06/12/2020

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10 Filmes para você que gosta de Psicologia


Transtornos obsessivos, mudança de personalidade, a busca por dias melhores dentro de memórias dolorosas que nunca saem de nossas mentes, a dificuldade de enxergar o outro dentro de um longo casamento, o encontro de grandes mestres estudiosos da mente humana, a reversão de uma simples obsessão para um despertar pra vida, a questão da moralidade e seus desenrolares através do absurdo (ou pelo menos não comum). Muitos desses temas estão embutidos nessa humilde lista que resolvi escrever após observar tantos filmes interessantes para refletirmos sobre a mente humana. Para psicólogos, psiquiatras, estudantes dessas disciplinas muitos dessas produções abaixo podem ser um prato cheio. Segue então, 10 Filmes para você que gosta de Psicologia:

 

Jimmy P (EUA, França)

 

Em qual língua você sonha? Depois de uma série de filmes sem expressão pelo mundo do cinema, o cineasta francês Arnaud Desplechin consegue finalmente alcançar um certo brilho em sua estrela apagada. Com ótimas tomadas e movimentos intrigantes de sua nervosa câmera consegue que uma história densa se torne um delicioso passatempo para quem curte cinema de boa qualidade. Jimmy P. é o tipo de filme que vai te conquistando aos pouquinhos chegando ao seu clímax quando os seus personagens principais, maravilhosamente interpretados por Benicio De Toro e Mathieu Amalric, passam da necessária superficialidade dos diálogos ao embarque em uma linda jornada de amizade e profundidade dessa relação.

 

Na trama, conhecemos o introvertido Jimmy Picard (Benicio Del Toro), um índio católico, ex-soldado, que após um grave acidente na guerra teve seu pedido de dispensado aceitado pelos militares norte-americanos. Quando volta para casa de sua irmã começa a ter diversos casos de tonteira e cegueiras parciais. Assim, sua irmã resolve procurar ajuda e o leva a um centro de tratamento vinculado ao exército. Após séries intensas de análises e baterias de exames a todo instante, a alta cúpula do hospital fica perdida por não achar um diagnóstico lógico para o que Jimmy tem. Nessa hora, entra em cena o antropólogo Georges Devereux (Mathieu Amalric), um mulherengo, hiperativo e genial profissional que fará de tudo para tirar Jimmy dessa situação.

 

Os diálogos, carregados de sotaques, cada qual no seu qual, ganham certo destaque na trama. O público se surpreende quando aqueles papos muito loucos no começo da história se tornam ferramentas inteligentes para entendermos melhor os dois ótimos personagens. O quebra-cabeça de sonhos, analogias e esquisitas verdades são interpretadas brilhantemente pelo antropólogo interpretado por Amalric. Falando de maneira leiga e deveras audaciosa, é uma espécie de confronto amistoso entre a corrente de sonhos de Jung e as espertezas sobre a sexualidade, essa, de Freud.

 

Somos apresentados ao protagonista, a princípio, pelos olhos preocupados de sua irmã (interpretada de maneira muito competente pela atriz Michelle Thrush), a mais velha dos irmãos que estudou durante toda sua vida na escola dos missionários e acabou casando com um importante funcionário de uma tribo indígena. A relação antes conflituosa com seu irmão, ao longo dos anos se tornou maternal, em poucas cenas já percebemos isso. Um dos pesares do filme é essa rica personagem aparecer apenas no início da história.

 

O trabalho de Del Toro e seu personagem é meticuloso, espanta pela verdade que passa em cada palavra pronunciada. O ganhador do Oscar mostra mais uma vez como é um artista versátil. Mas quem comanda o show é o francês Mathieu Amalric, a alma da história passa pela sua intensidade e sagacidade em buscar uma solução para o paciente em questão. A dupla consegue manter a atenção do público nessa longa trama de quase duas horas.

 

Exibido para a exigente plateia e júri do Festival de Cannes, Jimmy P. é um daqueles filmes que acaba mas não termina, por conta das inúmeras discussões que vai gerar. Um prato cheio para qualquer estudante de antropologia, psicologia, psiquiatria e para todo mundo que gosta de filmes feitos para refletir. Não importa em qual língua você sonha, Jimmy P. mostrará a você que o importante é superar os traumas e ser feliz.

 

 

Um Método Perigoso (Inglaterra, EUA)

Sexo x Sonhos. Quando dois grandes nomes da psicologia se juntam. O mundo da psicanálise fica em evidência, no novo trabalho do experiente diretor David Cronenberg,Jung é o principal, Freud é um mero coadjuvante. Há um conflito interno dentro do pensador suíço, uma cessação da ética. Essa violação da regra elementar da profissão, leva-o à um mar de conflitos.

 

Cronenberg dá o tom (o maestro) dessa história. O risco de se fazer um filme muito específico era o grande desafio que o experiente diretor tinha que se desviar. O diretor de ‘Videodrome’ e ‘Spider ‘ teve tudo nas mãos para fazer um grande filme. A trama aborda a relação dos dois grandes nomes da Psicologia e o surgimento da corrente psicanalítica. Também é mostrado a polêmica relação de Sabina Spielrein (que depois viria ser uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo) com o seu mentor de dissertação e a posição de Freud nessa relação. A peça ‘Jung e Eu’, com o grande Sergio Britto nos palcos, já fazia um paralelo entre o encontro do teatro com a psicanálise.

 

Os atores estão muito bem. Michael Fassbender, um dos grandes rostos em ascensão no mundo de Hollywood, parece que não quis arriscar muito neste personagem. Diferente de Viggo Mortensen que tenta dar a sua cara ao renomado nome da psicologia que é coadjuvante nesse longa. Keira Knightley também tem uma atuação destacada. Seu laboratório foi deveras bem aplicado em cena. As reações de sua personagem, Sabina Spielrein, são intensas. Quem também dá o ar de sua graça, é o veterano ator francês, Vincent Cassel, que interpreta um dos personagens mais confusos do filme, Otto Gross.

 

 

Um Doce Refúgio (França)

 

Escrito, dirigido e interpretado pelo artista francês Bruno Podalydès, o filme mais doidinho do Festival Varilux de Cinema Francês 2016, Um Doce Refúgio, é uma prosa leve e suave sobre o despertar para a vida através de uma simples obsessão. Ao longo dos 105 minutos de projeção, vamos navegando com o protagonista em seu mundo secreto e explorando a cada sequência um inconsciente muito particular. É um daqueles filmes que você ama ou você odeia.

 

Na trama, conhecemos o tímido e contido Michel (Bruno Podalydès), um artista gráfico que vive uma pacata vida com sua mulher Rachelle (Sandrine Kiberlain). Andando com sua motinho de casa para o trabalho e do trabalho para casa, mostra não estar muito feliz com a vida que leva. Michel é fascinando pelo mundo aeronáutico e sem querer acaba descobrindo que um caíque tem uma engenharia parecida. Assim, resolve comprar esse enorme objeto, escondido de sua mulher e amigos, e acaba embarcando em uma peculiar história de autodescoberta.

 

Para comprar a ideia deste trabalho é preciso muita atenção à psicologia agregada ao personagem. Obviamente estamos vendo um obsessivo sonhador que de uma maneira totalmente inconsequente e silenciosa resolve descobrir outras opções e caminhos para sua vida sem graça. Explorando sonhos, uma relação um pouco distante com uma convivência social, e um certo erotismo dentro de sua acesa imaginação, Michel aos poucos vai mostrando-se para o público. O personagem ao longo da projeção vai se abrindo devagarinho e assim vamos descobrindo sua essência. 

 

Comme un avion, no original, possui ótimos coadjuvantes que ajudam a contar essa história. As ótimas Agnès Jaoui e Vimala Pons são as responsáveis para uma inversão interessante que acontece já perto do ato final. O que não dá para negar é que durante toda a projeção, há uma naturalidade e originalidade impactantes, fruto, provavelmente, do filme ser escrito, dirigido e protagonizado pela mesma pessoa. Atenção professores e estudantes de psicologia, Um Doce Refúgio é um projeto que pode interessar bastante vocês.

 

 

 

Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência (Suécia)

 

 

A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade. Ganhador do Leão de Ouro no Festival de Veneza, Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência é um dos filmes mais invulgares dos últimos anos, passando uma certa zoação em relação a situações do cotidiano da humanidade, o que acaba tendendo o roteiro ao tragicômico. Pode ser que a primeira vista o filme seja completamente incompreensível beirando à loucura mas quando se sossega o baque do inusitado vamos começando a perceber uma lógica interessante contidas em situações estranhas que se metem os personagens.

 

Exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP do ano passado, Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência conta a história de dois vendedores ambulantes, Sam e Jonathan (um deles obviamente beirando ao apocalipse mental), que estão cansados da sociedade em geral. Aos poucos vamos vendo essa linha de pensamento dessas duas almas que vão refletindo sobre os casos e situações da vida e como cada ser humano pode vir a  encarar todo tipo de sentimento, da alegria à tristeza, da emoção de felicidade à vergonha.

 

Nessa parte final de uma trilogia sobre o ser humano, o longa-metragem dirigido pelo inteligente Roy Anderson termina um conjunto de três filmes que contém também Vocês, Os Vivos e Canções do Segundo Andar. Todo modelado por esquetes intrigantes e algumas até meio sem sentido, vamos fazendo um tour pela natureza humana. Situações estranhas, pessoas comuns, atos de seres humanos. É um grito de loucura que vai chegando ao seu brilhantismo quando conseguimos aos poucos reunir as peças desse quebra-cabeça comportamental.

 

 

Sempre, em todas as esquetes, há uma câmera propositalmente colocada distante dos personagens. É como se precisássemos de toda a atenção do mundo para entender o filme. A história vai fisgando o público aos poucos e obviamente é uma daquelas obras que vista por uma segunda vez alguns pontos ficam mais escancarados que da primeira vez. Há uma grande linha tênue entre o comum e o estranho, Roy Anderson com muita habilidade e coragem consegue se manter firme e forte no meio termo, onde chamamos carinhosamente de genialidade. 

 

 

 

Cake – Uma Razão para Viver (EUA)

 

Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim.  Falando sobre a dor da perda e uma incrível distância sobre a arte do despertar novamente à vida, o diretor Daniel Barnz (do maravilhoso Menina no País das Maravilhas) consegue realizar um trabalho bastante competente, cheias de sentenças verdadeiras que acontecem em nosso mundo mas as vezes não enxergamos. Cake – Uma Razão para Viver, é uma jornada rumo às profundezas de um mar sem fim, sem melodramas, com muita verdade e que conta com uma baita atuação de Jennifer Aniston.

 

Na trama, conhecemos a sofrida e mal humorada Claire (Jennifer Aniston), uma advogada de meia idade que passou por um enorme trauma em sua vida, não conseguindo se reerguer. Chata, ranzinza, vazia, vive pelos canteiros do mundo que criou, prefere se afogar nas tristezas e lembranças escondidas do que respirar a busca por uma nova felicidade.Certo dia, passa a ser atormentada pelo fantasma de uma mulher que conheceu em um grupo de apoio e sua vida começa a tomar outros rumos quando conhece a família dela.

 

Viciada em remédios contra a dor que sente em seu corpo e em seu coração, Claire, parece levar sua vida de maneira inconsequente, rumo a uma zona de dor e sofrimento. Sem amigos, sem marido, sem família, ela consegue se fechar uma concha sem ter a oportunidade do despertar. É impactante a atuação de Aniston. A atriz, bastante contestada por muitos de nós cinéfilos, dessa vez prende a atenção do público cada vez que aparece em cena.

 

Silvana (interpretada pela ótima Adriana Barraza), empregada de Claire, também é um belo personagem na trama. Braço direito para as loucuras da protagonista, tenta preservar a saúde mental de sua chefe a protegendo de inevitáveis exageros. Os melhores diálogos do filme são entre essas duas personagens fortes que conquistam o público a cada nova sequência.

 

 

Perder o dom de acreditar, desistir dos novos rumos em nossas vidas, viver as dores o máximo que podemos. Quantos de nós já não conhecemos histórias de pessoas que entraram nessa jornada? Cake – Uma Razão para Viver nada mais é que a verdade sobre a dor, escancarada em nossa cara, o que nos faz refletir e comove demais nossos corações. 

 

 

The One I Love (EUA)

 

O casamento deve combater incessantemente um monstro que devora tudo: o hábito! Chegou aos cinemas norte-americanos em agosto de 2014, um dos filmes mais diferentes dos últimos anos, The One I Love. Debutando na cadeira de diretor de cinema, o trabalho dirigido por Charlie McDowell possui um dos roteiros mais originais, assinado por Justin Lader. Ao longo dos curtos 91 minutos de fita, consegue com criatividade e um toque de absurdos apresentar argumentos sólidos sobre a teoria do matrimônio. É uma bela visão sobre variáveis constantes que vemos na vida real quando pensamos ou ouvimos sobre casamentos. 

 

Na trama, um casal em grave crise, resolve, após sugestão do seu misterioso psicólogo, embarcar em uma viagem para passar o tempo longe da cidade grande, em uma casa confortável, para ver se a relação deles engrena novamente. Chegando nesse agradável lugar, logo na primeira noite percebem que há algo muito estranho nesse lugar. Assim, descobrem o inusitado: Versões melhoradas deles vivem na casa de hóspedes! Assim, com vários diálogos interessantes, e situações peculiares, o casal tenta redescobrir o amor.

 

Uma das dezenas de peculiaridades da história é apresentar uma profunda abordagem, mesmo parecendo impossível na vida real, sobre as dificuldades de estar junto com alguém. Se desdobrando em dois papéis, os atores Mark Duplass e Elisabeth Moss conseguem deixar a trama com cara de suspense e aproximando o público de cada segundo do que vemos em cena. 

 

 

Até que você me Ame (Inglaterra)

 

Acreditar ou não? Com simples elementos, força na fotografia e uma objetividade perspicaz, o longa-metragem de estreia do cineasta e roteirista Edward A. PalmerHippopotamus no original, é um thriller, uma espécie de suspense cheio de camadas onde o espectador enxerga o jogo mental criado pelos olhos de uma frágil personagem com sérios problemas de memórias. Na fronteira entre média e longa, em pouco menos de 80 minutos de projeção, assistimos a essa ‘peça filmada’ com muita atenção aos detalhes que vão aparecendo a cada novo avanço da protagonista.

 

Na trama, conhecemos Ruby (Ingvild Deila), uma jovem que acorda em um cativeiro com poucos elementos dentro dele, somente uma cadeira, duas imagens desenhadas e sua bolsa com os pertences. Suas pernas estão imobilizadas e sem poderem se mexer. Quando tentamos entender o que acontece surge Tom (Stuart Mortimer) e um jogo psicológico é instaurado onde acreditar ou não será uma tarefa árdua para Ruby.

 

A construção dos simples arcos nos levam a um desfecho cheio de reviravoltas e com muita tensão. Os méritos do diretor vem exatamente nesse ponto: o do clima da tensão. Nos sentimos aflitos a todo instante buscando respostas sobre o que seria aquela inusitada situação vivida por uma perdida personagem que aos poucos começa a se desenvolver de maneira impactante na telona.

 

Exibido em alguns festivais online desse ano, como o Brasilia International Film Festival que ocorreu em abril, esse projeto britânico vai surpreender a muita gente que conseguir assistí-lo.

 

 

Run (EUA)

As descobertas que mudam para sempre nossa maneira de enxergar tudo que entendemos sobre o mundo. Com um clima de tensão lá nas alturas mas sem grandes momentos de clímax, o que para um filme de suspense pode ser muito distante da fórmula certeira, Run chegou ao streaming nesse final de 2020 e mostra as descobertas de uma jovem em relação a única pessoa que praticamente tem contato, sua mãe. O roteiro navega na superfície para explicações mais profundas sobre os porquês das lacunas que aparecem. Sarah Paulson e Kiera Allen são as protagonistas e interpretam com muita inteligência suas complexas personagens. O filme é escrito e dirigido pelo cineasta Aneesh Chaganty (o roteiro também teve a ajuda de Sev Ohanian).

 

Na trama, conhecemos a jovem Chloe (Kiera Allen), uma estudante do último ano do high school mas que tem aulas em casa já que possui uma vida limitada, repleta de doenças. Quem cuida dela faz 17 anos é a sua mãe, a enigmática Diane (Sarah Paulson). Certo dia, algumas situações levam Chloe a descobertas aterrorizantes sobre as verdades que acontecem na sua casa.

 

Não há muita originalidade na história, algo parecido já fora visto em outros filmes em outros anos. As atuações são o grande destaque e que realmente prendem a atenção por conta da dinâmica mudança emocional que mãe e filha passam ao longo dos 90 minutos de projeção. Há um destaque para um conflito interno repleto de dúvidas da jovem estudante mas com a certeza que de algo não está normal. Dentro dessa perspectiva é interessante para o público caminhar nas descobertas sobre os segredos da trama pela ótica dela. Run pode agradar parte do público mas nem de longe se destaca como o primeiro filme de ChagantyBuscando...

 

 

Goodnight Mommy (Áustria)

Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror. Escolhido para representar a Áustria na competição do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016, Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe) é um suspense, vestido de drama com pitadas impactantes de terror. Dirigido pela dupla de cineastas Severin Fiala e Veronika Franz, o longa-metragem possui uma benemerência simples, que é o de manter os olhos do público atentos aguardando ansiosamente os desfechos e algumas respostas desta curiosa história.

 

Na trama, conhecemos os gêmeos Lukas (Lukas Schwarz) e Elias (Elias Schwarz) que vivem em uma bela casa, isolada, no interior de uma cidade, ao lado de sua misteriosa mãe (Susanne Wuest). Essa última, é uma mulher cheia de amargura, rígida, que anda com uma faixa em volta do rosto. Dia após dia, os irmãos começam a desconfiar de que aquela mulher que vive com eles pode não ser a mãe deles. Assim, ao longo dos angustiantes 95 minutos de projeção, vamos sendo apresentados melhor a essa história que possui um desfecho para lá de apavorante.

 

A trama é bem trabalhada e os personagens vão ganhando força conforme as revelações são feitas. O primeiro e o segundo ato parece que são para encher um balão de festas e o terceiro ato chega com uma agulha para explodi-lo. Goodnight Mommy  é um projeto onde todos pensam que é um longa-metragem de terror mas na verdade é um suspense aterrorizante que vai ficando angustiante a cada nova cena. O roteiro tem muitos méritos em transformar a atmosfera do filme em algo meio enigmático, repleto de saídas para as resoluções da trama. O ato inicial é raso porém muito instigante, o segundo ato fortalece mais os personagens, e o ato final é o da transformação e virada da trama. Cada ponta é bem amarrada e por mais que algumas conclusões se cheguem antes do seu fim, não deixa de ter bastante criatividade essa história.


Para quem curte filmes de suspense e de terror, Goodnight Mommy (Boa Noite, Mamãe) é um prato cheio. Não percam!

 

 

4 Konige (Alemanha)

Quase sempre precisamos chorar para entender melhor a vida. Em seu primeiro longa-metragem, lançado no ano de 2015, a cineasta alemã Theresa von Eltz mostra uma parte da trajetória de quatro jovens com problemas em seu presente buscando respostas e ajuda para enfrentarem as dificuldades em uma clínica intensiva. Há vários contrapontos interessantes, como ignorar o assunto ou assumir a responsabilidade, o que acaba sendo um embate diário para alguns deles. Tentativa de suicídio, ataque de pânico, bullying, vemos de tudo um pouco através da ótica dos próprios jovens e de um psiquiatra próximos dos pacientes, com vontade de ajudar. É um projeto profundo, com intensas atuações.


Na trama, acompanhamos Alex (Paula Beer), Lara (Jella Haase), Timo (Jannis Niewöhner) e Fedja (Moritz Leu), quatro jovens que se internaram em uma clínica em busca de melhoras nos seus quadros emocionais. O psiquiatra Dr. Wolff (Clemens Schick) busca ajuda-los de todas as formas e inclusive propõe que eles passem o natal juntos. Assim, aos poucos, vamos descobrindo os motivos de cada um deles estar ali e a busca constante de todos por uma melhora.


Há questões sociais, familiares, envolvidas nos traumas que acompanhamos e tudo isso é abordado de maneira profunda pelas linhas do roteiro assinada por Von Eltz e Esther Bernstorff. Há cortes secos de câmera, deixando pequenas entrelinhas para uma melhor compreensão sobre as atitudes, ou melhor, reações de cada personagem dentro de seus traumas. Há um descontrole sobre a raiva, uma carência quase obsessiva, bullying que deixa marcas, cada caso é diferente um do outro mas juntos eles buscam encontrar uma mesma solução satisfatória para todos.


O papel do psiquiatra também é muito bem definido na trama, nos mostrando seus conflitos e dramas dentro da instituição, principalmente um em especial com uma enfermeira que não gosta de seus métodos.  4 Konige é um ótimo filme, cheio de momentos para refletirmos sobre o próximo.

 

 

 

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Crítica do filme: 'Terra Selvagem' (Jungleland)


O que você escolhe, medo ou esperança? Falando sobre força de dois Irmãos e seus distantes sonhos em uma realidade cruel lutando contra a falta de dias melhores, Jungleland, dirigido por Max Winkler (em seu terceiro longa-metragem) e produzido por Ridley Scott é um filme forte que mostra a dureza de duas almas nômades sem foco no mundo, caminhando por uma melancolia diária, que resolvem apostar todas suas fichas em um torneio de visibilidade no circuito amador de boxe sem luvas, além de serem obrigados a embarcar em uma missão misteriosa para conseguir pagar uma dívida. Exibido no Festival de Toronto, o projeto é estrelado por Charlie Hunnam, Jack O'Connell e Jessica Barden.


Na trama, conhecemos os irmãos Stanley (Charlie Hunnam) e Walter 'Lion' (Jack O'Connell), que vagam pelas ruas de uma cidade norte-americana em busca do sonho de serem famosos dentro do universo do boxe amador. Quando se veem encurralados por uma dívida, são obrigados a levar Sky (Jessica Barden), que eles não fazem a mínima de ideia de quem seja, até uma pessoa em San Francisco, em troca disso tem a dívida perdoada e conseguem a inscrição em um torneio de boxe de alta visibilidade em San Francisco. Assim, os três entram em uma jornada sem muito foco que passa por abalos emocionais enormes.


Explorando o Looping em eternos recomeços, Jungleland, mostra todo o sofrimento emocional de dois irmãos com poucos pontos de interseção mas que de alguma forma apresentam uma grande lealdade mútua mesmo que isso implique em confusões e caminhos que ambos não pensam iguais. Há um foco marcante na questão da desestrutura familiar, nessa ótica nos apresentam esporádicos momentos de profundidade sobre o passado dos irmãos e dentro de uma subtrama pouco explicada que é a trajetória de Sky. As lacunas preenchidas das consequências dos atos transformam o desfecho aberto em algo compreendido de quem conseguir ler nas entrelinhas das atitudes de cada personagem em suas trajetórias. Jungleland é forte, duro e mostra uma realidade quase dentro de um universo paralelo para muitos que não conhecem ou não viveram dificuldades na vida.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #203 - João Canatelli


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo (capital). João Canatelli é formado em Jornalismo e tem 35 anos. Colabora em sites de crítica de cinema. Aspirante a escritor. Desde pequeno participava de sessões de cinema realizadas na casa da minha família, foi durante esse período assistindo filmes de diversos cineastas como Woody Allen, Bergman, Godard e Almodóvar que a paixão pelo cinema surgiu.  Perfil pessoal no Instagram (@um_chato_que_so_fala_de_arte) no qual expõe um pouco do seu gosto cinematográfico.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Petra Belas Artes. Pela variedade da programação contando com filmes de várias nacionalidades desde filme de arte aos clássicos. O cinema realiza várias mostras de diretores renomados. As salas são confortáveis e cinema é charmoso e aconchegante.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Asas do Desejo (1987) Wim Wenders.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Lars Von TrierMelancolia (2011).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Paulo, Sociedade anônima (1965) de Luis Sergio Person. O filme fala sobre uma metrópole pré ditadura e expõe os problemas da classe média em meio a uma cidade caótica e em constante evolução. O protagonista encontra-se angustiado pela imposição dos valores e instituições no qual qualquer cidadão é obrigado a seguir. Um filme que continua atual. Possui uma narrativa frenética e catártica.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É o que me define. Impossível dissociar minha personalidade e forma de ver e encarar a vida sem os filmes que me educaram e abriram minha perspectiva para diferentes formas de vida e pensamento.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Mesmo em uma cidade grande como São Paulo cada vez mais o espaço feito para quem gosta de cinema está mais restrito. A programação anda cada vez mais voltada a bilheteria e em filmes de entretenimento ligeiro. Existem poucos cinemas voltados ao público que consome o cinema como sétima arte, de fato, e com a Pandemia esses espaços são os que mais estão sofrendo o impacto da falta de público.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Essa discussão vem desde o advento da chegada dos VHS e sempre que chega uma nova ferramenta essa questão vem à tona. O streaming é apenas mais uma forma de se consumir cinema, mas nada se compara a experiência que uma sala escura proporciona. Possa ser que o número de salas diminuam, como já ocorreu anteriormente, mas não vejo sua extinção uma possibilidade.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Noite Vazia (1964) Walter Hugo Khouri.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, como já vem ocorrido. As salas estão adotando todos os procedimentos adequados para evitar a propagação do vírus. O mais importante é a população manter esses cuidados adequadamente.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente. Obras variadas. Diretores inovadores com propostas atuais, gêneros diversos e dispostos a manter o alto nível no qual nosso cinema atingiu atualmente, após um período segregado em comedias oriundas da Globo Filmes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karine Telles.

 

12) Defina cinema com uma frase: 

Construção do pensamento critico

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Um pedido de casamento.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Folclore cinematográfico.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Mas é preciso saber contar boas histórias.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Existem vários, mas um que vem em mente agora é um filme francês de terror com o Vincent Cassel chamado: Satã dirigido por Kim Chapiron.

 

17) Qual seu documentário preferido?

A 13° emenda (2013) Ava DuVernay.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Em sessões de Mostra de Cinema.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Da época que ele ainda era um ator sério e com uma atuação perfeita, tanto que ganhou o Oscar daquele ano: Despedida em Las VegasMike Figgis.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico e Cinética.

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Crítica do filme: 'Despedida em Las Vegas' * Revisão*


A loucura de viver a vida intensamente pode trazer quando menos se espera algo muito especial. Com um abre alas envolvente, com um poderoso e marcante som de jazz ao fundo, intensos 15 minutos onde não desgrudamos da tela e antes dos créditos iniciais aparecerem, o longa-metragem de meados da década de 90 Despedida em Las Vegas é a obra-prima de Mike Figgis e porque não dizer também que é a melhor interpretação da carreira do ganhador do Oscar (por esse papel) Nicolas Cage. Elisabeth Shue também merece um grande destaque, sua personagem é delicada e emocionalmente destruída, um personagem complicado mas brilhantemente interpretado por Shue. Contando a trajetória rumo ao fundo do poço de um alcóolatra que não quer se curar e que acaba descobrindo uma paixão avassaladora por uma prostituta em uma viagem à Las Vegas, o projeto mostra duras realidades de duas almas que se completam à suas maneiras. Um baita filme, inesquecível.


Na trama, conhecemos o roteirista, alcóolatra Ben (Nicolas Cage), um homem completamente perdido, sem amigos, que gera pena nos outros, completamente entregue ao vício que possui. Quando ele é demitido, saca todo dinheiro que tem, paga o cartão de crédito e resolve desistir do mundo, bebendo até morrer, em Las Vegas. Após um quase atropelamento, acaba conhecendo a prostituta Sera (Elisabeth Shue), uma sofrida jovem que é bastante maltratada pelo canalha Yuri (Julian Sands). Após um começo conturbado, Ben e Sera descobrirão que precisam mais um do outro do que imaginavam.


Baseado no primeiro livro do escritor John O'Brien, Leaving Las Vegas, no original, nos mostra como a junção de duas solidões afloradas pelo amor pode ser uma pequena luz em um túnel complicado de ser percorrido. O alcoolismo, assunto central desse projeto, é visto em quase todas suas esferas/momentos, a força do vício e a entrega dos que não querem ser salvos. Não há julgamentos entre os protagonistas, Ben não julga Sera pela profissão dela e nem ela com o vício dele mas óbvio que o amor em algum momento pode buscar outras soluções lógicas para quando se vê que não há saída. Há diálogos memoráveis entre os dois. A trilha sonora, assinado por Figgis é espetacular e percorre as quase duas horas de filme deixando um traço marcante em cada cena.

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05/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #202 - Beatriz Cascardi


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Ribeirão Preto. Beatriz Cascardi tem 22 anos. Sua paixão por cinema começou na adolescência, e por isso cursou e se formou em Rádio Tv e Internet. Durante seu tempo na faculdade, produziu e dirigiu alguns títulos, documentais e ficcionais, e também desenvolveu uma pesquisa sobre 'solidão da mulher negra'. Recentemente inaugurou o @panoramica.cine (no Instagram), uma página que propõe uma introdução ao cinema teórico de maneira leve e simples, explorando temáticas como gênero, estrutura de roteiro e claro, indicações de filmes!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Infelizmente moro em uma cidade pequena da Grande São Paulo, e por aqui não temos nenhuma sala de cinema. Para acessar uma programação que eu goste, preciso ir até o centro de São Paulo. Gosto bastante da programação do Petra Belas Artes e da Cinesala também.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Por maior que seja o clichê, a primeira vez que entendi que o cinema era maior do que os filmes que estava acostumada a ver, foi ao assistir Pulp Fiction, com meu irmão quando eu tinha 15 anos. A partir daí, minha relação com o cinema mudou completamente, e um pouco mais tarde, ao assistir O Iluminado, do Kubrick, percebi que gostaria que trabalhar com cinema de alguma forma.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Ingmar Bergman, e o filme Sonata de Outono (1978). Eu acho incrível e muito inspirador a forma que o Bergman utiliza o diálogo pra desenvolver os personagens e a trama, de uma forma que não seja expositiva, ou meio bobo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é o Aquarius, do Kléber Mendonça Filho. O que eu mais amo nesse filme é como a trama é construída de uma forma sutil. e se desenvolvendo na frente dos nossos olhos, mas também na complexidade dos personagens fora o tempo fílmico.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar cinema, e não só filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que existam diferentes interesses quando falamos sobre programação. Nem sempre o interesse principal é montar uma programação edificante pro espectador, muitas vezes elas são desenvolvidas com base nos lucros, por esse motivo vemos salas de cinema exibindo o mesmo filme o dia todo, e não dando espaço para títulos nacionais, por exemplo.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, ir ao cinema é coletivo, e não existe streaming que substitua isso.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Todas as vezes que tenho a oportunidade recomendo Revange (Coralie Fargeat, 2017). O filme explora e ressignifica clichês de filmes de vingança. Nele, temos uma heroína com uma força que não é aparente, mas que emerge com muito gore e tensão. Assisti esse filme no cinema, e as pessoas vibravam junto.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não, mas que no ponto que as coisas estão, com o isolamento já muito flexibilizado, acredito que não faça tanta diferença.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa, só ladeira acima.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco um filme da Gabriela Amaral Almeida, diretora de Animal Cordial (2017) e A Sombra do Pai (2018). Ela é bastante próxima ao terror, e trabalha disso de forma muito brasileira.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Busca pela realidade.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi, mas eu sei que deveria.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não, existem muitas formas de se conectar com a arte de contar uma história através de imagens, assistir filmes é com certeza uma delas, mas existem outras formas de estudar.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Grande Hotel Budapeste. Não consigo acreditar que alguém liberou orçamento pra isso!!!

 

16) Qual seu documentário preferido?

Meu documentário favorito é o Olmo e As Gaivotas, da Petra Costa (apesar de ter me decepcionado com Democracria em Vertigem). O documentário é performático, e conta a história de uma atriz de teatro que, devido a uma gravidez de risco, precisa ficar presa em seu apartamento, vivendo a solidão e as dores de gerar uma vida.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não, mas recentemente assisti Trama Fantasma do Paul Thomas Anderson, e bati palmas no sofá de casa. Esse filme me despertou de tantas maneiras, e me emocionou tantas vezes que a única solução foi aplaudir.

 

18) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto de me informar através de revistas acadêmicas, mas gosto muito do Omelete e se algumas páginas no instagram!

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #202 - Beatriz Cascardi

04/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #201 - Zenite Abud


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Fortaleza. Zenite Abud é estudante de Nutrição. É apaixonada por filmes e séries desde a infância. Isso sempre foi seu passatempo/hobby favorito. As pessoas sempre lhe pedem dicas de filmes e séries, pois todos sabem desse seu amor por assistir. É um pouco tímida, mas esse tipo de assunto é algo que sempre dominou. Criou a página @resenhasdazenite (no Instagram) durante a quarentena, após ter indicado um filme perfeito para uma amiga e acabou escrevendo um mega textão e essa amiga disse que ela escreve muito bem e lhe sugeriu criar a página. E embarcou nessa ideia, assim seus amigos poderiam acompanhar e ficar por dentro de tudo o que está assistindo. E está amando mergulhar ainda mais fundo nesse universo cinematográfico!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Ah, com certeza o Kinoplex no North Shopping, pois lá, além de ser bem animado, é muito especial pra mim. A primeira vez que fui ao cinema, foi o de lá, e é lá que de vez em quando encontro pessoas queridas, além de ser mais próximo da minha casa. Sempre quando eu penso em ir ao cinema, me vem logo o Kinoplex à minha mente. Além de ser super confortável e acessível. Como sou deficiente, eu penso logo nessa questão da acessibilidade, e na minha opinião, lá é bem acessível. Eu curto muito!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O filme da saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2. Aquele dia foi a primeira vez que fui ao cinema como uma adolescente. E foi muito especial pra mim, sai da sala do cinema emocionada ao término do filme. Ouvir os sons daquela maneira, ver aqueles atores que eu tanto amava naquela tela grande, foi incrível! Lembro que eu era muito fã dessa saga e eu estava muito ansiosa para que fosse lançado logo, e quando entrou em cartaz, eu pude ir vê-lo, e estava cheio de jovens também emocionados com o último filme. E pra mim, aquele dia foi bem diferente e emocionante, me senti dentro do filme.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

 Meu diretor favorito, com certeza, é o Steven Spielberg, pois os filmes dele possuem qualidade técnica e uma grande variedade temática de suas produções. Além do mais, todos os filmes dele transmitem uma grande emoção quando assistimos, e a maioria passa grandes lições. É muito difícil dizer qual meu filme favorito dele, pois amo vários, mas citarei "Prenda-me se for capaz", por ser uma história impressionantemente verídica, além de contar com Leonardo DiCáprio, Tom Hanks e Amy Adams no elenco. Três grandes atores!

 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O auto da Compadecida é meu filme nacional favorito. Por me fazer rir muito com seus diálogos icônicos, por ter marcado minha infância e também porque eu sempre assistia junto com meus familiares e ríamos muito juntos. Além de contar com o Selton Mello e Virgínia Cavendish no elenco. Amo também o filme Ricos de amor, por ser de romance e por ter uma brasilidade muito grande também, mostrando as lindas paisagens cariocas.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo, pra mim, é ir além: é ser completamente apaixonado por cinema, é mergulhar a fundo na história, é querer saber quem está por trás, como que foi pensado e elaborado. É imergir e investigar. É querer entender e buscar saber mais, refletir e tirar importantes aprendizados do que se assistiu. É se transformar e crescer com as histórias.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, pois a maior motivação sempre é comercial. O que mais querem é lucrar. Eu acho que deveria ser criado programações com mais diversidades e acessibilidades, atendendo, assim, a todos os gostos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Por mais que estejamos vivendo um tempo de muitos serviços de streaming, e por mais que em muitos locais os ingressos para cinema sejam caros, não acredito que as salas de cinema irão acabar. Ainda há uma grande procura, além do mais, nada se compara á experiência vivida dentro de uma sala de cinema. Todavia, nunca se sabe.

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Costumo dizer que Em defesa de Cristo é um filme que todos deveriam ver. É uma produção de alto nível, muito inteligente e instigante, que mostra fatos sobre a existência de Jesus Cristo. Me edifica demais quando assisto. É impactante!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Em minha opinião, não. Não acho muito seguro, nunca se sabe quem terá sintomas fortes ou sintomas leves. A não ser que houvesse medidas e diretrizes estabelecidas pela OMS e o público cumpra direitinho. Mas, existem os cinemas drive-ins. Acho uma experiência legal e diferente! Mesmo sendo muito amante de cinemas, devemos ter respeito ás vidas antes de tudo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro possui produções excelentes e merece mais reconhecimento.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é um modo divertido de se contar histórias, de se contar vidas e de se ensinar.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Há anos atrás, quando eu era adolescente, fui me encontrar com um grupinho de amigos. Dois deles queriam ver um filme, e eu e minha amiga queríamos ver outro. Chegando na sala, nós mal conseguimos prestar atenção com algumas pessoas fazendo barulho, e depois descobrimos que a outra sala de cinema era muito mais legal, e descobrimos depois também que o filme que recusamos, na verdade, era um grande filme!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu nunca o assisti, por esta razão, não irei opinar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acredito que para algo ser o mais perfeito possível, é preciso se colocar amor, paixão e dedicação naquilo que faz. E o diretor precisa ter conhecimento técnico também, acho fundamental.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Top Model. Pois achei os personagens horríveis, história sem emoção e não me acrescentou em absolutamente nada.

 

17) Qual seu documentário preferido?

What the health, Cozinha do Bem, Street Food, Mamãe morta e querida (O caso de Gipsy Rose), O desaparecimento de Madeleine Mccan.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Não lembro, mas acho que não. Mas me emocionar, já me emocionei muito!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidades dos anjos. Amo!! E a trilha sonora? Nossa, perfeita! O filme é perfeito!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema, IMDB e Guia do Cinéfilo.

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Crítica do filme: 'Peggy Sue - Seu passado a espera' * Revisão *


Sabe quando você julga saber tudo sobre uma pessoa? Você acaba não sabendo nunca tudo sobre uma pessoa. Brincando de maneira muito inteligente dentro da tese de que a teoria do impossível possa ser possível, no ano de 1986 (ano inclusive que quem vos escreve nasceu) estreava nos cinemas a comédia repleta de fantasia Peggy Sue - Seu passado a espera. Dirigido por Francis Ford Coppola e com elenco de astros da época e futuros, como Kathleen Turner, Nicolas Cage, Jim Carrey, Joan Allen e Helen Hunt, o longa-metragem, inspirado em partes por uma canção do músico e um dos pioneiros do rock and roll Buddy Holly, nos faz uma mesma pergunta a todo instante: Que escolhas tomaríamos se tivéssemos o dobro da idade em uma época passada e já vivida? Qual recheio você colocaria se pudesse voltar no tempo?


Na trama, conhecemos Peggy Sue (Kathleen Turner), uma mulher de meia idade, mãe de dois filhos que está prestes a se divorciar do marido Charlie (Nicolas Cage) por conta de inúmeras traições por parte dele e do distanciamento que o mesmo mantém de sua família, deixando outros assuntos serem mais importantes. Durante um baile de comemoração de 25 anos da formatura da sua turma do High School, inclusive onde conheceu Charlie, a protagonista desmaia e acaba indo parar 25 anos atrás podendo assim reviver momentos, driblar algumas escolhas e seguir um novo caminho. Ou não. 

  

Memórias, experiências. O grande pulo do filme é buscar recriar momentos na vida de uma mulher que vivia um cotidiano sem muito brilho e a colocar de volta ao tempo onde tomou as principais escolhas que moldaram sua vida. 25 anos para trás e antes do homem pisar na lua o mundo era muito diferente e Peggy entra em conflito a todo instante, seja nos caminhos inicias de seu namoro com Charlie, outros possíveis amores da época. O roteiro assinado por Jerry Leichtling e Arlene Sarner é um reflexivo recorte sobre escolhas em uma época de juventude onde todos os sonhos eram possíveis de serem imaginados.

Indicado a três Oscars, Peggy Sue - Seu passado a espera é um filme pouco falado pelos cinéfilos. As dúvidas de uma futura divorciada, uma viagem no tempo e os conflitos sobre as escolhas perdidas em suas memórias são alguns dos bons ingredientes desse ótimo trabalho.

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03/12/2020

Crítica do filme: 'Feitiço da Lua' - *Revisão*


Será que é uma questão de tempo alguém abrir os olhos e desistir do sonho da felicidade? Escrito por John Patrick Shanley e dirigido pelo cineasta canadense Norman Jewison (No Calor da Noite) Feitiço da Lua, Moonstruck no original, nos mostra descontrolados impulsos de corações carentes por uma grande paixão. Os ‘poderes da lua’, uma conexão quase cósmica, faz os personagens refletirem e associarem momentos impactantes de suas vidas à presença dessa quase entidade que ilumina nossos céus todas as noites. Cher está maravilhosa no papel principal, de uma sonhadora descendente de italianos que acredita ser uma grande azarada no amor até encontrar a felicidade de uma maneira bem peculiar. Há simbolismos sobre emoções e um combate louvável ao machismo descarado. Nos bons tempos em que Nicolas Cage brindava os cinéfilos com atuações em filmes inesquecíveis.


Na trama, conhecemos Loretta (Cher), uma contadora, descendente de italianos, que mora com os pais em uma grande casa após o falecimento precoce do marido. Sem muitas felicidades na vida e vivendo um cotidiano agitado com seu trabalho, em uma noite de jantar acaba ficando noiva de Johnny Cammareri (Danny Aiello). Só que alguns dias passam e algo diferente acontece, Loretta acaba conhecendo Ronny (Nicolas Cage), irmão de Johnny (que não falava com irmão fazia cinco anos), um padeiro sem parte da mão esquerda, e se apaixonada perdidamente.


Há uma melancolia embutida nos personagens, há conflitos por toda parte, seja da sonhadora que encontra o amor no irmão do seu futuro noivo, do pai de família com dinheiro que montou seu negócio de encanamentos e trai a esposa descaradamente, entre outros. Em muitos momentos, casais passam pelo caminho dos personagens e conseguimos enxergar recortes de relacionamentos. As ações manipulativas da mesmice geram uma interessante batalha de contrapontos, a melancolia do cotidiano contra o radiante sentimento do amar. Feitiço da Lua consegue em 102 minutos nos fazer sonhar e também refletir.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #200 - Bruna Berlitz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.


Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Porto Alegre. Bruna Berlitz é formada em produção multimídia. Desde pequena sempre gostou de ficar imaginando histórias, e acredita que o storytelling é uma das formas de comunicação mais poderosas que temos. E na sua opinião os filmes tem grande importância em nossa sociedade exatamente por fazerem isso tão bem, que é representar pessoas, sentimentos e lugares, de uma maneira que nos transporta para a realidade daquele universo mágico do cinema. Por isso, ama compartilhar as suas percepções sobre a sétima arte no instagram (@brunaberlitz), de forma que a nossa rede se torne um lugar cada vez mais acolhedor e que estenda o conhecimento de todos que tem essa mesma paixão por filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Acredito que as minhas salas preferidas em relação a programação sempre foram as do Espaço Itaú de Cinema, dentro do shopping Bourbon Country. Isso porque além de exibir os blockbusters, eles também exibem sessões de filmes menos conhecidos, inclusive de outras nacionalidades que não americanas ou brasileiras.

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

É muito difícil lembrar um filme exato que assisti quando esse pensamento veio na minha mente, porque pra mim sempre foi uma experiência única e mágica cada vez que eu ia. Mas provavelmente, quando vi o primeiro filme da saga Harry Potter algo me emocionou em uma escala maior. Foi quando eu percebi que havia mais do que desenhos no cinema, e isso abriu o meu olhar, mesmo que fosse um filme voltado para o público infantil e que tinha como base um universo de magia que encanta. Acompanhando a saga eu também me vi crescendo junto com os personagens dos filmes, tanto que comecei a assistir com a minha mãe, e depois segui indo nas estreias com meus amigos. Mas é óbvio que isso aconteceu porque o meu interesse por cinema veio desde cedo, e foi sendo construído. A minha família sempre incentivou o audiovisual, e eu tive o privilégio de ter muitas vhs da Disney em casa, e alugar dvds todo final de semana, e ir regularmente nos cinemas.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa é uma pergunta meio impossível de responder, pois eu posso gostar muito de vários trabalhos de um diretor e ainda assim não gostar de algum filme que ele tenha feito em específico. Mas atualmente um diretor que tem me chamado muito a atenção é Jordan Peele, mesmo que eu não seja fã do gênero Terror, Corra e Nós são filmes sensacionais. M. Night Shyamalan também fez filmes incríveis que eu amo, mas alguns eu simplesmente não consigo gostar. Uma diretora que eu amo e admiro muito é Sofia Coppola (Encontros e Desencontros e Maria Antonieta são meus preferidos). Nancy Meyers é outra querida minha, posso assistir Alguém Tem Que Ceder e O Amor Não Tira Férias várias vezes sem me cansar!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Confissões de Adolescente do Daniel Filho e Cris D'Amato, pois eu assisti em vários momentos da minha vida, nos quais em que eu me identificava com personagens diferentes conforme o tempo ia passando. Mas também gosto muito de Entre Abelhas, Apenas o Fim, Era Uma Vez e Saneamento Básico.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim, ser cinéfilo é ter um amor incondicional pelo cinema. É ter experiências que te transformam de alguma maneira ao assistir filmes. É também se interessar pelos processos da sétima arte, sentir uma urgência em analisar e debater sobre os filmes.

 

6) Você acredita que a​maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu não acredito que dependa de entender ou não de cinema, o fato é que a programação é uma questão de logística financeira. A distribuição e exibição de um filme está envolvida com questões de marketing e comunicação, que inclusive elaboram estratégias para isso como as cabines de imprensa. Então a programação está ligada ao fato do que o público pretende assistir, e por isso blockbusters ocupam a maior parte das salas, pois existe uma demanda maior de espaço. Entender de cinema em si pode ser útil, mas o importante mesmo para essa área são as burocracias que envolvem as etapas finais dos filmes.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Se eu tivesse o poder de saber com total certeza como será o futuro eu já estava rica. Mas eu acho improvável encontrar uma substituição para a experiência que as salas de cinema proporcionam.

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Doutor Jivago de 1965. Tem 3h e 20min de duração, mas é um must para os cinéfilos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Na maioria dos lugares, as salas já reabriram seguindo os protocolos de segurança, mesmo sem a vacina. Aqui em Porto Alegre os cinemas já voltaram a funcionar. Mas é uma questão muito delicada, pois de um lado é um risco para a saúde da população e de outro é uma força para a economia do país que está precisando. Como eu não sou médica, nem trabalho na área da saúde, deixo essa pergunta a critério de cada um, pois é algo pessoal, só você vai saber dizer se está se sentindo seguro para retornar ou não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que existe muita qualidade (tanto em questões técnicas quanto ao conteúdo retratado em obras que discutem assuntos importantes) nessa indústria em nosso país, mas que infelizmente nosso próprio público não valoriza e também tem o costume de consumir sempre o mesmo tipo de conteúdo, mesmos gêneros e coisas do tipo. Mas claro que isso também é um resultado da falta de incentivo do governo, que negligencia nossa indústria cinematográfica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não sei se existe algum artista que eu não perca nenhum filme sequer, mas assisto quase tudo que o Wagner Moura faz.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é um modo mágico de contar histórias e fazer a mente humana refletir.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma vez eu fui ao cinema com a minha irmã e estava acontecendo uma tempestade do lado de fora, muita chuva, ventos fortes e trovoadas. Não sei se foi por conta desse temporal, mas o filme travou duas vezes. Detalhe: O filme era Sexo Sem Compromisso, e nas duas vezes que conseguiram resolver o problema, ele voltava a ser exibido a partir da cena de sexo entre a Natalie Portman e o Ashton Kutcher.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

​Não é um fator obrigatório, mas certamente um diretor que é cinéfilo pode ir muito mais além na construção do universo próprio de um filme. Quando existe um interesse em aprender mais sobre a sétima arte, podemos atribuir que este conhecimento será útil no desempenho da obra, pois sabendo o que já foi feito você consegue distinguir porque os padrões existem e se tem alguma razão para fazer de forma diferente. É claro que existem muitas formas de transmitir uma ideia, e não podemos atribuir quem é melhor nisso, mas de forma subjetiva podemos identificar quem projeta uma visão que nos agrada mais. Então, encerro com essa frase que tem relação com o assunto, e é de um dos meus filmes preferidos: "Qualquer um pode cozinhar, mas apenas os destemidos podem ser excelentes."

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Só me vem na cabeça filmes recentes que não gostei, A Nice Girl Like You, A Ilha Da Fantasia e Um Amor, Mil Casamentos.

 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou muito fã de documentários mas gostei de Conversando com um serial killer: Ted Bundy, The Royal House of Windsor. Inclusive com essa pergunta me lembrei de vários que estão na minha lista que preciso assistir ainda...

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Nunca, mas já assisti vários filmes que me impactaram a ponto de eu pensar em fazer isso porém, vergonha.... nunca vi ninguém fazer isso hahaha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não sei se é o melhor porque tem vários dele que ainda não assisti, mas gosto muito de A Lenda do Tesouro Perdido, não me julguem.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema, Omelete, Cinema Com Crítica, Arthur Tuoto, Me Chame De Dre, A Woman e ainda gosto de ler algumas reviews de amigos no Letterboxd.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #200 - Bruna Berlitz