08/06/2021

8 ótimos filmes sobre Amores Proibidos


Felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes. Vem chegando mais um dia dos namorados e isso nos faz lembrar sobre as inúmeras histórias de amor que lembramos de ter conferido na tela do cinema (ou na televisão de casa). Mas nem sempre essas histórias possuem finais felizes, há drama, preconceito, obstáculos ligados à tradições, muitas vezes somos testemunhas de uma não aceitação de um sentimento tão puro e bonito como o amor, isso dilacera nossos corações mas nunca deixamos de refletir.


Buscando fugir um pouco de filmes lógicos e já contidos em listas parecidas por aí na imensidão da internet, abaixo temos oito filmes completamente diferentes que de alguma forma circulam na questão dos amores proibidos.

 

A Amante (2016) – (Tunísia)


Não há prazer em fazer aquilo que você não gosta. Escrito e dirigido pelo cineasta tunisiano Mohamed Ben Attia, estreou no circuito brasileiro anos atrás o ótimo Inhebek Hedi que aqui veio a tradução de A Amante. Ao longo dos cerca de 90 minutos de projeção, acompanhamos uma certa jornada pela solidão, percorrida pelo infeliz protagonista que acaba ganhando a chance de voltar a sorrir por conta de um verdadeiro amor. Fugindo dos clichês sobre cultura e tradição, o foco do roteiro é inteiramente na construção profundo de um impactante personagem principal. Um belo trabalho que foi exibido no Festival de Berlim em 2016.

 

Na trama, conhecemos Hedi (Majd Mastoura) um representante de vendas da Peugeot que vai se casar (em um casamento arranjado) com uma mulher que fala várias noites em seu carro, escondido de todos. Filho não favorito, se sente abandonado em seus desprazeres por uma vida toda comandada pelos objetivos da família, como marionete de sua mãe. Certo dia, após ser enviado a uma região onde precisa ficar hospedado em um hotel, acaba conhecendo Rym (Rym Ben Messaoud) uma carismática funcionária do lugar. A partir desse encontro, o protagonista precisará passar por escolhas que envolvem a todos ao seu redor.

 

O amor interrompe as barreiras não só da timidez mas dos sonhos. É bonito de assistir a forma como isso é mostrado no filme. Triste e perambulando dentro do seu carro, Hedi passa por uma desconstrução até a chegada de seus melhores momentos. No início não tem autonomia para nada em sua vida, as expressões do personagem dizem várias coisas, são entrelinhas óbvias e bastante nítidas. A arte sempre esteve presente em sua vida através dos desenhos que faz, praticamente expressa suas emoções para poucos através das imagens que produz. Quando resolve buscar sua própria história, mesmo ainda preso e em dúvida por conta das tradições, se arrisca e o filme ganha contornos de escolhas onde do lado de cá da telona ficamos torcendo para um final feliz. Mas o que seria um final feliz né?

 

Há tanto guardado dentro do protagonista que a cena impactante num dos diálogos com sua mãe, já em um dos arcos finais é de uma força impactante, fruto também da atuação primorosa do ator tunisiano Majd Mastoura. Um belo trabalho que merece ser conferido por todos que gostam de boas histórias.

 

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* Está no catálogo da Amazon prime Video *

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Atlantique (2019) – (Senegal)


Em seu primeiro trabalho como diretora, a cineasta francesa Mati Diop consegue reunir elementos físicos e sobrenaturais para nos contar uma história de amor pouco convencional que acontece em Dakar, no Senegal. Em meio a uma paisagem e arcos que remetem ao grande oceano que banha a parte da cidade onde se passa a trama, Diop e suas lentes conseguem uma incrível conexão com quem assiste do lado de cá da telona. Disponível no catálogo da Netflix, o filme levou o grande prêmio do Júri em 2019 no prestigiado Festival de Cannes.

 

Na trama, conhecemos a jovem Ada (Mame Bineta Sane), uma mulher que vive seus dias atuais na expectativa do casamento arranjado por um homem que não ama. Ada, esconde outra paixão, se encontra escondida com seu grande amor Souleiman (Ibrahima Traoré) sempre que possível. Quando Souleiman resolve, sem avisá-la, partir pelo oceano atrás de uma vida melhor, a vida de Ada ganha novas e curiosas passagens.

 

Abordar o sobrenatural de maneira interessante é um trabalho para poucos, e esse fato é a grande reviravolta do filme que caminha lentamente pelos detalhes do ambiente deixando surpresas como migalhas em uma trilha até o seu clímax. Dentro do contexto desse bom projeto, o amor é visto de uma ótica bonita através do sentimento, das afinidades, além claro de ótimas pitadas de críticas sobre a condição social da região, costumes e crenças.

 

Atlantique é um trabalho para ser apreciado. Um pequeno tesouro perdido nos milhares de lançamentos dos streamings. É um filme que cinéfilo tende a gostar, os contornos narrativos transbordam emoções puras que viram paralelos à nossa realidade.

 

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* Está no catálogo da Netflix *

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A Linha Vermelha do Destino (2019) – (Argentina)

 

A paciência dos acasos na hora errada. Envolvendo lendas, encontros e desencontros, o romance argentino A Linha Vermelha do DestinoEl Hilo Rojo, no original, escrito e dirigido pela cineasta Daniela Goggi baseado na obra homônima de Erika Halvorsen, é um filme com arcos que cansam na melosidade mas provocam raciocínios profundos por conta de uma maturidade para falar de um assunto que gera dor e sofrimento para aqueles que gostam de finais felizes. Os protagonistas, interpretados por Eugenia Suárez e Benjamín Vicuña possuem uma grande harmonia em cena, não beira ao imaginário, muito perto do real. Está disponível no catálogo da Netflix.

 

Na trama, conhecemos a aeromoça Abril (Eugenia Suárez) que durante um voo acaba se apaixonando pelo sonhador e empreendedor do ramo dos vinhos Manuel (Benjamín Vicuña). Após um desencontro no desembarque, um longo hiato se passa mas o destino quis que eles voltassem a se encontrar, agora, em outras condições, os dois casados e assim, escolhas precisarão serem tomadas por essas duas almas gêmeas.

 

A questão da maturidade que os dois amantes tentam lidar dentro da situação que estão é um ponto muito interessante a ser analisado. Fugindo dos clichês eminentes, A Linha Vermelha do Destino mostra muitas facetas de um amor quase proibido, ou melhor, impedido, mas que não deixa de acontecer. Há uma delicadeza na condução das sequências, uma lapidada nos arcos (as vezes até demais, deixando chato em alguns momentos) e boas atuações. Os contrapontos existentes viram fábulas do próprio imaginário das duas almas. Qual o destino deles? Finais abertos sempre deixam conclusões para o lado de cá da telona e isso é sempre muito legal.

 

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* Está no catálogo da Netflix *

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Grand Central (2013) – (França/Áustria)


Quando o amor não basta, o medo consome. Para falar sobre as problemáticas nucleares, uma pincelada crítica dos abalos energéticos de muitos países, a diretora Rebecca Zlotowski (em seu segundo longa-metragem) utiliza uma cobertura romântica protagonizada pela musa do cinema francês, Léa SeydouxGrand Central pode ser definido também como a história de homens e seu traiçoeiro trabalho que geram conflitos emocionais, físicos e familiares muito bem reproduzidos na telona.

 

Na trama, conhecemos Gary Manda (Tahar Rahim), um homem sem objetivos que vive pulando de trabalho em trabalho em diversas cidades. Quando os ventos do destino mudam outra vez sua direção, consegue um emprego em uma usina nuclear na França. Por lá faz novos amigos e conhece um grande amor, Karole (Léa Seydoux), namorada de Toni (Denis Ménochet) um dos que o melhor o recebe na nova cidade. Lutando contra um desejo reprimido, tenta sobreviver a um trabalho perigoso e a um amor proibido.  

 

A conflituosa relação que o destino cravou gira quase que exclusivamente em torno do protagonista, um homem que nunca esteve apaixonado e que vive de maneira intensa sua vida. Nas mesas de sinuca ou na estrada andando como nômade à procura de uma razão para sua existência, encontra no amor seus conflitos mais profundos. Um jogo de paixão, desejo e razão vão se misturando, deixando o personagem à deriva de ações inconsequentes.

 

Obviamente, a intenção da fita era transmitir e criar uma discussão em cima da problemática e os perigos das usinas nucleares. Só que a história que a princípio viria em segundo plano, o amor singelo e bruto entre dois personagens, acaba tomando o papel de protagonista no processo de interação com o espectador muito por conta da intensidade e competência da atriz Léa Seydoux, iluminada (mais uma vez) em cena.

 

Longe de ser o melhor filme da coadjuvante principal de Azul é a Cor Mais Quente (nem tão pouco seu filme mais polêmico), Grand Central merece ser conferido por todos os cinéfilos pois consegue encontrar em suas subtramas uma inteligente razão de existência.

 

 

 

Desobediência (2017) – (EUA/Reuno Unido)

 

O luto e o amor. Depois de excelentes e elogiados trabalhos nos inesquecíveis, Gloria e Uma Mulher Fantástica, o cineasta chileno Sebastián Lelio enfim chegou ao epicentro das produções mundiais com delicado e interessante projeto Desobediência. Baseado no livro homônimo, de Naomi Alderman, o filme gira em torno de algumas situações que ligam a morte ao amor. Nos papéis principais, as duas melhores Rachels do cinema atualmente, McAdams e Weisz, essa última também assina a produção do longa.

 

Na trama, conhecemos a fotógrafa Ronit (Rachel Weisz), uma mulher de meia idade, bem sucedida que mora em nova Iorque. Ronit é de família judia, e brigou com sua comunidade tempos atrás. Quando retorna para casa, após um telefonema avisando sobre a morte do pai, acaba reencontrando a melhor amiga de adolescência, Esti (Rachel McAdams) que está casada com Dovid (Alessandro Nivola). A questão é que Esti e Ronit já viveram uma história de amor no passado e com a volta da fotógrafa, as memórias se acendem, gerando um grande conflito na comunidade onde foram criadas. 

 

Com muita delicadeza e atuações maravilhosas, o filme navega em um tom até certo ponto lento mas com um tipo de ritmo envolvente, utilizando a premissa de que ‘uma cena vale mais que mil palavras’. Falando sobre personagens fortes, a direção de Lelio, já acostumado com mulheres guerreiras em conflito, é uma pequena aula de como dirigir um filme sobre as tensões das emoções. Dividido em arcos bem definidos, com subtramas impactantes, o longa navega nas águas do luto e de uma paixão proibida.

 

Sobre o luto, vemos a dificuldade da protagonista em voltar para enterrar o pai, rabino, esse, totalmente protegido pela comunidade e crença que sempre acreditou. Mesmo como filha, parece não ter direitos, praticamente como se não existisse para aquele grupo de pessoas. Sobre a paixão proibida, envolve três personagens, o amor entre as duas amigas e um marido que segue lemas e crenças. Passando sobre as liberdades do amar, do ir e vir, do casamento, são muitas as questões que o roteiro traz a tona para pensarmos.

 

Muito se falou sobre cenas fortes, picantes, que o filme possa ter. Mas Desobediência é simplesmente um bonito filme sobre amor e respeito. Além de tudo, sua cena mais linda e emocionante é uma cena de um abraço simbólico que diz muito sobre a vida e as escolhas dos bem escritos personagens.

 

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* Está no catálogo do Telecineplay *

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Black – Amor em Tempos de Ódio (2015) – (Bélgica)


Os chocantes tempos onde a inconsequência beira ao caos violento de vidas perdidas. Um filme forte, impactante, que mostra a falta de limites do ser humano que só conhece a violência como resposta a qualquer pergunta, Black - Amor em Tempos de Ódio traz para a ficção ações de vândalos, ladrões, traficantes de gangues de jovens em Bruxelas. Há um paralelo com a realidade conforme entendemos nos créditos finais. O filme busca também uma crítica para a ineficácia da polícia nas tentativas de mudanças de comportamentos, em leis não eficientes para o controle de uma situação que está completamente descontrolada. Um explosivo e dramático trabalho da dupla de cineastas Adil El Arbi e Bilall Fallah. Disponível no catálogo do streaming Reserva Imovision.

 

Na trama, conhecemos Marwan (Aboubakr Bensaihi), um jovem descendente de marroquinos que faz parte de uma gangue que rouba por toda Bruxelas. Em paralelo, conhecemos a também jovem negra Mavela (Martha Canga Antonio) que acaba de iniciar em uma outra gangue, rival da do primeiro. Eles acabam se conhecendo e se apaixonando. Encaram diariamente o certo e o errado bem na frente deles com escolhas podendo serem feitas mas consumidos por razões e emoções que vão desde suas origens até mesmo o eterno conflito do ser humano em ter status, ser o maioral, não importando as formas como se chegam até os objetivos. Mas com a polícia no pé das gangues deles (respectivas) e um eminente confronto violento entre as duas facções, o casal de apaixonados precisará encontrar saídas para se manterem juntos e vivos nessa história.

 

O subtítulo não poderia ser melhor: O amor em tempos de ódio. Somando a isso, rebeldia, guerras movidas a raça, preconceito, o longa-metragem ao longo de uma hora e meia, mostra a visão de homens e mulheres perdidos na inconsequência, no ganho fácil com um olhar para a violência como algo comum. Dentro dessa ótica, refletimos sobre a tão comentada cultura da violência com exemplos negativos a cada frame. Pelo chocar, Arbi e Fallah buscam o refletir. Até quando jovens, não só na Bélgica, mas pelo mundo, vão perder suas vidas para a banalidade de influências ruins? Onde a sociedade e as forças policiais, que devem proteger, podem se inserir para ajudar nessa situação? Leis mais rígidas? Acompanhamento com psicólogos? Mais tempo no xadrez? Há exemplos de redenção em meio a esse caos? Pra se refletir!

 

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* Está no catálogo do Reserva Imovision *

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Retrato de uma Jovem em Chamas (2019) – França

 

Estar livre é estar só? Escrito e dirigido pela ótima cineasta francesa Céline Sciamma (do excelente Tomboy), Portrait de la jeune fille en feu, no original, aborda com sensíveis tons delicados um recorte sobre sentimentos e sensualidade em uma época de muitas limitações para as almas femininas. As memórias e as emoções colocam a iminência de um amor com data de validade marcada mas com uma intensidade para nunca se esquecer. O projeto conta com uma direção impecável com direito a uma arrebatadora sequência final, digna de aplausos. Impressionante filme francês, um dos grandes trabalhos dos últimos anos desse país que volta e meia nos brinda com ótimas produções. Indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes, também ao Bafta e ao Globo de Ouro.

 

Na trama, conhecemos a jovem pintora Marianne (Noémie Merlant) que é contratada por uma mulher (Valeria Golino) para pintar o retrato de sua filha Héloise (Adèle Haenel). Só que essa última não aceita o futuro casamento que já está entrelaçada com um homem em milão e assim, Marianne precisa disfarçar a princípio seus reais motivos do convívio diário durante algumas semanas com Héloise. Só que após muitas conversas, um interesse mútuo vira algo que transborda, transformando dramas em uma paixão arrebatadora.

 

O filme, que estreou no Brasil em janeiro (ainda antes da pandemia), possui um certo ar misterioso em seus primeiros arcos, acaba virando um grande pedestal onde diálogos sobre imposições da vida em uma época arcaica, cheia de ações nada progressistas onde a mulher não tinha direitos. Os diálogos sobre cultura e pintura e os paralelos com os dramas de uma sociedade reclusa nas tradições encaixam como uma luva no que vivem ou conhecem da vida as protagonistas. A coadjuvante Sophie (Luàna Bajrami), a empregada da casa de Héloise, tem papel importante com sua subtrama, mais uma vez mostrando o papel das tradições e até mesmo rituais em uma época muito distante da que vivemos.

 

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* Está no catálogo do Telecineplay *

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Carol (2015) – Reino Unido

 

Nomeado a muitos prêmios nas principais premiações do cinema mundial, o trabalho do cineasta californiano Todd Haynes (Não Estou Lá) pode ser, desde já, considerado um grande hino ao amor em uma época recheada de preconceito. No papel título, a sensacional atriz australiana Cate Blanchett que mais uma vez realiza um impecável trabalho. Completando o elenco, e em atuações acima da média também, Rooney Mara e Kyle Chandler.

 

Baseado no livro The Price of Salt (1952), de Patricia HighsmithCarol é ambientado na década de 50 e conta a história de Carol Aird (Cate Blanchett) uma elegante mulher que vive um casamento de aparências, para os outros diz ainda ser casada mas sua relação com o pai de sua única filha, Harge Aird (Kyle Chandler), já acabou faz tempo. Tendo um histórico de relacionamentos com outras mulheres, Carol se aproxima de encontrar novamente um grande amor quando conhece a vendedora Therese Belivet (Rooney Mara) com quem tem uma linda e inesquecível história de amor.

 

Uma coisa importante antes de alguns pontos de análise do filme: A personagem principal não é só Carol, Therese Belivet rouba a cena em vários momentos! Descendente de tchecos, Therese é delicada, observadora e que segue seus instintos sem medos. Pelos olhos dessa última, na verdade, que vamos conhecendo as dificuldades da época e grande parte dos ‘clímaxs’ estamos sempre na ótica dessa. Quando as duas estão em cena, o que para nossa sorte são muitas vezes, a troca de olhares entre elas é sempre fulminante, há um interesse forte e recíproco, contido em cada gesto, cada atitude de que vemos ao longo dos 118 minutos de projeção. Blanchett e Mara simplesmente se entregam de corpo e alma em seus papéis.

 

Carol é uma forte personagem, uma mulher à frente de seu tempo, que causa um verdadeiro e peculiar impacto com sua presença. Quando uma questão jurídica chamada Cláusula da moralidade é presente na trama, vemos um dos maiores absurdos da justiça norte-americana, fruto do preconceito de uma época que não respeitava o amor entre pessoas do mesmo sexo. Mandante desse processo contra Carol, Harge Aird, interpretado pelo ótimo Kyle Chandler, que, entre um drink e outro, não admite perder a esposa, ainda mais para outra mulher, assim, a confronta o tempo inteiro. Pena que o filme não vai muito profundamente nesse briga de emoções, dariam ótimas cenas que deixariam a personagem melhor compreendida.

 

 

O longa-metragem concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Além da história muito bonita, uma adaptação muito profunda e interessante, Blanchett e Mara simplesmente valem o ingresso. Belo filme!  

 

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* Está no catálogo da Amazon prime Video *

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Crítica em vídeo do filme: 'O Mundo de Glória'


Nesse vídeo, Raphael Camacho analisa objetivamente o filme 'O Mundo de Gloria'.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #438 - Alessandro Pinesso


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Caetano do Sul (São Paulo). Alessandro Pinesso tem 52 anos, é redator publicitário formado pela ESPM, roteirista há alguns anos, pertence à primeira geração do Metal, quando as TVs ainda eram de tubo e a molecada ouvia músicas em fitas cassete.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui vou pouco ao cinema, pois só tem Cinemark. Antes da pandemia, frequentava os cinemas da região da Av. Paulista, como Reserva Cultural, Belas Artes. Itaú e o Cinearte, pois prefiro cinemas de rua com programação de arte.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Nunca tive esse pensamento, mas a experiência mais incrível foi ter assistido a "2001" com meu pai aos 10 anos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Quentin Tarantino, Pulp Fiction.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Limite, de Mario Peixoto, uma obra única, diferente de qualquer outro filme.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de cinema e também de conversar sobre o assunto.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Os cinemas ditos de arte têm, em geral, boa programação, embora volta e meia tenhamos surpresas, como a horrível comédia alemã Toni Erdmann, que foi um suplício.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que ainda terão bons anos de sobrevida.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Farol, belo filme em preto e branco com William Dafoe e Robert Pattinson. Tenso, bem dirigido, num formato antigo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Podem reabrir, mas eu não voltarei antes de tomar vacina, pois passar duas horas de máscara numa sala fechada não me parece uma experiência interessante.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Há os filmes de apelo popular, que vão bem, e há aqueles que ninguém vê porque não há distribuição e, também, porque há muita coisa ruim. O modelo de financiamento do cinema brasileiro não funciona muito bem. Talvez fosse uma boa ideia se espelhar no mercado argentino, cujo cinema tem, na média, mais qualidade que o nosso e um alcance muito maior.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não há.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma oportunidade de viver outras vidas durante duas horas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Foi emocionante e divertido assistir à pré-estreia do documentário O Barato de Iacanga, no Sesc 24 de Maio, há uns dois anos. Muitos dos jovens hippies de outrora estavam na plateia, agora todos de cabelos brancos, inclusive o organizador do festival de Águas Claras. Aplausos, gritos e risadas em diversos momentos do filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti, mas é o tipo do filme que passo longe, muito longe.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

A cultura cinematográfica ajuda, mas não é condição sine qua non para o surgimento de um bom diretor. A história está repleta de bons cineastas que não são cinéfilos.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Difícil dizer, mas Toni Erdmann é forte candidato.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Visita ao Inferno, de Werner Herzog, um grande diretor de ficção que hoje só faz documentários com muita propriedade.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Geralmente em pré-estreias, onde todos aplaudem. Ou quando assisto em casa.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB - Internet Movie Data Base

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix e HBO.

 

 

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07/06/2021

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Crítica do filme: 'Eu Estava em Casa, Mas...'


A busca da própria verdade pessoal. Ganhador do Urso de Prata de Melhor Direção (Angela Schanelec) em Berlim no ano de 2019, Eu Estava em Casa, Mas... é um curioso longa-metragem alemão de planos quase estáticos, muito atento aos detalhes. Mas a questão é essa: que detalhes seriam esses? Alguns vão achar que é um filme sobre o nada, outros uma mera e caótica tentativa de trazer para debate conflitos que podemos enxergar na realidade, na vida real, ligados à família, pais e filhos, dentro de um panorama europeu. Em certo momento, possui uma certa desponderação sobre a arte rebatendo a pergunta: O quão raso e vazio pode ser o atuar perante os olhos de quem não consegue conscientizar? Estreia nos cinemas no dia 10 de junho.


É difícil até definir a trama. Basicamente gira em torno de uma mulher chamada Astrid (Maren Eggert), mãe de duas crianças, viúva faz dois anos de um ex-diretor de teatro, consumida por problemas pessoais e dificuldades de interagir, seja em casa na educação de seus filhos, seja na rua com terceiros. Seu filho mais velho some por um tempo e reaparece todo sujo, gerando debates sobre o ocorrido na escola. Os dias passam e Astrid busca compreender a vida sob várias óticas.


As imagens possuem grande força quando paramos e buscamos compreender os personagens e as referências que produzem. Obviamente é um quebra-cabeça com peças faltando, o exercício se torna preenchermos as lacunas a partir do que entendemos. Parece que estamos folheando um complicado livro de filosofia onde as reflexões chegam por meio de metáforas enigmáticas. Há um movimento sobre a solidão, o estar só, isso é uma certeza a partir da sofrida personagem que parece estar em volta de uma depressão constante, perdida no seu tempo como mãe, como mulher, com seu pensar crítico sobre uma sociedade e seus mínimos detalhes (parábola da bicicleta que permeia o roteiro).


De sentido concreto, há espaço para um intenso debate sobre a arte e alguns dos seus significados. Os paralelos sobre a essência da razão individualista, das inúmeras formas de interpretar, o raso e o vazio e principalmente as emoções que a arte nos traz. Em certo ponto parece até uma conversa com o espectador, principalmente na parte ao redor disso que transborda na paciência.


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Crítica do filme: 'Xtremo'


A lenda dos samurais espanhóis. Dirigido pelo cineasta espanhol Daniel Benmayor, em seu quarto longa-metragem, Xtremo é uma mistura entre drama e ação com muitas cenas violentas que partem do princípio da vingança (quase um clichê quando pensamos em motivos) para justificar toda a matança e necessidade de poder dentro de furados códigos de éticas dos habilidosos matadores que aparecem ao longo das cansativas quase duas horas de duração. A pretensão de embarcar em uma profundidade dentro do drama instaurado é o furo no barco desse que projeto que tem óticas coreografias que lembram alguns filmes asiáticos das últimas décadas.


Na trama, conhecemos o implacável matador Max (Teo García), que faz parte de uma conflituosa família em busca do poder em Barcelona, na Espanha.  Ele tem um filho e não deseja mais fazer parte da matança diária, principalmente orquestrada por Lucero (Óscar Jaenada), um homem cruel que fora criado como irmão de Max. Certo dia, após uma negociação que acabou em um banho de sangue, Max volta para casa e um atentado contra sua família acontece, deixando seu filho sem vida. Alguns anos se passam e Max se junta a María (Andrea Duro) para embarcar num plano de vingança contra Lucero, responsável pelo atentado mencionado.


Como cinema de ação, convence em muitos momentos. Abre o leque de possibilidades de lutas, com coreografias de vários tipos de armas e técnicas de lutas. As razões do introspectivo personagem principal são bem claras, é motivado por uma vingança que é planejada para ser executada da maneira como sabe viver. Quando embarca no drama, principalmente no arco com o jovem sem lar que deseja ajudar, o paralelo com a questão do falecimento do filho acaba virando um sonolento clichê mal desenvolvido. Fora que a relação dele com María é jogada na tela através de imagens isoladas mas não de diálogos, um quebra-cabeça que precisamos montar de acordo com o que achamos, fica muito na superfície, quase inexistente.


Xtremo lembra alguns filmes asiáticos de anos passados, por conta das coreografias. Isso é legal, mas é pouco. Estabiliza um vilão cruel, e o protagonista é como se fosse o personagem de um jogo de vídeo game que precisa passar por fases e chegar até o grande confronto final contra o último chefão. Mais do menos nesse sentido.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #437 - Luciano Bugarin


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.


Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Luciano Bugarin tem 38 anos, Professor de Artes da rede municipal do Rio de Janeiro. Cineasta independente, com participação e prêmios em diversos festivais. Escritor colaborador das publicações culturais online "Maratona de Sofá" e "Vivente andante". Formado em Licenciatura em Educação Artística, habilitação: Desenho - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Cinema e Audiovisual - Universidade Estácio de Sá (UNESA). Atualmente está cursando o Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCINE) da UFF e o curso de Especialização em Bullying na escola da UNIFESP. Cinéfilo apaixonado pela sétima arte, do tipo que adora ver e rever cem vezes o mesmo filme e colecionar diversos filmes. Tem um canal no YouTube com conteúdos relacionados a cinema e audiovisual na educação: Luciano Bugarin (youtube.com/lulsiano) e um canal com dicas de filmes no Instagram (@lucianobugarinfilmes).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Espaço Itaú de Cinema. Além de oferecer uma ampla programação que vai desde os blockbusters até filme mais artísticos, o cinema também abriga festivais frequentemente como festival do cinema italiano, cinema russo, entre outros e também oferece sessão gratuita para professores aos sábados.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não sei dizer com certeza, mas tenho lembranças de quando era bem pequeno de ver Os Goonies no cinema drive-in e lembro de que eu via o cinema drive-in como um lugar mágico. Lembro também de ter ido a um festival de filmes do Chaplin com meu pai que foi uma grande experiência para mim.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Charlie Chaplin. O garoto. Foi um filme que vi quando criança e que me marcou muito e que representa não apenas um marco na carreira do próprio Chaplin mas no cinema como um todo por mostrar de uma forma bem pioneira a junção do drama com a comédia.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O caso dos irmãos Naves, por seu retrato cru e direto da hipocrisia e corrupção do sistema penal e judiciário do Brasil de forma que continua cada sempre bem atual.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter um carinho especial por filmes. Uma relação particular com os filmes que mais gosta. É sonhar com filmes. É falar sobre filmes de tal forma como se cada um fosse único. É ver e rever centenas de vezes o mesmo filme e a cada vez descobrir algo novo. É compartilhar com outras pessoas (cinéfilas ou não) o que te interessa e o que te desperta em um filme. É estar aberto a novas linguagens e gêneros que fogem do seu lugar-comum.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho meio ambígua essa expressão "pessoas que entendem de cinema". Porque acredito que elas entendem de cinema no momento que elas sabem que filmes podem atrair mais público ou não. Então elas entendem de cinema dentro da proposta do que é ser o dono de um cinema. (Isto varia também do tipo de cinema. Se é um multiplex de shopping ou um cinema de artes de bairro).

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero não ver isso nunca.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Viver de Akira Kurosawa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Está cada vez melhor no ponto de vista dos aspectos técnicos. O cinema brasileiro sempre foi muito bom, mas sempre sofreu um pouco em relação a aspectos técnicos (como o som por exemplo, o que fazia com que as pessoas taxassem os filmes brasileiros como "ruins de ouvir") especialmente por conta de acesso à tecnologia. Isso tem aumentado cada vez mais nas produções.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernando Meirelles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Film lovers are sick people" (François Truffaut).

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando vi O exorcista, apareceu um morcego no cinema. Quando vi Spawn - O soldado do inferno, um pedaço do teto caiu no meio do filme, quando vi o filme Gasparzinho, acabou a luz no meio do filme e quando vi O aviador o filme queimou logo após o personagem de Leonardo Di Caprio ter sofrido queimaduras.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi este filme, mas acredito que seja uma tentativa de produzir um filme de fantasia infanto-juvenil nos moldes da Disney, mas como aspectos da cultura brasileira.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Embora eu tenha visto muitos filmes ruins, eu costumo apreciar pelo menos alguns aspectos. Mas o pior filme que vi foi um chamado Chapeuzinho vermelho dos infernos.

 

17) Qual seu documentário preferido?

A corporação.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Vivente Andante, Maratona de Sofá e @lucianobugarinfilmes (Instagram).

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Mubi.

 

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06/06/2021

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Crítica do filme: 'Black - Amor em Tempos de Ódio'


Os chocantes tempos onde a inconsequência beira ao caos violento de vidas perdidas. Um filme forte, impactante, que mostra a falta de limites do ser humano que só conhece a violência como resposta a qualquer pergunta, Black - Amor em Tempos de Ódio traz para a ficção ações de vândalos, ladrões, traficantes de gangues de jovens em Bruxelas. Há um paralelo com a realidade conforme entendemos nos créditos finais. O filme busca também uma crítica para a ineficácia da polícia nas tentativas de mudanças de comportamentos, em leis não eficientes para o controle de uma situação que está completamente descontrolada. Um explosivo e dramático trabalho da dupla de cineastas Adil El Arbi e Bilall Fallah. Disponível no catálogo do streaming Reserva Imovision.


Na trama, conhecemos Marwan (Aboubakr Bensaihi), um jovem descendente de marroquinos que faz parte de uma gangue que rouba por toda Bruxelas. Em paralelo, conhecemos a também jovem negra Mavela (Martha Canga Antonio) que acaba de iniciar em uma outra gangue, rival da do primeiro. Eles acabam se conhecendo e se apaixonando. Encaram diariamente o certo e o errado bem na frente deles com escolhas podendo serem feitas mas consumidos por razões e emoções que vão desde suas origens até mesmo o eterno conflito do ser humano em ter status, ser o maioral, não importando as formas como se chegam até os objetivos. Mas com a polícia no pé das gangues deles (respectivas) e um eminente confronto violento entre as duas facções, o casal de apaixonados precisará encontrar saídas para se manterem juntos e vivos nessa história.


O subtítulo não poderia ser melhor: O amor em tempos de ódio. Somando a isso, rebeldia, guerras movidas a raça, preconceito, o longa-metragem ao longo de uma hora e meia, mostra a visão de homens e mulheres perdidos na inconsequência, no ganho fácil com um olhar para a violência como algo comum. Dentro dessa ótica, refletimos sobre a tão comentada cultura da violência com exemplos negativos a cada frame. Pelo chocar, Arbi e Fallah buscam o refletir. Até quando jovens, não só na Bélgica, mas pelo mundo, vão perder suas vidas para a banalidade de influências ruins? Onde a sociedade e as forças policiais, que devem proteger, podem se inserir para ajudar nessa situação? Leis mais rígidas? Acompanhamento com psicólogos? Mais tempo no xadrez? Há exemplos de redenção em meio a esse caos? Pra se refletir!

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #436 - Marcondes Jamacaru


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Marcondes Jamacaru tem 53 anos, é professor de literatura, leitor e cinéfilo. Coleciona filmes ganhadores do Oscar Internacional e sua cinemateca possui cerca de 1.400 títulos nacionais e/ou estrangeiros. Gosta de música popular brasileira, dando ênfase ao cantor e compositor Chico Buarque. Publicou 5 livros de poesias. É cearense e atualmente vive na capital do Estado.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A programação do cinema é totalmente voltada para os filmes europeus e/ou nacionais que dificilmente seriam exibidos no circuito comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Alguns filmes me provocaram essa sensação, mas vou citar o excelente Blade Runner (1982), de Ridley Scott.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Poderia citar quatro ou cinco diretores geniais, mas vou me limitar ao mestre italiano Federico Fellini [1920 – 1993]. Quanto ao filme favorito do Fellini, sinto- me incapaz de escolher apenas um, então cito as obras-primas Oito e Meio [1963] e Amarcord [1973].

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é a obra-prima do Cinema Novo Deus e o diabo na terra do sol, do genial diretor baiano Glauber Rocha [1939 – 1981]. É o meu filme nacional favorito porque sempre que eu o assisto, convenço-me de que o diretor conseguiu transportar para a tela uma história atemporal.

 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

... deixar-se levar pela trilha sonora e/ou roteiro do filme e mergulhar nas águas tranquilas e muitas vezes inquietantes dessa experiência maravilhosa que só o cinema e a literatura podem nos proporcionar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. A impressão que às vezes eu tenho é a de que essas pessoas visam apenas ao lucro. Muitas vezes são amadoras no que diz respeito aos filmes de arte.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que não. Existe uma magia no ar quando assistimos a um filme na sala de cinema. Dificilmente teremos essa experiência na sala de nossos apartamentos e/ou casas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Uma obra-prima da nouvelle vague tcheca Trens estreitamente vigiados [1966]. Recentemente vou lançado em versão inédita pela Versátil.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sou contra essa ideia. Não me sentiria seguro em um ambiente fechado/com ar-condicionado e várias pessoas no local.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vivenciamos épocas difíceis para o cinema nacional. Nosso mais bem-sucedido longa metragem foi Central do Brasil [1998]. Mas, felizmente, parece que iremos vivenciar uma nova retomada da cinematografia brasileira. Recentemente, o jovem diretor Kleber Mendonça Filho [1968] dirigiu os fabulosos O som ao redor [2012], Aquarius [2016] e Bacurau [2019].

 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Pelos filmes citados anteriormente, diria que é Sônia Braga. Mas tenho que me render ao talento do ator Irandhir Santos [1978]. Para ilustrar minha fala, cito Viajo porque preciso, volto porque te amo [2009], A febre do rato [2011] e A história da eternidade [2014].

 

12) Defina cinema com uma frase:

... uma experiência catártica.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Assistia com amigos Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois [2016], filme cearense de terror psicológico ganhador de vários prêmios em festivais, quando uma determinada cena chamou nossa atenção e passamos a comentá-la de forma negativa. Quando as luzes se acenderam, reconhecemos o diretor do filme sentado a apenas alguns metros de nós. Ele deve ter ouvido o que falamos. Foi inusitado e um tanto constrangedor.

 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme provavelmente fadado ao esquecimento.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Mas vale ressaltar que grandes cineastas cinéfilos dirigiram verdadeiras obras-primas do cinema. Restringir-me-ei a citar quatro: Jean-Luc Godard [1930], François Truffaut [1932 – 1984], Andrei Tarkóvski [1932 – 1986] e Quentin Tarantino [1963].

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O inclassificável Crepúsculo [2008]. Até hoje me pergunto como puderam produzir esse filme.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra marcado para morrer [1984], de Eduardo Coutinho [1933 – 2014].

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Várias vezes. Recentemente, tive o privilégio de fazer isso ao final dos filmes Mad Max: estrada da fúria [2015], A Chegada [2016] e Blade Runner 2049 [2017].

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas [1995]. Apesar de deprimente, um ótimo filme.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Leio bastante o Plano Crítico.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Sou assinante da Netflix. Gosto bastante do catálogo deles.

 

 

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