16/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #181 - Josimar Carlos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Jacareí (SP). Josimar Carlos tem 34 anos, Designer, amante da Cultura Pop em si, com uma alma nerd, aprecia esta cultura como todo amante que se preze, sabendo consumir tudo da sua devida maneira. Apaixonado por Audiovisual, tenta conquistar o seu espaço, almejando sempre trabalhar com aquilo que de fato ama. É o criador do @geekuniversal (Instagram).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade só temos um cinema, e esse é limitado pelo público que ele tem, então somente os títulos de grande nome que chegam por aqui, principalmente se for um Blockbuster, um terror ou uma comédia. E todos vem na versão dublada, pois o legendado aqui é limitado a um pequeno nicho, que por isso acaba não sendo o público alvo daqui. Mas mesmo com essas limitações, e preferindo sempre o idioma original, eu vou ver todos os filmes neste cinema, mesmo a cidade vizinha tem muito mais oferta. Acho o ambiente da sala daqui mais cômoda, o formato stadium encaixa mais na minha percepção de aproveitar cinema, por isso a escolha será sempre o da minha cidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Os primeiros filmes que vi na vida foram dos Trapalhões, que eram pura diversão. Mas o filme que fez com que eu visse o cinema como algo muito maior, foi com a animação O Rei Leão e Titanic. O primeiro por ter o visual grandioso, algo feito a mão, e por tratar a criança com um sentimento verdadeiro, conquistando com o lúdico, mas ao mesmo tempo não fazendo a mesma de boba, o que fez uma criança de 7 anos chorar como um bebê. E Titanic pelo poder cinematográfico que ele tinha, em alta escala, um primor sem igual na época, lembro que quando vi pela primeira vez - um garoto de apenas 10 anos - meus olhos brilhavam em cada cena, eu não sabia, mas seria a partir daquele momento em diante que o meu amor por cinema só cresceria.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa é fácil demais, quem me conhece responde essa por mim. Sem dúvidas nenhuma é Quentin Tarantino, que eu conheci quando tinha uns 14 anos, onde vi pela primeira vez Pulp Ficton, e fiquei vidrado com a forma a qual ele contava a história, e a partir disso fui acompanhando todos os seus filmes. Um diretor que sabe muito vem abraçar a veia pop, mas sem esquecer do conteúdo, da arte, um diretor que é um primor nos diálogos, desde os mais inusitados ao mais elaborados. Por isso tudo, pelo conjunto de tudo isso, o meu favorito dele é Bastardos Inglórios, e mesmo gostando muito de Pulp Fiction, eu considero este sua Obra Prima, um filme que me pegou em todos os detalhes, maravilhoso demais.

 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Eu tenho um amor pelo filme O Auto da Compadecida, pela forma que ele conduz o humor, pela raiz nacional profunda que ele trás, mas o meu final nacional favorito é Tropa de Elite. Por todo o conjunto cinematográfico em si, e pela forma como ele alfinetou a sociedade, cutucou a ferida com vontade, tudo isso envolto em um filme grandioso, que me conquistou de primeira. Eu gosto dos dois, pois ambos se completam, ambos não tem vergonha e nem medo de chocar, de mostrar aquilo que muitos tem medo de expor. Dois filmes maravilhosos do nosso território.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Hoje em dia infelizmente o termo cinéfilo virou algo duro, pejorativo, daquele que aprecia apenas a arte de forma crua, do conceitual, do filme difícil, abolindo toda e qualquer forma de entretenimento, um termo que personifica alguém que se acha mais que os outros, simplesmente por ver esse cinema durão. Mas tirando toda essa névoa no termo hoje em dia, eu considero cinéfilo aquele que aprecia o cinema como um todo, desde sua forma artística, o sentimento, até a diversão, o entretenimento puro. Ser cinéfilo é apreciar a sétima arte com toda sua vertente, é apreciar uma obra dentro daquilo que ela propõe, de sentir, curtir e se divertir com sua essência. Ser cinéfilo é viver cinema, seja da forma que for."

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, sou prova disso, trabalhei no cinema da minha cidade por 3 anos, entendi toda a parte burocrática ali envolvida. O amor existe, mas o dinheiro, o se adequar ao público fala mais alto. Então eu tentava por exemplo trazer filmes diferente, legendado, mas quando conseguia o fazer, o público não respondia a isso, pois o comodismo está ali. Então não, nem todo cinema é comandado por alguém que gosta e consome o que ama. Assim como na indústria cinematográfica em si, o dinheiro fala mais alto, é só ver os filmes que temos hoje em dia, porquê eles vendem, e nem sempre amor e lucro andam na mesma ponte."

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, pois mesmo com o crescimento dos streamings, a experiência de ver um filme dentro das salas de cinema é sem igual, não se compara em ver na sua residência, principalmente por muitos filmes demandaram que essa experiência seja completa. Além do que na sua residência existe a distração, e a essência de muito filme é quebrada com isso, a experiência é nula em muitos casos. Então não, acho que o Cinema ainda vai viver por muitas décadas.

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Essa é complicada, mas vou indicar de um Cinema que eu aprecio muito, o Coreano, e mesmo que as produções asiáticas tenham alcançado vários públicos hoje em dia, principalmente pois os streamings - como a Netflix por exemplo - estão investindo cada vez mais neste mercado. Então indico aqui não um, mas sim a Trilogia da Vingança - Mr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança - do grande diretor Park Chan-Wook. Essa trilogia é maravilhosa demais em todos os sentidos, é pesada, é real, é grandiosa, é tecnicamente bem feita e trás atuações grandiosas, então indico que todos vejam.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eis aqui uma opinião pessoal, eu acho que não, mas entendo o porquê delas abrirem. Entendo aqueles que estão nos bastidores e necessitam que isso aconteça. E entendo também que se os bares estão abrindo, porque não os cinemas? Mas como dito, eu não irei aos cinemas novamente, não enquanto não houver uma vacina, não me sinto seguro para isso, mesmo sabendo o cuidado que eles estão tendo com este retorno, mas não, não irei por enquanto.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu considero que o cinema Brasileiro está evoluindo cada vez mais, seja no quesito atuações, quanto roteiro e parte técnica. Além do que os filmes nacionais de gênero estão cada vez mais ganhando seu espaço. Contudo, também vejo que esse cinema ainda sofre muito preconceito, sofre de ajuda do governo, do conhecimento e do investimento. E maior ainda, sofre na exibição nos Cinemas, mas não pelo cinema em si, mas sim pelo público, pois eles consomem aquele padrão, os filmes de comédia do estilo Globo, que é inclusive o que mais temos hoje em dia, mas não por falta de criatividade, e sim por demanda, pois é aquilo que falei, se tem procura, se gera lucros, porque não fazer mais e mais? Então nós mesmos deveríamos incentivar mais o público, que temos muito conteúdo nacional de qualidade por aí, e que só tem a crescer, mas para isso, ele precisa de visibilidade e credibilidade.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Assim como todos os artistas que gosto, eu não consigo ver o filme de todos eles. Mas tem um ator brasileiro que sempre tento ver os seus filmes, que é o Wagner Moura, que eu gosto bastante, acho um baita ator do nosso território. Tento ver todos os trabalhos dele, seja aqui ou na terra do Tio Sam.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é arte, é entretenimento, é sentir, tocar e viver. Cinema é Alma.

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Olha, trabalhando lá eu presenciei muita coisa inusitada, mas não cabe falar aqui...Então direi uma um pouco mais tranquila. Um casal assistindo um filme, naquele Love, e quando a sessão acaba, e todos estão saindo, começa uma gritaria, uma mulher começa a brigar com eles, entrando no meio até segurança. Quem era ela? A esposa dele, que por coincidência, estava na mesma sessão que ele foi com a amante.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Queria esquecer isso.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Pergunta complicada, mas acho que sim. Porque como dito lá em cima, ser Cinéfilo é amar e viver o cinema, então se uma pessoa se propõe a fazer uma obra que almeja passar isso para as pessoas, seja de forma artística ou entretenimento. Ele necessita gostar daquilo que ele faz, então ela tem que ser um cinéfilo, pois ao contrário de muitas profissões por aí, ninguém faz Cinema por fazer, almejando somente ganhar milhões, principalmente por aqui, pois sabemos o quão difícil é está área, então quem se aventura neste meio, tem que no mínimo amar o que faz.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Olha, eu prefiro esquecer os filmes ruins, mas já que tenho que apontar um, vou dizer aquele que eu não consegui ver inteiro, e que foi o único filme que fiz isso na vida. The Spirit - não aquela animação do Cavalo, e sim aquele filme do Frank Miller que tenta emular um Sin City - eu vi somente 30 minutos dele e não aguentei, achei ruim em todos os sentidos.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou muito de ver documentários, quero consumir mais. Mas tem um que me impactou muito, Winter on Fire: Ukraine's Fight for Freedom. Apesar de ser algo bem distante, ele me aproximou dos fatos, um filme doloroso, cru, que tem coração, não é algo feito no automático, ele causa reflexões que vão muito além da luta por liberdade, ele é honesto, é pesado, ele dói na alma, mas é muito bem feito e entrega com maestria tudo aquilo que propôs.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Em sessões convencionais acho que somente com o Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, que foi aquela palma com gosto, com um misto de lágrimas, em ver o fechamento perfeito para a melhor saga da minha vida.

 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Kick Ass, sem dúvidas. Para mim foi ele que liberou o Nicolas Cage insano que temos hoje em dia, aquele descontraído que faz filmes sem vergonha nenhuma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Ler, ler com frequência, só o meu mesmo rsrs. Não vejo mais nenhum site além disso, só os estrangeiros como fonte.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #180 - Thassilo Weber


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Thassilo Weber é formado em história pela King’s College London, onde focou na história intelectual do Caribe. Sua base artística vem do teatro mas hoje trabalha mais com o audiovisual, como produtor cultural. Seu último curta metragem, Memórias do Rio, venceu um prêmio em Los Angeles no Independent Shorts Awards. Atualmente está desenvolvendo seu primeiro longa e espera estar cursando um mestrado no ano que vem.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Provavelmente o Espaço Net ali em Botafogo. Tem uma boa seleção de filmes do circuito indie e as salas são mais íntimas.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Master and Commander. Eu morava na Austrália e o Russell Crowe era uma espécie de herói nacional. Eu tinha uns 7 anos e fiquei maravilhado com tudo. Acho que foi a primeira vez que eu valorizei a trilha sonora de um filme. Muitas vezes assisto certos filmes só pela trilha. Hoje em dia eu assisto esse filme pelo menos duas vezes ao ano e continua sendo um dos meus favoritos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Acho difícil e de certa forma injusta essa pergunta (rs). Mas colocada de outra forma, se eu tivesse que mandar um filme de um diretor para um alienígena para explicar o que é o cinema, eu mandaria Luz de Inverno do Bergman. É um filme que explora bem a questão do que é ser um ser humano, e comunica isso de forma objetiva porém cheio de nuances. Bergman consegue extrair tudo que está no poço da alma e joga isso na nossa cara, dizendo que somos imperfeitos, traumatizados, e cheio de experiências que nos formaram.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Terra em Transe, do Glauber Rocha. Assisti faz pouco tempo, mas me marcou por ser uma obra que sobreviveu o tempo.

O Glauber criou uma linguagem muito específica no filme, que é algo que o sustenta. A edição, a música, o texto, tudo gira em torno de uma visão clara e muito bem executada.

Além disso, o texto (que originalmente tinha 700 páginas) tem uma poesia e uma qualidade quase performática, mas as atuações transmitem uma intimidade ao mesmo tempo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu tento não pregar ou recomendar com muita força os filmes que assisto e tudo mais. Afinal, um grande filme para você pode ser grande por causa das suas experiências e o modo em que você enxerga o mundo. 

Claro, tem filmes que talvez possam objetivamente terem um bom roteiro, aspectos técnicos sofisticados etc. Mas no fundo, você não pode forçar a outra pessoa a querer ver o que você viu. Não vai ser o mesmo filme para o outro.

Mas a minha experiência de ser cinéfilo começou quando eu era mais novo, assistindo filmes que alinhavam com os meus interesses. Eventualmente estudei muito O cinema Cubano e acabei me expondo a outras possibilidades.

Acho que hoje em dia eu tento assistir de tudo e incluo alguns clássicos, clássicos pessoais, que eu gosto de assistir com uma certa frequência.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que sim. Acaba que nesses cinemas grandes do Brasil (UCI entre outros) fecham acordos com distribuidoras e ficam restritos em relação a programação. Tento sempre entender por que, algumas vezes, alguns cinemas não conseguem oferecer variedades interessantes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não sei. Espero que não. Acho que se ir ao cinema se tornar evento, um date chique ou algo assim, talvez tenha mais relevância econômica no futuro. Não sei se os lançamentos box office ou tradicionais vão encontrar um retorno financeiro como encontraram no passado nas salas. Talvez oferecendo o cinema como uma experiência diferenciada seja o futuro.

Ao mesmo tempo, acho complicado deixar as pessoas restritas a uma tela de computador, ou pior ainda no celular streaming um filme.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Memória de Subdesarollo, de Tomás Gutierrez Álea. Talvez um filme um pouco difícil de encontrar, mas é bárbaro por tratar de uma decadência que é Cubana, mas as atitudes acho que podem ser comparadas a outras ao redor das Américas.  

 

Como quase todos os meus filmes favoritos, a música é essencial ao enredo. Léo Brouwer, um guitarrista e compositor de primeira, mistura sons Cubanos com aqueles vindo da Europa, e esse encontro entre os dois sustenta em grande parte o estilo e enredo do filme.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Talvez uma sugestão seja cinemas outdoor ou drive in. No entanto, acho que talvez com distanciamento e medidas de saúde no local, seja possível.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sensacional. A Vida Invisível, Bacurau... isso sem mencionar alguns outros filmes que foram a Cannes nos últimos anos.  Acho que o nosso cinema tem muito a oferecer, sempre teve. Temos que preservar a produção audiovisual.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Guel Arraes. Acho que ele e o Suassuna são almas gêmeas brincando com a mesma matéria prima (não é a toa que ele dirigiu O Auto da Compadecida).

A pegada regionalista dele é algo bacana porque ele coloca ali um povo, uma existência e uma narrativa que é nossa. Não é um cinema escapista, mas sim interno e real.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A possiblidade de gerar a reflexão através da imagem.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fico devendo essa. Infelizmente minhas experiências foram todas muito higienizadas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não tive a honra de assisti-lo ainda. Mas pelo que vi, posso convidar uns amigos e fazer uma espécie de drinking game para acompanhar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Não. Acho importante ter referências, saber um pouco de tudo, é claro. No entanto, só a experiência te dará a capacidade de criar uma obra real e completa, e essa experiência é composta pela vivência, cujo o cinema (e podemos incluir a literatura, o teatro etc) faz parte dessa vivência, mas não temos que viver primeiro, depois ver o filme.

Pra mim, o cinema é emoção, e se você cria a partir de emoções já criadas em filmes, ou cenas de tal filme etc, você está fabricando em cima de uma fabricação de uma emoção. Não será original, o que não quer dizer que vai ser ruim, mas já foi feito, e provavelmente muito bem feito.

Crie de dentro. Encontre aquela história que é sua, que você domina e que tem significado para você. Isso vai sustentá-la muito mais do que: ‘ah quis fazer porque vi em tal filme.’

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

‘Pior’ é algo subjetivo, mas qualquer um desses recentes aí que tem tiros, explosões, helicópteros e o Sylvester Stallone e cia está valendo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

O Sal da Terra do Wim Wenders sobre a fotografia do Sebastião Salgado é incrível.

Tem também o Samsara, que são filmes que não sei se constam um documentário no sentido tradicional. São registros da humanidade de uma forma bem meditativa. Talvez seja um dos registros mais bonitos que eu já vi.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Amadeus (quando assisti em um cinema antigo em Londres), La La Land (porque é um filme f#da), e A Favorita do Lanthimos.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Todos. Rs, ele é um mito. Mandy é o meu favorito dele. A partir de um certo momento (que vem cedo no filme), ele sustenta uma intensidade até o final do filme. Extraordinário. Merecia outro Oscar.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eita. Tem vários. Frequento muitos, gosto das críticas do The Guardian, Roger Ebert... indiewire é bacana e mais contemporâneo.


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15/11/2020

Crítica do filme: 'Mãe e Muito Mais'


Há sempre espaços nas histórias da vida para um final melhor. Camuflado de comédia bobinha Mãe e muito mais, é muito mais que uma historinha água com açúcar. Consegue traçar paralelos reflexivos sobre idade, dúvidas, incertezas dentro de um contexto de amizade que passa de mães para filhos. Escrito e dirigido pela cineasta Cindy Chupack (produtora do famoso seriado Sex and the City) o filme aposta em três recortes de relacionamento mãe x filho diferentes, com três artistas fantásticas que transpiram carisma.  Ao longo de simpáticos 100 minutos, o longa-metragem, que está disponível no catálogo da Netflix, caminha, nem tão raso, nem tão profundo, por assuntos tabus dentro desses relacionamentos.


Na trama, conhecemos as inseparáveis amigas Carol (Angela Bassett), Gillian (Patricia Arquette) e Helen (Felicity Huffman) que viveram a vida toda no interior de uma grande cidade e todas elas presenciaram a formação de cada um dos respectivos filhos delas. Quando em uma conversa argumentam sobre os porquês dos filhos não ligarem no dia das mães, impulsivamente resolvem ir atrás deles, que são amigos, e moram, cada um em sua casa, em Nova Iorque. A partir daí, casa uma delas tentará entender situações, melhorar relacionamentos e aparar problemas do passado pensando sempre em ter um futuro melhor no relacionamento mães e filhos.


Aquela sensação angustiante de ver o filho crescer e se importar pouco com a mãe. Esse raciocínio é a alma das personagens, seus objetivos passam por essa questão e o que o roteiro faz para descascar esse tema é muito produtividade, pois, habilmente, consegue abre abas, como subtemas, para questões existenciais resolvidas dupla, mãe e filho. Andando pelas ruas de Nova Iorque, muito parecido com a sensação de vários outros filmes (clichê mas bem válido), as mamães chegam à encruzilhada de que talvez não possam ser tão perfeitas como elas pensam, nem seus filhos.


Falando sobre traição, sexualidade, síndrome do ninho vazio, questões mal resolvidas de um passado longe mas presente o trio de amigas se descontroem aos olhos mais atentos em busca de um novo norte. Por isso, podemos afirmar que Mãe e muito mais é uma jornada convincente que mostra muito sobre relacionamentos de mães e seus filhos.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #179 - Gabriela Barbossa


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, paulista. Gabriela Barbossa tem 23 anos, formada em Marketing, trabalha com comunicação e marketing, além de fã de cinema, aprecia bons livros e boa música. Viciada em sebos e colecionadora de DVD. Criadora do Instagram @overdosefilmes

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade, tem apenas Cinemark e Cinépolis, mas, na cidade vizinha tem a Petra Belas Artes, que é maravilhosa, tem uma curadoria fantástica, com muitos títulos que são totalmente fora do circuito "blockbuster" e que você dificilmente encontra disponível na programação dessas citadas acima.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza Clube da Luta. Lembro até o momento: Estava passando na TV aberta e eu parei para assistir e realmente prestar atenção. Ao final, pensei: quero saber agora quem fez isso.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil pergunta rs, mas vou responder com o que eu mais tenho curtido ultimamente, o Yorgos Lanthimos, meu filme preferido dele é O Sacrifício do Cervo Sagrado.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Amarelo Manga. Acho sincero, real e tããoo brasileiro. As atuações são fantásticas e as histórias contadas nos prendem de tal forma...

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É querer viver o pós-filme. É ir atrás de mais coisa, querer saber detalhes, mergulhar na história e na mente de quem está por trás dessas grandes ideias.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, não acredito. Os cinemas hoje estão preocupados em atrair público, a programação é feita de novidade, títulos atrativos e com maior chance de lotar salas. A única função dessas pessoas é estar atenta aos grandes filmes do momento.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Muito difícil pensar no futuro dessa forma, não é? Quem diria que as locadoras fechariam? Ou que poderíamos ver filmes no celular enquanto estamos no metrô? É muito incerto, mas acredito que não, pois ainda é uma indústria que move muito dinheiro e é importante para as premiações, como uma etapa, o filme deve ser exibido em cinemas, mas tudo pode mudar rs, resumindo, não sei, espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cidades dos Sonhos do David Lynch, conheço muita gente que desistiu no meio... gente, vê até o fim mano.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que com os cuidados necessários sim, da parte do cinema e dos visitantes, claro. Mas acho que eles não deveriam trazer grandes novidades agora, pois pode atrair um público muito grande e aí teria aglomeração. Acho ótimo alguns cinemas estarem passando clássicos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nós evoluímos, sem dúvida, mas ainda é um cinema que precisa se desenvolver e crescer muuuito, mas para isso, precisamos que o público brasileiro, consuma títulos nacionais, vá ao cinema para ver filmes nacionais, e não só os de comédia.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tenho um carinho grande pela Fabiula Nascimento. Gostaria de vê-la em mais papéis grandes e importantes.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Visão.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Huum, não me lembro de nada, minhas visitas tem sido bem normais.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um trash delícia do cinema nacional.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas ter bagagem de fã é importante, Tarantino que o diga.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O pior da vida...não sei, mas tem o pior que eu vi nos últimos dias Milf da Netflix.

 

17) Qual seu documentário preferido?

No momento, The Punk Singer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim rs, em Harry Potter.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação do Spike Jonze.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto muito do Plano Critico.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #178 - Décio Reis


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Brasília. Décio Reis é o criador do Instagram Chatômetro Cult (@chatometrocult), apaixonado por cinema, sempre disposto a aprender mais sobre cinema e a difundir o seu conhecimento.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Kinoplex, por causa do conforto e da qualidade da exibição em 3D

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

David Fincher - Clube da Luta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Lobo Atrás da Porta, é um filme completo no que se propõe a fazer, é perturbador, e não se apoia no fato de ser baseado em fatos, apesar de o ser.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser apaixonado por cinema, acima de tudo. Assistir a muitos filmes, e se encantar com aspectos que só os filmes podem te proporcionar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. É um comércio, e geralmente filmes que nos fazem amar cinema não ficam tanto tempo em cartaz ou nem entram na grade. Em contrapartida filmes blockbusters têm aos montes

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. É um meio rentável. Preciso admitir que esses filmes blockbusters ajudam a manter as salas de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cafarnaum, de 2019.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não, estou resistindo para não ir, acho uma irresponsabilidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que apesar do descaso e da síndrome de vira-lata, o cinema brasileiro é um dos melhores do mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rodrigo Aragão.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Existem experiências que somente o cinema pode te proporcionar.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Assistindo Faroeste Caboclo, senti que todos na sala estavam conectados com o filme e conheciam a música, a ponto de vibrarem quando o duelo final foi marcado, os tiros de João em Jeremias e levantando e aplaudindo quando, nos créditos, tocou a primeira nota da música.

Isso me mostrou o potencial que o cinema brasileiro tem de se conectar com o público só precisando ser visto.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Acho que foi um caça niquel que deu muito errado.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que qualquer coisa que for feita precisa ser feita com paixão, então, acredito que precisa sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Tiros em Columbine.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.  Como menção honrosa, coloco A Outra Face.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplayers.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #177 - Gabriela Durão


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfila, de Uberaba (MG). Gabriela Durão tem 22 anos e está na reta final do curso de Direito. O cinema sempre foi sua paixão, desde criança. Sempre adorou comentar sobre filmes e séries com seus amigos, muitas dicas também, e eles amam, sempre falam que ela tem bom gosto e tem o filme certo para indicar! Assim, criou o Cinéfila Anônima (Instagram @cinefila_anonima) para compartilhar com mais pessoas seus gostos e opiniões! Demorou muito para criar coragem e começar de fato a página, mas olhando agora, foi a melhor decisão que ela tomou! A página a ajuda muito, inclusive com a sua timidez.

 

1)Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As salas do Kinoplex! Pois tenho a praticidade de ter as salas a menos de 5 minutos da minha casa !

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não lembro com muita precisão, mas com certeza lembro da sensação de ver algum dos primeiros filmes de Harry Potter e aqueles belíssimos cenários na tela grande e suspirar. Melhor sensação do mundo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil pergunta, pois sou uma pessoa que não consegue escolher apenas 1 como favorito, no meu coração tem lugar para muita gente.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não tenho um favorito, mas com certeza os que mais me marcaram e sempre recomendo são Batismo de Sangue e Olga! Grandes filmes com histórias importantes sobre o nosso Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É um estado da alma. É ser apaixonado pelo cinema. É mergulhar de cabeça nas histórias e se transformar com elas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. A programação é feita baseada em motivos comercias, e é apenas mais uma função que os funcionários devem efetuar dentro da empresa ! Acho que deveria ser escolhido à dedo, criar uma programação com mais diversidade, para atender todos os tipos de público e gostos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Duvido muito. Mas nunca se sabe não é mesmo ?! Talvez seja inevitável com a mudança dos tempos! Igual as locadoras de filmes, sumiram por conta dos serviços de streaming. Fato é que nada vai substituir a magia do cinema. Então espero que eu não esteja mais aqui quando isso acontecer (caso aconteça).

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Pergunta boa, sou do tipo que adora filmes desconhecidos: No momento eu diria: O Público (2018) de Emilio Estevez.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se o cinema se comprometer em por em prática todas as diretrizes estabelecidas pela OMS e se empenhar para que todas sejam cumpridas pelo público sim, caso não vamos continuar com o drive-in que está ótimo também!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho ainda bem inferior por exemplo aos nossos vizinhos Argentinos e Chilenos. Ainda muito para alcançar a excelência, falta maior diversidade. Falta investir em obras que não sejam básicas, apenas para divertir.

 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Alice Braga.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O cinema é um modo divino de contar a vida.” Federico Fellini (primeiro post da minha página foi com essa frase !)

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

A mais recente foi durante Jojo Rabbit, duas senhoras do meu lado (me atrapalhando) compartilhando receitas super alto.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti, então não posso opinar!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, acredito que o mais importante é ter conhecimento técnico, e amar seu trabalho e o cinema é claro, mas ter uma bagagem também importante para obter referências. E acima de tudo ter paixão ao criar uma obra e saber o quer transmitir com ela.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não me vem nenhum em mente. Talvez eu tenha deletado ele.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Documentário é comigo mesma, tenho uma lista extensa:

Ilha das flores

Tiros em Columbine

O desaparecimento de Madeleine Mccan

Amanda Knox

The Keepers

Fahrenheit 11/9

Absorvendo o tabu

Showbiz kids e por aí vai...

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não! Eu substituo as palmas , pelas lágrimas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Mandy (2018).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não leio muitos sites de cinema, mas consulto muito o Imdb e rotten 
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14/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #176 - Louise Duarte


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Louise Duarte, fotógrafa de família e jornalista. Cinéfila que atuou por 6 anos como Jornalista Cultural pelo antigo portal Tabula Rasa onde publicava matérias e críticas sobre cultura e entretenimento incluindo Cinema, mas que desde 2018 migrou para as coberturas fotográficas de família e eventos sociais pelo Pixie Dust Fotografia. Apaixonada por Cultura Pop e pela trilogia De Volta Para O Futuro e foi o cinema que a trouxe grandes amizades que permanecem na sua vida até hoje mesmo que ela não trabalhe mais na área.  

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho muito uma relação mais afetiva com as salas de cinema, mas curto muito as do UCI NYCC pela proximidade com o meu condomínio e pelas facilidades no shopping.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Pergunta difícil mas acho que foi De Volta Para o Futuro.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

No momento Wes Anderson com Moonrise Kingdom.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Homem do Futuro. Por ser alucinada por "De Volta Para O Futuro" eu adoro histórias que falam de viagens no tempo e O Homem do Futuro tem tudo isso e mais um pouco visto que também tem várias referências a minha trilogia do coração. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Apreciar a sétima arte e curtir tudo relacionado a ela mas sabendo respeitar o gosto alheio sem desmerecer ninguém seja a opinião de um colega, o trabalho de um cineasta ou a atuação de um ator. 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que a sua grande maioria sim, mas sei que nem todos eles têm equipes formadas por especialistas o que é uma grande pena, pois deveria ser um investimento para ter uma sala de cinema: Alguém que entende minimamente de cinema para montar uma programação adequada ao tipo de público que quer atingir.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Com pandemia ou sem pandemia, tenho certeza de que as salas de cinema ainda irão abrigar e confortar além de divertir muitos cinéfilos que querem fugir um pouco da sua própria realidade para adentrar na realidade do personagem do filme, seja ela de qual tipo for. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo:

A Datilógrafa é uma ótima comédia romântica francesa de época que dá para divertir e se emocionar ao mesmo tempo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sei que é um assunto polêmico no momento visto que muitas estão reabrindo porque precisam manter as salas. Mas acho que a reabertura deve ser feita de forma responsável. Só se as salas estiverem totalmente equipadas e preparadas para isso respeitando todas as regras de distanciamento social e de higienização pedidas pelo OMS e com o público reduzido na sua capacidade.. E claro, isso depende também de cada pessoa que sabe o que é melhor para ela.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tem melhorado muito em relação às décadas passadas que só exibiam filmes de comédia besteirol e filmes passados nas comunidades. Agora está mais diversificado com mais temas abordados para todos os públicos e gostos incluindo ficção científica, sobrenatural e da cultura pop que não era tão explorado assim antigamente. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a maior diversão. É uma frase meio batida mas é a mais pura verdade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui surpreendida no meu aniversário de 2016 com uma festa surpresa na saída de uma cabine de imprensa da Marvel (acho que era Doutor Estranho) com direito a bolo e tudo. Não teve melhor maneira de comemorar o começo do meu aniversário do que no cinema com os meus amigos do coração. 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Confesso que nunca vi esse filme então vou dar uma de Gloria Pires e preferir não opinar a respeito rs. 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que sim. No mínimo precisa entender e estudar sobre cinema para poder fazer um bom trabalho na direção. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Showgirls. 

 

17) Qual seu documentário preferido?

O Sal da Terra sobre a vida do fotógrafo Sebastião Salgado. 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Para vários filmes. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face. 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema Para Sempre.

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13/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #175 - Júlia Câmara


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfila, brasileira, paulista, mas que mora em Los Angeles. Júlia Câmara é uma escritora, roteirista e cineasta brasileira. Trabalhou por anos como tradutora de português para legendagem de filmes e televisão. Ela escreveu e dirigiu vários curtas-metragens premiados. Em 2018, Júlia fez sua estreia na direção de longa-metragem com o filme experimental In Transit, filmado quase todo em um dia e com diálogo improvisado. O filme ganhou o prêmio de Melhor Filme Experimental em quatro festivais diferentes.

 

Júlia também escreveu o filme de ficção científica Área Q, estrelado por Isaiah Washington, Murilo Rosa e Tania Khalill, o filme de estrada Angie (Open Road), estrelado por Andy Garcia, Juliette Lewis, Camilla Belle, Carol Castro e Christiane Torloni, e o premiado filme de ficção científica Habitantes (Occupants), estrelado por Robert Picardo da série Star Trek: Voyager). Habitantes foi selecionado em mais de 150 festivais de cinema em todo o mundo e ganhou mais de 100 prêmios, incluindo o Telly Award pelo roteiro.

 

Júlia ensina criação de roteiro na UCLA Extension. Em Abril de 2020, Júlia começou oferecer o novíssimo curso Inclusive Screenwriting, que tem o objetivo de facilitar o desenvolvimento de histórias sobre grupos marginalizados pela sociedade.

 

Os artigos de Júlia sobre roteiros e cinema podem ser lidos no blog WeScreenplay, Luz Collective e nos arquivos do site Ms. In The Biz.

 

Em 2020, Julia publicou o eBook That’s What She Wrote (Foi o Que Ela Escreve), o livro é uma coleção de entrevistas e matérias sobre a criação de roteiros e a indústria de cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu tenho várias salas que adora por motivos diferentes. Apesar de não ir ao cinema há mais de sete meses devido à pandemia e os cinemas continuarem fechados aqui em Los Angeles. Minha única experiência com cinema desde março foi um drive-in no qual levamos a minha filha de 6 anos pra curtir o filme infantil.

As salas que eu gosto aqui na minha vizinhança de Los Angeles são: O Archlight em Downtown Culver City, o AMC em Howard Hughes e Landmark na Pico Boulevard.

Eu sinto um carinho especial pelas salas que já passaram filmes em que eu trabalhei. Estes cinemas também costumam passar filmes independentes assim como os filmes dos grandes estúdios.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza todas as minhas experiências dentro de uma sala de cinema moldarem a minha visão do mundo e meus sonhos para o meu futuro. Eu não acabei aqui em Los Angeles por acaso. Não sei se existe um momento específico em que me apaixonei pelo cinema, mas tenho muitas memórias ótimas de passar grande parte da minha infância dentro de um cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

No meu caso é uma diretora! Ava Duvernay. Ela já faz vários filmes maravilhosos, mas um dos meus favoritos é o primeiro filme que ela fez chamado I Will Follow. Muito bem feito com pouco orçamento. Um drama sensível sobre uma mulher lidando com a perda de uma pessoa querida e começando uma nova fase da vida.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Um dos filmes nacionais que mais me marcou foi Que Horas Ela Volta?. Achei o filme super honesto e sensível. Mostra bem a realidade do conflito de classes sociais no Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é trocar qualquer outra atividade por um filme. Ser cinéfilo é esperar até o filme acabar para ir ao banheiro porque você não quer perder nem um segundo do filme. Ser cinéfilo é assistir um filme e analisar a história, roteiro, atuação, direção ao mesmo tempo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, o cinema é uma indústria. As salas são programadas depois de várias negociações são feitas entre estúdios, distribuidores, e gerentes. Praticamente nada dessa negociação inclui a arte do cinema ou o mérito do filme. É sempre a respeito de quanto de bilheteria o filme está lucrando e por quanto tempo vai poder ficar naquela sala. Coisas como prêmios (Oscar ou outro assim) influenciam isso pois sempre que um filme ganha algum prêmio ganha também mais atenção e publicidade.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

A pandemia colocou várias redes de cinemas em risco de falência, mas o fato dos cinemas drive-in terem entrado com tudo para ocupar o espaço deixado pelas salas de cinema me diz que sempre vai existir alguma versão de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O primeiro filme da Ava DuVernay que falei acima, I Will Follow.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mas eu sou uma das pessoas que está completamente isolada há mais de sete meses. Eu só tenho contato com as pessoas que moram na minha casa e mais ninguém. Acho que um risco desnecessário no momento.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema Brasileiro está sempre crescendo. Quanto mais filmes nacionais, maior o mercado e maior fica a vontade da plateia de ver coisas novas feitas pelo nosso talento nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tem muitos que admiro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é um lugar onde tudo é possível e não existem limites.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Me lembro de ir ao cinema nos anos 90 e a sala estar tão lotada que as pessoas estavam sentadas na escada e no chão na frente da tela. Coisas que cinemas não podem fazer hoje por regras de segurança em caso de incêndio, mas que na época o pessoal adorava. Melhor do que perder a sessão.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Não vi o filme. Não tenho o que dizer.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não confie em um diretor ou diretora de cinema que não ame o cinema. Não faz o menor sentido você simplesmente não amar esta arte. Eu só comecei a fazer cinema porque amava assistir filmes e queria ver os filmes que existiam só na minha cabeça. Pra mim, se você não é absolutamente obcecado com cinema deve fazer outra coisa como profissão.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, já vi muitos filmes que não são muito bons. Mas o que eu sempre digo é que ninguém decide fazer um filme ruim, isso simplesmente acontece. E sabendo o quanto é difícil fazer qualquer tipo de filme, sempre aplaudo qualquer pessoa que tenha conseguido completar um projeto de cinema.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Absorvendo o Tabu é um dos meus favoritos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, algumas vezes sim. Mas só costumo fazer isso em uma sessão em que os cineastas estão presentes. A minha fazia sempre isso quando eu era criança e ía ao cinema com ela, e eu morria de vergonha. Anos depois, eu já adulta, a levei para uma sessão em que os cineastas estavam presentes e as pessoas aplaudiram no final. Ela ficou super confusa. Acho que a diferença é mostrar às pessoas envolvidas em fazer o filme que você admira e respeita o trabalho delas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

The Family Man (Um Homem de Família) é um dos meus favoritos que ele já fez.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu leio Hollywood Reporter, Deadline e Variety.

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12/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #174 - Amanda Guimarães


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Muriaé (MG). Amanda Guimarães é formada em Letras, professora de redação e por um acidente de percurso também é redatora. Apesar de ser uma pessoa das palavras, pela internet afora sempre comentou muito mais cinema e TV do que literatura. Participou dos finados Miolão e Outra Página (sites que cultura pop que existiram entre 2010 e 2015), escreveu algumas críticas pro Curta Curtas e, atualmente, está só no Maratonista de Menu (ou também no Instagram @maratonistademenu_), site voltado para conteúdos de cinema e TV que podem ser encontrados em plataformas de streaming. Ela, porém, é apenas 50% da equipe, que também conta com a sua irmã, Nayara Guimarães.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A minha cidade só tem uma sala de cinema, da qual eu não gosto muito. O som é bem ruim. Fora isso, a programação dela também não é muito boa, já que basicamente passa filme da Marvel e as animações mais populares. Acho que o filme mais diferente que eu vi passando aqui nos últimos anos foi Inovação do Mal.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tem que ser no cinema exatamente? Porque eu nunca fui acostumada a ir por causa do que falei sobre a cidade. Enquanto eu crescia, nem cinema a gente tinha aqui. Ele abriu quando eu tinha 13 anos. Mas, se puder simplesmente ser um filme que me fez perceber que o cinema podia ser maior do que o que eu via na TV aberta, foi Seven - Os Sete Crimes Capitais.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu tenho vários diretores preferidos e realmente não sei escolher entre eles. Mas pra citar um que eu gosto muito, vai o Pedro Almodóvar. E meu filme preferido dele é Dor e Glória, de longe.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil. Porque até hoje nenhum me comoveu da mesma forma.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Então, eu posso falar que não me considero cinéfila? haha Porque não me considero. Pra mim, quem merece esse título de verdade tem um conhecimento bem acima da média de cinema. E eu nem digo técnico, digo de várias épocas e vários países. Eu ainda tenho várias lacunas na minha "formação cinéfila" e aí reluto pra me chamar assim.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Falando pelo da cidade, não. Ou pelo menos uns indicados ao Oscar passariam por aqui, coisa que não acontece.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu duvido demais. E eu acho sinceramente que existe muita gente disposta a garantir que isso não se perca. Gente da indústria, gente apaixonada pela arte e até quem só gosta como programa de final de semana.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Amor à Flor da Pele, do Wong Kar Wai.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mesmo com todos os cuidados, eu ainda sou contra. Uma coisa é você organizar direito uma cabine com jornalista e um número bem estipulado de convites. Outra é você convencer o pai de família que foi praticamente obrigado pro cinema que ele não vai sentar junto com os filhos e a esposa na sessão. Enfim. Não. O potencial pra dar merda é muito grande.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Enxergo como um cinema que não deve nada pra nenhum outro no mundo em termos de qualidade. Eu tenho explorado mais o cinema de horror daqui, que é relativamente recente, e eu tô encantada com o que tô encontrando.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Clichê, mas verdade. E eu tô apaixonada pela Juliana Rojas. Então, daqui pra frente o que ela fizer, eu vou ver.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Minha janela pro resto do mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

 

Eu posso contar de quando o dono do cinema devolveu meu dinheiro porque eu estava com ódio dos adolescentes gritando em uma sessão de Annabelle? Pois é. Tinha um cartaz bem grande avisando que eles não faziam devoluções. Mas minha cara devia estar linda de tanta raiva e ele só botou o dinheiro na minha mão e pediu desculpas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um marco. Um divisor de águas na minha vida.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu nunca soube dessa informação e fiquei meio surpresa porque pra mim era óbvio que sim. Pra fazer filmes, você precisa conhecer filmes. Vivendo e aprendendo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Putz, que pergunta difícil. Eu acho que deve ter sido algum terror porque eu me ferro muito nessas de gostar de terror. Mas pode facilmente ter sido Crô porque eu sinceramente não sei o que eu estava pensando quando assisti.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Grey Gardens, de 1975.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nunca aconteceu.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Mandy, sem dúvida nenhuma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu costumo ficar mais pelos perfis que acompanho no Instagram e podcasts. Mas quando leio sites, leio do do pessoal do República do Medo e o Filmes do Chico.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #173 - Fernando Nogueira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, sociólogo e produtor cultural. Fernando Nogueira trabalha com pesquisa e programação cultural desde os anos 1990. Hoje, pesquisa sobre antigos cinemas do interior paulista para um novo projeto.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cine São Carlos. Cinema de shopping, particularmente, eu não frequento, não gosto. E o cinema do Sesc, com excelente programação, porém, não é uma sala de cinema propriamente. A razão do Cine São Carlos tem a ver com a memória do cinema na cidade, do cinema que frequentei nos anos setenta, oitenta e noventa. Eram duas salas – o Studio 1 e 2, na região central da cidade. E permanecem com duas salas. E cinema de rua, coisa rara hoje em dia! Frequento, ou frequentava (antes da pandemia), a depender da programação dos filmes. Portanto, é um cinema que remete ao passado, apesar, que não sou um adepto da nostalgia pura e simples. Penso que a memória deva ter um sentido, caso contrário, ela é apenas saudosismo, nostalgia, reminiscência. Não é a minha praia. A memória deve ajudar a articular, pensar e produzir novos conhecimentos. E a sala de cinema é um objeto valioso para a produção cultural. Como trabalho na área da cultura, então, o cinema, é para mim, não somente cinefilia, mas, ofício, trabalho intelectual, projetos, enfim... Agora mesmo, estou retomando uma pesquisa sobre o cinema em São Carlos, e os movimentos artísticos em primeiro plano. Aliás, o tema dos “velhos cinemas” não sai da minha cabeça há alguns anos. Como percorri, praticamente, as várias regiões do estado de SP por conta de trabalhos desenvolvidos (projetos culturais), em cada cidade “descobria” um velho cinema por lá... E o pesquisador é um cara vidrado na pesquisa, no objeto, no recorte...  Ainda não sei o destino final das pesquisas. Algum projeto sairá do mergulho que estou fazendo. Algum ou alguns. Então, posso afirmar que não me considero um cinéfilo propriamente, mas, um pesquisador. O que não quer dizer que não acompanho o mundo do cinema. Adoro filmes! Na quarentena estou revendo filmes, e conhecendo outros. O cinema é para você conhecer outros mundos.  Mas não gosto de tudo. E nem tudo é cinema! Do cinema americano, o faroeste é maravilhoso, mas, fico mesmo com a produção dos anos 70 e 80: Scorsese, Coppola puxando a fila. Do cinema europeu, fui conhecê-lo na Sessão Maldita, em S. Carlos e na Sessão Zoom em Araraquara, durante os anos de Ciências Sociais na Unesp. E sem contar com os anos do VHS, DVDs. Assisti tudo (ou quase!).  E como objeto de estudo e vivência, o cinema brasileiro! Maravilhoso! Do cinema político ao Mazzaropi. O que ver no cinema brasileiro? Tudo! Se você não conhece o teu cinema, a tua arte, a tua política, em que mundo você vive? Eu sempre provoco por aí em minhas intervenções, em meus projetos, em minhas oficinas. E como estamos no campo da memória cinematográfica, impossível não falar da Cinemateca Brasileira. Do desmonte de nossa guardadora de memórias do cinema nacional. Tá tudo lá. A imagem do Brasil está na Cinemateca. E como ela está? Hoje sendo desmontada, e como política cultural desvalorizada pelo governo Bolsonaro. Uma lástima! Viva a Cinemateca Brasileira!

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Provavelmente todos os filmes assistidos durante a infância. Os desenhos animados, talvez. É o primeiro impacto mesmo. O contato com a tela. O olhar para a tela. É o diferencial. Até hoje acho surpreendente.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Todos e todas do cinema brasileiro. Sério! Eles é que formam o meu repertório. Tento acompanhar tudo o que estão produzindo, o tempo todo. Nem sempre é fácil, mas corro atrás mesmo. E tem muita gente do cinema internacional também. E como tem! Pergunta difícil, não dá para responder assim, na lata. O Coppola é um cineasta especial. Do bom e velho cinema...  

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Todos!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu acho que o cinéfilo é uma pessoa dedicada ao cinema. Talvez até de forma radical, um apaixonado pela arte do cinema. Deve ser assim...

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, não... Talvez uma mudança, uma outra arquitetura.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Duplo, um curta-metragem com a atriz Sabrina Greve. É ótimo! Assistam! ps. Está no Porta Curtas: http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_duplo

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Arriscado!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é de excelência desde sempre. Premiado nos maiores e melhores festivais de cinema do mundo. É preciso conhecê-lo e reconhecê-lo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

José Dumont e Marcélia Cartaxo são maravilhosos!!! O De Niro é nitroglicerina pura! E tem a atriz francesa que eu acho a mais bela, Juliette Binoche. Acabei extrapolando a ideia inicial, falei de dois estrangeiros também. O cinema é assim...

 

12) Defina cinema com uma frase:

Eletricidade pura!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não estou conseguindo lembrar agora... Faz tanto tempo que não entro em uma sala de cinema...

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

E agora?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não é necessário ser cinéfilo para gostar de cinema, estudar cinema e produzir cinema. Eu mesmo, como disse na primeira pergunta não me considero um cinéfilo, mas alguém que vivencia o cinema no trabalho e na cultura. Um cineasta precisa entender o cinema. O processo como um todo. E claro, ser criativo, ter uma boa história para contar etc. O que eu acho, reitero, é que para você trabalhar com cinema é necessário você conhecer o teu território, o cinema brasileiro, o conjunto de filmes, o acervo, o contexto. Não é uma questão de reserva de mercado, mas, de conhecimento. Das temáticas, do processo de produção, da política cinematográfica, das novas mídias etc.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei dizer... Tantos, talvez.  Tem muito filme ruim em todas as épocas, cinematografias... O bom é selecionar. O cinema voltado ao entretenimento, puro e simples, eu acho ruim, muitas vezes um tanto ingênuo, infantilizado, enfim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

O cinema que dialoga com a política é a minha área de interesse, então, difícil escolher um, mas Viramundo, filme de Geraldo Sarno (1965), Cabra Marcado para Morrer, do Coutinho (1964/84), Jango, do Silvio Tendler (1984) e Liberdade de Imprensa, do João Batista de Andrade (1967) são filmes importantíssimos para a minha leitura sobre cinema e sociedade. Existem outros, claro. Escolhi 4, era para ser apenas 1.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não me lembro, acho que não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto de dois: Coração Selvagem (David Lynch, 1990) e Despedida em Las Vegas (Mike Figgis, 1996).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho pouco, preciso acompanhar mais.

 

 

 

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