30/08/2020

O ótimo cinema Suíço ganha espaço em mais um festival online


Podemos reclamar demais de todas as problemáticas provocadas pela pandemia que assombra o planeta. Mas uma coisa é certa: testados da forma mais básica do ‘como acontecer?’, centenas de festivais mundo à fora ficaram sem espaço nas salas físicas e passaram a serem marcadas em diversas plataformas virtuais, possibilitando aos cinéfilos de todas as partes do Brasil poderem conferirem excelentes e alguns inéditos conteúdos em seus dispositivos eletrônicos ligados à internet.

Qual foi o último filme suíço que você viu nos cinemas? A resposta para essa pergunta ser ‘não lembro’ ou ‘nunca vi’ é muito grande. Anos se passam e milhares de filmes são lançados em todos os mercados pelo mundo mas o nosso por aqui não consegue absorver nem 20% de tudo que é lançado. Os motivos são inúmeros e precisaríamos de muitas páginas para desenvolver os argumentos. Mas para os olhares mais curiosos e cinéfilos, chegou essa semana a oitava edição do PANORAMA DIGITAL DO CINEMA SUÍÇO e, pela primeira vez, acontece inteiramente online. O festival teve início nessa semana, na ótima plataforma Sesc Digital.

O evento é uma realização do Consulado da Suíça em São Paulo e do Sesc São Paulo, em parceria com a agência de cinema SWISS FILMS e apoio do festival suíço Journées de Soleure.

Praça Needle Baby, do diretor Pierre Monnard, inaugurou o festival, com uma exibição exclusiva por 24 horas.  O longa de ficção, se passa na Zurique de 1995 e aborda a questão das drogas e seus efeitos sociais, teve grande sucesso de público na Suíça em 2020.

Ao todo serão exibidos 14 documentários e ficções que colocam em foco o ser humano num mundo em movimento e em transformação, recortado por histórias pessoais e universais, trazendo uma amostra da grande diversidade do cinema suíço ao público brasileiro.

Os filmes estarão disponíveis na plataforma por períodos que variam de 24 a 120 horas.

 

Confira os horários na programação:

 

8º Panorama Digital do Cinema Suíço

 

Quando: De 27 de agosto a 6 de setembro.

 

Onde: Exibições gratuitas na plataforma Sesc Digital www.sescsp.org.br/panoramasuico

 

 

SINOPSES LONGAS-METRAGENS

 

   

 

PRAÇA NEEDLE BABY

 

Ficção | Suíça | 2020 | 100 min. | 12 anos

 

Título Original: PLATZSPITZBABY

 

Direção: Pierre Monnard

 

Sinopse: Primavera de 1995: Depois do fechamento da famosa Praça Needle, local público frequentado por usuários de drogas em Zurique, Mia, de onze anos, e sua mãe, Sandrine, mudam-se para uma pequena e idílica cidade nos arredores de Zurique. No entanto, a nova casa não é um paraíso para Mia, porque a mãe, que continua dependente das drogas, dificilmente conseguirá ter a sua custódia. A garota busca refúgio em seu mundo de fantasia com seu amigo imaginário, com quem conversa durante horas e faz planos para uma vida melhor. Mia também encontra uma espécie de família substituta na turma de adolescentes que têm uma origem semelhante à sua. Cada vez mais, ela ganha força para se rebelar contra sua mãe e, finalmente, consegue deixá-la. O filme é baseado no bestseller suíço 'Platzspitzbaby', de Michelle Halbheer e Franziska K. Mueller.

 

Exibição: Das 20h de 27 de agosto às 20h de 28 de agosto.

 

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O VENTO MUDA

 

Ficção | Suíça, França | 2018 | 86 min. | Livre

 

Título Original: LE VENT TOURNE

 

Direção: Bettina Oberli

 

Sinopse: Uma fazenda isolada em uma região remota do Cantão do Jura, onde Pauline e Alex estão transformando em realidade seu sonho de viver de modo completamente autossuficiente e em harmonia com a natureza. Seus projetos de vida estão selados pelo amor e pelo trabalho comum. Finalmente, estão prontos para alcançar sua total independência, mas a chegada de Samuel, que vem instalar um aerogerador, transtorna profundamente Pauline, abalando o casal e seus valores.

 

Exibições: Das 20h de 28 de agosto às 20h de 01 de setembro.

 

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NO MEIO DO HORIZONTE

 

Ficção | Suíça, Bélgica | 2019 | 90 min. | Livre

 

Título Original: LE MILIEU DE L'HORIZON

 

Direção: Delphine Lehericey

 

Sinopse: Sob o sol implacável, Gus está prestes a deixar a infância para trás. Num tempo de uma rigorosa estiagem, emoções intensas, com a família fragmentada e tudo se despedaçando, o impensável acontece: as tempestades esperadas ansiosamente irão varrer os cansados e desgastados campos, lavando um mundo inteiro.

 

Exibições: Das 20h de 28 de agosto às 20h de 30 de agosto.

 

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A JORNADA

 

Documentário | Suíça | 2018 | 85 min. | Livre

 

Título Original: IMMER & EWIG

 

Direção: Fanny Bräuning

 

Sinopse: Niggi, um fotógrafo apaixonado, e Annette, o amor de sua vida, tetraplégica há 20 anos, viajam pelo mundo em um trailer. Com coragem, eles continuam retirando da vida o que ela tem de melhor. Mas o que acontece com o amor, quando a vida muda tão drasticamente? Cheia de curiosidade e admiração a cineasta (e filha), Fanny Bräuning, busca respostas. O resultado é uma sensível homenagem à vida e ao amor.

 

Exibições: Das 20h de 28 de agosto às 20h de 30 de agosto.

 

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CONTRAPOR

 

Documentário | Suíça | 2019 | 89 min. | 14 anos

 

Título Original: CONTRADICT

 

Direção: Peter Guyer e Thomas Burkhalter

 

Sinopse: Como se deu o desenvolvimento da globalização e as mudanças de valores desde o seu início em Gana e no continente africano? Como queremos confrontar e nos contrapor a essas mudanças? A nova visão do futuro pode se tornar realidade global? Dois cineastas suíços buscam estas respostas com a ajuda de sete músicos de Gana - M3NSA, Wanlov The Kubolor, Adomaa, Worlasi, Akan, Mutombo Da Poet e Potera Asantewa - que criaram novas músicas e produziram videoclipes especialmente para o documentário.

 

Exibições: Das 20h de 28 de agosto às 20h de 30 de agosto.

 

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TEMPORADA DE CAÇA

 

Ficção | Suíça | 2020 | 90 min. | 12 anos

 

Título Original: JAGDZEIT

 

Direção: Sabine Boss

 

Sinopse: Como Diretor Financeiro, Alexander Meier luta pela sobrevivência da empresa onde trabalha. Quando Hans-Werner Brockmann, o novo CEO, é nomeado, Alexander se envolve numa luta de poder que cada vez mais o desequilibra. Diante da ruína de sua existência, ele vê apenas uma possibilidade de vingança.

 

Exibições: Das 20h de 30 de agosto às 20h de 01 de setembro.

 

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MEU PRIMO INGLÊS

 

Documentário | Suíça, Catar | 2019 | 82 min. | 12 anos

 

Título Original: MON COUSIN ANGLAIS

 

Direção: Karim Sayad

 

Sinopse: 2001, Fahed chega à Inglaterra cheio de expectativas e sonhos. 2018, às voltas com a crise da meia-idade, ele precisa tomar uma decisão. Continuar seu humilde estilo de vida, trabalhando 50 horas semanais, ou retornar à Argélia, país de onde fugiu com a esperança de uma vida melhor.

 

Exibições: Das 20h de 31 de agosto às 20h de 02 de setembro.

 

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MADAME

 

Documentário | Suíça | 2019 | 94 min. | 12 anos

 

Título Original: MADAME

 

Direção: Stéphane Riethauser

 

Sinopse: Uma saga familiar baseada em cenas de arquivos privados, MADAME leva-nos a uma jornada íntima na qual uma extravagante avó de 90 anos e seu neto cineasta exploram o desenvolvimento e a transmissão da identidade de gênero num ambiente patriarcal

 

Exibições: Das 20h de 31 de agosto às 20h de 02 de setembro.

 

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UM PERFUME DE LIBERDADE

 

Documentário | Suíça | 2020 | 52 min. | Livre

 

Título Original: EIN DUFT VON FREIHEIT

 

Direção: Ruedi Leuthold e Beat Bieri

 

Sinopse: O café molda a história dos povos Maya na Guatemala. Primeiro, a terra lhes foi tirada, então foram forçados a trabalhar nas plantações dos grandes fazendeiros estrangeiros. O filme de Ruedi Leuthold e Beat Bieri mostra como os pequenos fazendeiros, organizados em cooperativa, tornaram-se o segundo maior exportador de café do país. E como seu sucesso fortaleceu a emancipação social da população indígena.

 

Exibições: Das 20h de 01 de setembro às 20h de 05 de setembro.

 

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AQUELES QUE TRABALHAM

 

Ficção | Suíça, Bélgica | 2018 | 101 min. | Livre

 

Título Original: CEUX QUI TRAVAILLENT

 

Direção: Antoine Russbach

 

Sinopse: Após um ato desonesto, a carreira de Frank em uma companhia de frete marítimo, onde trabalhou por 20 anos, é imediatamente interrompida. Para Frank, que dedicou toda a sua vida à escalada do sucesso, revelar a razão de sua demissão para sua família é impossível. A transição entre consultor de carreira para uma vida solitária, faz com que inicie um período de auto-reflexão que o faz rever todos os seus valores.

 

Exibições: Das 20h de 02 de setembro às 20h de 06 de setembro.

 

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O FIM DO MUNDO

 

Ficção | Suíça, Portugal | 2019 | 107 min. | Livre

 

Título Original: O FIM DO MUNDO

 

Direção: Basil da Cunha

 

Sinopse: Spira tem 18 anos e passou os últimos 8 anos de sua vida num reformatório. De volta à Reboleira, uma favela em Lisboa, reencontra seus amigos. Spira percebe que as coisas estão mudando. Mas todos continuam lutando por seus sonhos, como Iara, por quem Spira se apaixona, ou Giovani que faz qualquer coisa para se tornar um dos grandes chefes locais.

 

Exibições: Das 20h de 03 de setembro às 20h de 05 de setembro.

 

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CHARLES MORTO OU VIVO

 

Ficção | Suíça | 1969 | 92 min. | 14 anos

 

Título Original: CHARLES MORT OU VIF

 

Direção: Alain Tanner

 

Sinopse: Prisioneiro do conforto e segurança herdados dos seus avós, Charles, um industrial de Genebra na casa dos 50 anos, toma consciência de sua vida ridícula como um homem supostamente realizado e, pela primeira vez, rebela-se contra tudo o que lhe condiciona, seus antepassados, sua família, seu próprio filho, e foge. Junto com um casal de boêmios que encontra num café onde busca refúgio, ele recupera sua liberdade e o gosto de viver.

 

Exibições: Das 20h de 04 de setembro às 20h de 06 de setembro.

 

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A CIDADE BRANCA

 

Ficção | Suíça, Portugal | 1982 | 108 min. | 14 anos

 

Título Original: DANS LA VILLE BLANCHE

 

Direção: Alain Tanner

 

Sinopse: Paul, um engenheiro em um navio cargueiro, desembarca em Lisboa sem uma razão especial. Sua estadia em um quarto de hotel é como um parênteses em sua vida, um interlúdio, durante o qual experimenta um grande vazio existencial. Ele vagueia pela cidade por dias a fio, filmando com sua câmera Super-8 e enviando as imagens para sua esposa na Suíça, acompanhadas de cartas que contam suas longas horas de meditação. Em seus passeios, encontra Rosa, por quem se apaixona.

 

Exibições: Das 20h de 04 de setembro às 20h de 06 de setembro.

 

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BRUNO MANSER - A VOZ DA FLORESTA

 

Ficção | Suíça | 2019 | 142 min. | 12 anos

 

Título Original: BRUNO MANSER - DIE STIMME DES REGENWALDES

 

Direção: Niklaus Hilber

 

Sinopse: 1984: Em busca de uma nova experiência de vida, Bruno Manser viaja para a selva de Bornéu e encontra a tribo nômade Penan. Quando a existência dos Penan é ameaçada pelo desmatamento implacável, Manser engaja-se na luta contra a exploração das madeireiras, com coragem e determinação, tornando-se um dos mais conhecidos ambientalistas do seu tempo. Baseado em uma história real.

 

Exibição: Das 20h de 06 de setembro às 20h de 07 de setembro.

 

 

 

SINOPSES CURTAS-METRAGENS

 

 

 

SESSÃO DE CURTAS - PROGRAMA 01 – ADULTO

 

53 min.

 

Exibições: Das 20h de 28 de agosto às 20h de 31 de agosto.

 

Este ano, o Panorama traz uma seleção de curtas, que fazem um recorte da produção cinematográfica suíça.

 

 

 

O SOM DA CASA

 

Ficção | Suíça | 2015 | 14 min. | Livre

 

Título Original: O SOM DA CASA

 

Direção: Maxime Kathari

 

Sinopse: Antes de partir para a Europa, uma jovem estudante brasileira passa os últimos momentos em casa com a mãe. Um abraço e um bate-papo expressam o amor mútuo entre mãe e filha.

 

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SELFIES

 

Ficção | Suíça | 2018 | 4 min. | 14 anos

 

Título Original: SELFIES

 

Direção: Claudius Gentinetta

 

Sinopse: Uma explosão de autorretratos, centenas de selfies, idílicas, perturbadoras e inquietantes, reunidas num curta-metragem.

 

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TUDO INCLUSO

 

Documentário | Suíça | 2018 | 10 min. | Livre

 

Título Original: ALL INCLUSIVE

 

Direção: Corina Schwingruber Ilić

 

Sinopse: Sob o domínio do entretenimento massificado em pleno alto mar.

 

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LÍRIO DA PAZ

 

Documentário | Suíça | 2018 | 9 min. | Livre

 

Título Original: LÍRIO DA PAZ

 

Direção: Louis Hans-Moëvi, Maxime Beaud

 

Sinopse: Isolados em um quarto de motel brasileiro, homens e mulheres falam sobre sua sexualidade em uma sociedade em que nem sempre tem acesso à privacidade.

 

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REALIDADE ETÉREA

 

Documentário | Suíça, Ruanda | 2019 | 14 min. | 16 anos

 

Título Original: ETHEREALITY

 

Direção: Kantarama Gahigiri

 

Sinopse: Abandonado por 30 anos no espaço. Como é a sensação de finalmente voltar para casa? Uma reflexão sobre a migração e o sentido de pertencimento.

 

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SESSÃO DE CURTAS INFANTIS - PROGRAMA 02

 

32 min.

 

Exibições: Das 20h de 03 de setembro às 20h de 06 de setembro.

 

Este ano, o Panorama traz uma seleção de curtas infantis, exibidos em diversos festivais internacionais.

 

 

 

O ÚLTIMO DIA DO OUTONO

 

Ficção | Suíça, Bélgica, França | 2019 | 7 min. | Livre

 

Título Original: LE DERNIER JOUR D'AUTOMNE

 

Direção: Marjolaine Perreten

 

Sinopse: Animais da floresta coletam secretamente pedaços de bicicletas abandonadas, para construírem seus próprios veículos. Uma grande corrida está sendo organizada. A corrida do último dia de outono.

 

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AS CORES DO CUCO

 

Ficção | Suíça | 2018 | 6 min. | Livre

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #71 - Marcio André Paradise


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje respira cinema com uma alegria contagiante. Um dos integrantes mais queridos da saudosa locadora Paradise, que ficava localizada em Copacabana, mais precisamente na rua Figueiredo de Magalhães, próximo a uma das saídas da estação Siqueira Campos do metrô RJ, Marcio André Paradise era mais que um trabalhador cinéfilo, era um grande consultor de filmes, sabia todo o vasto da Paradise de memória e as pessoas entravam naquele geladinho templo cinéfilo e já o procuravam para alguma indicação. Ao lado do grande Luis, revolucionaram a cinefilia carioca contribuindo com memória inesquecíveis para todos nós que conhecemos a Paradise.

Obs: meu querido amigo Marcio. Que saudades de poder abraçá-lo, tirarmos aquele selfie cinéfila, e falarmos sobre os filmes lindos que vocês tinham na Paradise. Meu lugar favorito era o subsolo (mais precisamente na estante dos filmes do Sokurov),  onde tinha aquela mini e charmosa salinha com cadeiras e uma tv pequena onde imaginava todos os filmes do catálogo. Eu fecho os olhos e lembro de toda a energia boa que a Paradise, você, Luis e todos os maravilhosos funcionários deixaram em meu coração cinéfilo.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Roxy por passar filmes bons independente de ser Cult ou não.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

E o vento levou...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Julio Medem.  Os Amantes do Círculo Polar.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Bye Bye Brasil ... adoro aquela liberdade da trupe Circense rodante.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de cinema e assistir até filmes que não gosta.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

São poucos que tem uma escolha personalizada. No geral com aquela sala imensa tem que ser filme arrasta quarteirão, mas com os outros meios de se assistir um filme em ascensão, o cinema virou lugar de resistência.  Eu amo toda a magia de ir ao cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar? 

Espero que não. Se as pessoas frequentarem não acaba.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Os Amantes do Círculo Polar.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim ... com protocolo de segurança.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Estamos indo bem, mas falta diretores mais autorais.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Cláudio de Assis.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Viagem ao universo do outro.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Cristiane Torloni entrando na sala de cinema do shopping da Gávea ... na ocasião era um cinema só. Noite de lançamento do filme Perfume de Gardênia. A sala lotada de estrelas e nos lá .. eu e Luis. Ela foi a última a entrar na sala. Antes de apagarem as luzes ... adentrou com toda a classe acenou e sentou. Uma visão de elegância em cada passo daquela noite.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Corajosa equipe. Necessário até para comparar o que é filme e o que é um exercício de prática de cinema. Independente do conteúdo.

 

15) Você foi um dos cinéfilos mais queridos de toda zona sul carioca quando trabalhava na saudosa locadora Paradise. Qual era o filme mais alugado lá? Muitos artistas iam lá alugar filmes? Conte alguns nomes...

Eram muitos os preferidos... um filme só não corresponde à realidade da minha memória.

Mas posso te falar: Gritos e sussurros, Laranja Mecânica, Uma Linda Mulher, Tudo sobre Minha Mãe, O Profissional, Cinema Paradise, A Pequena Sereia, E.T., Bagdad Café, Crepúsculo dos Deuses, Assim Caminha a Humanidade. Lembrei por alto.

Devida a maravilhosa variedade de títulos e a inexistência da internet, éramos a escolha dos atores para pesquisas de personagens: Débora Secco, Rodrigo Santoro, Louise Cardoso, Alexandre Nero, Letícia Colin, Caíque Luna, Rodrigo Santana, Wendel Bendelack, Jorge Duran, Tisuka Yamasaki. E muitos técnicos de cinema. Um paraíso mesmo.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #70 - Priscila Miranda do Rosario


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa convidada de hoje é formada em filosofia e a quase uma década é a dona de uma distribuidora com ótimos títulos, a Fênix Filmes. Priscila Miranda do Rosario é uma apaixonada por cinema que roda ao mundo pelos melhores festivais em busca de novos títulos para o catálogo de sua distribuidora (já lançou mais de 70), que iniciou a jornada a quase dez anos atrás com o filme chileno Ilusões Óticas.

Obs: A Pri, minha amiga cinéfila, sempre foi muito querida. Já me enviou dvd de filme esloveno para eu assistir e até levou um dos diretores do ótimo 7 Caixas até ao cinema que eu era o programador em uma sessão lotada onde os ingressos terminaram em minutos. A fênix tem ótimos filmes, a pri sabe escolher bem. São títulos que precisam da ajuda dos exibidores para ter uma forte divulgação pois quando o público assiste, gosta e indica!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Grupo Estação, programação diversa com títulos do mundo inteiro, filmes autorais, descobertas...

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

E o Vento Levou, Namorada de Aluguel.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Éric Romher, faz um tipo de filme com o qual me identifico muito, é cinematográfico e ao mesmo tempo literário. Digo que se ficasse presa vendo seus filmes sem parar nunca cansaria...

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Invasor de Beto Brant e O Desafio de Saraceni. São dois filmes que falam o homem e suas escolhas, do homem e a cidade e quanto ela pode acabar com nossos sonhos e desejos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Viver cinema de manhã, tarde e noite. Minha vida é cheia de charme graças ao cinema. Não tem um dia que não assista um filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, geralmente quem trabalha com cinema é apaixonado, sobretudo programadores, curadores... independente do gosto de cada um ser diferente. São pessoas apaixonadas no geral.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não!!! Ficarão melhores!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nahid :) um dos nossos ou Necktie Youth.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não sei.... no Brasil não temos parâmetros... aqui foi e é tudo caótico.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Ok.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme:

Beto Brant.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Filmes libertam a cabeça.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Várias, rsrs.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho q sim!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vários!!! Nem saberia dizer...

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29/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #69 - Andrey Lehnemann


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é crítico de cinema, jornalista e escritor. Andrey Lehnemann escreve para os dois maiores jornais de Santa Catarina. É um dos quatro brasileiros a fazer parte da Online Film Critics Society (OFCS), a mais antiga e prestigiada associação de críticos de cinema online do mundo. Foi curador da primeira Mostra Internacional de Cinema Fantástico, o Floripa Que Horror, além de ter feito a produção executiva de dois documentários catarinenses. Atualmente, especializa-se no cinema de terror.

Obs: meu querido amigo que nunca vi mas parece que morávamos no mesmo condomínio! Há 10 anos atrás mais ou menos, eu, Andrey e outros malucos de diversas partes do Brasil, criamos (antes de redes sociais bombarem, antes de zap e força do youtube) o que chamamos de Totalmente Cinéfilos, um programa semanal de cinema que durava mais de cinco horas seguidas no ar. Muitas saudades!!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Moro em Florianópolis. Acho que cada sala tem sua personalidade. Gosto muito da sala do CineMulti, do Paradigma e, claro, do Cinesystem, onde fiz muitas amizades e é a melhor a passar o cinema mainstream. Todas elas contam com mais sessões legendadas e com uma ótima acústica, o que gera um diferencial. O Cinemulti, por exemplo, eu gosto muito do público que frequenta. O paradigma tem uma ótima programação. Cada um tem sua particularidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Rei Leão. Sem dúvidas. Eu era criança e acabei tendo tudo que você pode imaginar do filme, desde lancheira até toalha. Minha mãe insiste que é o filme a que mais assisti na vida, embora brigue que seja Pânico.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Da atualidade, é Darren Aronofsky. Fonte da Vida. É uma testemunha existencial das mais completas do cinema.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Terra em Transe. Glauber Rocha no auge. Continua sendo o filme brasileiro mais político a que já assisti. Brilhante.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar qualquer forma de cinema. Encontrar sempre o melhor em qualquer narrativa e sentir imersão ao assistir a uma nova história.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. A programação costuma pensar no que é lucrativo, não é uma forma de reflexão. Consequentemente, os programadores costumam ser mais focados no mercado, não necessariamente cinéfilos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Duvido muito. As formas a que assistimos cinema mudam, mas a essência permanece. Precisamos da tela, precisamos compartilhar, precisamos nos sentir conectados. Isso não é sempre possível em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Dear Zachary, um documentário que mexe muito comigo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se obedecerem a certos critérios e quando a curva estiver controlada, sim. A vacina demorará ainda bastante tempo, ao que tudo indica.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É um dos melhores do mundo, justamente por seu caráter multicultural. Há vários tipos de cinemas em várias regiões, no Brasil, o problema é a falta de recurso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É uma forma de reescrever a vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Minhas histórias inusitadas em salas de cinema são geralmente ruins. Em Faroeste Caboclo, uma moça obviamente racista confessou a amiga do lado que sentiu nojo ao ver o beijo entre um ator negro e uma atriz branca. Ela sentava atrás de mim na sala de cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Risos.

 

15) Você é um dos maiores fãs do Aronofsky. Da onde surgiu esse fascínio pela filmografia desse brilhante diretor?

A primeira vez a que assisti a Réquiem para um Sonho com o meu pai. O filme me atingiu em cheio. Ainda era jovem e a decadência mental e física dos viciados no filme foi mais impactante do que qualquer coisa que já tinha visto sobre o assunto. Até meu pai ficou chocado. De poucas palavras, ele apenas disse: "esse diretor é diferenciado'. Mas sempre acompanhei tudo relacionado ao Darren desde que surgiu rumores dele dirigindo Batman. Isso nos anos 2000.

 

 

16) Dentro da Crítica de cinema, você é dono de um texto muito competente. Alguma referência de jornalista brasileiro ou internacional no qual se espelha?

Quando passei a escrever para jornais, eu me espelhei muito em dois nomes: Zanin e Merten. Admiro muito ambos. Mas meu principal mentor sempre foi o Pablo Villaça, embora meu texto tenha ido por um caminho completamente diferente. De todos os quais me espelhei, aliás. Hoje em dia, o meu campo de pesquisa é o terror. Lá fora, as minhas principais referências são Scott Weinberg, Michelle Swope, Matt Serafini, Anna Biller, Dede Crimmins e a Tomris Laffly. Mas as referências servem apenas como referência. Acho que a personalidade vem com o tempo.

 

17) Qual site de cinema brasileiro que você mais acompanha?

Poucos, hoje em dia. Acompanho mais o Filme B, pelas estreias da semana. Acho que Adoro Cinema sendo o maior referencial. Gosto do trabalho do Lucas Salgado e da Barbara Demerov, que é uma querida.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #68 - Sylvio Gonçalves


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é roteirista de filmes como Os Espetaculares (2020), Ricos de Amor (2020), Eu Fico Loko (2017), S.O.S. Mulheres Ao Mar 2 (2015), S.O.S. Mulheres Ao Mar (2014), Confissões de Adolescente (2013), Sem Controle (2007), entre outros. O querido cinéfilo Sylvio Gonçalves escreveu seis episódios da série da Rede Globo As Brasileiras (2011/12). É autor de livros como os romances infanto juvenis Liberdade Virtual (Saraiva, 1999), Saci à Solta (Saraiva, 2008) e Três Vinganças (Atual, 2011). Foi crítico de cinema da Revista Cinemin (Editora Ebal) e da Rádio MEC. É graduado em Jornalismo Audiovisual pela Faculdade da Cidade e em Cinema pela UNESA.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Há duas salas que sempre me emocionam quando as visito: Cinemateca do MAM e Estação Net Rio, o qual frequento desde que os anos 80 quando se chamava Cooper Botafogo e acabara de reabrir como cinema de repertório. Boa parte da minha formação como cinéfilo aconteceu nessas duas salas, desde a minha adolescência. Felizmente (miraculosamente até) permanecem em atividade e contando ambas com excelentes curadorias.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

OK, essa vai ser a primeira das minhas respostas duplas. O primeiro filme que lembro de ter assistido quando criança é Se Minha Cama Voasse / Bedknobs and Broomsticks, produção Disney dirigida por Robert Stevenson. É um filme que tem tudo que pode fascinar uma criança: combinação de live-action com animação, efeitos especiais, uma feiticeira, e até uma invasão alemã à Inglaterra na Segunda Guerra Mundial. Mas Contatos Imediatos do Terceiro Grau foi o primeiro filme que me fez pensar “tem uma ou mais pessoas por trás disso, inventando a história e decidindo o que eu vou ver e de que forma”.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu filme favorito em todos os tempos é 2001: Uma Odisseia no Espaço. Meus diretores favoritos, além de Stanley Kubrick, são Alfred Hitchcock (filme favorito: Psicose) e Jacques Demy (filme favorito: Duas Garotas Românticas). Ei, com mais de um século de cinema, chegar a um empate triplo é até uma façanha.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

 

O Pagador de Promessas. O filme de Anselmo Duarte a partir de roteiro de Dias Gomes foi talvez o primeiro filme brasileiro adulto e clássico que assisti – meu professor do ensino médio conseguiu uma cópia em 16 milímetros. O filme fala ao meu coração em muitos aspectos: mostra um Brasil culturalmente múltiplo, é contado sob o ponto de vista dos desfavorecidos, aponta os malefícios do autoritarismo, é trágico, e ainda consegue ter muitos momentos de humor.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pergunta difícil. É um conceito muito subjetivo. Pra mim, não é apenas gostar de filmes e assisti-los compulsivamente. É também essas coisas. Mas principalmente é ser um eterno estudante autodidata. É querer ver um filme e entendê-lo não apenas pela sua forma aparente, mas pelo sentido, pelo contexto histórico e por sua posição cronológica na obra dos cineastas. É não ter preconceitos contra gêneros, nacionalidades, diretores ou atores. É assistir a tudo que é mais importante de novo e descobrir constantemente clássicos. É reassistir a filmes, porque uma obra é um emissor em harmonia com o receptor. De acordo com o seu estado de espírito e as condições sob as quais você assiste à obra, ela será uma experiência diferente.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Mais importante do que conhecer cinema, uma sala precisa conhecer o seu público. Sem essa noção, não garantirá sua sobrevivência. O tipo de público muda de acordo com o bairro, cidade, país. Porém, quanto maior a qualidade dos filmes exibidos, mais sofisticado esse público irá se tornar, até um ponto em que ele será um público diferente. Acho que o que quero dizer é que uma sala de cinema tem duas obrigações 1) manter-se aberta 2) educar plateias. É por isso que considero tão importantes as sessões especiais de clássicos que algumas redes de cinema promovem ocasionalmente.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

A pandemia é a prova definitiva que não. Quando assisto a um filme em casa ou no Drive-In, sinto uma falta imensa da percepção compartilhada com uma plateia. As outras pessoas estão rindo? Estão nas beiradas de suas cadeiras? Se emocionaram? Assistir a um filme numa sala de cinema é paradoxal: ao mesmo tempo em que é mais envolvente do que o entretenimento doméstico, nos mantém continuamente cônscio de que há outras pessoas assistindo com você. Tenho a impressão de que todos estão descobrindo que sentem muita falta dessa experiência coletiva.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nothing, de Vicenzo Natali, diretor de filmes como Cubo e Splice a Nova Espécie. Pra mim, Natali é criminosamente subestimado. E até seus raros fãs ignoram Nothing. O filme é uma comédia surreal que aborda o medo que todos nós nutrimos de que um dia tudo aquilo que conhecemos e amamos simplesmente desapareça. É um filme sobre finitude e desapego. Coerentemente, possui uma produção extraordinariamente econômica. 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu acho que o primeiro passo arriscado foi abrir os shoppings e todos os outros espaços internos. Assistir a um filme numa sala fechada será uma decisão responsável se houver obrigatoriedade de uso de barreira física dupla (máscara e shield), distanciamento entre poltronas e – principalmente – que o ar condicionado esteja desligado, pois o fluxo nos dutos facilita a contaminação. Falando por mim, não me imagino assistindo a um filme por detrás de uma barreira de plástico, com metade do rosto coberta por pano e passando calor.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

No momento o que mais preocupa é a manutenção do cinema brasileiro. A qualidade técnica e a variedade artística foram alcançadas na última década, e o que fazemos aqui está em par com países como Itália, França, Espanha. A questão, repito, é se o cinema brasileiro continuará a existir em número significativo de produções e diversidade de gêneros e públicos-alvo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perdia um Domingos de Oliveira, perda imensa. No momento estou bem atento para as próximas realizações de Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A união de todas as artes.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

 

Odeon, Rio de Janeiro, filme Corpo Em Evidência, com Madonna. Sessão lotada às três da tarde de uma segunda-feira de 1993. Numa cena de sexo, a plateia masculina que estava no mezanino acima da minha cabeça simplesmente URROU em coro coletivo. Nem em filmes de terror eu levei um susto tão grande.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme sincero.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Pra ser um bom cineasta é preciso estudar cinema, constantemente. Pra mim, essa é uma das definições de cinefilia.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Só posso dizer que não foi Cinderela Baiana.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Arquitetura da Destruição. Uma tese de antropologia em forma de cinema.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, e no ano passado, na maioria das vezes em que fui ao cinema. Explico: passei o segundo semestre de 2019 em Milwaukee, Wisconsin, EUA, e as pessoas do Midwest são extrovertidas e calorosas. Participei de aplausos retumbantes para filmes como Parasita, O Farol, Coringa e até clássicos que assisti em festivais e sessões da meia-noite, como Intriga Internacional, de Hitchcock, e Prelúdio Para Matar, de Argento.

 

 

 

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28/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #67 - Jean Thomas Bernardini


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é o francês mais brasileiro que existe no mundo do nosso audiovisual. Ex-jogador de futebol de times badalados como o Olimpique de Marselha (jogou até com o Paulo César Cajú lá), já fabricou calças jeans, tem padaria, barco-hotel na Amazônia. Formado em psicologia na França, aos 30 anos Jean Thomas Bernardini desembarcou no Brasil, no final da década de 70, e fundou na década seguinte uma das maiores e melhores distribuidoras de filmes ‘cults’ do Brasil, a Imovision. Em 2005, deu um passo além e fundamental, inaugurou na famosa Avenida Paulista o cinema Reserva Cultural, considerado por muitos um dos melhores cinemas do Brasil. Anos mais tarde, em 2016, inaugurou o Reserva Cultural Niterói, na belíssima Niterói em um local projetado pelo grande Oscar Niemeyer. Com tanta história ao longo dos seus...ele não revela a idade pra ninguém...fomos conversar com o meu amigo e querido cinéfilo Jean a quem eu chamo carinhosamente de Queridon!

Obs: Meu ex-chefe querido que tanto admiro e continuo pentelhando pelo zap de vez em quando rsrs. Como sinto saudades de nossos papos sobre cinema e futebol naquelas mesinhas lindas do Reserva Cultural Niterói. Sempre o respeitei como meu chefe mas acima de tudo como um amigo. Uma figura de referência que me lembra até hoje o meu avô Heráclito Camacho que mesmo sendo humilde (ele limpava banheiros no Banco do Brasil) conseguiu me mostrar tudo sobre cinema, me levando aos Estados Unidos inclusive.

Jean é sempre presente nas unidades de seus cinemas e da sua distribuidora, quando ele chegava muitos corriam (pois ele é o chefe né?). Já eu ia atrás dele para conversar rsrs, adorava quando ele voltava de Berlim ou de Cannes e me contava os filmes que tinha comprado para distribuir pela Imovision. Durante esses tempos complicados de Covid, imagino como deve estar meu querido amigo, preocupado com tudo que construiu com todo amor e carinho. Mas Jean, acredite em mim: vocês vão vencer!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Bom, obviamente vou tirar o Reserva Cultural de Niterói e o de São Paulo, já que lá sempre escolhemos o que achamos o que tem de melhor nos lançamentos das distribuidoras. É o único critério! Aí certamente escolheria esse cinema ...rs. Mas no Rio, sem contestação escolheria o Estação Net e como pequenininho o Cine Joia. Em SP acho que, tirando de novo o Reserva escolheria 2. O Belas Artes e o Espaço Itaú na Augusta.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lembro desses 2 filmes de Albert Lamorisse , O Balão vermelho e Crin Blanc que passaram em programação dupla...depois desta experiência assisti varias vezes e nunca mais deixei de ver filmes

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não tenho UM diretor favorito. São vários diretores que fui e irei sempre assistir ao último filme dele... Tenho uma caída por Tarantino e seu Pulp Fiction ....mas são muitos outros.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Acho que é Central do Brasil .....pela emoção que me passou e a atuação da grande dama que é Fernanda Montenegro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ter a alma e cabeça aberta para qualquer tipo de assunto em roteiros, basta serem bem feitos e coerentes...e...importante gostar do ambiente de uma sala de cinema Difícil, para mim, considerar alguém que não frequenta salas e só assiste filmes na TV como um verdadeiro Cinéfilo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A imensa maioria dos cinemas, que são aqueles que não são taxados de cinemas de Arte, não priorizam funcionários de programação como cinéfilos...alguns acham até perigoso...rsrs.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De forma alguma! Pelo menos nesse século.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Impossível para mim indicar um como distribuidor com mais de 500 filmes lançados no Brasil. Devem ter uns 200 que passaram em branco considero 80% deles muito bom.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que sim. Com toda a segurança que já sabemos qual será respeitada à risca, tanto pelos responsáveis daquele cinema como dos frequentadores.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema pelo menos brasileiro atualmente?

Muito irregular ....várias obras primas e vários dispensáveis.....muitos deles, por falta de verba na produção, poderiam crescer muito se tivesse o necessário para atingir o objetivo dos diretores.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles e os diretores Pernambucanos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema tem significados múltiplos mas para mim, imagens que fazem a gente pensar, se divertir, mas curtir todos estes sentimentos melhor numa sala de CINEMA.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nestas décadas assistindo filmes em vários lugares do mundo vi tantas situações bizarras que não consigo escolher uma só.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não me deixou lembranças.....

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Claro que não ...mas tem que ter obrigatoriamente ”uma  ideia na cabeça” e saber usar uma câmera...

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Difícil para mim dizer...o pior ...já que quase nunca fiquei assistindo a um filme ruim e ter ficado até o fim...assim teve vários e vários ruins.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Recente...Eu não sou seu Negro! Brasil...Edificio Master

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, claro! Vem de forma natural quando ainda está sob o charme do filme...

 

18) O que você prefere assistir: um filme novo do Nicolas Cage ou uma partida do Olimpique de Marselha pelo campeonato francês?

hahahaha....me declaro impedido neste caso.

 

 

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