde 1973 e que foi cenário do filme O Último Cine Drive-In, do Iberê Carvalho. Num passado que agora parece remoto eu escolheria a programação do Cine Brasília, sempre de muito bom gosto e com filmes de fora do circuito, além de ser palco do Festival de Brasília – que esse ano, dizem, deve migrar pro Drive-In.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que lembro de ter assistido no cinema foi Batman, de Tim Burton, devia ter uns seis anos de idade. Foi num cinema de rua que hoje não existe mais, o Cine Karim, que ficava numa área arborizada da superquadra onde morávamos. O filme me causou um tremendo impacto e lembro de ter ficado muito tempo impressionado com o assassinato do casal Wayne. No Natal daquele ano eu ganhei um saco de risadas do Coringa.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick - O Iluminado

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus – não só pelo virtuosismo técnico e pelo abalo sísmico que provocou na época, mas porque eu havia acabado de começar a fazer cinema quando o filme foi lançado, então CDD me influenciou e continua influenciando significativamente até hoje.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

Pegando a dica de um amigo, gosto de pensar no cinéfilo mais como alguém que ama os filmes do que necessariamente alguém que assiste um filme atrás do outro. De outra forma eu não poderia me considerar cinéfilo (rs). Acho que não assisto a tantos filmes quanto gostaria ou deveria enquanto diretor, mas amo o ritual – principalmente o de reassistir aos prediletos.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nunca me detive na questão, mas gostaria de acreditar que sim. É complicada essa definição “entender de cinema”, traz a noção de que o cinema precisa ser decifrado, quando prefiro crer que está acessível a todos. Por outro lado se for no sentido de “estudar”, acho que sim: o ideal é que a programação seja feita por pessoas que estejam constantemente estudando, ou seja, ampliando seus horizontes e assistindo aos mais diversos filmes, das mais diversas cinematografias.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Duvido muito. Talvez as salas precisem se readaptar aos novos tempos, mas não acho que a humanidade vá renunciar ao rito coletivo de se assistir a filmes numa tela grande, dentro de uma sala escura. É um hábito já por demais entranhando em nós e minha aposta é de que ele ainda vai nos acompanhar por milênios, assim como o teatro.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Crimes Temporais (Los Cronocrímenes), de Nacho Vigalondo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Nas cidades que cumpriram o isolamento e já observam achatamento da curva de infectados, e desde que sob um protocolo rígido de distanciamento e desinfecção, eu acho possível – no entanto eu mesmo não me arrisco nem recomendo!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Altíssima qualidade. Desde o mais nutritivo enlatado à mais sofisticada art house, temos cinema para todos os gostos. Penso que o mundo enxerga essa qualidade também, e a presença constante e numerosa do Brasil nas últimas edições do Festival de Berlim e de premiações internacionais como um todo é prova disso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Camilo Cavalcante, diretor.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Amor sem palavras, cinema mudo: não falo nada, você sabe tudo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu e alguns amigos que fundamos a Lumiô Filmes em Brasília uma vez fomos convidados a nos retirar do Cine Brasília porque estávamos com um garrafão de vinho Mioranza à tiracolo. Errados eles não estavam em nos expulsar.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

É a coda perfeita para o Brasil da década de 90.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Seria bastante recomendável, mas indispensável não é. Pode-se trabalhar como diretor contratado, sem qualquer envolvimento afetivo com o projeto, mas tenho para mim que esse comprometimento sempre se reflete no produto final.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Faces da Morte, Traços da Morte e similares. Independente das mortes serem reais ou encenadas olhando hoje em dia a ideia me parece abjeta, gostaria de poder “desver”.

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22/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #54 - Leonardo Ribeiro

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é formado em publicidade e trabalha como redator na área. Apaixonado por cinema e pela escrita, decidiu unir as duas coisas como um hobby e em 2012 começou a escrever críticas em um blog pessoal, o Olhares em Película (https://olharesempelicula.wordpress.com). Leonardo Ribeiro, dono de pensamentos super engraçados e curiosos que coloca em sua timeline do Facebook, escreveu também para o site Cult Cultura, por cerca de um ano, e em 2015 foi convidado para ser um colaborador do Papo de Cinema, onde segue escrevendo até hoje.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Fico dividido entre o CineSESC e o Belas Artes. A primeira é a minha favorita como espaço físico, desde o bar/café até a tela gigante, e a seleção dos títulos, mostras e festivais é ótima também. Mas o fato de ser apenas uma sala não permite tanta variedade na programação diária. Nesse ponto, o Belas Artes leva vantagem (pela quantidade de salas) e tem também o peso histórico do lugar.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tenho uma memória afetiva de Aladdin (primeiro filme que me lembro mesmo de ter assistido em uma sala de cinema), mas como lembrança mais consciente de “um lugar diferente”, acho que foi com Ronin, do John Frankenheimer. Filme que gosto muito até hoje e acho bem subestimado até.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil não responder de cara Hitchcock e Um Corpo Que Cai, mas vou escolher outro que admiro igualmente: Michael Cimino. E como favorito dele, O Portal do Paraíso, que tive a chance de (re)ver justamente na tela do CineSESC. Talvez a melhor experiência em sala de cinema que já tive. E pra falar de um entre os que estão vivos, James Gray, com Amantes” sendo meu predileto.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Paulo, Sociedade Anônima, por conta do refinamento em todos os quesitos (estético, narrativo, crítico) que lembra uma mistura de Resnais com Rossellini, mas ao mesmo tempo com uma personalidade única. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que é vivenciar o cinema para além do simples ato de assistir a filmes com alguma regularidade. Deixar que eles façam parte da sua vida em outras esferas e não apenas no momento em que se está diante da tela.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que boa parte sim, mas não a “maior” parte.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Por mais que o momento atual do mundo possa fazer com que repense um pouco, no fim, ainda acredito (e espero) que não. Acho que sempre existirão pessoas resistindo e defendendo a experiência de estar em uma sala de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Quatro Noites com Anna, do Jerzy Skolimowski. Grande parte da filmografia dele, por sinal, merecia ser mais vista.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mesmo sabendo, e lamentando, que as consequências possam ser definitivas, especialmente para os cinemas de rua, a preservação do bem-estar coletivo deve prevalecer.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho a safra nacional dos últimos anos muito boa. Bastante rica, diversa. Se abrindo mais ao cinema de gênero (como o de terror) e até mesmo conseguindo encontrar um equilíbrio maior entre o comercial e o experimental.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Júlio Bressane, talvez o último grande “inventor” do nosso cinema ainda em atividade.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O primeiro e o melhor refúgio.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Nâo me lembro de ter vivido nenhum momento muito inusitado, mas lembro de alguns divertidos, como uma sessão com apenas 5 pessoas na sala, incluindo uma mulher que se arrependeu de ter comprado um “Combo Jumbo” de pipoca e decidiu dividir comigo e com os outros 3 espectadores antes do começo do filme. A debandada geral (nos primeiros 5 minutos) de um grupo de senhoras que definitivamente esperava outra coisa de algo com o título Love (o do Gaspar Noé). Ou o atendente da bilheteria que ficou um pouco confuso na hora de vender um ingresso para um filme chamado O Próximo Filme, que foi exibido na Mostra SP de 2013.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Como nunca assisti na íntegra (apenas alguns trechos aleatórios no Youtube) definiria como “Um mistério ainda a ser decifrado”.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Para simplesmente dirigir, talvez não. Porém, para ser um grande diretor, sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tem um marcante pra mim, pois quando era moleque me gerou expectativas, e já na época as frustrou: Mortal Kombat - A Aniquilação. Dia desses estava passando na TV e tentei rever por certa nostalgia, mas desisti na primeira meia hora.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #54 - Leonardo Ribeiro

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #53 - Marcelo França Mendes

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje foi um lendário programador de uma das salas mais conhecidas dos cinéfilos brasileiros, O Estação Botafogo. Carioca, nascido na década de 60, é formado em Cinema na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Marcelo França Mendes com apenas 20 anos foi um dos fundadores do Cineclube Estação Botafogo e que originou o hoje circuito de cinemas Estação.

Obs: troquei rápidas palavras com Marcelo apenas uma vez em Fortaleza em um evento de salas de cinema independentes. Eu era o programador do Cine Joia na época. Gostaria de ter conversado mais com ele sobre cinema. Sempre fui fã do Estação, um cinema que mora no coração dos cinéfilos até hoje sendo inclusive mencionado diversas vezes nesse grande especial cinéfilo que estamos fazendo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho como dar outra resposta diferente de Estação Botafogo. Praticamente nasci lá, ainda quando era Cine Capri.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

APOCALYPSE NOW (Eu tinha 14 anos).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sergio Leone, ERA UMA VEZ NA AMÉRICA.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

LIMITE.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pessoas que vivem em outra dimensão.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

NÃO.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

NÃO.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

MAGIC GIRL.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

NÃO.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

ÓTIMA.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme:

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma viagem de emoção e conhecimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Certa vez uma senhora foi ao Estação Botafogo e na bilheteria pediu ingressos para Esqueceram de Mim 2. Expliquei que o filme não estava sendo exibido mas ela insistiu dizendo que viu na tv que o filme estava "num cinema perto de você". Como o Estação era o cinema mais perto dela, o filme teria que estar passando.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #53 - Marcelo França Mendes

21/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #52 - Malu de Martino

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa convidada de hoje é uma grande cinéfila de filmes sensíveis e lindos! Graduada em Comunicação pela FACHA no RJ, em Nova Iorque especializou-se nas escolas Global Village, New School, Downtown Community Television, Young Filmakers Vídeo Arts e New School Tv Academy. Malu de Martino já dirigiu o docudrama Ismael e Adalgisa, o documentário média-metragem Sexualidades; os longas-metragens Mulheres do Brasil e Como Esquecer, além do ótimo documentário Margareth Mee e a Flor da Lua. Em 2013, fundou a ML Produções, empresa produtora das séries Tuhu, o Menino Villa-lobos, Vinhos.BR e Tela sobre Tinta.

Obs: um dia eu ia a um encontro com uma amiga que se atrasou, ia chegar umas duas horas atrasada. Fui até o Espaço Itaú na Praia de Botafogo procurar um filme com um tempo de projeção que desse tempo de eu assistir ao filme e depois ir encontrar com minha amiga. Escolhi Margareth Mee e a Flor da Lua, senão me engano, nos primeiros horários da tarde. Não tinha muita gente, uma pena. Amei o filme, achei profundo e sensível.

Uma outra história com Malu: vi o Como Esquecer no Festival do RJ de anos atrás, aí teve uma entrevista no pavilhão onde era o QG do Festival antigamente. Adorei o filme e a coletiva do filme foi ótima, deu pra entender melhor várias questões abordadas nesse belo filme.

Nunca falei com Malu pessoalmente. Um dia chegará esse dia e tomaremos um café além de falarmos de filmes e filmes!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação! Qualquer sala do Estação! Lá foi onde estreie e exibi boa parte dos meus filmes. Toda vez que quero ir ao cinema vejo na programação o que está passando no Estação! É uma relação de afeto antiga! Meu primeiro filme, o média metragem, Ismael e Adalgisa, ficou 4 semanas em cartaz no circuito Estação! Precisa dizer mais?! rsrsrs

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi em Miracema, interior do estado do Rio. Meu tio Miguel, a quem dediquei esse primeiro média metragem, era gerente do Cinema XV. Eu passava férias lá e assistia todos os filmes! O primeiro que encantou mesmo meu olhar infantil, foi A Noviça Rebelde.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Aí é difícil...  mas vou eleger dois pra não decepcionar. Wong Kar-Wai. Meu preferido é Amor à Flor da Pele.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil de Walter Salles. Porque se trata de um tema universal tratado de maneira regional.  Tipo de abordagem que acho mais interessante.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É amar o cinema em toda a sua diversidade. É buscar algo mais na tela para além do entretenimento.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não necessariamente.... Há muito apelo comercial hoje em dia. Até mesmo nos circuitos dedicados a filmes fora do mainstream, exibem filmes comerciais.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso! Essa mágica da caixa escura deve durar pra sempre. Ela se reinventa frequentemente!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Céu Que Nos Protege de Bernardo Bertolucci. Talvez tenha sido visto no seu lançamento, mas percebo que muitos jovens com quem converso, não assistiram...

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se houver um protocolo que seja seguro, não vejo porque não... O problema é aplicar o tal protocolo. Não se vale a pena pros exibidores...

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre fui fã do Cinema Brasileiro e sempre serei!  Criatividade nos sobra! No momento, os filmes que estão pra ser lançados são de altíssima qualidade!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a maior diversão! rsrsrs. Ouvi isso desde criança!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma sessão da meia noite de Polyester, de John Waters, com direto a presença dele e do odorama (Cartela que permite ao espectador sentir cheiros através de raspadas periódicas indicadas na tela).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não vi...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Deveria! Pra fazer cinema, antes de tudo, é preciso amar o cinema!  E pra amar o cinema é preciso conhecê-lo!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Esqueço dos filmes ruins... Mas há poucos dias fui ver um, pra uma pesquisa, e não consegui passar de 10 min.... Anos 90 de Jonah Hill. Achei chatérimo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Viajo Porque Preciso. Volto Porque te Amo. De Marcelo Gomes e Karin Ainouz

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #51 - Ailton Monteiro

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

O convidado de hoje é mestre em literatura comparada pela Universidade Federal do Ceará. Membro da Abraccine e Aceccine, Ailton Monteiro mantém o blog Diário de um Cinéfilo (http://cinediario.blogspot.com) desde 2002 e contribui também com críticas para o site Pipoca Moderna. Fã de David Lynch, esse querido cinéfilo sempre está pelas redes sociais conversando com outros cinéfilos sobre a nossa amada sétima arte!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Minha sala de cinema preferida em Fortaleza é o Cinema do Dragão, que conta com duas salas. O cinema fica situado na Praia de Iracema. Lá tem a melhor programação da cidade, mais voltada a filmes alternativos, com ótima curadoria. E, ainda por cima, de vez em quando, rolam mostras muito especiais, como a que acontece no mês de janeiro, que mistura alguns dos melhores filmes do ano anterior com filmes ainda inéditos no circuito, e também com diretores convidados para debater as obras após sessões especiais. É lá também que festivais como o Varilux, o For Rainbow (de diversidade sexual), entre outros acontecem. É o cinema que tenho mais saudade neste momento de pandemia.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?

Acredito que já na infância, quando minha mãe me levava para ver os filmes dos Trapalhões, eu já me encantava com o cinema e pensava assim. Mas talvez essa visão mais próxima da cinefilia tenha começado um pouco depois, talvez com Aliens, de James Cameron. No entanto, foi só a partir do Oscar de 1989 que eu me entusiasmei a ponto de não querer mais passar nenhuma semana sem ir ao cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Dos diretores vivos, o meu favorito é David Lynch. E meu favorito dele é Cidade dos Sonhos, filme que eu considero o melhor do novo milênio. Mas se for incluir também os mortos, eu diria que é Alfred Hitchcock, sendo que meu favorito dele hoje em dia é Psicose. Aliás, os dois diretores têm muita coisa em comum.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Eros - O Deus do Amor, de Walter Hugo Khouri. É um filme que me encanta em muitos aspectos. Mesmo eu tendo nascido em uma cidade solar como Fortaleza, tenho uma forte identificação com São Paulo, com o cinza da cidade, com a grandeza ao mesmo tempo fascinante e assustadora. E o filme já começa com uma espécie de homenagem à cidade. E depois tem toda uma relação com a sexualidade forte nos filmes do diretor, mas que é mostrada como que andando lado a lado com a angústia, com um vazio existencial, como em algumas obras do Bergman. Além do mais, o filme já encanta com um time de atrizes lindas fenomenal. O fato de ser filmado em câmera subjetiva traz ainda mais erotismo e estranhamento. Adoro todas essas coisas. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim, ser cinéfilo é ter o cinema como uma das prioridades de vida. Mas não como uma obrigação, claro, mas como uma paixão, como uma extensão da vida. É sair do cinema e querer que o filme (no caso de filmes mais especiais, principalmente) fique com você mais um bocadinho. Escrever um pouco sobre o filme visto ajuda bastante no processo de ampliar a experiência de cinema, mas isso é mais uma sugestão e algo de que eu sinto necessidade. Há muitos cinéfilos que preferem não escrever nada e se confiar na memória. Além do mais, escrever demanda tempo e disposição.  

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Talvez até tenham pessoas que entendem de cinema por trás de certas redes, mas já entrei, por exemplo, em uma sessão de um filme com janela 1,33:1 que teve as partes de cima e de baixo cortadas para ficar como 1,85:1. A culpa podia ser só do projecionista, no caso. As grandes salas de cinema, porém, não passam esse interesse pelos filmes, apenas pelas obras que vão dar dinheiro. Quando aparece um ou outro filme menos comercial em uma das salas pequenas de cinema de shopping já é motivo de celebração. E com a cultura do filme dublado e também o advento do 3D, isso foi ficando mais difícil, pois, consequentemente, isso acabou levando a menos filmes disponíveis.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que sim. O cinema é uma arte nova ainda. Pouco mais de cem anos de idade. Então, muita coisa pode mudar. Sei que é uma forma de arte que já passou por uma infinidade de crises (grande depressão, advento da televisão, do videocassete, da internet, a pirataria, agora os streamings, e aí chega uma pandemia). Até então tem conseguido sobreviver. Mas é possível que sobreviva como aconteceu com outras formas de comunicação, como o rádio e a televisão, que foram perdendo terreno à medida que foram surgindo novas tecnologias, mas não a ponto de serem extintas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Apesar da Noite, de Philippe Grandrieux. Confesso que não é um filme fácil, muitos vão achar confuso ou longo ou talvez até desconfortável, mas há algo de muito fascinante e lynchiano nele e isso já foi motivo de eu ter entrado na viagem, de ter sido levado pelas sombras e adentrado a atmosfera de erotismo e medo que o filme impõe. Há uma intensidade incrível, com paixões avassaladoras. Nunca revi, mas a experiência no cinema foi inesquecível. Nem é tão obscuro assim, mas há muitos amigos cinéfilos que nunca viram.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não sei quando teremos a vacina e se as salas de cinema suportarão ficar fechadas durante tanto tempo sem correr o risco de quebrarem. Então, isso é muito complicado. Vejo pessoas dizendo que não irão ao cinema tão cedo. Pessoas que costumavam ir com muita regularidade. Eu já pretendo experimentar assim que abrirem, mesmo com toda esse estresse com distanciamento, máscara, álcool gel etc. 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que estamos vivendo um dos melhores momentos do cinema brasileiro. Os anos de 2018 e 2019, em especial, foram fantásticos, de dar gosto. Inclusive com representação e premiação em festivais internacionais. Obras lindas e importantes como Arábia, As Boas Maneiras, Bacurau, Deslembro, O Clube dos Canibais, Paraíso Perdido, Café com Canela, O Beijo no Asfalto, entre outros, são exemplos também de pluralidade. Mais mulheres dirigindo, mais filmes de gênero, mais filmes dirigidos por pessoas negras, mais filmes fora do eixo Rio-São Paulo. Ainda é pouco, mas estamos em um momento brilhante - ou pelo menos estávamos, antes dessa situação ruim de ter um governo federal que odeia a cultura. Pra mim, este momento representa o auge que chegamos desde a retomada.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Dos cineastas brasileiros vivos, quem eu mais gosto é do Beto Brant. Acompanho o seu trabalho desde o fim dos anos 1990. Uma pena que esteja filmado cada vez menos, não sei por quais motivos, sendo que seu último trabalho foi um documentário (Pitanga, 2017).

 

12) Defina cinema com uma frase.

 

Cinema é o sonho e é a realidade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em uma dessas sessões solitárias noturnas em cinema de rua do passado, fui ver 48 Horas - Parte 2, do Walter Hill. No meio do filme, uma moça pediu para se sentar ao meu lado. Ela dizia que um sujeito a estava incomodando nos assentos de trás. Eu falei que tudo bem. Eu me senti dentro de um film noir. Não lembro se chegamos a conversar durante o filme, mas ao final da sessão descobrimos que morávamos perto, pegamos o mesmo ônibus. Bem que eu podia ter aproveitado a situação e transformado essa história em uma história de amor ou coisa do tipo. Ficaria bem melhor de ser contada, mas depois apenas nos despedimos e não lembro se a vi novamente.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi este tão cultuado filme. Quem sabe um dia eu preencha essa lacuna. :)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não creio que necessariamente precise ser. Pelo menos não um cinéfilo como um Scorsese, um Bogadanovich, um Truffaut ou um Tarantino. Há diretores que chegam ao cinema por um outro caminho. Lynch veio das artes plásticas, por exemplo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acho que não tenho um franco-favorito entre os piores. Podia citar The Room, do Tommy Wiseau, mas esse é tão divertido em sua ruindade que eu chego a simpatizar... Pra mim, os piores são aqueles que tentam alcançar um grande público e muitas vezes até conseguem, mas que me causam um misto de preguiça com falta de paciência para eles. É o caso, por exemplo, de Piratas do Caribe e suas continuações. Acho insuportáveis esses filmes.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #50 - Robledo Milani

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é um apaixonado pela sétima arte! Criador e editor-chefe de um dos portais de cinema mais elogiados, o Papo de Cinema (www.papodecinema.com.br), Robledo Milani  é crítico de cinema e foi presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018).  Membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Milani é uma enciclopédia de boas histórias.

Obs: parece que conheço Milani a séculos, mas nunca nos falamos pessoalmente. O mais próximo disso foi num dia de credenciamento no Festival do RJ, em um luxuoso hotel em São Conrado na capital carioca. O vi de longe mas na hora de falar com ele, ele saiu correndo para entrevistar alguém. Um dia tomaremos um café e falaremos sobre cinema querido cinéfilo que admiro!


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A que eu mais frequento e a que eu mais gosto é o Espaço Itaú aqui em Porto Alegre, no Bourbon country. É um multiplex grande, são 08 salas, tem uma seleção bastante variada e acho que esse é o perfil que a gente segue no Papo de Cinema. A gente não fala só de clássico argentino, iraniano, japonês, australiano, polonês, a gente fala desses mas também fala dos filmes da Marvel, da Dc Comics, da Disney, da Pixar, a gente fala de tudo. Eu gosto de lá do Espaço Itaú porque eles exibem de tudo e as salas são confortáveis.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando eu era pequeno, por volta dos 10 anos, minha avó materna morava bem próxima de mim. Lembro que de tarde eu e ela íamos ao cinema, já que eu estudava de manhã. Nessa época, ela me levou para ver O Último Imperador. Foi uma coisa que nem lembro direito como foi mas foi muito legal. Lembro de ficar super chocado, foi um filme que me marcou demais. Com 12 ou 13 anos fui com um primo meu ver Laranja Mecânica e me lembro de sair muito chocado do filme, me traumatizou. Fui rever só 30 anos depois. Fiquei muito impactado com aquilo. Me lembro de Pulp Fiction, Drácula de Bram Stocker, Dança com Lobos, Silêncio dos Inocentes, filmes que vi muito jovem. Mas o primeiro filme foi De Volta para o Futuro, 1985, eu tinha sete anos ou oito anos, fui com minha turma de escola, o cinema abriu para nós numa sessão de manhã, e eu te juro: fiquei de queixo caído o filme todo. Ali eu vi que era um lugar de sonhos e magia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Muito difícil pra mim definir ‘o filme favorito’, ‘o diretor favorito’. Eu não gosto é de filme ruim! Tem alguns gêneros onde são mais preguiçosos os realizadores, tipo comédias românticas e filmes de terror. Tem muito filme ruim nesses gêneros, porque são muito repetitivos mas quando surge um que é bom eu adoro. Vou te dizer sobre os diretores que já dei curso: Spielberg, vi toda a filmografia dele – meu filme favorito é E.T. ; Fellini, eu vi toda a filmografia, dei curso sobre a obra dele, Amacord é o meu favorito. Esses dois estão entre os meus favoritos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Ainda é Central do Brasil. Me emociona e me comove. Atuações também ótimas, gosto muito de prestar a atenção. Outro dia eu vi O Caso dos Irmãos Naves, que também tem ótimas atuações. Quando eu vi Deus e o Diabo na Terra do Sol, pirei! Vi numa cópia restaurada. Pixote é maravilhoso. Tem muitos filmes incríveis! São Paulo SA, NOSSA, maravilhoso! Mas pelo sentimental e pela Fernanda que tá incrível eu vou de Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É amar cinema. Amar mais que reclamar. Hoje em dia as pessoas gostam de criticar. Elas acham que ser crítico é falar mal das coisas. Cinéfilo é amar cinema mais do que qualquer coisa. Cinefilia é não ter preconceito. Todos os filmes tem algo de bom.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. A maioria dos cinemas são feitas por pessoas que estão focadas nos grandes lançamentos de grandes estúdios.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não. Mas que vão se transformar? Sim, acho que vão. Acho que vão diminuir o número de salas, vão ter poucas mas de boa qualidade. Se tiver uma boa sala de cinema em cada cidade do Brasil é muito mais que hoje que temos dezenas de salas nas grandes capitais e os interiores são desabastecidos nesse sentido. O Cinema vai ser cada vez mais um lugar de espetáculo, de grandes momentos, de prazer coletivo. Acredito que aquele filme mais de nicho, de aproveitamento individual, você vai consumir mais na sua casa enquanto aqueles grandiosos vão ser direcionados para essas salas de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu vejo as pessoas mais desesperadas em ver aquele filme que alguém avisou que saiu no torrent e não viram os filmes dos anos 80, dos anos 60, dos 40, dos 20. As pessoas correm para ver os novos filmes mas não viram os que formaram essa história, que nos levaram até hoje. Fim de semana passado, estava vendo uma monte de filme de Netflix, Amazon, ai eu pense:, quer saber vou ver Hitchcock! Botei Janela Indiscreta pra ver, incrível esse filme! As pessoas tem que ver Chaplin, tem que ver Hitchcock, Fellini, tem que ir além, ver Glauber Rocha!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, acho que devem permanecer fechadas. Não é seguro e a gente tem que fazer só o que é essencial. A produção de cinema sim, eu acho que tem que ser feita, as pessoas tem que tomar os cuidados, vão ser outras histórias, outras formas de contar essas histórias, mas eu não consigo imaginar uma sala de cinema com 500 pessoas pra ver um novo vingadores, não consigo imaginar isso. Cinema hoje é cinema em casa! Em quanto não tiver uma cura e a gente não sair de uma pandemia as pessoas tem que se cuidar e segurança acima de tudo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente. O cinema brasileiro é maravilhoso. Só em 2019 foram quase 200 longas-metragens que estrearam nos cinemas ou em plataformas de streaming ou VOD. Uma diversidade incrível. A qualidade, a técnica, os atores, estamos cada vez melhores.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Walter Salles. Kleber Mendonça Filho, Marcelo Gomes, Karim Ainouz, Heitor Dhalia. São vários os artistas que não perco um filme.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Paixão, fantasia, sonho. Cinema é sonho.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

A gente já presenciou muita grosseria, gente que vai pra sala de cinema e acha que está em casa. Uma história inusitada? Ah! Quando fui ver Jerry Maguire, a mais de 20 anos, fui num cinema em porto alegre num cinema que não estava acostumado a ir, e eu lembro que eu ri muito nesse filme, gostei muito. Quando terminou a sessão, todo mundo saindo da sala de cinema, tinha uma amiga minha me esperando na saída e eu não tinha ido no cinema com ela, nem tinha visto, não sabia que ela estava na sessão. Aí ela me viu, me cumprimentou, ai eu perguntei como ela sabia que eu tava no cinema? Ai ela: “Robledo identifiquei sua risada! Você riu o filme inteiro e a sua risada é inconfundível. Quando ouvi a primeira risada, pensei: o Robledo ta aqui!” Aí eu me dei conta que estava rindo fora do tom rsrsrs. Mas foi bacana!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi. Mas quero ver. Um dia quem sabe eu vejo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não. Aliás, a grande maioria não só de cineastas mas de artistas também não são cinéfilos. No Papo de Cinema estamos fazendo lives todos os dias com artistas e muitas vezes eles respondem que não viram. Não é o trabalho deles ficar vendo filmes. O cineasta, o artista podem ter os seus favoritos mas a paixão deles é mais de fazer do que assistir. A paixão é do crítico de viver isso. Quando tem um cineasta que é cinéfilo, tipo Truffaut, tipo Scorsese, aí é o melhor dos dois mundos.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #49 - Caio Prates

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é ator de teatro e cinema desde a década de 80. No cinema participou do Filme da Minha Vida de Selton Mello. Caio Prates, nosso querido cinéfilo de hoje é um grande argumentador sobre cinema pelas redes sociais onde sempre compartilha dicas de filmes e também anota várias em ótimos tópicos de amigos cinéfilos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinemateca Paulo Amorim na Casa de Cultura Mario Quintana.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não lembro o primeiro mas marcou minha infância Professor Aloprado, com Jerry Lewis, no mezzaninno do Cinema Vitória.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen - A Rosa Púrpura do Cairo.

 

4) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é entrar dentro de um filme, sonhar num filme e levar lições de vida em outros.

 

5) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na maioria. Por isso a programação da Cinemateca Paulo Amorim na Casa de Cultura Mario Quintana é realizada pela apaixonada jornalista Mônica Kanitz.

 

6)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Nada substitui a sensação da reação emocionante de uma plateia dentro de um cinema.

 

7) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Chuvas de Verão de Carlos Diegues.

 

8) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com restrições de lugares.

 

9) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Mediana, tem bons filmes mas também tem comédias medíocres.

 

10) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

11) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a arte da delicadeza.

 

12) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No antigo Cine Scala assistia Interiores do W. Allen e no Cine Cacique, embaixo Exibia Batalha de Midway filme de guerra repleto de explosões. Conclusão silêncio de Interiores ao som de bombas do Sistema Sensurrond anos 70.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim Tarantino é cinéfilo com uma excelente obra cinematográfica.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Bruxa de Blair. Chaaato!

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