14/09/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #516 - Jhonny Carvalho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo.  Jhonny Carvalho tem 32 anos. É farmacêutico e apaixonado por cinema, literatura e cultura pop. Desde de muito cedo, coleciona mídias físicas de filmes dos mais variados gêneros. Atualmente reside na cidade de São Paulo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em São Paulo, gosto muito do cinema de rua Cinesala, localizado no bairro de Pinheiros. A programação nos dá oportunidade de conhecer muita coisa fora do cinema puramente comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: “cinema é um lugar diferente”.

O primeiro filme que vi no cinema que me surpreendeu foi 300 de Zack Snyder. O filme me apanhou pela sua estética e forma narrativa diferente do que eu habitualmente conhecia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Xavier Dolan. O filme que mais gosto dele é o cativante Laurence Anyways de 2012.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é A Hora da Estrela da diretora Suzana Amaral. É impossível não se apaixonar, torcer e sofrer junto com a personagem principal, “Macabéa”. A história é retratada no filme de forma sensível e admirável.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que ser cinéfilo é ser aberto a experimentações culturais e, acima de tudo, sentir-se feliz apenas por ter a oportunidade de ver um bom filme. É uma constante evolução pessoal e artística.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Infelizmente, a maioria se volta para algo puramente comercial.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Podem ser reduzidas, mas acabarem? Nunca! Pois a experiência oferecida pelo cinema é única e inexplicável.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

4:30 de Royston Tan. Um filme incrivelmente curioso e triste.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Atualmente, temos uma gama de filmes medianos e poucos filmes bons. Há pouco apoio financeiro e popular de produções que retratem realmente nossa cultura e cotidiano.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho” Orson Welles

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Fui numa seção especial de O Auto da Compadecida que foi um verdadeiro tormento, não pelo filme, mas por um casal de adolescentes que não paravam de falar alto. Foi bem frustrante, na verdade.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti este filme, apenas vi alguns trechos e parece ser tudo bem mal feito e hilário.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não precisa, mas ajuda bastante se for.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Aladdin de 2019.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu Não Sou Seu Negro do diretor Raoul Peck.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, várias vezes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos de Brad Silberling.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplayers.com.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

HBO MAX.

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13/09/2021

Crítica do filme: 'Braddock: O Super Comando'


A eterna questão do nunca esquecer. Abordando o contexto complicado dos traumas da guerra e a exploração política no seu pós, o primeiro filme do personagem mais conhecido aqui no Brasil da carreira do astro de filmes de ação Chuck Norris, Braddock: O Super Comando, reflete sobre a influência governamental em meio a batalhas e o quase esquecimento de quem compõe na linha de frente, seus problemas para toda uma vida. Dos EUA ao Vietnã, uma linha extensa de caos morais e éticos vamos vendo passar em nossa frente nesse trabalho assinado pelo cineasta Joseph Zito.


Na trama, o Coronel Braddock (Chuck Norris) um homem repleto de problemas emocionais causados por tudo que viveu e fez em Ho Chi Minh (antiga Saigon) durante a Guerra do Vietnã. Passado um período, ele tem a chance de retornar ao país que era inimigo dos Estados Unidos em uma jornada rumo a descoberta de militares norte-americanos que são feitos de reféns mesmo depois da Guerra ter terminado. Assim, utilizando todo seu arsenal de conhecimento e luta na selva parte rumo a seu objetivo não medindo consequências pelo caminho, contando com a ajuda de poucos.


O roteiro conta com idas e vindas do tempo, no passado quando Braddock fora capturado e torturado pelas forças vietnamitas e no presente quando ele volta ao Vietnã em uma missão de resgate. Explora as características do coronel, o homem ferido, longe de uma diplomacia, em meio a memórias de diversas violências vividas nos tempos da guerra e, quase uma análise psicológica atemporal se pensarmos em tantas guerras que os Estados Unidos se meteu ao longo dos anos e em quantos soldados sofrem até hoje com o caos que viverem em território inimigo. A questão política toma conta de boa parte do filme, talvez um destaque para o enfrentamento crítico aos seus métodos adotados na guerra pelos próprios norte-americanos e também pelo outro país.


Um outro destaque que merece menção, já no abre alas há um contexto, bem jogado nas entrelinhas, sobre a questão do herói e do super-herói quando o protagonista no auge dos seus medos e não sabendo lidar com tudo que viveu presta atenção a um desenho do homem-aranha na televisão.


Com cenas de lutas, tiroteio mirabolantes, destruição, sede de vingança e uma tentativa de redenção de alguma forma de um herói indomável Braddock - O Super Comando está disponível no streaming da MGM.



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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #515 - Duda D’Elia


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Duda D’Elia tem 21 anos. É Graduanda em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense com experiência em Produção e Assistência de Direção. Co-criadora e co-coordenadora da Liga de Produção de Distribuição da UFF - A ProdUFF (@produff) e Co-criadora e Coordenadora de Curadoria do Cineclube Prainha Play (@prainhaplay) pelo canal do YouTube da Unitevê UFF (@uniteveuff).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Rio, as salas com as programações mais compatíveis ao que eu curto assistir certamente são as do Estação, principalmente as de Botafogo. A seleção dos filmes sempre é super completa e alinhada aos melhores lançamentos. De qualquer forma, a minha sala favorita do mundo fica em Niterói, no Centro de Artes da UFF. A seleção de lá é sempre impecável, além das condições incríveis de exibição. Recomendo para todo cinéfilo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Mágico de Oz é um marco na minha vida. Lembro de assistir em loop quando criança. O uso das cores me marcou muito. Foi o primeiro filme que assisti que não era completamente “colorido”. Nunca havia pensado na possibilidade e, desde então, comecei a questionar sobre os recursos do audiovisual.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Certamente não tenho diretora ou diretor favorito, mas uma realizadora que me inspira há muitos anos é a Agnès Varda. A sua habilidade de contar histórias e criar estéticas únicas para seus filmes é admirável. Sou uma grande fã. A trajetória dela é muito plural, tornando difícil escolher um filme favorito, mas As Duas Faces da Felicidade é um dos meus favoritos, devido à leveza da fotografia e arte em contraste com a dureza da temática.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Cinema Brasileiro é muito potente, o que torna essa pergunta muito difícil. Sinto que, levando em consideração o histórico político-social do país, Terra em Transe é uma força dentro do panorama Audiovisual Brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é amar o Cinema, a sala escura, a experiência espacial como um todo. Não necessariamente assistir quatro filmes por dia, mas apreciar o Cinema, reconhecer as belezas dessa forma de arte, e isso inclui a experiência física.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

O conceito “entender de cinema” é muito complexo. Acredito que essas pessoas tenham uma visão mercadológica que, infelizmente, negligencia certos filmes - nacionais não de comédia e os internacionais fora do circuito estadunidense.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Com certeza não. Acredito que a pandemia é uma prova disso. Estamos todos muito ansiosos para voltar a todo vapor para as salas de cinema. A experiência coletiva é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Negligenciamos, por vezes, os curtas-metragens, peças audiovisuais cuja capacidade de síntese dramática e estética pode ser mais interessante que a de um longa-metragem, por exemplo. Recomendo o curta Maioria Absoluta do grande Leon Hirszman. É um filme maravilhoso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente, temos que ser pacientes. A vacinação é um processo muito importante e, para voltarmos completamente com atividades que envolvem aglomerações, precisamos de todas as medidas sanitárias possíveis. Esperar vai valer a pena!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O Cinema Brasileiro é muito talentoso. Temos muitas potências aqui. Somos muito capazes e criamos, dia após dia, conteúdos cada vez mais relevantes. Tenho certeza que o nosso potencial será cada vez mais conhecido.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco produções que tenham a Grace Passô no elenco ou por trás das câmeras. Ela é simplesmente genial. Também acompanho de perto a produtora mineira Filmes de Plástico. Eles são sensacionais.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema é um importante reflexo da vida, sendo irreal ou não.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Bem, essa história eu protagonizei (risos)! Uma vez fui ao cinema, numa dessas sessões com debates, e a realizadora estava lá e, antes da exibição, tinha um evento com comes e bebes. Foi uma das minhas primeiras experiências nesse tipo de sessão e eu estava um pouco nervosa, até por ser fã da realizadora. Bem, em poucos momentos, a diretora e seus amigos se aproximaram do lugar que eu estava sentada e eu, muito nervosa, fui mudar de lugar. Quando vi, tinha derrubado a minha bebida no chão e no vestido da realizadora. Enfim, um desastre (risos)!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um marco no Audiovisual Brasileiro!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que qualquer realizador deve ter suas referências cinematográficas, então sim, julgo ser muito importante assistir filmes com frequência, e filmes dos mais variados. Inclusive, ler também é muito importante, assim como consumir artes visuais no geral. Todo repertório é válido.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, comprometedor (risos)! Pior é MUITO relativo, fora que eu não sou o tipo de odiar filmes, acho que sempre podemos achar algo proveitoso. De qualquer forma, filmes sobre bispos são irrecuperáveis. Esses são ruins mesmo (risos).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu sou apaixonada por documentários, o que torna essa pergunta muito difícil. Não citar Eduardo Coutinho seria um crime, então escolho Jogo de Cena, que sempre me emociona muito. Como falei sobre a Varda anteriormente, vou incluir Os Catadores e Eu, por ser um filme que amo profundamente.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Ah, sim. Com certeza. Mas apenas em sessões com debate. Sou tímida para esse tipo de coisa (risos).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma? Brincadeira (risos). Eu gosto bastante de Adaptação. Sei que as pessoas amam ou odeiam esse filme, mas eu acho bacana, me divirto assistindo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O Guia do Cinéfilo, com certeza. Acho o site bem completo mesmo, sempre atualizado. Adoro acompanhar em todas as mídias. Eu também gosto muito do Filme B, ele é ótimo para pesquisas mais direcionadas à realizadores brasileiros. Recomendo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Para filmes, o mais completo que temos é o TelecinePlay, sem dúvidas. Principalmente no catálogo mais “cult” e nacional. Curto bastante, um ótimo investimento.

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Crítica do filme: 'McQuade, o Lobo Solitário'


Em uma década onde reinavam os grandes e inesquecíveis filmes de ação do universo do cinema (a década de 90 foi complementar a tal), chegava as telonas no ano de 1983 um dos grandes filmes da carreira do lendário Chuck Norris, McQuade, o Lobo Solitário. Dirigido pelo cineasta Steve Carver o longa-metragem nos leva aos tempos onde a violência reinava na telona e onde a inconsequência tinha um lugar nada procurado dentro da impiedade. Mesmo sendo propriamente dito um filme de ação cheio de cenas mirabolantes, o projeto consegue abrir boas brechas reflexivas seja para explorar o fator solidão, seja para entendermos a eterna batalha dos limites da jurisdição e a força e a contraforça entre os comandos no Texas.


Na trama, conhecemos J.J. McQuade (Chuck Norris) um solitário Texas Rangers (respeitada agência de aplicação da lei com jurisdição em todo o estado do Texas nos Estados Unidos), que trabalha praticamente sem muitas companhias na cidade de El Paso. Pai de Sally McQuade (Dana Kimmell) e com uma situação muito bem resolvida com a ex-esposa Molly (Sharon Farrell), McQuade passa seus dias enfrenta diversos inimigos implacáveis e violentos. Certo dia, após a chegada de uma força bandida, traficantes de armas impiedosos que deixam um grande rastro de sangue por onde passam, o protagonista precisará um dos líderes do negócio corrupto, o ex-campeão de Caratê Rawley Wilkes (David Carradine) em diversos capítulos de uma batalha mortal repleta de destruição.


Bruto gentil, um guerreiro mais que lutador. Um herói ou anti-herói? Indo do leme ao pontal em diversas características que moldam esse personagem, o roteiro assinado por B.J. Nelson, baseado na história criada por H. Kaye Dyal, não deixa de mostrar o transformar da solidão para a necessidade do compartilhar, seja na questão do amor propriamente dito, na figura de Barbara (Lola Richardson), seja na amizade ou mesmo dividir seu foco e objetivo com o novo e inexperiente quase parceiro Kayo (Robert Beltran).


A ação é constante. Com métodos nada convencionais, abrindo brechas para interpretações sobre questões éticas e morais, explora de maneira superficial mas inteligente subtramas repletas de simbolismos principalmente quando pensamos no vilão interpretado magistralmente por Carradine.  


Para alguns um Beberrão, para outros uma lenda, J.J. McQuade é um dos mais intrigantes personagens da carreira do sempre lembrado quando tudo está muito difícil, Chuck Norris.

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10/09/2021

Crítica do filme: 'Quanto Vale?'


Ambientado em um dos maiores dramas da história do planeta, o ataque terrorista às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, Quanto Vale? Aborda o lado jurídico, obviamente ligado à fortes emoções, sobre a questão das indenizações para os familiares dos que faleceram ou tiveram alguma sequela na tragédia. Ao longo de quase duas horas de projeção, vamos acompanhando a trajetória do advogado bem-sucedido e professor Ken Feinberg, brilhantemente interpretado por Michael Keaton, que tem a difícil missão de ser um elo entre os que querem que o assunto se resolva sem quebrar a economia e a individualidade de cada pessoa, cada família, que perderam alguém que nunca mais vai voltar. Disponível no catálogo da Netflix, o filme tem direção de Sara Colangelo e o roteiro assinado por Max Borenstein.


Na trama, conhecemos Ken Feinberg (Michael Keaton), um advogado que ficou conhecido por conseguir encontrar fórmulas para valores em grandes casos de indenização. Após o ataque ao World Trade Center, ele consegue uma posição muito importante junto ao governo, ser o responsável de convencer as famílias das vítimas a um valor estipulado por uma fórmula matemática que a princípio não leva em considerações o individual. Ao longo de todo o processo, que dura cerca de dois anos, ele começa a perceber que se não escutar o que as famílias precisam dizer, e também o viúvo e influenciador Charles Wolf (Stanley Tucci), nada se encaminhará para algo justo.


As variáveis que contornam o filme fazem sentido quando analisamos por completo o protagonista e sua evidente desconstrução. Longe de ser um herói, na verdade bem longe disso, muito por conta do seu jeito racional e frio de lidar com perdas dos outros, Feinberg através de situações não controladas de histórias de todos os tipos que chegam com impacto ao seu conhecimento começa a buscar uma certa redenção quanto a essa frieza. Há criticas bem nas entrelinhas sobre a atuação do governo, ou pelo menos de algumas pessoas ligadas e suas formas objetivas mas nada compreensivas de tentar resolver logo um problema complexo com o pretexto de uma provável quebra da economia.


Quanto Vale? é mais um capítulo da história recente norte-americana, reflexões sobre o capitalismo e os seus limites. Mas será que existem limites na cabeça de alguns? Quanto vale a dor de uma família?

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #514 - Marcos Castro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife (Pernambuco). Marcos Castro tem 40 anos.  Diretor de elenco e produtor, trabalha no mercado audiovisual há 20 anos. Dirigiu seu primeiro curta metragem "Bianca olhe, ame, cuide", sobre Bianca Close, mulher trans em situação de rua, que teve uma campanha para construção de uma casa pra ela, #savebianca, encabeçada por ele e um grupo de amigues. Ministrou o curso "do teste ao set" e a oficina de preparação de elenco junto com a atriz Bianca Joy. Dentre os filmes que já contribuiu estão: "A morte habita a noite", "Amores de chumbo", "Danado de bom", "Paraísos artificiais", "Carro Rei" " o circo voltou".

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinemas de fundação, são as melhores seleções de filmes locais e mundiais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Sempre gostei muito de filmes de terror desde que era adolescente esses foram os que mais me chocaram; Cemitério maldido, colheita maldita, o exorcista, o iluminado (meu favorito) , renascido do inferno.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Poxa, são muitos e muitos, mas o Kubrick eu amo todos os filmes! Laranja Mecânica é foda!! 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Durval Discos, acho o roteiro e a forma que foi filmado, genial!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Assistir, ler e pesquisar sobre filmes, é uma grande paixão

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Olha, acho que as salas de shopping só passa os filmes blockbuster em sua maioria, isso é muito ruim, deveriam diversificar mais. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As de ruas quase não existem mais, né?

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Hedwing , John Cameron Mitchell.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, mas já estão abertas com separação.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho cinema brasileiro muito forte, e a qualidade só vai melhorando.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Genial.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

 

Vi um boquete!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nem perdi meu tempo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que precisa estudar muito e ter boas referências, mas não ser cinéfilo necessariamente.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Os amantes passageiros, Almodóvar.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Dzi Croquettes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

já!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Tem vários, mas o Adorocinema é massa!

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix e Amazon igual!

 

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08/09/2021

Crítica do filme: 'O Bom Doutor'


As inconsequências sobre os limites da ética. Milagres de natal ou irresponsabilidades médica? Passado praticamente durante uma noite bastante alucinante, O Bom Doutor, longa-metragem francês, nos mostra dois mundos completamente diferentes que se encontram de maneira inusitada, um médico rabugento e já com preguiça da profissão que atende à domicílio e um ingênuo jovem entregador de encomendas que quase nunca pensa sobre seu futuro. A partir desse encontro, várias linhas reflexivas são geradas, dentro do ponto de vista do não médico e das irresponsabilidades do que possui a licença para medicar. Os contrapontos dos absurdos se mesclam entre o improvável e o aceitável nessa comédia feita pra rir que tem no elenco o comediante e Youtuber Hakim Jemili e o veterano ator Michel Blanc . Quem assina a direção é Tristan Séguéla.


Na trama, conhecemos o médico Serge Mamou-Mani (Michel Blanc), um homem que vive com o luto da perda do filho presente em seu cotidiano. Ele é médico, com muita experiência, que hoje em dia atende à emergências na casa dos próprios pacientes. Certo dia, após seu destino cruzar com o de Malek (Hakim Jemili), um simpático entregador, ele resolve pedir ajuda dele para cuidar do restante dos pacientes que faltam no turno pois Serge está com uma dor aguda na coluna e não consegue mais se movimentar. Assim, Malek se faz passar por médico e por meio de uma escuta/headphone/telefone executa o que Serge lhe diz pelo ponto no ouvido. Febre, diarreia, dor de garganta, prisão de ventre, dos mais simples aos mais complexos casos aparecem durante essas intensas horas desse dia natalino.


Os limites da ética viram quase um background que envolve todas as ações e inconsequência que testemunhamos, sem medir os riscos possíveis a dupla vira cúmplice dos absurdos diagnósticos à distância feita presencialmente por aquele que nunca exerceu a medicina. Há um ritmo acoplado na comédia, deixando a história com leveza mesmo tendo um ponto de objetivo cenários eminentes de caos em busca das consequências. Os artistas possuem uma harmonia muito visível, ótimas cenas dentro do absurdo todo proposto.

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Crítica do filme: 'Suk Suk - Um Amor em Segredo'


A felicidade restrita de almas que deveriam poder ter liberdade para amar onde, como e quando quisessem. Diretamente de Hong Kong (um lugar onde o casamento homoafetivo não é reconhecido), chega ao circuito brasileiro de exibição um longa-metragem que nos apresenta o universo particular de dois homens, um taxista em fim de carreira e um aposentado que se encontram, logo se apaixonam e ao longo do tempo buscam respostas para como dizer ao mundo, e principalmente aos que o cercam, as verdades sobre o que sentem. Escrito e dirigido pelo cineasta Ray Yeung, Suk Suk - Um Amor em Segredo ganhou diversos prêmios internacionais. Poderoso drama, emocionante, sensível, que conquista o espectador do início ao fim.


Na trama, conhecemos Pak (Tai-Bo), um taxista que passou as últimas duas décadas dirigindo 18 horas por dia para dar uma estrutura de vida aceitável para sua esposa e seus filhos. Certo dia encontra um homem por quem logo se apaixona, o aposentado Hoi (Ben Yuen), pai de família que criou o filho sozinho e hoje vive seus dias lutando pelos direitos aos homossexuais, ajudando os amigos e buscando uma relação melhor com o filho agora adulto e cada vez mais distante. Essas duas almas precisarão descobrir qual o tamanho e força dessa relação que se estabelece e principalmente que rumos gostariam de trilhar no futuro.


Há muitos conflitos espalhados pelas mais de uma hora e meia de duração. Pak e Hoi, entendem o que sentem como uma interseção mas bem diferentes quando sobre as reflexões de serem gays em uma sociedade demasiadamente conservadora. O sofrimento é visível por essa falta de liberdade que encontram quando juntos, Pak em seus olhares perdidos nas refeições junto à família, Hoi no aperto do peito na posição de amante sem perspectiva de mudança de direção.


O valor do trabalho na vida familiar, dentro das questões dos costumes, fica bem nítido nos arcos que exploram a nova rotina do recém genro de Pak, que com uma forcinha do sogro busca encontrar seu caminho para ser um pai de família que faça a todos que ama feliz. Sobre costumes, ou até mesmo dentro desse retrato mais profundo sobre pontos na família, a questão da religião e conflito não declarados entre Hoi e seu filho ganham espaço o que nos fazendo entender ainda bem melhor esse tão rico personagem.


Suk Suk - Um Amor em Segredo é muito mais do que uma linda história de amor na melhor idade. A partir das escolhas, acompanhamos a força das esferas da solidão, a luta pelos direitos, o sofrimento por não poderem gritar ao mundo quem são.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #513 - Douglas Augusto


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo de Manaus (Amazonas). Douglas Augusto tem 22 anos. É Acadêmico de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda, apaixonado por animações e principalmente as que são do estúdio da Pixar, tem um Podcast semanal chamado Sério de Leve, pra falar de assuntos sérios de um jeito leve (ou não!). Instagram @douglasaugsto

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Acredito que o Playarte do Manauara Shopping, é o que acaba tendo mais opções de assistir um filme legendado.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredite ou não foi Scooby Doo, os live actions de 2002 e 2004, eu lembro que achava tão real e eu acreditava que eles tinham realmente conseguido adestrar um cachorro a ponto dele falar haha toda essa ilusão quando eu era criança foi simplesmente mágico, eles deram vida ao meu personagem favorito, e eu pensava: tudo é possível através dessa tela.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sou completamente apaixonado pela mente do Tim Burton, A fantástica fábrica de chocolate é um dos meus favoritos dele!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Pra tentar seguir na mesma vibe de animações, eu vou trapacear um pouco e dizer um desenho nacional, Irmão do Jorel! Uma produção f0d@ demais, eles colocam o melhor da cultura brasileira e com certeza isso vai trazer muita visibilidadede de fora pra cá, animação tem ganhando bastante espaço na tv fechada e na Netflix.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É uma pessoa que encontrou no audiovisual uma forma de se entreter, emocionar, rir...

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que por pessoas que visam o lucro, o filme que mais vender ganha mais tempo na programação, mas quando há filmes que fogem de tudo que está sendo colocado em cartaz, a gente vai assistir? Ou também assistimos o mesmo tipo como todo mundo?  Acho que é um problema com mais de um lado.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu espero que não, mas eles precisam se reinventar urgentemente.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Uma Cilada Para Roger Rabbit, é um filme incrível de 1988, mistura desenhos e humanos de uma forma singular, ainda mais pra essa época.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Absolutamente não! Só fui ao cinema depois da primeira dose da vacina, e isso é o mínimo, espero que todos tenham consciência e saibam esperar o momento.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa para o pouco que é investido! Brasileiro ama um bom filme, mas o apoio pra atores, diretores, roteiristas e todas as funções que são essenciais para um bom longa acontecer são baixíssimas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Com certeza era o inesquecível Paulo Gustavo, a perda dele para o cinema brasileiro é imensurável.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Verdades do mundo através da ilusão de uma tela

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Um cinema inteiro soluçando vendo Toy Story 3, e definitivamente tinha poucas crianças na sala haha

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

This represents brazil more than soccer and samba.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Pera, isso e possível? Um escritor que não é leitor? Um jogador de futebol que não ver jogos? Acho que pelo menos os filmes dentro do seu "estilo de cinema" você deve acompanhar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Pior da vida é difícil, mas um dos últimos que eu vi é tentei umas 4/5 vezes terminar de assistir foi o live action de O Rei Leão, eu juro que tentei, mas é simplesmente monótono, uma pena.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Walt Antes de Mickey, pra quem ama a Disney e esse homem como eu, esse documentário é um prato cheio.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não que eu me lembre, quando eu gosto muito de um filme eu acabo chorando ou com aquela sensação de "a partir de agora vou mudar o mundo" haha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não me odeiem, mas não acompanho muito o Sr. Cage haha MAS ele dublou um personagem de uma animação que gosto, The Croods, isso conta? Espero que sim haha

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acabo acompanhando mais o CinePop pra me atualizar em geral, e sigo os canais Imaginago e Jéssica Ballut que falam mais sobre animações.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Com certeza DisneyPlus! Ainda há muito o que ser adicionado, mas pra quem gosta de animações mais clássicas da disney é simplesmente espetacula.

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Pausa para uma série - Cruel Summer


A verdade e a mentira podem andar juntas pelas coincidências que aparecem pelo caminho. Criado pelo roteirista Bert V. Royal, que assinou o roteiro de A Mentira em 2010, protagonizado por Emma Stone, Cruel Summer é um jogo de mentiras, de disse me disse, que explora o universo do psicológico em um High School norte-americano da maneira como já conhecemos: com situações constrangedoras, a eterna guerra entre populares e os que querem de alguma forma serem populares, o papel dos pais em toda essa rotina repleta de inflexões, a influência de quem tem o poder de ensinar... Há muitas variáveis a se analisar nesse quebra-cabeça formado onde basicamente é um confronto entre duas jovens em nos convencer de quem está falando a verdade. O roteiro ganha destaque pela forma como fora definido para apresentar os acontecimentos.


Na trama, ambientada em determinados dias/acontecimentos que exploram três anos em sequência em meados da década de 90, conhecemos Jeanette Turner (Chiara Aurelia) no início uma jovem que sonha em ser uma garota popular e possui um certo fascínio pela vida que leva Kate Wallis (Olivia Holt) a garota mais popular do colégio. Jeanette tem basicamente dois amigos, que conhece por toda sua vida, Mallory Higgins (Harley Quinn Smith) e Vince Fuller (Allius Barnes). Certo dia, Kate desaparece misteriosamente e curiosamente quase que em paralelo Jeanette muda o visual, desfaz a amizade com Mallory e começa a se relacionar com Jamie (Froy Gutierrez) que era namorado de Kate até o sumiço da mesma. Alguns meses se passam e Kate é encontrada acusando Jeanette de saber onde ela estava e não ajudá-la. A partir disso, começa um jogo de verdades e /ou mentiras mostrando tudo que aconteceu na vida das jovens antes, durante e depois do sumiço de Kate mas também como essa situação afetou a todos que as cercavam.


Por mais que durante todos os dez episódios dessa série ficamos presos a pergunta: ‘Quem é que tá mentindo?’ conseguimos de muitas formas enxergar o caos provocados pelas ações das protagonistas na vida dos outros e isso torna o seriado muito interessante, mesmo o roteiro não conseguindo dar profundidade em todas as subtramas: a de Jamie por exemplo é mal explorada com passagens quase jogadas sem muita compreensão de alguns porquês, também o relacionamento entre Ben (Nathaniel Ashton) e Vince (Allius Barnes) é meio que jogado na história sem muito desenvolvimento, e principalmente a de uma figura chave na trama, a de Martin Harris (Blake Lee), o novo diretor do colégio que aparenta ser uma pessoa que não é mas sem muito entendermos sua história que acompanhamos somente pela ótica de Kate.


O papel dos pais nessa história é mais importante do que aparenta. Focando em Jeanette, vemos seu pai com a mudança de postura mais drástica não conseguindo entender as revelações que se sucedem, a destruição do seu casamento e criando uma margem enorme de distância no relacionamento sempre muito próximo com a filha. Já a mãe dela, encontra as respostas que a satisfazem e toma rumos até mesmo extremos por talvez não conseguir conviver com o que encontra como respostas. Focando em Kate, seu padrastro famoso vive um relacionamento confuso com a mãe dela, uma mulher que gosta do status que tem, uma espécie de primeira dama da região e faz de tudo para que nada atrapalhe os planos de família perfeita mesmo a sua estando bem longe disso, principalmente por seu relacionamento explosivo com a própria filha que pensa muito diferente dela.


As protagonistas embarcam durante todos os meses após o ocorrido em uma batalha, inclusive jurídica, mas tmabpem comportamental buscando cada uma à sua forma se reconectarem por peças e/ou variáveis que ficaram pelo caminho nessa trajetória dolorosa para ambas.  


Cruel Summer responde bem claramente quem mente nessa história. Mas mesmo assim as conclusões finais sobre essas questões chegam muito mais pelas nossas próprias interpetações das ações quando conhecemos as verdades dos fatos.

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Crítica do filme: 'Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis'


As descobertas e redescobertas em uma homenagem à cultura oriental. Explorando o universo das artes marciais, suas doutrinas, seus sentidos e suas conexões, chegou aos cinemas nas últimas semanas o primeiro filme de mais um herói da nova geração do Universo Cinematográfico da Marvel, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Dirigido pelo cineasta Destin Daniel Cretton (do espetacular Short Term 12), o filme é um show de coreografias, cenas de ação de tirar o fôlego, com personagens muito carismáticos e atuações poderosas.


Na trama, conhecemos o jovem Shaun (Simu Liu), um manobrista sonhador descendentes de chineses que mora em São Francisco (EUA). Ele e sua inseparável amiga Katy (Awkwafina) vivem seus dias entre o trabalho, as reuniões familiares na casa de Kate e muitos karaokês. Até que certo dia, em um acidente durante uma viagem de ônibus, Shaun precisa revelar que na verdade chama-se Shang-Chi e precisa voltar à China urgente para avisar sua irmã Xialing (Meng'er Zhang) que ambos correm perigo porque o pai dos mesmos, Xu Wenwu (Tony Chiu-Wai Leung), está atrás deles. Assim, todos esses personagens embarcam em uma aventura sobre segredos, família, escolhas e muitas batalhas.


O que mais chama a atenção é como o filme, que tem pouco mais de duas horas de projeção, consegue se conectar rapidamente com o público. Há carisma por todos os lados, mesmo nas reflexões culturais que estão sempre presente nas linhas do roteiro, o que de fato leva o filme para uma profundidade dramática, a maneira como se lidam com os mais variados assuntos, principalmente os que envolvem família, é feita de maneira leve e com mensagens chegando rápidas ao nosso campo de reflexão. Como todo primeiro filme onde estão nos apresentando um herói (passamos por isso ao longo de todos esses anos com a chegada de todos os Vingadores) a busca pelos detalhes é importante e o preenchimento da tela com atores e atrizes fantásticos, (como Tony Leung Chiu-Wai, vencedor do prêmio de melhor ator do Festival de Cannes por seu papel no inesquecível filme de Wong Kar-Wai, Amor à Flor da Pele) é fundamental para esse sucesso.


O protagonista é trazido para a realidade do trabalhador e sonhador que vive em solo norte-americano criando uma espécie de contraponto cultural principalmente quando pensamos na riqueza de sua origem, com a fabulosa história de como seus pais de conheceram e como sua mãe fora figura chave na formação de sua vida, suas escolhas. Tudo acaba fazendo muito sentido no final, principalmente quando olhamos da ótica de Shang-Chi , seus conflitos com o pai, a irmã, em busca de sua identidade que acaba sendo o elo perfeito para chegar até aonde todo mundo queria saber como chegaria: a equipe dos vingadores. Ótimo filme! Vale a pena conferir!

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07/09/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #512 - Babita Mendonça


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Babita Mendonça tem 70 anos. É estilista que virou figurinista ao pisar num set de filmagem e perceber que vestir personagens poderia ser muito mais divertido que fazer moda. Aconteceu assim, paixão pela profissão á primeira vista. Desde a década de 80 trabalhando em produções audiovisuais: publicidade, televisão, institucionais, séries, mas gostando de fazer cinema acima de tudo. Desde o ano 2000 ministrando cursos e oficinas de Metodologia em Figurinos para audiovisual na Aictv, Senai, Estácio de Sá, Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Essa não dá para dizer apenas 1 sala. Moro no Rio e as 3 que cito são em Botafogo, perto da minha casa: Espaço Itaú de Cinema, Estação Net Botafogo e Estação Net Rio. Todas tem uma programação atraente, são confortáveis e tem boa projeção e áudio com exceção das salas menores do Estação Net Rio que às vezes cai a qualidade da projeção.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Melodia Imortal. Aos 5 anos, com meu pai num cinema em São Paulo, onde morávamos. Nunca esqueci da magia da narrativa, nos sentimentos de amor e tristeza narrados na história.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil. Vão valer os primeiros que me vierem à cabeça e vou ter que dizer três no mínimo:

 

1- Federico Fellini, filme Amarcord, 1973

2- Bernardo Bertolucci , filme 1900, 1976

3- FrançoisTruffaut, filme Beijos Proibidos, 1968

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Mesma coisa, vou dizer os primeiros que me surgem à cabeça:

 

1-Eles Não Usam Black Tie, 1981, Leon Hirzman. Pelo roteiro maravilhosos, pelas interpretações de Fernanda Montenegro, Guarnieri e do restante do elenco, pela fotografia do Lauro Escorel, pelo figurino da Yurika Yamazaki.

 

2- Os Cafajestes, Ruy Guerra. Pelo roteiro, pela fotografia, pelo ineditismo do tema e por ser o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, considero um dos grandes filmes do Cinema Novo com as devidas influências da Nouvelle Vague.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É esperar a quinta feira com os lançamentos, frequentar cinematecas e cineclubes, estudar e conversar sobre cinema, rever filmes já vistos, ter um DVD player em casa em caso de necessidade, considerar cinema o programa mais gostoso para se fazer mesmo sozinho, ler sobre filmes e conhecer os trabalhos dos diretores, ter interesse por filmes fora do mainstream, de países com cinematografia menos conhecida. E entrar num cinema às 14 horas de um domingo de sol, na contra-mão da galera da praia.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Sim, acredito em curadoria e critérios na programação. Saudosismo à parte sou da geração Paissandu, Cinema Um, Cine Alvorada e sempre frequentei a Cinemateca do MAM e do MIS por preferir programações diferenciadas. Nos dias de hoje, a programação da maioria das salas procura seguir a pegada comercial, lançamentos blockbuster e afins. Mas para nossa sorte surgiu o Estação Botafogo e mais recente o Espaço Itaú, Net Rio, Laura Alvim além das cinematecas tipo Moreira Salles e CCBB e MAM. e Caixa Econômica Cultural. O cinema Jóia que frequento desde sempre (lembro de ver lá "Matou a Família e Foi ao Cinema," de 1969, do Bressane) foi uma coisa fora da curva na nossa vida. Depois fechou e desde sua reabertura ficou muito boa a programação. Agora, não se sabe o que será. Moro perto e diariamente rezo pela sua volta. De kodo geral acredito principalmente que a cabeça do público começa a aceitar filmes menos palatáveis como "Parasita". O cinema está mudando, os diretores coreanos, dinamarqueses, chineses, indianos, marroquinos também encontrando visibilidade e isso obriga a programação e programadores seguirem esse fluxo.

 

 7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito. É infinitamente mais lúdico e poético, as pessoas gostam e tem tudo a ver com o cinema.  Além de todos os aspectos para a humanidade e para o mundo, foi péssimo o efeito da pandemia para as salas de cinema e teatro. Mas tenho fé e esperança que as coisas boas retornem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Enquanto Somos Jovens, do Noah Baumbach, de 2014. Conta a história da amizade entre um casal de quarentão (Ben Stiller e Naomi Watts) e outro mais jovem (Adam Driver e Amanda Seyfried) e embora surjam situações clichês é uma comédia muito divertida que propõe reflexão o significado do que é ser "jovem e descolado" e ser "maduro e estabilizado", que pode levar a um desejo de inversão de papéis.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, de jeito algum. Essa doença é misteriosa e traiçoeira e não livrou a cara de nenhum lugar do mundo, que ficou unido querendo ou não por esse episódio. Mas agora, com o passaporte das vacinas sendo obrigatoriedade para a entrada em lugares, acho que estamos perto do final dessa privação de não ver filmes no telão. Só tive coragem de ir 3 vezes nesses quase 2 anos, por crise de abstinência, mas acabo me recolhendo. Rezando para essa medida óbvia de mostrar comprovante de vacinação se concretizar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa. Acho que temos muita qualidade desde sempre e muito sangue novo nas produções, uma resistência está se fazendo necessária mas vemos muita garra e boa qualidade. Destaco Doutor Gama, de Jeferson De, Os Últimos Dias de Gilda, de Gustavo Pizzi,  Homem Onça, de Vinícius Reis alguns bons exemplos. Tenho gostado de algumas séries brasileiras também que aquecem o mercado de trabalho. Gosto da diversidade que vem sendo mostrada, gosto cada vez mais de temas, povos e lugares brasileiros sendo trazidos para a tela. Não concorde com algumas políticas de algumas produções que gastam muito em viagens para fazer filmes fora do Brasil tipo Miami, Portugal, Itália. Quero dizer que esse custo com translado, estadia e alimentação para mim não se justifica e não acrescenta nada, e não traz nada nosso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro, Zé Carlos Machado, Camila Pitanga, são muitos os que eu sou fã. Selton Mello, Lázaro.

 

12) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu tenho uma reação de não olhar nem prestar atenção naquilo que sei que não vai me agradar. Isso me aconteceu com Cinderela Baiana e outras coisas. É até ruim isso porque às vezes nem tenho certeza se não vou gostar porque não vi.....mas é mais forte do que eu

 

13) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente cinéfilo chiita, senão nem dá tempo de filmar. Mas tem que gostar de ver filmes e conhecer trabalhos de cineastas. Admiro muito Woody Allen (fui das que não o cancelou) e adoro a coisa dele com Bergman, de levar seu fotógrafo Sven Nykvist para seus filmes. A Outra, Contos de Nova York, Crimes e Pecados e Celebridades. Também amo o livro de conversas entre Truffaut e Hitchcock. Acho que se consolida uma espécie de confraria gerando muitas homenagens em obras dos admiradores aos admirados. Vemos isso o tempo todo e acho que é um processo natural.

 

14) Qual o pior filme que você viu na vida?

Rapaz, com muita tristeza detestei Os Belos Dias de Aranjuez, de Wim Wenders cineasta que gosto demais. Acho que não entendi sei lá .....também detestei Mãe, do Aronofsky. 

 

15) Qual seu documentário preferido?

Todos que vi do Coutinho mas vou dizer Edifício Master.

 

16) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Muitas vezes.

 

17) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem de David Lynch. Não vejo nada dele desde o princípio dos anos 2000.

 

18) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema. Amo o Belas Artes à La Carte mas não assino porque não dá tempo de ver mais nada.

 

19) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Amazon Prime, Netflix, Globoplay

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04/09/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #511 - Isabelle Oliveira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Bernardo do Campo (São Paulo). Isabelle Oliveira tem 26 anos. Cigana do grande abc, ilustradora, animadora, editora e Youtuber, dubladora amadora e nas horas vagas é atendente de telemarketing. Formada em técnico de jogos digitais, informática e animação 2D. Acredita que o audiovisual é uma ferramenta poderosa aonde contamos nossas histórias e com um grande poder de modificar e transformar a sociedade.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

É a da Playarte no shopping metrópole em São Bernardo do campo, além da praça de alimentação, enquanto ainda não começa a sessão da para passear, bater papo e pegar o fundo para assistir o filme. Fica observado do buraco quadrado e ouvir o barulho do projetor rodando o filme.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

James e o pêssego gigante, fiquei fascinada vendo personagens reais virando animação em stop motion e questionei como fizeram isso? Do real para animação e pensei cinema e mais do que saber meras técnicas e sim contar sua história e visão do seu mundo como diretor.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Hayao Miyazaki - Filme: A Viagem de Chihiro.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O auto da compadecida, por quê faz uma autocrítica de como era difícil a vida no sertão e os meios infelizmente errados a tomar para subir na vida e o descaso do governo ao povo sofrido através do bom humor ácido.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Declarar seu amor ao mundo da 7 arte. E através da imaginação e criatividade contar sua visão de mundo a sociedade.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não muito, e muito blockbuster americano e pouca variedade de filmes e animação de outros países que pessoas perdem a oportunidade de ter contato audiovisual diferente.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, não tem palavras de sentar na cadeira e ver aquele telão com som estrondoso e uma experiência diferente a cada filme que vai assistir no cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Casa Lobo

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Só devem abrir quando todos estiverem vacinas e para entrar comprovar o comprovante de vacinação.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nosso cinema e o melhor do mundo, infelizmente está tendo o desmonte, não vemos incentivos de políticas públicas para nossa cultura, infelizmente com o atual governo. O cinema brasileiro não e só filmes pastelão comédia, temos séries e filmes de outros gêneros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos, Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Dedicação e amor a 7 arte.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Viu ver uma animação independente e como não tinha muita gente, digamos estavam se "atracando" foi cômico e embaraçoso, era difícil concentrar no filme como os "barulhos".

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme merda, mas que a gente gosta.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

50 tons de cinza, o bom amigo dinossauro.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Democracia em vertigem.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Claro com certeza, e vejo os créditos finais. 

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O senhor das armas.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico, Pablo Villaça, cult.

 

20) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix.

 

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30/08/2021

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Pausa para uma série - Clickbait


Quando as ações dentro de pré-julgamentos entram em choque. O sensacionalismo através de visualizações, curtidas que compartilhamos acabam sendo um background para tudo que acompanhamos nesse novo mistério disponível no catálogo da Netflix. Clickbait fala sobre a exposição de uma família após um sequestro e como essa situação acaba refletindo na vida de muitos outros personagens que estão próximos ao epicentro dessa trama que busca na força de seu mistério resolução para subtramas pouco profundas com algumas lacunas deixadas de lado. Essa minissérie de oito episódios criada pelos show runners Tony Ayres e Christian White tem ótimas atuações de Zoe Kazan e Betty Gabriel.


Na trama, acompanhamos a família Brewer, composta pelo marido e fisioterapeuta Nick (Adrian Grenier), pela esposa e professora Sophie (Betty Gabriel), pela irmã de Nick, a enfermeira Pia (Zoe Kazan), e os filhos Kai (Jaylin Fletcher) e Ethan (Camaron Engels). Tudo na vida deles muda completamente quando, misteriosamente, uma live aparece online em um site famoso de vídeos onde Nick está machucado e segurando cartazes com afirmações bombásticas. A partir disso, a família entra em colapso tendo que enfrentar a avalanche da ansiedade da imprensa, a investigação da polícia, os mistérios que surgem a partir das afirmações mostradas e os segredos de famílias.


O roteiro busca até o último segundo buscar surpreender o espectador, isso pode ser visto como um mérito mesmo que por conta disso, e nesse caso, algumas pontas fiquem bastante soltas se tornando apenas meras faíscas que nunca se acendem mas que de alguma forma nos mostra segredos até então escondidos de algumas subtramas. O ritmo acelerado se constrói muito bem se pensarmos no abre alas, inclusive, com a visão da segunda personagem mais impactante na história, Pia, essa que conseguimos entender melhor através de sua impulsividade e seu faro de detetive indo atrás de respostas para perguntas que acabar de conhecer. A mãe e professora Sophie é onde todos os olhos se apontam, principalmente com a exposição de fatos sobre sua vida com o marido, toda a trama passa por ela e a partir de escolhas sobre como lidar com isso vamos entendemos melhor o real drama que essa família vive nesses dias de tensão, choros, e um certo descontrole dentro de uma situação inimaginável até aquele momento.


As abordagens sobre o papel da mídia, da ética profissional também, nesse caso até mesmo uma certa caricatura um pouco extrema mas não muito longe da realidade, quando pensamos no jornalista que invade casas e destrói seu relacionamento por conta de novidades para seu furo jornalístico. Há também a questão dos relacionamentos online, seus perigosos ou não encontros, suas verdades e mentiras abrem boas discussões sobre o tema.


O desfecho busca seu impacto através de uma porta pouco aberta durante toda a trama, explicar sobre esse final é tirar a cereja do bolo de qualquer espectador, mas podemos dizer que nessa busca pela surpresa o seriado encontra um elo com a solidão e há reflexões bastante profundas sobre a internet.

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