14/05/2016

Crítica do filme: 'Rua Cloverfield, 10'

Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa. Debutando em um longa-metragem, o cineasta Dan Trachtenberg resolve aceitar um projeto que tem sua essência no pânico psicológico e nas arrepiantes linhas fortes do roteiro. Rua Cloverfield, 10 tinha tudo para ser bem comum mas conforme os minutos vão passando (e nem vamos percebendo), a trama começa a ganhar uma consistência impressionante deixando os olhos do público vidrados em cada detalhe deste criativo quebra-cabeça com resoluções para lá de surpreendentes. O filme deve agradar não só quem curte filmes de mistério, mas filmes de terror e ação também.

Na trama, conhecemos rapidamente a bela Michelle (Mary Elizabeth Winstead) que dirige meio que sem destino por uma via expressa norte-americana, até que uma caminhonete bate na traseira do carro dela causando um acidente. Horas depois a protagonista está presa em um quarto e logo é surpreendida por Howard (John Goodman) um ex-militar que avisa Michelle que o mundo está dominado por forças extraterrestres e que é para ela nunca sair dali. Completamente perturbada com tantas situações e informações chocantes, Michelle terá que ter muita confiança para tomar as decisões corretas.

O roteiro, também assinado pelo indicado ao Oscar Damien Chazelle (Whiplash), é alma do filme. O primeiro ato é bastante sombrio e muitas vezes parece que estamos entrando em uma das experiências de Jigsaw (Jogos Mortais), os personagens estão frios mas delicadamente deixam algumas pontas soltas para a resolução no ato seguinte. Já no segundo ato, algumas surpresas são apresentadas e o roteiro opta em apresentar argumentos para os dois caminhos que a trama deve seguir e fica girando em torno da questão: ‘Howard está mentindo?’, com brilhantismo e muita força em cena os atores crescem muito o clima de tensão da história. O último ato, que chamo de terceiro, preenche todas as respostas que a protagonista tinha e vai surpreender demais o público.

O que mais surpreendente no filme, além do terceiro ato que é simplesmente sensacional, é a forma como os atores compõem seus personagens sempre deixando uma margem para dúvida no espectador. John Goodman está impecável na pele do intrigante Howard, completamente sério e misterioso, bem distante do Goodman de papéis que sempre vemos em muitas comédias. A protagonista Mary Elizabeth Winstead também consegue passar toda a angústia que sua personagem sofre, tanto fisicamente quanto psicologicamente. A dupla é uma das grandes responsáveis pelo excelente desenvolvimento da trama.


Rua Cloverfield, 10 passou um pouco desapercebido pelo circuito mas não deixem de acreditar, é um belo filme que vai surpreender demais você.