07/09/2020

Crítica do filme: 'SCOOBY! O Filme'


Como criar algo novo de uma saga tão conhecida? Perdido em datas de lançamentos durante a inacreditável pandemia que vivemos, SCOOBY! O Filme, dirigido por Tony Cervone busca resgatar a nostalgia da história dos amigos detetives e seu cachorro Scooby só que colocando novos personagens famosos de outras histórias o que para alguns pode descaracterizar um pouco a essência desse universo. Disponível em plataformas digitais, SCOOBY! O Filme apresenta apenas sopros do grande carisma do famoso cãozinho e seus amigos.

Na trama, conhecemos rapidamente o primeiro encontro dos amigos Scooby e Salsicha além de toda a turma de detetives: Velma, Daphne e Fred. Anos se passam e precisam enfrentar o terrível Dick Vigarista e suas tramas mirabolantes para dominar o mundo. A borda de sua minivan famosa e recheada de biscoitos para scooby, o grupo precisará estar sempre unido para conseguir superar seus objetivos.

SCOOBY! O Filme é um filme feito para crianças. Ideal para se ver em família. Scooby Doo e suas aventuras sempre foram muito populares e novas rapaginadas nessa história sempre são complicadas pois podem afetar a nossa memória afetiva. Nesse projeto há um crossover com outros personagens famosos de outros desenhos. Alguns podem estranhar mas funciona como um exercício de imaginação de como seria se os personagens fossem do mesmo universo criativo. Fora essa questão, não há muita diferença entre roteiro e desenho, tudo segue girando na empatia dos melhores amigos Salsicha e Scooby.  

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06/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #85 - Marcelo Janot


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é um dos mais elogiados e queridos críticos de cinema do Brasil. Marcelo Janot, é jornalista, professor, crítico de cinema e DJ. Graduado em Comunicação Social pela PUC-Rio, iniciou sua carreira no início da década de 90. Trabalhou em grandes veículos de comunicação como: Jornal do Brasil, O Dia, Editora Abril, Multishow, Telecine. Atualmente é professor de cursos de cinema, crítico de cinema do jornal O Globo e editor do site Críticos.com.br.  Publicou o livro Revisão Crítica (ed. Autografia) e inicia um curso celebrando o centenário de Fellini em breve (Inscrições: https://www.sympla.com.br/curso-fellini-adjetivo__950941).

Obs: sempre vejo Janot nas cabines de imprensa. No início eu tinha uma mega vergonha de falar com ele, pois, Janot sempre foi uma referência. Quando você fica de frente com um de seus ídolos, ou pessoas que você admira, algo te trava, te deixa nervoso. Mas superei a timidez e sempre que o vejo nos falamos rapidamente. Ele não gostou de alguns filmes que eu coloquei no Joia em cartaz, rsrs. Mas adorou muitos outros. Sempre muito simpático e educado, Janot continua sendo um dos meus ídolos nesse universo das palavras e cinema. Minha prima Bruna adora ele também rs.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação Net Botafogo/Estação Net Rio é a que tem a programação mais diversa e criteriosa.

 

2) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick - 2001 - Uma Odisseia no Espaço, mas como passei os últimos meses mergulhado na obra de Fellini para preparar um curso sobre ele, a resposta também poderia ser Fellini e sua obra-prima 8 e Meio.

 

3) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Limite, de Mario Peixoto, porque estava à frente do seu tempo e prossegue moderno até hoje.

 

4) O que é ser cinéfilo para você?

É saber que o cinema não começou com Star Wars.

 

5) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte entende de marketing, a menor parte entende de cinema.

 

6)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não.

 

7) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nocturama, de Betrand Bonello (tem na Netflix!)

 

8) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho muito arriscado.

 

9) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Um cinema plural e de muita qualidade proporcionalmente ao grande número de títulos produzidos recentemente.

 

10) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

11) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Numa sessão de Godard Mon Amour (O Formidável) uma pessoa defecou no chão da sala e fugiu. O cinema teve que ser evacuado, um "odorama" involuntário.

 

12) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

13) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Ajuda bastante.

 

14) Qual o pior filme que você viu na vida?

Já esqueci, felizmente.

 

15) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master, de Eduardo Coutinho.

 

16) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Claro.  

 

17) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem, de David Lynch.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #84 - Fernando Labanca


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje tem 29 anos é cinéfilo, formado em design gráfico. Fernando Labanca desde muito tempo carrega em si uma grande paixão pelo cinema. Nasceu assim, sua necessidade de falar sobre, dividir com outras pessoas tudo o que gosta de dizer sobre a sétima arte. Ainda exerce a função de designer profissionalmente, mas nas horas vagas cria conteúdo para a página Pseudo Crítico, no Facebook, Instagram e no site onde posta suas críticas (https://pseudocritico.com/).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Raramente vou no cinema aqui em Osasco, principalmente por ser do lado de São Paulo e lá tenho melhores opções. Porém, a rede Kinoplex é a única de Osasco a ainda oferecer sessões legendadas, ainda que sejam apenas blockbusters...então quando acontece de ter algum filme de meu interesse e legendado, é lá que eu vou.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredito que tenha sido O Sexto Sentido, do M.Night Shyamalan. Era bem novinho quando assisti, mas foi o primeiro filme que me deu um real impacto. Um misto de sensações que ia do medo à comoção.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São muitos diretores favoritos, mas vou citar Paul Thomas Anderson, pela completa excelência. O meu favorito dele é Magnólia, por ser um drama eletrizante e ter me feito sentir prazer por suas perfeitas 3 horas de duração.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Fico com Aquarius pelas tantas sensações que me permitiu sentir. Gosto muito do roteiro do filme e como toda a tensão vai sendo construída, além de ter um ótimo elenco e diálogos marcantes que ecoaram por muito tempo na minha cabeça.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter prazer em assistir filmes, curiosidade por descobrir coisas novas e saber apreciar aquilo que encontra. É estar disposto a dedicar algumas horas da rotina a ver algo e manter a mente aberta ao que vier. E permitir que a experiência do cinema vá além dos créditos finais, absorvendo, pesquisando e conhecendo mais sobre aquilo que viu.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na grande maioria, acredito que não. Acredito que sejam pessoas mais interessadas nos valores que aquela programação vai gerar e conhecedoras do público que atende, não necessariamente profissionais que entendem de cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Olha, até antes da pandemia eu achava esse questionamento um absurdo, mas acho que esses meses provaram que a população vive sem cinema - não sem a arte, não sem os filmes - mas sem aquela estrutura que projeta aquilo que hoje temos facilmente acesso dentro de nossas próprias casas. Talvez demore muitos anos, mas já não acho isso impossível, no entanto, torço muito para que isso não aconteça! 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou citar um que descobri recentemente e, de fato, nunca vi ninguém falando sobre: O Mistério de Silver Lake. Um filme de 2018 protagonizado pelo Andrew Garfield. É uma bagunça bem bolada, eu diria. Divertido, ousado e insanamente inteligente...me lembrou o Lynch e esse é o maior elogio que posso fazer.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu sou contra. Ir ao cinema, por mais prazeroso que seja, não é uma atividade essencial. Ainda mais com o avanço significativo do streaming aqui no Brasil, penso que devem ser pensadas outras formas de levar os filmes ao público e juntar galera desconhecida em um lugar fechado - antes da vacina - não é uma delas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu sempre fui defensor do que é produzido aqui, gosto e admiro muitos cineastas brasileiros. É um cinema de alta qualidade sim, mas confesso que ainda acho muito limitado em muitas questões, que ainda ousa pouco nos formatos, gêneros e públicos a serem alcançados. Por muito tempo achei que era apenas um problema de investimento, mas depois vi que infelizmente muitas das pessoas envolvidas na produção nacional estão mais interessadas no próprio ego do que na experiência que levará ao público.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do trabalho do Irandhir Santos, costumo ver o que ele faz. Na direção, sou fascinado por Karim Aïnouz, estou sempre de olho no que ele está produzindo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um reflexo do que somos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma das experiências mais constrangedoras que vi dentro de uma sala de cinema, foi quando, na minha adolescência, fui assistir Os Estranhos com uma amiga e durante quase todo o filme, ficamos ouvindo um ranger de poltronas logo atrás de nós. Até que, antes do término da sessão, um casal se levantou, descaradamente, ajeitando as roupas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Um marco na cultura brasileira.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acredito que se for cinéfilo deve ajudar bastante porque isso, inconscientemente, torna o profissional com mais referências e inspirações. Mas por ser uma posição muito técnica, não acho que esse fator deva ser necessário para que ele desempenhe um bom trabalho se ele já tiver conhecimento essencial para tal função.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei se é o pior, mas se eu pudesse desver um filme com certeza seria A Serbian Film.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Three Identical Strangers. Explodiu minha cabeça e me fez ter a certeza de que a realidade consegue ser mais absurda e bizarra que a ficção.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não e morro de vergonha quando as pessoas batem.   

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação, belíssima parceria entre Spike Jonze e Charlie Kaufman.

 

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05/09/2020

Crítica do filme: 'Quase uma Rockstar'


As desilusões fria e crua da realidade dentro da esfera feliz de uma pessoa de bem, cheia de energia. Dirigido por Brett Haley (Por Lugares Incríveis, O Herói, Coração Batendo Alto) e com roteiro por Haley, Marc Basch, baseado na obra Sorta Like a Rock Star do escritor Matthew Quick (O Lado bom Da Vida) que também contribui no roteiro do filme, Quase uma Rockstar é um dos melhores filmes do catálogo da Netflix que absurdamente foi mega mal divulgado. Espero que num futuro bem próximo todos possam assistir a esse belíssimo e emocionante trabalho que fala sobre sonhos, realidade dura e navega entre construções e desconstruções emocionais dolorosas de uma forte protagonista interpretada brilhantemente pela atriz havaiana Auli'i Cravalho.

Na trama, conhecemos a iluminada em simpatia Amber (Auli'i Cravalho), uma jovem do high school norte-americano que logo nos primeiros minutos de projeção percebemos que vive em uma grande dificuldade com sua mãe Becky (Justina Machado). Ambas dormem todas as noites dentro de um ônibus que fica em um estacionamento de uma frota de veículos escolares. A rotina de Amber é intensa, se virando da maneira que pode, nunca deixa de transmitir amor e alegria para seus amigos, no asilo onde ganha uns trocados e na sua escola onde sempre está lutando por causas sociais. Mas sua vida vira de cabeça pra baixo (mais ainda) quando um tragédia coloca todo seu otimismo em xeque. Assim, é a hora do mundo retornar todo amor que depositou dia a dia nele.

O carisma da protagonista é algo contagiante. Desbravando sentimentos ruins e lutando por dias melhores, a jovem batalhadora tenta vencer todos os obstáculos que são colocados em sua frente. A relação mãe x filha é bem detalhada, profunda que gera muitas reflexões principalmente pelo fato da violência que a mãe sofreu e sofre do namorado. Amber é valente, positiva e quando sua vida muda de figura, parece que uma carga desproporcional de maturidade é consumida sugando todas as boas energias e ligando o modo sobrevivência.

As lições que Quase uma Rockstar traz são inúmeras. Nossa sociedade precisa assistir a filmes assim, que mostram duras realidades mas que enxergam, dependendo da porta que você abrir, saídas inimagináveis que dão novamente um novo sentido a tudo, da emoção à razão. Lindo filme.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #83 - Julie Nunes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, meio carioca, meio paulista. Graduada em cinema e pós graduada em cenografia, Julie Nunes iniciou sua atuação no setor cinematográfico como assistente de direção e figurinista. Desde 2013 trabalha como crítica e foi colaboradora para o Canal Claquete Filmes e o site CinePOP, atualmente no Canal Horazul. Além disso organizou cursos de cinema e filosofia em instituições como a Cinemateca do MAM e no Museu da República no Rio de Janeiro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

No Rio o meu cinema mais companheiro e que esteve em todas as fases da minha vida foi o Roxy em Copacabana. Durante muitos anos morei muito perto dele e no começo da adolescência, quando a relação com o cinema começou a ficar clara pra mim, eu frequentava muito o Roxy. Conhecia o pessoal do cinema todo, tenho foto na escada, vi todos os filmes do Tarantino - exceto o Era uma vez em Hollywood que eu já morava em SP - lá, era tão perto que eu podia até ir de castigo sem minha mãe perceber. Fui ficar mais exigente com a programação já com uns 18 anos e aí passei a frequentar muito mais os cinemas Estação de Botafogo por não terem o vínculo com o Blockbuster que era bem forte no Roxy. Aqui em SP gosto muito do Reserva da Avenida Paulista pelo mesmo motivo do Estação Botafogo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando eu estava no ensino fundamental, estudava numa escola municipal, e teve um passeio para irmos assistir Carlota Joaquina: Princesa do Brasil da Carla Camurati. Era para uma aula de história que a professora já tinha dado. Quando acabou o filme eu fiquei chocada com a experiência. Naquela duração eu estava num Brasil que eu nunca tinha imaginado antes, com aquele elenco que me assustava e encantava ao mesmo tempo. Foi muito marcante.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Acho muito difícil responder essa pergunta sem fazer algumas ressalvas. Tenho alguns diretores favoritos, filmes que entram nas minhas listas de melhores mas não necessariamente o diretor do filme entra. Quem me conhece sabe dessa resposta, mas ela vem de uma série de situações que me levaram a estudar mais o Paul Thomas Anderson e especificamente Magnólia de 99. Acabou virando um filme muito marcante que me emociona muito toda vez. A direção impecável, a trilha da Aimee Mann, elenco, roteiro...enfim, é uma paixão mesmo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Paulo, Sociedade Anônima do Person e um filme que eu revejo sempre e toda vez impressiona sua atemporalidade. A forma que o Person retrata São Paulo, desde o primeiro plano a cidade engendrada nos personagens, é genial.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu me percebi cinéfila muito tarde porque comecei muito cedo em casa virando a noite com os filmes na tv. Uma coisa que me dá nostalgia imensa são as músicas de abertura do Supercine e do Corujão porque via demais ainda criança. Fui me dar conta depois que me dei conta que nem todo mundo fazia isso. Ser cinéfila é ter no cinema um amigo. Sempre foi mais do que um lazer, do que viria a ser meu trabalho, do que o filme assistido em si.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Entendem, mas o problema é que muitas vezes o lance da grana é o que fala mais alto. O cinema nacional mesmo tem um espacinho ali sempre espremido e o que chega a ocupar mais salas nem sempre é o filme que é super bacana, mas o que teve grana para bancar a sala. Ai para o público fica uma amostragem mínima do nosso cinema. Outro problema são os anúncios infinitos. O mais curioso é que parece inversamente proporcional. Quanto maior a rede de cinema mais anúncios e as salas já estão exibindo todos os grandes filmes, vendendo pipoca por trinta reais e diz que não cabe um curta nacional, um espaço maior para o nosso cinema que não seja o filme da ultramega produtora.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não! Ir ao cinema é uma coisa única. Não sou radical ao ponto de dizer que é ruim ver em casa e que estraga o filme. Ver em casa é outra experiência, que também é boa. O lance é que o cinema realmente é um acontecimento. Comprar o ingresso, escolher o lugar, entrar na sala e aquela tela.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou indicar a filmografia do Julio Bressane como um todo que é brilhante, mas acaba ficando um pouco de lado nas programações de uma maneira geral e ver tudo é uma experiência muito rica. Se for escolher só um dentro dessa filmografia diria Cuidado Madame.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Vejo um risco imenso. O primeiro e mais óbvio que é o contágio. Segundo que me parece um pouco irracional mesmo na lógica do sujeito que esteja visando voltar a ter dinheiro entrando. Posso estar com uma impressão equivocada, mas muitos que conheço e são frequentadores de cinema não iriam por medo. Tantos outros já não estavam indo antes por uma questão financeira que agora está ainda mais sensível. Então abrir me parece fora da realidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É uma maravilha o que o cinema nacional faz e não é nada fácil. Um cinema, seja qual for sua nacionalidade, são muitos cinemas. Universos mais variados e no Brasil talento não falta de maneira alguma. Sabrina Fidalgo (Rainha), Julia Katharina (Tea for Two), Letícia Simões (O chalé é uma ilha batida de vento e chuva) são alguns nomes que me deixaram nos últimos dois/três anos muito impressionada de me pegar pensando no filme meses depois e ter vontade de mostrar para todo mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Vou repetir o Julio Bressane e acrescentar Julia e Lúcia Murat.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É deslocar-se.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma coisa que acontece até com certa frequência é ter alguém muito empolgado, principalmente nessas sessões clássicos, e a pessoa dar todas as falas com as pausas e tudo durante o filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

É o The Room nacional.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Para fazer um filme é preciso referência, mas muitas coisas podem ser essa ferramenta. Pintura, fotografia, vivências, experiências sensoriais e por aí vai. Acho que ver muitos filmes ajuda, mas se for só isso não sei se dá certo. Dirigir um filme é bem complicado e envolve muitas habilidades diferentes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu tendo muito a esquecer filmes que não gostei, acho que se já conseguiu marcar na memória tem algo ali que merece atenção. Um achei péssimo, mas dei boas risadas apesar de não ser uma comédia, foi o Cópias de 2018 com o Keanu Reeves.

 

17) Qual seu documentário preferido?

É sempre dolorido escolher um único filme. Acho que todo cinéfilo faz aquelas listas de ordem de preferência dentro dos segmentos e seus recortes. É um verdadeiro vício. Impossível não citar Eduardo Coutinho e ali o talento é tamanho que dá para dizer qualquer um dele... Cabra marcado para morrer (1984), Edifício Master (2002). Temos uma enorme lista de documentários sobre música e cantores que são excelentes como Simonal- Ninguém sabe o duro que dei (2009), Dzi Croquettes (2009), Tropicália (2012). Dos Estados Unidos o "Eu não sou o seu Negro de 2016 e o O.J Made in America (2016).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, mas em sessões com presença de equipe ou elenco. Sem eu sinto que não tem tanto sentido.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem (David Lynch, 1990) e Adaptação (Spike Jonze, 2002)

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #82 - Ronaldo Andrade


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é estudante de informática, apreciador de cinema e quadrinhos, e, fã do Cavaleiro das Trevas. Ronaldo Andrade, 27 anos, é criador e redator do Geek of Nerd (https://www.instagram.com/geekofnerd/) um espaço onde fala-se sobre cinema, séries, jogos, desenhos e HQs! Para saber um pouco sobre suas preferências cinéfilas, fomos conversar com Ronaldo para esse especial.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sempre gostei do Boulevard Tatuapé. É uma sala boa e confortável, além de oferecer horários flexíveis, principalmente para dar tempo de pegar o transporte de volta para casa tranquilamente.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Creio que foi com Logan (versão preto e branco) e Era Uma Vez em Hollywood. Ambos os filmes me fizeram notar o quão importante é o cinema. Tanto para os que trabalham no set e para nós, fãs e espectadores. Você admira o trabalho que feito para às telonas. Quando você é fã dos que estão ali envolvidos, a atenção que você dá para o filme é melhor. Por isso pra mim é um lugar diferente.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Quentin Tarantino. E o meu favorito filme dele e meu também, é Django Livre. Sempre gostei de seus filmes de épocas baseados na visão do Tarantino, sua forma linear de contar histórias, diálogos e com as características cenas de ação, me fascinam. Como por exemplo, a cena dos capatazes do Calvin contra o Django. Aquele tiroteio parece que nunca ia ter fim, Django contra todos aqueles caras armados, é muito legal de assistir. É o tipo de cena que você vê e fala: "Isso é a cara do Tarantino. Somente ele pra fazer algo assim."

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho um carinho por Lisbela e o Prisioneiro. É um clássico filme brasileiro que todos precisam assistir. Uma coisa engraçada que faz lembrar desse filme, é que na maioria dos casamentos que eu vou, sempre colocam trechos desse filme nas retrospectivas, rs.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser apaixonado por filmes. Não precisa ser um fanático a ponto de querer falar sobre cinema 25 horas por dia. Basta saber apreciar a sétima arte do seu jeito, do melhor modo que você achar melhor. É mais do que um hobby ou passatempo. É uma filosofia. Assistir e reassistir clássicos pipoca e ir ao ponto de defender filmes que mesmo sabendo que são ruins, você dá sua cara a tapa, mas não deixa ninguém falar mal, rs. Se empolgar com os amigos e comentar o filme que você acabou de ver, e indicar. Além de outras coisas, como apoiar projetos pequenos, seja de conhecidos ou até de pessoas que você segue em sua rede social.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Talvez. Hoje em dia a programação muito se dá pela questão comercial do que o próprio gosto de filmes dos que planejam os vão passar nos cinemas.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não. O cinema é uma das mais antigas formas de entretenimento criada pelo ser humano. Faz uns anos que o cinema deixou de ser atrativo somente para quem curte cinema. Virou uma nova espécie de "rolê", se é que eu posso chamar dessa forma. As pessoas vão ao shopping somente para ir ao cinema. Se preocupam em chegar cedo na fila com os amigos e finalmente conseguir o seu ingresso e de todos. Nada melhor que voltar pra casa comentando com os amigos as melhores partes do filme que acabaram de assistir.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Abutre (2014). Protagonizado por Jake Gyllenhaal e dirigido por Dan Gilroy. O filme é sobre Louis Bloom e sua dificuldade de conseguir um emprego e decide entrar no agitado mundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos interessados. Esse é um filme que você tem raiva do protagonista e quer ver até onde ele vai, passando por tudo e por todos, devido à sua tamanha ganância.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu gostaria. A vontade que eu tenho de ir no cinema novamente, é grande. Mas aí quando começo a relembrar do tamanho contágio e sua tamanha mortalidade, volto atrás com a minha primeira vontade. E fico na espera de que possa sair a vacina o mais rápido possível, pelo bem de todos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Por mais que o cinema brasileiro seja por anos criticados, eu procuro ver o outro lado da moeda. Dar uma nova chance, assistir de mente aberta. Temos filmes bons. O mais recente, por exemplo, Bacurau, ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Eu diria que ela é um patrimônio brasileiro e a injustiçada do Oscar de 1999.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Por mais que seja um filme, o entretenimento e a experiência é sempre nova e gratificante.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Lembro de uma vez, estava com uns amigos e fomos assistir Sherlock Holmes 2. E durante os trailers, passou de terror, (do qual eu não me recordo o nome), tinha um amigo meu, que morre de medo de filmes de terror e enquanto passa o trailer, ele ficava de cabeça baixa e pediu pra gente avisar pra ele, quando acabasse. Num determinado momento, quando todos estavam em silêncio, devido ao assustador trailer, eu disse aquela famosa clássica fala do Chaves: "É você, Satanás?" E nisso, quebrou o gelo das pessoas naquela tensão de minutos e todo mundo riu.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

"Diga ao canalha do Pierre, que não lhe devo satisfações!"

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Com certeza. O diretor precisa conhecer a fonte sobre qual gênero será o seu próximo filme. As referências e tudo mais.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O mais recente que vi uns meses atrás: Midsommar.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Tiros em Columbine (2002). Este incrível documentário de Michael Moore, mostra ele tentando descobrir por que a busca da felicidade americana está cheia de violência, explorando os acontecimentos que resultaram na tragédia na Columbine High School em 1999 e conquistou o Oscar na categoria em 2003.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Com certeza! Nada melhor que fazer isso, após assistir um excelente filme!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sempre leio ou vejo o nome desse ator, me vem à mente o clássico 60 Segundos.

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Crítica do filme: 'Freaks: Um de Nós'


A sociologia em evidência num mundo de batalha entre o egocentrismo e o bem coletivo. Repaginadas entre conceitos sociais e universo geek parece estar chegando como uma forte tendência em projetos espalhados pelo mundo principalmente em opções de segunda janela de exibição. Freaks: Um de Nós, disponível no catálogo da Netflix, fita alemã com direção de Felix Binder e roteiro assinado por Marc O. Seng tenta adicionar seus diferenciais explorando uma forte questão familiar dentro de um novo conceito ligado ao ‘superheroísmo’ na vida de uma mulher forte e batalhadora. Há muitas variáveis legais e bem exploradas nesse interessante recorte.

Na trama, conhecemos a mãe de família Wendy (Cornelia Gröschel), uma mulher forte que trabalha em um restaurante e luta dia a dia, quase sem descanso, por uma vida melhor para ela, o filho, e seu marido, o segurança Lars (Frederic Linkemann). Certo dia, após um encontro com um homem pedindo comida, é lhe revelado que se parar de tomar pílulas que toma desde criança ela terá o descobrimento de algum super poder pois ela faz parte de um grupo de pessoas especiais. E não dá outra! Após descobrir seu poder, faz novas amizades e descobre que um dos amigos de trabalho, Elmar (Tim Oliver Schultz) também tem poderes. Assim, como toda boa história de super heróis, dramas vão se envolvendo e um vilão aparece aos poucos.

O conceito do herói é bem tratado da forma sociológica, nas lutas diárias entre os egoísmos de uns e do fazer o bem ao próximo de outros. Os contrapontos compõe o bom roteiro, pisa em clichês mas não de maneira cansativa deixando uma força nos personagens, numa espécie de criação de uma linguagem de desconstrução que é simples e eficaz. Na subtrama familiar que Wendy enfrenta não se coloca como plano de fundo, suas atitudes e consequências passam pelo racional e dúvidas sobre o que fazer dali pra frente após ela saber que tem poderes. Wendy é uma heroína batalhadora, que enfrenta o mundo com unhas e dentes e precisa lidar quando uma nova variável encaixa em seu modo de viver. Bem parecido com muitos de nós.

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04/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #81 - Ryta Carvalho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, residente de Fortaleza-Ce, trabalha com Social Media, formada em medicina por House, e em gastronomia por Masterchef, viciada em filmes, séries, e músicas dos anos 80. Estudante de Publicidade e Propaganda, Ryta Carvalho lançou o Cinemátikah (https://www.instagram.com/Cinematikah) para fugir do tédio da quarentena, com o objetivo de indicar filmes e séries num tom sincero e pessoal.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Com certeza, UCI Kinoplex Iguatemi. Por que a programação é mais abrangente. Eu posso chegar lá e escolher um filme de acordo com meu estado de espírito, sem falar que é o único a sempre ter a versão legendada dos filmes, aqui em Fortaleza isso é um problema. Também preciso pontuar o Cine Dragão do Mar, que é referência em exibição de filmes clássicos e nacionais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Agora eu dar uma lembrança bem específica. Alguém ainda lembra do Cine Belas Artes? Era um horário nas madrugadas de sábado do SBT que sempre passavam filmes clássicos, ou classificados como cult. Num sábado desses eu assisti pela primeira vez Laranja Mecânica do Stanley Kubrick, e eu lembro de ter ficado tão chocada e tão encantada que quase não consegui dormir. A partir daquele dia eu passei a ver o cinema com outros olhos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu posso dizer com toda a certeza que é o Quentin Tarantino, sou ficcionada pela personalidade dos filmes dele, sendo Pulp Fiction o meu favorito. É o único diretor que eu acompanho tudo e aguardado as produções ansiosamente.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Se eu não dissesse que é O Auto da Compadecida eu estaria mentindo, mas eu também gosto muito de um particularmente estranho chamado O Cheiro do Ralo de 2007 também protagonizado pelo Selton Mello.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu não sou muito de rótulos, eu parto da premissa que ser cinéfilo é amar, aprender e tentar tirar sempre alguma coisa boa de cada filme, mesmo sendo ruim. É manter sempre a mente aberta para conhecer histórias, pessoas e culturas diferentes. É deixar transparecer os sentimentos e viver cada filme como uma experiência.

 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que a maioria dessas pessoas entendem de entretenimento, e não do cinema propriamente dito. Por que num período de lançamento de filmes da Marvel ou DC, eles disponibilizam a maioria das salas para um mesmo filme. E eu não to parafraseando o Scorsese não, eu sou consumidora árdua e amo esses filmes, mas não acho certo tirar o espaço das outras produções.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Obviamente que não, o cinema ainda continua um dos mercados mais rentáveis do mundo. Sem falar que ir ao cinema virou uma necessidade das pessoas, como fazer compras ou ir à praia. Mesmo em épocas de reinado de streamings, vejo que tem espaço e público para todos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Assisti um recentemente, que nunca tinha visto ninguém comentar e é divino, Professor Marston e as Mulheres Maravilhas, filme biográfico do criador da Mulher Maravilha, recomendo muito.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Esse é um tema que divide opiniões, mas eu particularmente antes do amor pelo cinema, respeito a vida das pessoas, e nós sabemos que nem todo mundo é consciente sobre os métodos protetivos. Então por isso, não sou a favor da abertura antes da vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que o cinema brasileiro cresceu muito, tanto em relação as produções como em roteiros, claro que como em todo o mundo existem produções sem graça e sensacionalistas, mais no geral eu admiro e respeito esse cinema que é batalhador e faz sua arte mesmo no meio de tantos obstáculos. Bacurau ta ai para provar o potencial do cinema brasileiro atual.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello, meu divo master blaster, sou fascinada pelo trabalho dele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema é uma busca incessante por experiências.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Nunca tive a sorte de presenciar nada inusitado no cinema, só eu mesma que cheguei atrasada para assistir o Homem-Aranha 3, sai correndo, caí e rolei pelas escadas da sala, a sorte foi que as luzes já estavam apagadas e (quase) ninguém viu/riu.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Primeiramente, eu ri alto da pergunta. Eu era a menina que tinha o bambolê e os tamanquinhos da Carla Perez, então a minha visão é meio deturpada, kkkk. Mas eu parto do pressuposto que, se podem aclamar The Room, por que não Cinderela Baiana?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Um diretor tem como papel expressar o roteiro através da visão dele, ele precisa te fazer sentir coisas e despertar sensações. Eu acredito que muitos deles tem suas referências, porque eu acho que seja necessário saber o que está acontecendo no mundo cinematográfico, mas o objetivo da maioria deles é se expressar uma maneira particular.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Essa é fácil, Kung Pow: O Mestre da Kung-Fu-São de 2002, ainda não superei a vaca lutando Kung Fu.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Dizer só um é difícil, então vou dizer um nacional e um de fora. O primeiro é Paris is Burning de 1990 e Cabra marcado para morrer nacional de 1984, ambos icônicos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim! Eu sou bem emotiva e sempre deixo isso transparecer de alguma forma. As pessoas aqui também são muito empolgadas, o ultimo que eu lembro de palmas, gritos e lágrimas foi no Vingadores: Ultimato.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu sou defensora do Nicolas Cage de carteirinha. Gosto de muitos filmes dele, principalmente os dos anos 90, mas Cidade dos Anjos para mim é o melhor. E eu gosto dele como Motoqueiro Fantasma (Me julguem).

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #80 - Pedro Tavares


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é um cinéfilo de fala mansa e extremamente inteligente. Bacharel e mestre em estudos de cinema, Pedro Tavares, é cineasta, crítico de cinema e diretor de festival, programador e curador. Editor da Revista Multiplot Film, Proprietário da 7 a 1 Filmes, Diretor do Festival ECRÃ. Oferece palestras sobre autores de cinema e cinema experimental.

Obs: querido irmão cinéfilo Pedrinho. Sempre nos esbarramos por aí, pelas cabines, ou em algum evento, principalmente na época de Cine Joia. Um empreendedor cultural que tem um conhecimento gigante e um grande amor pela sétima arte.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Espaço Itaú de Cinema em Botafogo. Acho que é o único que respeita a cota de telas e passa filmes nacionais que você não verá em outro cinema. No mais, ele hospeda mostras como o É Tudo Verdade e o Cinefoot. E também hospedou a Semana dos Realizadores por muito tempo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi o primeiro. Eu vi num cinema do Casa Shopping e tinha três ou quatro anos e era um filme dos Trapalhões que não me recordo o nome. Eu morri de medo por conta do som altíssimo. Mas alguns anos depois eu comecei a ver filmes sozinho no cinema. Uma sessão especial foi a de Seven do David Fincher. Eu tinha 11 ou 12 anos, por aí.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

No momento é o James Benning. Indico o One Way Boogie Woogie que é uma obra-prima.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Limite do Mário Peixoto. Porque é das coisas mais bonitas já feitas.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que existem diversas camadas de cinefilia. Mas o que une todas elas é que o aprendizado. Seja histórico ou em relação com a imagem e ou simplesmente em acompanhar a filmografia de um diretor. Creio que em todas a cinefilia oferece um prazer imenso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

É importante ter pessoas que conheçam minimamente, mas como estamos no Brasil, existem complementos importantes como o desenho do público do local, os horários com mais vendas, a faixa etária do público e seus autores prediletos, enfim. No fim das contas equilibrar tudo isso é importante e um caso raro por aqui e imagino que isso se deva às contas que precisam ser pagas.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho difícil. Não há experiência como essa. Acredito que o número de produções cresça e se divida com o VOD e as salas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Walker do Alex Cox. Aproveitem e vejam a versão da Criterion Collection que é de chorar de lindo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não mesmo!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Usar a régua do mainstream é uma besteira. O cinema brasileiro sempre teve qualidade altíssima. Mas aí é uma questão cultural que precisa ser revertida e isso levará muito tempo. O Brasil é um país que oferece uma gama de abordagens e temas das mais variadas percepções. Isso é incrível.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Acompanho muitos. Mas gosto de acompanhar a carreira de todos os meninos que saíram da Alumbramento. Vejo tudo do Bressane e da Paula Gaitán também.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O princípio da incerteza.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando eu fui ver Tropa de Elite 2 eu fui testemunha de uma troca de socos no melhor estilo boxe profissional por conta de uma poltrona.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Poxa, eu não vi. Mas a reputação não é das melhores...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho importante para ter referências e inspirações. Mas não me parece ser um pré-requisito para se fazer filmes. Talvez um campo amplo de leitura seja tão importante quanto.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O da Flordelis.

 

17) Qual seu documentário preferido?

As I Was Moving Ahead Occasionally I Saw Briefly Glimpses of Beauty do Jonas Mekas.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Principalmente nos de horror com aqueles finais bem sádicos!

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03/09/2020

Crítica do filme: 'Origens Secretas'

Quando o herói pode estar nos lugares inimagináveis da nossa percepção. Lançado na Netflix no final de agosto desse 2020 pandêmico, Origens Secretas, filme espanhol, escrito por David Galán Galindo e Fernando Navarro (com direção do primeiro), é um suspense repleto de referências nerds que devem agradar um público que cada vez mais busca na nostalgia o experimento de bons momentos assistindo a um filme. Os contrapontos dos personagens preenchem as poucas falhas de roteiro que passa longe de ser profundo ou pelo menos se camufla no carisma dos protagonistas. Um filme engraçado com analogias a super heróis conhecidos e situações inusitadas (as vezes até exageradas) mas que completam com muita força os arcos dos roteiro.

Na trama, conhecemos o solitário e traumatizado David (Javier Rey), um policial que vive seus dias buscando encontrar uma felicidade que não existe desde após o falecimento da esposa. Indo para um novo lugar de seu trabalho, logo em seu início enfrenta um caso misterioso de um serial killer que usa referências de quadrinhos antigos nas terríveis mortes que executa. Como não entende nada desse universo, acaba ganhando como parceiro Jorge (Brays Efe) um típico nerd que é dono de uma badalada loja de artigos nerds e é muito amigo da delegada Norma (Verónica Echegui), chefe de David. Assim, os três buscarão estar passos à frente e prender o terrível vilão que se encontra pelas ruas.

Homenagem ao universo geek? Analogias interessantes de grandes super-heróis? Será que todos temos um herói dentro de nós? Com argumentos simples e cenas que se chocam no extremo entre a comédia e o chocante mundo, às vezes até bizarro, do suspense, Origens Secretas consegue um longo alcance de público alvo por conseguir expor um bom roteiro dentro de um universo cheio de referências que acabam nos fazendo refletir sobre o ponto de vista do herói dentro de uma sociedade.

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