O prazer em fazer os outros rirem é quase uma exclusividade
das pessoas que amam o que fazem. Lembrando de uma época de glória do cinema
mundial, onde astros inesquecíveis cortavam quarteirões emendando uma grande
produção atrás da outra, o simpático longa-metragem Cantinflas mostra a trajetória corajosa de um ícone do cinema
mexicano, seus amores e seu trinfo em Hollywood. Na pele do protagonista, o
ótimo ator espanhol Óscar Jaenada dá conta do recado tirando diversos risos da
plateia ao longo dos 100 minutos de filme.
Na trama, conhecemos Mario Moreno, um homem bastante humilde
que luta diariamente pelo pão nosso de cada dia. Pulando de emprego em emprego,
consegue aos poucos mostrar todo seu talento com o humorista em alguns circos
(teatros populares). Em paralelo à trajetória de vida desse que se tornaria o
grande Cantinflas no futuro, um dos grandes produtores da Era de Ouro de Hollywood
Michael Todd (Michael Imperioli) está encontrando dificuldades para poder
fechar com um elenco estelar de seu novo filme A Volta Ao mundo em 80 dias. Assim,
conhecemos essas histórias que se unem e transformam esse filme em uma das grandes
homenagens a um artista latino dos últimos tempos.
Não é fácil homenagear um artista de expressão no cinema. O
que ajuda muito, neste caso, é que a vida do grande Cantinflas é tragicômica do
início ao fim. Com uma atuação para lá de inspirada de Jaenada, o público é
presenteado com muitas cenas engraçadas, com dramas comoventes e presta atenção
atentamente a todas as ações do polêmico ícone do cinema mexicano. A direção de
Sebastian del Amo também é um dos destaques da fita, transformando a telona em
um ambiente charmoso, estilizado, quase noir. O cineasta francês/mexicano dá
uma aula em como ser criativo com a câmera nas mãos.
Quando o filme inverte, saindo das quase sempre cenas
cômicas e se remodela em cenas mais densas, consegue subir de nível mais ainda,
fruto dos ótimos atores reunidos em cena. O descontrole que vemos do
protagonista, quando sua vida vira quase um novelão mexicano é muito bem
retratado. Moreno gostava de rir e fazer os outros felizes, se escondia em
Cantinflas mas nem sempre isso era possível. Outro ponto importante a ser
analisado é a questão do sindicato dos artistas no México e a influência do
protagonista nesta história. Quando o roteiro entra nessa questão o filme peca
um pouco, poderia e deveria ser mais profundo no tema mas nada que prejudique
ou atrapalhe o bom andamento do roteiro.
Cantinflas chegou
aos cinemas brasileiros no último dia 23 de outubro e promete agradar a quase todos
que amam cinema. Uma grande homenagem dessas, merece ser conferida por todos
nós que sempre estamos aplaudindo de pé
qualquer respiro de amor à sétima arte.