28/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #66 - Giovanna Landucci


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa convidada de hoje é uma grande cinéfila paulistana. Giovanna Landucci desde pequena assistia com seu pai pilhas de fitas VHS que ele trazia aos fins de semana de filmes e desenhos animados. Ao final de cada história ele gostava de fazer um exercício com ela e seus irmãos de interpretar as mensagens do filme. Assistiram 500 vezes Karatê Kid com esse intuito, por exemplo. Ele sempre queria que Giovanna e sua família aprendesse algo daquilo que consumiam. Por isso escolheu se formar em Publicidade, Propaganda e Marketing e há dois anos começou a escrever críticas e elaborar resenhas dos filmes que assistia. Cinéfila de carteirinha, também se considera serie maníaca afinal, o streaming e as plataformas digitais ganharam um espaço na vida de todos que não há como voltar atrás e vieram para expandir as áreas do audiovisual. Mas além de tudo isso, também é geek e adora o universo pop dos super-heróis e das sagas que assistiu tantas vezes nos desenhos animados. Tem uma grande dificuldade em escolher favoritos e fazer listas, mas quando o dever chama, precisa descobrir o curador que existe dentro de si e ir atrás de realizar um ranking sempre que necessário.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Adoro cinema de rua. O meu destaque vai para três salas que se dedicam a trazer filmes nacionais e estrangeiros que são mais voltados a festivais e fora do circuito hollywoodiano os chamados filmes "cult" (apesar de eu não gostar muito dessa nomenclatura). São elas: Petra Belas Artes, Espaço de Cinema Itaú e Reserva Cultural.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Fui assistir Free Willy com minha mãe e meu irmão quando estreou no cinema. Meu pai sempre teve a "mania" de pedir que a gente interpretasse a mensagem do filme, para que a gente dissesse o que aprendeu, e nesse filme meu irmão pequenininho (acho que ele tinha uns seis anos de idade) falou pra minha mãe: "Você é a minha baleia" isso nunca saiu da minha mente e acho que é um dos motivos pelos quais hoje gosto de escrever sobre cinema pra enxergar e colocar na escrita as nuances, as analogias, metáforas, e camadas dos filmes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Vixi, eu tenho um problema sério para criar listas e escolher favoritos. Mas, acho que serei clichê em dizer que Alfred Hitchcock com suas nuances de cinza, suas histórias ousadas, belas fotografias sempre me chamou a atenção. Psicose é um marco na história do cinema e Janela Indiscreta um dos meus favoritos, Os Pássaros tem cortes e fotografia lindos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Escolho um recente, apesar de inúmeros filmes maravilhosos que podemos apreciar, gosto muito de O Animal Cordial. Além de ser um filme que extrai o pior lado do ser humano e mostra nuances de terror psicológico, Gabriela Amaral Almeida conseguiu fazer terror brasileiro de um jeito que só víamos em Mojica e, fazê-lo com recurso, qualidade de som e imagem. Mas como nunca consigo ficar apenas com um, indico também Casa de Areia porque gosto de seu minimalismo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar cinema independente do país de origem do filme e do gênero ou estilo cinematográfico isso inclui também as novas janelas streaming e plataformas digitais e filmes mainstream, blockbusters ou fora do circuito hollywoodiano.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, acredito que a programação é feita voltada para o público daquele cinema. Quem escolhe a programação e desenha a grade, faz os acordos comerciais e reserva as datas para as distribuidoras precisam ter certeza do que o público daquela localidade gosta e quer ver e, para isso, pode-se ter somente noção de marketing e vendas. Mas claro que conhecer e gostar de cinema sempre será um diferencial do local.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu espero que não. Cinema não é só exibição de filme em uma tela grande, é um mergulho em uma experiência.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Pode ser mais de um? brasileiro: Cinema, Aspirinas e Urubus. Um clássico internacional (daqueles que são uma aula de cinema): O Encouraçado Potemkin e O Piano.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, mas tendo em vista que abriram parques, academias, shoppings, comercio como um todo, não vejo porque manter cinemas fechados, desde que estes se comprometam a fazer limpeza de ar condicionado, higiene das salas, ter seguranças para garantir o uso de mascaras, seguir os protocolos de distanciamento, etc, mas se você me perguntar o que eu faria, não iria ao cinema até ter uma vacina e não teria aberto nenhum destes outros estabelecimentos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nos últimos 20 anos só tem melhorado. Temos muitos cineastas novos com bastante potencial e nosso cinema possui qualidade de som, imagem, montagem, fotografia que não deixa a desejar tanto é que muitos filmes são premiados ou indicados a prêmios em festivais internacionais de peso, como Cannes, Veneza e Berlim.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Vou ser clichê e dizer que amo Fernanda Montenegro seja uma pequena ponta ou um protagonismo ela é incrível e indispensável ao cinema nacional.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma expressão de arte que encanta e transmite vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ahhhh fui assistir a um filme de terror (gênero que admiro mas que tenho muito medo ainda mais daqueles que possuem muito jump scare) e um casal sentado atrás de mim, a menina ria o tempo todo e narrava o que estava acontecendo no filme. Eu sou do tipo que pede pra pessoa respeitar e parar, me bateu um nervoso...

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

O filme em si é ruim, diria que uma Lua de Cristal versão axé music, tem enquadramentos ruins, roteiro mal elaborado, cenas desnecessárias e as vezes mal feitas, mas retrata a realidade de muitos brasileiros do sertão nordestino que migram pra cidade grande em busca de melhorar de vida (o tal do êxodo rural) então tem sua parcela de importância na história do cinema nacional. Só que é por existir filmes assim, que lembram as chanchadas e o trash movie (ou filme B) que o brasileiro não valoriza nosso cinema.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Carl Gustav Jung falava muito sobre o inconsciente coletivo e sobre o homem e seus símbolos, a partir daí Campbell criou a teoria da Jornada do Herói que é utilizada para construção de roteiros. Acho que para se dirigir um filme precisa ter referências, não somente vivências e experiências próprias mas também, estudar muito (não é só ter feito faculdade de cinema e cursos técnicos da área) mas criar estas referências, ler bastante, ser antenado. Obvio que se somado a isso, você é cinéfilo e conhece muito de cinema, é um plus para sua paleta e construções que venha a realizar, afinal, quanto mais conhecimento, melhor!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Atualmente 365 dias da Netflix. Mas sou do tipo que não acredita em filmes ruins, acredito que cada filme tem seu público alvo e sua mensagem, talvez porque eu tenha formação em publicidade eu enxergue desse jeito, mas, meus amigos cinéfilos e críticos costumam dizer que eu gosto sempre de tudo. Se bem que atualmente estou mais seletiva tanto é que pra mim 365 Dias é um desserviço e uma grande porcaria (nunca pensei que um dia eu fosse dizer essas palavras sobre um filme)

 

17) Qual seu documentário preferido?

Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos e Torre das Donzelas (eu avisei que não conseguia fazer lista pequena rs)

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, filmes que encerram grandes sagas como por exemplo no caso de Star Wars e Vingadores me arrancaram palmas, e exibições de filmes brasileiros que mereceram o reconhecimento como foi o caso da oportunidade de assistir no Teatro Municipal dentro da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo a Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou e A Vida Invisível.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #65 - Janine Bastos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa convidada de hoje é formada em Cinema desde 2003 pela Universidade Estácio de Sá. Janine Bastos se especializou em Direção de Arte onde assinou em 2004 a Direção de Arte do Projeto Curta Criança para TVE com o filme A Missa dos Mortos, do diretor Roberto Maxwell.  Atualmente trabalha como Produtora de Elenco em longas -metragens como os mais recentes filmes Solteira Quase Surtando do diretor Caco Souza, Cano Serrado de Eric de Castro, Rir Pra Não Chorar e Por Que Você Não Chora? da diretora Cibele Amaral. Também é colaboradora do Labrff - Los Angeles Brazilian Film Festival na parte de produção e divulgação e Produtora executiva do Festival Internacional Pequeno Cineasta- FIPC em quatro edições, além de ter sido apresentadora de dois ciclos de cinema Espanhol do Instituto Cervantes no Rio de Janeiro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Frequento muito a Estação Net Ipanema além de ser muito próximo de casa a programação de filmes independentes é excelente já os filmes mais comerciais fico com o Kinoplex Leblon.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Comecei a frequentar o cinema aos 15 anos de idade e o primeiro filme que eu assisti foi Romeu e Julieta do diretor Franco Zeffirelli, sem ter idade para entrar, liberaram porque estava com o irmão da minha amiga que já tinha 18 anos e já achei aquilo o máximo mas o filme que me fez pensar que o cinema era um lugar totalmente te diferente foi Hair de Milos Forman.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São muitos mas tenho dois favoritos, Quentin Tarantino com os filmes Django, Bastardos Inglórios e o seu último filme Era uma vez em Hollywood. Wood Allen e dentre os filmes dele adoro Hanna e suas Irmãs, Meia noite em Paris e Match Point.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São muitos mas vou eleger Benzinho do Gustavo Pizzi, um filme que aproxima o espectador da realidade do cotidiano, da simplicidade de uma rotina familiar de afeto e cumplicidade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ser completamente apaixonado por estas histórias que a cada cena fazem o coração bater mais forte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito ter pessoas bem capazes sim pelo menos nos cinemas citados.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito e nem posso pensar nesta hipótese, são nas salas de cinema diante da grande tela que entramos em contato com a verdadeira magia.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Assisti recentemente o filme Madame da diretora Amanda Sthers com a maravilhosa atriz Rossi de Palma - França - 2017.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Na minha opinião não mesmo. Respeitei essa quarentena ferozmente e infelizmente vivemos em um país que muitos não convivem bem com regras mesmo com protocolos rigorosos acho difícil essa reabertura.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente, estamos crescendo a cada ano em todos os sentidos. Infelizmente o que nos falta é mais incentivo e reconhecimento do setor pois somos geradores importantes de emprego.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rodrigo Santoro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Imaginação sem limites.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Fui com uma turma de amigas assistir HAIR e naquela época todas estudavam na Cultura Inglesa que era o máximo, menos eu mas pra não perder a pose decorei parte da letra da música Aquariuns, estávamos todas cantando e no apsi do refrão deu uma pane no projetor e parou tudo eu empolgadíssima canto a todos os pulmões sozinha e errado “Asquerionnnnnnnn“, o cinema veio abaixo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras ...

Não assisti mas na época foi o assunto.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Ter conhecimento é fundamental e muito importante para dirigir um filme, acredito que necessariamente não precisa ser um cinéfilo de carteirinha mas aquele certo olhar é tudo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Já assisti alguns filmes ruins mas não tão ruins a ponto de guardar na memória.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Elena de Petra Costa.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, em vários.

 

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27/08/2020

Crítica do filme: 'A Caverna' (2017)


Quando o roteiro viaja para mais longe do que o próprio tempo. Sem querer (ou por querer, já que o filme é de 2017), surfando na onda de ficções científicas e filme de viagem no tempo que fizeram sucesso recentemente, inclusive uma seriado alemão sensacional nesta mesma plataforma que se encontra essa obra que estamos falando, A Caverna busca provocar sensação de enigmas mas se complica demais na hora de mostrar suas conclusões e ainda por cima não consegue entregar personagens intrigantes. Dirigido pelo dupla Mark Dennis e Ben Foster (com roteiro assinado pelo primeiro) produz pistas que não conseguem chegar ao apse da curiosidade de quem assiste do lado de cá da tela. Confuso durante seus cerca de 90 minutos, busca com câmeras focadas mostrar pistas que não levam a lugar nenhum. Às vezes a simplicidade dentro de um contexto complicado de explicar nos entregam bons filmes, mas não é esse o caso nessa produção da Netflix.  

Na trama, conhecemos um grupo de jovens que rumam ao desconhecido, e resolvem ir atrás de pistas sobre o paradeiro do professor e arqueólogo Hopper (Andrew Wilson) que desapareceu misteriosamente. Assim conseguem encontrar uma misteriosa caverna onde logo percebem que está tudo muito confuso quando a partir de situações que vivem lá dentro acabam descobrindo qe o espaço tempo está sofrendo um grande avanço na normalidade do tempo. Assim, buscando uma saída e tentando entender esse fenômeno que estão vivendo, eles precisam se unir para enfrentar situações para lá de inusitadas.

Espaço tempo, ficção, viagem no tempo, vida longe da Terra. A batida do liquidificador de Dennis possui tantos elementos complicados de explicar que o resultado acaba saindo de forma meio louca. O que vemos no desenrolar dos personagens é algo difícil de nossa mente processar, mas com curtos pensamentos e argumentos básicos de física já encontramos falhas ou questões que nos afastam das razões lógicas conclusiva que é apresentada, talvez somente não no engenhoso e surpreendente desfecho que nos faz franzir a testar e virar a cabeça pro lado.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #64 - Sabrina Fidalgo

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa convidada de hoje é uma multipremiada diretora e roteirista carioca. Sabrina Fidalgo foi apontada pela publicação americana BUSTLE em oitavo lugar como uma das cineastas mais promissoras ao redor do mundo numa lista com 36 diretoras internacionais. Estudou na Escola de TV e Cinema de Munique (Alemanha) e roteiro pela ABC Guionístas na Universidade de Córdoba (Espanha). Seus filmes já foram exibidos em mais de 300 festivais no mundo. O média-metragem Rainha (2016) ganhou mais de 20 prêmios e foi selecionado para a mostra Perspectives do Festival de Rotterdam. Seu último curta Alfazema (2019) ganhou o prêmio do júri popular no Festival Curta Cinema e foi duplamente premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com os candangos de Melhor Direção e Trilha sonora. É colunista do HuffPost Brasil e colaboradora esporádica da coluna “Quadro Negro” da Folha de São Paulo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação Net Botafogo, a primeira sala do Grupo Estação. Porque para além de ser um cinema feito para os cinéfilos, a programação se empenha em oferecer o melhor dos filmes de arte, filmes “cults” e títulos que ganharam prêmios nos mais importantes festivais (mas que não necessariamente tem uma grande distribuição), além de sucessos de público e crítica.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Mágico de Oz de Victor Fleming (1939).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pedro Almodóvar - Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos, Maus Hábitos e ¿Qué há hecho yo para merecer eso?

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Café com Canela” da Glenda Nicacio e Ary Rosa. Porque é uma história comovente, delicada, com atuações gigantescas, com protagonismo verdadeiramente brasileiro e porque você se transporta para a Bahia (mesmo nunca tendo estado lá).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amor ao cinema, aos filmes e a seus cineastas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não necessariamente. A maioria das programações carecem de uma curadoria.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Após a descoberta e disponibilidade de uma vacina.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O seu Amor de Volta (Mesmo que ele não queira) de Bertrand Lira.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, seria uma insanidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Me interessa o cinema de pessoas que sempre ficaram de fora da “festa”. Filmes de cineastas mulheres, negros, indígenas, etc.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme:

Karim Ainouz.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é sonho, magia e realidade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma mulher sentada sozinha começou a gritar spoilers do filme em plena sessão. A gritaria foi tanta que tiveram que parar o filme no meio para que os seguranças entrassem para expulsá-la da sala.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisa. Você confiaria num médico que não se interessa por medicina?

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Baise-moi (2000).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Bowling for Columbine do Michael Moore.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Para muitos! O último foi Parasita.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #63 - Beto Menezes

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é carioca, redator, podcaster e morre de medo mas adora filmes de terror, pois ‘Enfrentar o Medo’ é o destino do Jedi! Beto Menezes é um cinéfilo que frequenta as cabines de imprensa no RJ, muito querido por todos que o conhecem. Para conhecer um pouco mais sobre seus gostos cinéfilos, fomos conversar com Beto para esse especial cinéfilo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Adoro ver filmes na sala IMAX. Acho a magnitude daquela tela e a completa imersão que ela proporciona incríveis...um formato único, com certeza.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Vi muitos filmes no cinema mas em poucos tive uma experiência cinematográfica como Matrix Reloaded. Estar numa sessão lotada de pessoas que estavam tão ansiosas como eu para ver um filme e vibrar com elas a cada cena de ação... realmente foi incrível.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto de muitos diretores mas ultimamente tenho tido uma predileção por Christopher Nolan e o seu A Origem.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. Além do elenco incrível e de uma história que fala com nossas crendices populares, e nosso apego religioso. E as representações divinas são ótimas também.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É mais do que ver filmes, é entender suas mensagens, visuais e escritas no roteiro, simbolismos e que tudo isso está ali para ajudar a contar uma história.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que isso acontece em cinemas pequenos, que infelizmente são poucos, pelo menos aqui no Rio. Esses estão realmente interessados em trazer a cultura cinematográfica de diversos países, além do eixo Hollywood.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. O cinema é capaz de trazer uma imersão impossível de se replicar. O escuro da sala, o som, a tela grande, são únicos. Se isso um dia acabar, espero não estar aqui para ver.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Grande Truque hahhahah um ótimo filme do Nolan que ninguém fala. Totalmente injustiçado.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Realmente vivemos em um momento crítico, que depende do nosso isolamento para que ele seja o mais breve possível. Não precisa ser somente após a vacina, mas que pelo menos se espere que tudo esteja mais sob controle.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que desde a retomada o cinema brasileiro se empenha para se aproximar de seu público, e tem tido muito sucesso. Seja com a comédia ou com o drama.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Adoro ver o Wagner Moura em cena, acho ele um ator completo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Cinema é a maior diversão" (eu sei que é clichê, mas é com esses olhos que eu vejo o cinema).

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ao final de Vingadores - Guerra Infinita, ao ver que metade dos heróis haviam morrido, e o vilão havia vencido, uma garota ao meu lado me olhava incrédula. O silêncio na sala era palpável.

Ela se virou pra mim e disse "eles vão voltar? Diz que eles vão voltar."

Acho esse efeito de um filme nas pessoas muito poderoso.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

É um clássico não-compreendido.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Mais do que ser cinéfilo, acho que ele precisa saber contar uma história e o que quer ver em tela.  Ser cinéfilo apenas lhe dá a bagagem de referências, boas e ruins.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Hahahha difícil lembrar, e seria injusto com aqueles que não serão citados, mas Super Mario Bros é um deles.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #62 - Sergio Vaz


 O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo e tem na bagagem mais de cinco décadas de amor ao cinema. Sergio Vaz não é crítico. Ele apenas gosta de filmes. Cinéfilo raiz! Começou a assistir filmes a uns 50 anos atrás, fato que dá nome ao seu excelente blog sobre cinema (http://50anosdefilmes.com.br/). Para contar um pouquinho da história desse mineiro quase paulista apaixonado por sétima arte, conversamos com Sergio para esse especial feito de cinéfilo para cinéfilo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

São Paulo, felizmente, tem boas salas de cinema com programação diversificada, bons filmes de bons realizadores de diversos países – muito cinema europeu, latino-americano, asiático, e não só os blockbusters de Hollywood. Temos o Reserva Cultural, o Belas Artes e os Espaços Itaú de Cinema em três diferentes endereços. O motivo da escolha já foi especificado: são salas que têm boa programação, diversificada, não apenas os grandes sucessos do cinemão comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Essa é uma pergunta difícil de responder, Raphael. Comecei a anotar em um caderninho os filmes que via aos 12 anos, mas já ia bastante ao cinema antes disso, em Belo Horizonte, a cidade em que cresci, e que tinha bons cinemas. Não dá para lembrar de um filme específico, mas digo dois que me impressionaram demais quando eu era bem garoto: West Side Story e Giant.

 

3) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

Todas as Mulheres do Mundo. É belo, inteligente, divertido, alto astral, bem feito em todos os quesitos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Simples: é quem ama filmes. Quem não poderia viver sem ver filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Há muitos cinemas que nem têm propriamente um programador. Pertencem a cadeias, são parte de uma engrenagem.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Talvez. No dia em que acabarem os jornais, os livros, o rádio, a televisão...

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Magnífico/Le Magnifique, de Philippe de Broca, de 1973. Uma pérola, uma delícia. http://50anosdefilmes.com.br/2009/o-magnifico-le-magnifique/

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não. Ambientes fechados são extremamente propícios à contaminação pelo vírus.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Rico, variado, multifacetado. Infelizmente, está sofrendo um pesadíssimo golpe com o desgoverno Bolsonaro – e ainda teve e está tendo a pandemia para prejudicar quem faz cinema.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não tenho um preferido assim.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a arte que reúne várias outras.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Final de uma sessão das 19h30 no gigantesco Cine Astor, em São Paulo, ali por 1966. O filme era Marnie, Confissões de uma Ladra, do Hitchcock. Enquanto eram abertas as portas para a saída, foram abertas lá atrás as portas para a entrada dos espectadores da sessão das 22h. Olhei pra trás, enquanto me encaminhava para a saída, e fiquei impressionado com a horda de gente que entrava. Vários jovens, para ganhar tempo e evitar os corredores lotados, pulavam por cima das cadeiras.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Rapaz, não vi a preciosidade.

 

 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho estranho uma pessoa que não ama ver filmes escolher a profissão de fazer filmes. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vixe... Ah, são muitos... Não saberia escolher um só... Mas dou alguns exemplos de filmes que não consegui ver até o fim:

A Espera/L’Attesa, de Piero Messina, Itália-França, 2015.

Uma, de Benedict Andrews, Inglaterra-Canadá-EUA, 2016.

15 Minutos/15 Minutes, de John Herzfeld, EUA, 2001.

A Bela Junie/La Belle Personne, de Christophe Honoré, França, 2008.

 

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26/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #61 - Maria Dulce Saldanha

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é carioca, formada no teatro e na dança. Depois de participar de inúmeros espetáculos teatrais, Maria Dulce Saldanha passou alguns anos fora do país, onde começou a produzir cinema.  Ao regressar fundou no Rio a Cinelândia Produções, onde produziu dois longas de ficção: Meteoro de Diego de la Texera e Através da Sombra de Walter Lima Jr.  Com ambos percorreu inúmeros festivais tais como Festival de San Sebastián, The Chicago International Film Festival, Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Festival de Toulouse, entre outros.  Produziu os curtas Beso de Bala, de Diego de La Texera, na Nicarágua e Na Cola do Sapateado, viajando pelo Brasil, que também dirigiu. No teatro produziu e escreveu o musical Na Cola do Sapateado, que está sendo adaptado para o cinema. Produziu o programa BRASIL DE TODOS OS RITMOS, que será exibido no Canal Music Box Brasil, em 2020. Produziu e lançou o livro Sandino! A última guerra bananeira, de Diego de la Texera e O Olho e a Mão de Sérgio Nazar David.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Espaço Itaú de Cinema.  É um cinema de rua, com salas super confortáveis e uma programação muito eclética, onde você assiste a filmes incríveis de arte e outros mais comerciais.  Mas sempre filmes bons.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Aventuras do Tio Maneco, dirigido pelo Flávio Migliaccio e produzido pelo Roberto Farias.  Eu era muito criança, e já tinha assistido algumas animações da Disney como Pinóquio e Branca de Neve. Mas esse era um filme brasileiro e com gente de verdade.  Fiquei arrebatada.  E assisti no RIAN, que era um cinema lindo na Avenida Atlântica.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Muito difícil responder essa pergunta, mas, Federico Felinni.  E o filme é La Strada.  Mas poderia citar mais muitos incrivelmente maravilhosos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Há vários, mas o Central do Brasil sempre me arrebata com sua simplicidade e beleza.  Pra mim, um filme perfeito.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é sentir que a vida sem cinema não tem muita graça.   É aquele que gosta de ver um filme, mesmo quando ele é ruim, só pela experiência de ver um filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte dos cinemas de arte sim.  Mas é complexo, porque há muitos fatores envolvidos quando se faz a programação de um cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Só se o mundo acabar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

O francês Le Roi du Coeur, traduzido como Esse mundo é dos Loucos do Philippe de Broca.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho, mas não agora, pois estamos no auge da pandemia.  Tem que baixar muito antes das salas reabrirem e tanto administradores, como público têm que ir com muita responsabilidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Amo! Acho que temos grandes filmes, de gêneros variados, super bem dirigidos e produzidos.  Sou fã. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A maior diversão!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Duas dondocas da Zona Sul do Rio, que começaram a sair no tapa no Cinema Leblon I, por conta de um assento.  Foi surreal! Aliás aquele cinema era lindo, num dos bairros mais nobres do Rio e eu sempre ia, porque morava lá, mas tinha o público mais mal educado que conheci.  Era uma baixaria total.  Tinha um tarado assíduo, que tentou me assediar várias vezes, dos 11 aos 45 anos. Era quase que uma tradição. Tinha gente falando no celular aos berros, gente conversando, enfim, a cara da elite carioca.  Mas mesmo assim eu amava e ia quase todos os dias.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Muito engraçado. Um clássico! rsrsrsrsrs

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente um cinéfilo, mas se não tiver uma boa cultura cinematográfica, fica difícil. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Meu Deus! São tantos! Cinderela Baiana, pode ser?

 

17) Qual seu documentário preferido?

El Salvador, el Pueblo Vencerá, de Diego de la Texera. Um documentário sobre a guerrilha de El Salvador.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Muitas vezes!  No documentário do Michael Jackson cheguei a gritar no meio da sessão.  Depois fiquei morrendo de vergonha.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #60 - André Gevaerd Neves

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é produtor cultural com experiência de duas décadas na indústria audiovisual. Criador e programador do ótimo Cineramabc Arthouse em Balneário Camboriú – SC, André Gevaerd é um grande cinéfilo e uma das mentes mais criativas no mercado exibidor nacional. Para nos contar um pouco sobre sua paixão pela sétima arte, convidamos esse querido cinéfilo à responder nossas perguntas!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Tenho que dizer que é a Arthousebc, que além de ser a sala que idealizei e cuido da programação, é a única que exibe filmes autorais, independentes, europeus, brasileiros que são lançamentos e também grandes clássicos e alternativos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Essa pergunta me transportou para muitos momentos em salas de cinema, mas o que fala mais alto foi a cópia restaurada de A Batalha de Argel no Espaço Itáu de Cinema… e claro, qualquer sessão que tive o prazer de ter participado no Astor, que era um prazer só o ato de entrar na sala.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil escolher um, mas se é preciso, vou pelo meu clichê: Ridley Scott - Blade Runner.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tem um filme brasileiro, que me faz não acreditar muito na história que nos é contada sobre nossa cinematografia, ou ao menos o que nos é contado. Na minha opinião A Culpa de Domingos Oliveira, deveria ser uma obra obrigatória.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se jogar para dentro de uma narrativa e ainda ser capaz de buscar reflexão sob a luz da projeção.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Jamais foi assim.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Verão Lá Fora, de Friederik Jehn.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada vez mais abrangente e melhor.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Beto Brant.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um filme é só um filme.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em uma viagem ao Festival de Locarno, quando voltava ao Brasil e fazia um pit stop em Milão, tive uma ótima ideia, ir a uma sala de cinema de rua em pleno feragosto (época do ano em que os Milaneses estão todos de férias e a cidade fica bastante tranquila). Escolhi fazer uma caminhada e ir assistir um filme polonês do qual não tinha nenhum conhecimento, era Ida que viria a ganhar o Oscar. Chegando a esquina, pequena e simpática, onde ficava a sala de cinema, notei que não havia nenhum outro cinéfilo nas redondezas, ainda assim fui em direção ao caixa e pedi meus ingressos. O senhor que me atendeu logo falou que se não aparecesse outro cliente, não faria a sessão. Pensei: simpático ele. Esperei e para minha sorte, um minuto antes da sessão aparece um casal, segurando sacolas de supermercado, e também compraram ingressos. Ufa, a sessão estava garantida. Entro e me posiciono na parte da frente da sala e o casal fica ao fundo. O filme começa, o primeiro estranhamento foi escutar os personagens austeros, poloneses, socialistas, falando um estridente italiano mal dublado, mas em muito pouco tempo isso virou apenas um detalhe e se revelou um grande filme. O tempo passa. Lá pelo meio do filme começo a ouvir um barulho, cada vez mais alto. Um cheiro forte domina a sala. Era o casal… eles estavam devorando uma grande ave, poderia ser um frango inteiro, só que mais parecia um peru de natal… Foi um choque. Demorei alguns minutos para entender o que estava acontecendo. Pensei que não ia conseguir continuar vendo o filme, mas rapidamente fui sugado para dentro da narrativa. O filme acaba, espetacular. Sigo para a saída. O casal não estava mais lá. Alguns meses depois o filme foi indicado e depois venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro. Merecido.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Oxênte!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Do pouco que vi nessa vida, minha tendência é acreditar que tudo é possível. Acredito que para algumas pessoas que procuram o caminho da direção para uma carreira profissional isso não é uma obrigação afinal a inspiração, estilo, tema, podem ter origem em outros elementos, que não o cinema.

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Crítica do filme: 'Temporada'


A simplicidade na captação de uma delicada vida. Escrito e dirigido pelo cineasta André Novais Oliveira, Temporada é um retrato muito delicado de uma mulher negra na periferia de Belo Horizonte, mais exatamente na cidade de Contagem. Suas descobertas, abandonos, paixões e a busca por uma estabilidade não só profissional mas também emocional. Com uma atuação maravilhosa de uma das melhores atrizes do cinema brasileiro atualmente, Grace Passô, Temporada ganhou o prêmio de Melhor filme no Festival de Brasília e está disponível no catálogo do streaming Netflix.

Na trama, conhecemos rapidamente um grupo de concursados que trabalham no combate à dengue e outras doenças na cidade de Contagem, em Belo horizonte. Mas o foco é na recém chegada Juliana (Grace Passô) que veio sem o marido para uma nova cidade pois fora chamada às pressas para assumir sua função no concurso que passou. Ao longo dos dias que passam, começa a entender melhor sua nova profissão, seus novos amigos e a visualizar o que pode ser de sua vida dali para frente.

É preciso de sensibilidade para se conectar completamente ao que vemos. A protagonista é forte, fala com o olhar, se descontrói para se tornar uma nova mulher, com novas paixões e novos rumos para seu destino. Não existe final feliz ou final triste, existe uma luta. O filme não deixa de ser o retrato de tantas outras mulheres brasileiras e suas lutas diárias por um melhor viver, tanto emocional, quanto profissional. Um profundo e delicado filme do bom cineasta André Novais Oliveira.

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Crítica do filme: 'A Linha Vermelha do Destino'


A paciência dos acasos na hora errada. Envolvendo lendas, encontros e desencontros, o romance argentino A Linha Vermelha do Destino, El Hilo Rojo, no original, escrito e dirigido pela cineasta Daniela Goggi baseado na obra homônima de Erika Halvorsen, é um filme com arcos que cansam na melosidade mas provocam raciocínios profundos por conta de uma maturidade para falar de um assunto que gera dor e sofrimento para aqueles que gostam de finais felizes. Os protagonistas, interpretados por Eugenia Suárez e Benjamín Vicuña possuem uma grande harmonia em cena, não beira ao imaginário, muito perto do real. Está disponível no catálogo da Netflix.

Na trama, conhecemos a aeromoça Abril (Eugenia Suárez) que durante um voo acaba se apaixonando pelo sonhador e empreendedor do ramo dos vinhos Manuel (Benjamín Vicuña). Após um desencontro no desembarque, um longo hiato se passa mas o destino quis que eles voltassem a se encontrar, agora, em outras condições, os dois casados e assim, escolhas precisarão serem tomadas por essas duas almas gêmeas.

A questão da maturidade que os dois amantes tentam lidar dentro da situação que estão é um ponto muito interessante a ser analisado. Fugindo dos clichês eminentes, A Linha Vermelha do Destino mostra muitas facetas de um amor quase proibido, ou melhor, impedido, mas que não deixa de acontecer. Há uma delicadeza na condução das sequências, uma lapidada nos arcos (as vezes até demais, deixando chato em alguns momentos) e boas atuações. Os contrapontos existentes viram fábulas do próprio imaginário das duas almas. Qual o destino deles? Finais abertos sempre deixam conclusões para o lado de cá da telona e isso é sempre muito legal.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #59 - Luciano Souza

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é bancário, administrador, viciado em filmes dos gêneros e países mais diversos. Luciano Souza é membro da Confraria Lumiere, grupo de cinéfilos de várias partes do Brasil e que se conheceram no dia a dia das salas de cinema e centros culturais, em filmes do circuito ou dos festivais e mostras (Festival do Rio e Mostra de São Paulo).

Obs: Nunca nos vimos pessoalmente mas pelas redes sociais estou sempre acompanhando as dicas desse querido amigo cinéfilo!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As salas do Grupo Estação. Elas formaram toda uma geração de cinéfilos com a variedade de filmografias. Até 2008 em morava em Guaratiba, bairro da zona oeste e um dos mais distantes do centro do Rio. Olhava a programação nos jornais e eram nas salas do Grupo Estação que encontrava a maioria dos filmes que queria ver. Devido à distância, eram nos fins de semanas que me programava pra ver os filmes. Eram vários a cada fim de semana, praticamente mini festivais. Fui criado nas salas Estação Botafogo, Estação Rio e na saudosa sala Estação Paissandu. Grande parte dos cinéfilos que conheço e se tornaram meus amigos, conheci nas salas do Grupo Estação.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu tinha 12 anos em 1987 quando fui ao Cine Palácio Campo Grande ver A Dama do Cine Shangai de Guilherme de Almeida Prado. Era uma daquelas salas grandes com 1.750 lugares. O filme é um “Triller” e grande parte dele se passa em um cinema velho de São Paulo. Todo o clima do filme, que possui um ótimo roteiro e vendo em uma sala que se parecia com a sala retratada no filme, me levou a um encantamento com o filme e com a experiência única que é estar em uma sala de cinema. E o Guilherme de Almeida Prado tem uma filmografia espetacular. É um dos grandes diretores brasileiros, mas que infelizmente é pouco reconhecido. 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É muito difícil responder essa pergunta. A quantidade de diretores que adoro e acompanho é bem grande. Mas vou citar o “primeiro amor”. Quando ainda não associava os filmes aos diretores, o primeiro a me despertar foi Pedro Amodóvar. A maneira como nos apresentava a Espanha, com seus guetos, submundo, sua decadência. A riqueza na composição dos personagens, a cara de “Filme B” das suas primeiras películas, a junção do melodramático com a comédia em seus filmes, feito com maestria. Meu predileto dele é Tudo sobre minha mãe.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Rio Babilônia do Neville de Almeida. É um filme de 1982 que é cara do Rio e do país. E não ficou datado, o filme é muito atual, mostrando o tráfico, corrupção, assassinatos, crescimento desordenado da cidade, o caos social.  É um estudo antropológico, sociológico, cultural e sexual. As orgias do filme permearam as minhas fantasias. É simplesmente o filme que mais vi e revi na vida.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter paixão por filmes, dos mais variados formatos e gêneros.  É ser viciado.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte dos cinemas trabalha com programação das “majors” americanas e brasileiras, esses programadores conhecem mais de cinema do ponto de vista mercadológico. Os cinemas que possuem uma programação mais autoral e alternativa e que privilegiam diretores e cinematografias de todo o mundo, geralmente possuem programadores com um conhecimento mais amplo. Mas esse modelo de cinema é minoria no mercado exibidor e os programadores além de cultura cinematográfica, têm que entender também de mercado, pois as salas não sobrevivem somente com uma boa curadoria. Precisam conhecer bem o público e sua diversidade.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. As salas de cinema já passaram por “muitas ameaças” e não acabaram. Foi assim quando surgiu a TV, quando surgiu o vídeo cassete, agora com o streaming. Mas cada novo suporte pra exibir filmes que surge não caba com o ritual que é ir a uma sala de cinema e a magia que é ver um filme em uma sala. O que muda é a freqüência de idas, os tamanhos das salas, as localizações, os equipamentos, o mix de produtos oferecidos juntamente com o filme.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu adoro um veterano diretor mexicano chamado Arturo Ripstein. Ele tem uma vasta filmografia com uma dramaturgia com elementos do detestável, as patologias do cotidiano filmadas com sensibilidade e grande direção de atores. Geralmente os filmes dele só chegam aqui via festivais e mostras. Tem os filmes do diretor português João Pedro Rodrigues que também dificilmente entram em circuito aqui, como é pra citar apenas um filme, cito um filme dele que é uma obra-prima: Morrer como um Homem sobre uma transformista das noites de Lisboa pressionada pelo namorado a fazer a cirurgia de mudança de sexo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que sim. Devem seguir certos protocolos de distanciamento e segurança. Porque os exibidores de arte (cinemas, teatros, casa de shows, museus, centros culturais) têm que estar entre os mais penalizados nessa reabertura? Tivemos no Brasil um distanciamento social completamente mal conduzido, um governo federal que boicotou desde o início as medidas básicas a serem realizadas e que não aprendeu com os acertos e erros dos países onde o auge da pandemia ocorreu anteriormente. O que vemos é uma quarentena que se arrasta e uma reabertura que avança sem declínio das contaminações e mortes. A cultura já sofre com o retrocesso e massacre imposto por uma política autoritária, excludente e de gestores governamentais reacionários. Mas dificilmente irei a uma sala de cinema por mais que tenha saudades, enquanto o número de contaminados e mortes não tiver baixado drasticamente.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre fui fã do cinema nacional e possuímos um histórico de diversidade de gêneros e formatos desde o cinema mais popular ao autoral e alternativo.  Chanchadas, pornochanchadas, cinema novo, cinema marginal, “terrir”, documentários. Somos o país de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Carlos Reichenbach, Helena Ignez, Rogério Sganzerla, Júlio Bressane, Ivan Cardoso, Suzana Amaral, Ana Carolina, Neville de Almeida, Arnaldo Jabor, Eduardo Coutinho, Lucia Murat, entre tantos outros mestres. Da safra mais recente temos Anna Muylaert, Daniella Thomas, Walter Salles, Karim Aïnouz, Cláudio Assis, Elaine Café, Kleber Mendonça Filho, Lírio Ferreira, Hilton Lacerda, Gabriel Mascaro, Marco Dutra, Juliana Rojas, Marcelo Gomes. Só nos nomes citados, impossível questionar falta de qualidade. Fico observando principalmente entre os frequentadores dos chamados “cinemas de arte”, comparações com o cinema argentino. O cinema argentino não é só de filmes com Ricardo Darín. A Argentina tem filmes e cineastas excelentes, assim como tem muito filme ruim, como em qualquer grande cinematografia. Na América Latina considero a brasileira e mexicana, as mais ricas e diversas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Não perco um filme do Claudio Assis. Cinema visceral, com muita crítica social, mas sem precisar de discursos para os personagens. É “porrada”, mas com um roteiro bem construído e de imensa sensibilidade.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é alimentar o corpo e a alma, é viajar por cada canto desse mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando soube que o cinema Coral/Scala na Praia de Botafogo (RJ) fecharia pra dar lugar a um complexo de salas que hoje é o Espaço Itaú de Cinema, quis conhecer a sala antes do fechamento definitivo.  Apesar de já ser conhecido por sua decadência e ser local para encontros de sexo casual como em cinemas de centro da cidade de capitais que exibem filmes pornográficos, este exibia grandes clássicos do cinema francês e que faziam parte do acervo da Cia dona do cinema. A sala já bem decadente mantinha os cartazes com fotos de grandes atrizes e atores franceses. No dia que fui conhecer a sala, a exibição era do filme “Carmen de Godard” do mestre Jean-Luc Godard. Foi a primeira vez que vi o filme e o inusitado foi ver um filme de Godard acompanhado de pessoas fazendo sexo bem em frente à tela e ao meu redor nas poltronas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Talvez seja uma das maiores falhas como cinéfilo (rsrsrs). Nunca vi o filme por completo. Mas já vi trechos no youtube, parece ser tão bizarro que deve ser delicioso para assistir. E olha que já vi muita produção tosca principalmente algumas realizadas na “Boca do Lixo”, local que também produziu filmes importantes da história do nosso cinema. Pretendo ver Cinderela Baiana o mais rápido possível.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Há cineastas que não possuem muita bagagem como cinéfilos e fazem grandes filmes. Mas acho deliciosos perceber que alguns diretores são cinéfilos e a forma como usam as referências de outros diretores em seus filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Alguns filmes são tão ruins que se tornam divertidos. Ruim mesmo é quando o filme é entediante. Eu vejo muitos filmes, mas com o passar dos anos e com as referências de diretores, passei a ser mais seletivo. Dificilmente vejo um filme escolhido só por sinopse, aqueles “tiros no escuro”, mais comuns nos meus primeiros anos de cinefilia. Mas acontece de ver filmes de diretores que acompanho e quando a sessão termina ser uma decepção total. Quando vi Cro – o filme pensei: Bruno Barreto fez Romance da Empregada, um filme que adoro, não deveria ter assinado isto. Mas não tenho ainda um filme tão marcante negativamente a ponto de eleger como o pior filme que
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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #58 - Carlos Alberto Mattos

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é jornalista, escritor, pesquisador e crítico de cinema desde o final da década de 70. Já foi júri de renomados festivais de cinema pelo mundo, como: Veneza, Berlim, Moscou e Amsterdã. Possui o ótimo e super atualizado blog de cinema https://carmattos.com/ (que recomendo fortemente aos amantes da sétima arte). Carlos Alberto Mattos é uma daquelas enciclopédias cinéfilas que todo mundo que amam cinema deveriam conhecer.

Obs: Quando o vejo em alguma cabine de imprensa no RJ, faço questão de ir comprimentar ele, mesmo as vezes (eu acho) não lembrando de mim, rs.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Circuito Estação Botafogo porque tem os filmes brasileiros, europeus e de procedências não hegemônicas que mais me interessam.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A Noviça Rebelde, aos 7 anos de idade.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Federico Fellini - Oito e Meio.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vidas Secas, por expressar o tema tão bem através da forma.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ver pelo menos um filme por dia.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

 

Torre das Donzelas, de Susanna Lira.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa, principalmente na área de documentários.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Grace Passô.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma vida paralela que frequentemente se confunde com a principal.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu mesmo tive ataques de pânico quando fui ao cinema pela primeira vez, diante da escala das imagens no filme O Pequeno Polegar, de George Pal. Gritei para minha mãe me retirar dali.  

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme que ainda pretendo ver, caso só tenha ele disponível. 

 

 

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