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16/04/2024

Crítica do filme: 'Grandes Hits'


E se você pudesse voltar no tempo para momentos chaves de seu relacionamento com um alguém que já se foi? Seguindo a lógica de Efeito Borboleta, só trocando as palavras pelas canções, o longa-metragem Grandes Hits apresenta suas reflexões sobre alguns campos da existência raspando a panela da melancolia através de viagens no tempo e batendo forte na tecla do luto. Escrito e dirigido pelo cineasta Ned Benson, a causa e o efeito por aqui se encaixam em uma narrativa que busca abordar temas complexos com maturidade mesmo esquecendo de ligar alguns pontos. Confuso? Um pouco, mas nada que atrapalhe a compreensão do que assistimos.

Na trama, conhecemos Harriet (Lucy Boynton), uma jovem que vive seu presente em constante sofrimento desde que perdeu seu namorado Max (David Corenswet) em um terrível acidente de trânsito anos atrás. Paralisando sua vida por completo, prolongando a dor e o luto, certo dia percebe que consegue viajar ao passado através de algumas músicas que escutou quando estava na presença de Max. Embarcando em uma jornada para tentar mudar o fato mais traumático de sua vida, um dia acaba conhecendo David (Justin H.Min) que a deixará confusa sobre tudo que havia pensando sobre sua maneira de viver.

O luto é um elemento que percorre a trajetória da protagonista. A culpa se junta, quando entendemos os conflitos emocionais que se estabelecem no seu presente e a necessidade de explicações para o que houve no passado. Amargura e as loucuras de inusitadas viagens no tempo através de canções são pontos paralisadores. A premissa corre pela mesma estrada do já conhecido filme Efeito Borboleta mas a narrativa escorrega ao se jogar numa melancolia presa em um labirinto com pouco desenvolvimento.

O conflito amoroso se prende novamente no acaso com a chegada de um novo amor para a protagonista. É como se o roteiro dissesse de forma redundante que o looping vivido é uma certeza e que se algo precisa de solução é no passado. A busca por uma canção que falta não se sustenta em hipótese nenhuma. Seguindo essa estrada, o longa-metragem se desencontra com as reflexões plantadas no seu corrido arco inicial.  

Grandes Hits é uma história sobre recomeços, camuflada de acasos do amor que escancara o luto através do inusitado, absorvendo a ideia de que com a música pode voltar para qualquer lugar. Pode ser que você goste, eu achei bem mais ou menos!


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28/03/2024

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Pausa para uma série: 'Desejos S.A.'


Chegou nesse final de março ao catálogo da Star Plus uma série de antologia brasileira que se agarra na tentação como forma de provocar os dilemas na visão de conturbados personagens se jogando no mar das inconsequências. Criada pelos ótimos cineastas argentinos Gastón Duprat e Mariano Cohn, Desejos S.A. busca o olhar pela fechadura sobre os desejos não verbalizados, aqueles guardados a sete chaves, expondo a intimidade e seus embates fervorosos com a moral. O projeto é baseado em uma ideia do autor Horarcio Convertini.

A trama dessa minissérie gira em torno de seis histórias independentes que possuem um único elo: uma empresa misteriosa chamada Desejos S.A. que seduz vítimas realizando qualquer desejo por apenas 9,90 (custo da ligação que a pessoa realiza). Mas para toda ação há uma consequência, uma contrapartida indigesta que é preciso realizar para concluir a pedido. Na linha do: ‘o que você faria?’, sonhos podem se tornar verdadeiros pesadelos nessa análise profunda sobre os limites do ser humano. Algo que escancara verdades da sociedade.

Entre os ótimos personagens, conhecemos um homem da tecnologia e sua obsessão pela companheira do irmão, uma cuidadora que trabalha faz mais de duas décadas para um acomodado coronel aposentado, uma criança que deseja voltar a reunir os pais recém separados, uma mulher bem sucedida querendo descobrir possíveis segredos do marido, um frustrado motorista e seu incômodo com o novo vizinho além de uma religiosa que secretamente é fã de um famoso cantor. O elenco tem ótimos nomes: Carol Castro, Silvero Pereira, Marcos Pasquim, Daniel Rocha, Rocco Pitanga, Gilda Nomacce, Nelson Freitas e até mesmo a participação do cantor Diogo Nogueira.

A narrativa busca no detalhe, na imersão de uma trilha sonora chiclete, deixar todos os elementos em cena com a faceta da tensão refletindo para o espectador. Há muitos pontos interessantes na direção de arte que serão captadas pelos olhos mais observadores. Parece que há uma necessidade, muitas vezes excessiva, de qualquer elemento dizer alguma coisa. A condução da trama não se apressa para buscar seu clímax, com um ritmo dosado, busca uma profunda construção dos personagens antes de qualquer ação.

A consequência é um ponto a ser analisado, algo que se aproxima muito com a realidade, trazendo paralelos aos montes. O ser humano como vitrine dos erros e acertos, do certo ou errado, do egoísmo e até mesmo da acomodação pelo caminho mais fácil sempre gera bons debates. Fantoches nas mãos de algum grupo secreto, o desejo corre anos luz à frente de qualquer situação que possa chegar no fim do túnel das decisões dos protagonistas. Aqui percebemos que o egocentrismo, esse olhar para si mesmo, reverbera à beira do abismo dos conflitos.  

Com episódios durando cerca de 30 minutos, daqueles projetos para se maratonar em uma parte de um dia, essa série de antologia esmiúça casamentos em crise, relações deterioradas com o tempo, a expressão ‘até as últimas consequências’, mas se fortalece mesmo nos seus dilemas, jogando perguntas ao vento, a principal delas: O que você faria se pudesse realizar qualquer desejo não importando as consequências?

 

 

 

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08/03/2024

Crítica do filme: 'Closer - Perto Demais' * Revisão *


‘Olá estranho!’. Os cinco minutos iniciais hipnotizantes, com uma bela canção que sempre nos fará lembrar desse filme, já previa que estaríamos de frente com uma obra que marcaria nossos corações. Closer – Perto Demais, lançado duas década atrás, nos leva para as profundezas do desejo, das desilusões, a partir de quatro personagens que tem suas vidas conectadas por ações e inconsequências. Baseado em uma peça teatral homônima do autor britânico Patrick Marber, o filme ganhou duas indicações ao Oscar.

Na trama, conhecemos quatro personagens em alguns momentos de suas vidas. Um encontro pelas ruas de uma grande cidade, entre o jornalista que escreve obituários Dan (Jude Law) e uma jovem vinda de outro país, Alice (Natalie Portman), acende uma paixão. O tempo passa, e Dan escreveu um livro sobre Alice e acaba conhecendo e se apaixonando pela fotógrafa Anna (Julia Roberts) com quem mais à frente entrará em um relacionamento com Larry (Clive Owen). Essas quatro vidas vão passar por uma série de situações dolorosas a partir de suas próprias escolhas ligadas ao desejo e o que acham que é amor.

Por que o amor não basta? Invadindo o campo das emoções conflitantes quando pensando em um relacionamento, a narrativa nos joga para uma imersão nos extremos das desilusões. Sugando até a última gota do egoísmo, o envolvente projeto nos joga no caos dos desequilíbrios, onde o certo e o errado são ultrapassados a todo instante transformando a saga desses quatro personagens em um enorme ponto de reflexões sobre a vida a dois. São muitos olhares para vários temas ligados às emoções.

Com mais de 500 perguntas sendo feitas entre os personagens (o que não é um achismo, e sim um fato!), muitas delas deixadas sem respostas concretas, o que de fato se junta ao campo de reflexão quando pensamos sobre, Closer passa de forma marcante pelo compromisso, o amor, o desespero, a infidelidade, os inícios, os términos, os recomeços e até mesmo o machismo descarado. O roteiro é brilhante, a narrativa usa a variável tempo com maestria, idas e vindas são vistas e histórias que se complementam levando aos epicentros dos conflitos.

O elenco é fabuloso. Jude Law, Natalie Portman, Clive Owen e Julia Roberts brindam os cinéfilos com atuações viscerais, marcantes. A referência que eles tinham são as montagens da peça. A primeira, a formação original, foi exibida no Royal National Theatre, em Londres, tendo inclusive um dos presentes no filme, Clive Owen, interpretando Dan. Em 1999 na Broadway, a peça foi um enorme sucesso, com mais de 170 vezes sendo encenada, e com indicação ao Tony Awards (o Oscar do Teatro norte-americano). Nesse última montagem, outros grandes artistas fizeram parte do elenco: Anna Friel era Alice, Rupert Graves deu vida à Dan, Ciarán Hinds interpretou Larry e Natasha Richardson fez o papel de Anna.

Nos últimos 20 anos, poucos filmes conseguiram chegar tão forte em nossas emoções. 'Closer - Perto Demais' se torna ao seu término algo atemporal que fica em nossas memórias durante muito tempo. Um filme pra ver e rever. Pra quem se interessar, está disponível no catálogo da Star Plus.


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16/02/2024

Crítica do filme: 'Suncoast'


Toda vida é preciosa. Inspirado em partes das experiências de vida da própria diretora Laura Chinn, em sua primeira direção de um longa-metragem, Suncoast lida com as variáveis de uma iminente tragédia aos olhos de uma adolescente com inúmeros embates com a mãe. O projeto, que estreou recentemente no catálogo da Star Plus e antes fora apresentado pela primeira vez no Festival de Sundance desse ano, aborda alguns assuntos delicados, reflexões que geram debates na sociedade.

Na trama, conhecemos Doris (Nico Parker), uma jovem que estuda numa escola particular cristã, quase sem amigos, passando por um presente conturbado: com a iminência no adeus ao irmão, a descoberta de situações ligadas à adolescência, e a falta de diálogos construtivos com a mãe Kristine (Laura Linney). Com a necessidade do irmão, com câncer cerebral, ir para um Centro de Cuidados Paliativos chamado Suncoast, a protagonista embarca em novas descobertas e tem seu destino cruzado com o do ativista viúvo Paul (Woody Harrelson).

Um dos pontos interessantes que são colocados nesse projeto é a relação conturbada entre mãe e filha. Essa situação parece ser a base do roteiro, algo que circula durante toda a narrativa. A primeira parece ter se fechado em uma bolha, se dedicando por completo ao filho e esquecendo a filha. A segunda, parece viver seu presente para novas descobertas mas com a perda da referência, a imaturidade grita. As discussões são constantes, há muitas dores de ambos os lados.

A narrativa, com seu ritmo lento, caminha pelo olhar delicado de uma jovem em conflitos mesmo trazendo uma alta carga emocional que liga o viver ao estado final da vida. Um fator na mexida do estado paralisado que vive sua rotina vem com a chegada de Paul, um homem com uma enorme perda que a faz entender melhor a necessidade do adeus e como pode ser difícil (porém necessário) o seguir em frente, além da importância das escolhas no final de um caminho. Paul preenche uma lacuna importante na vida de Doris, o da referência, algo perdido nos desencontros com a mãe.

O olhar para o luto chega através do contexto da eutanásia, algo que circula em uma subtrama não desenvolvida mas que gera debates com pontos de vistas diferentes. O sentido de vida e morte se chocam, levando a reflexões profundas sobre o tema.

Suncoast possui uma leveza para ser melhor entendido, camufla as dores mas sem deixar de mostrar que elas estão ali presentes. Um trabalho interessante da diretora Laura Chinn, com ótima atuação de seu elenco.


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02/02/2024

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Crítica do filme: 'Pobres Criaturas'


A libertação aos olhos ingênuos de um renascimento. Indicado para 11 Oscars e com um chamativo estilo visual repleto de referências, absorvendo uma peculiar identidade na linguagem, o novo trabalho do cineasta grego Yorgos Lanthimos pulsa em tons e sensações, longe do pudico, apresentando uma história de uma volta à vida que dialoga com os tabus de uma época. Adaptação de uma obra homônima escrita pelo escritor britânico Alasdair Gray no início dos anos 90, Pobres Criaturas foi exibido pela primeira vez no Festival de Veneza, onde levou o prêmio máximo do evento, o Leão de Ouro.

Na trama, conhecemos Bella Baxter (Emma Stone), uma jovem que ganhou uma segunda chance na vida após ser salva da morte pelo Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), um excêntrico cientista famoso por experiências bizarras. Buscando reaprender valores e o básico da vida, Bella logo se abraça a necessidade do livre-arbítrio embarcando assim em uma enorme aventura quando foge com um duvidoso advogado chamado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo).

Com muitas cenas filmadas em estúdio, é notório o uso de um estilo visual fascinante com total domínio de uma própria criação na identidade da linguagem, com experimentos na fotografia, trocas de lentes e a busca constante pelo alcançar o peculiar. Méritos de Yorgos Lanthimos, cineasta grego que antes de impactar o mundo do cinema logo no seu terceiro longa-metragem (Dente Canino) foi uma das mentes criativas da abertura e encerramento das Olimpíadas de 2004 em Atenas.

A narrativa, com um impressionante dinamismo, nos leva para uma verdadeira epopeia que alcança o desejo da descoberta em um contexto inserido dentro da era vitoriana em um cenário europeu ainda tímido em relação as interpretações sobre a moralidade. O roteiro usa com habilidade a atemporalidade ligada à críticas sociais para realizar um trabalho primoroso que gera muitas reflexões.

O uso de imagens chocantes dentro de uma linha surrealista que vai do absurdo ao sensível, explorando o abstrato das emoções através de um eficiente tour, transborda até seus ótimos personagens, com destaque para a atuação impecável de Emma Stone como a grande protagonista. Pobres Criaturas pode ser definido como uma fábula ligada ao comportamento humano que caminha pela estranheza para debater o atemporal em uma sociedade ainda carente de bons debates.

  

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07/01/2024

Crítica do filme: 'Inimigo Meu'


O entender ao próximo sempre nos leva pelos melhores caminhos. Dirigido pelo experiente cineasta alemão Wolfgang Petersen com um roteiro baseado na obra homônima do autor norte-americano Barry B. Longyear, chegou quase quatro décadas atrás uma obra-prima da ficção científica, existencialista com uma lupa filosófica que esbarra em reflexões sociológicas, uma fantasia que se torna inesquecível. Inimigo Meu caminha da necessidade de um depender até as linhas mais profundas da moralidade. Esse projeto foi o primeiro longa-metragem de ficção científica feito no Estados Unidos a ser exibido nos cinemas por toda a União Soviética.

Na trama, ambientada no final do século XXI, conhecemos Willis Davidge (Dennis Quaid) um arrojado e arrogante piloto de caça que após travar uma batalha com outra nave num lugar ainda não mapeado pelos humanos, cai em um planeta inexplorado com chuvas de meteoros constantes e condições inóspitas além de mineiros foras-da-lei. Desbravando esse lugar, ele se vê de frente com um outro ser que também caiu lá, exatamente a outra nave a qual perseguia. Assim, ao longo dos anos que ficam presos nesse lugar, Davidge e Jerry (Louis Gossett Jr.), um alienígena da raça Drac, buscam se comunicar e sobreviverem juntos criando assim uma enorme amizade.

A brilhante fantasia tem suas estruturas em bases sólidas de um contexto que se torna atemporal. É importante o espectador ficar atento ao início do filme. Assim, descobrimos que o chegamos ao final do século XXI com a exploração espacial se tornando possível mas o ser humano com sua prepotência de sempre se achar o melhor e desgastando os recursos naturais a todo vapor, começa a buscar colonizar planetas. Mas logo, vidas alienígenas que ninguém sabia da existência, começaram a atrapalhar esses planos transformando o espaço em um enorme ringue onde batalhas são vistas por todos os lados. Dentro desse cenário que temos a gangorra dos conflitos dos dois personagens.

A morte e a vida, a esperança e a desesperança, como contar uma história com enorme profundidade entre dois seres de planetas diferentes? Esses e outros sentimentos antagônicos transformam os diálogos em lições dentro de uma narrativa que provoca emoções constantes no espectador. Há forma como a desconstrução dos personagens é feita nos leva a valores sobre o expressar a verdade, a sabedoria, a divisão do conhecimento, a paternidade, a amizade. Um tapa na cara atemporal para o egoísmo e ganância vistos até os dias de hoje.

E por falar em atemporalidade, o roteiro parece entender no seu chute futurístico os problemas que estamos enfrentando nos dias de hoje, com o enriquecimento de poucos as custas dos recursos que são de todos nós, a ganância e o egoísmo sendo vistos na maior cara de pau, as guerras que estão em andamento no mundo, a falta de diálogos que transformam a geopolítica em uma análise de barris de pólvoras em constante e cínicas explosões.

Considerado um enorme fiasco quando pensamos em bilheteria, custou cerca de 40 milhões de dólares (muito por conta dos efeitos, caríssimos na época) e arrecadou nem 13 milhões, Inimigo Meu ao longo do tempo veio se tornando um ‘filme cult’ redescoberto ou mesmo descoberto por fãs desse gênero cinematográfico. Pra quem se interessar, o filme está disponível no catálogo da Star Plus.

 


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Crítica do filme: 'A Mão que Balança o Berço'


A terceirização da culpa. Trazendo para debate a psicopatia ligada à uma sede de vingança obsessiva, mais de três décadas atrás chegava aos cinemas um filme com um título bastante chamativo que consegue apresentar várias camadas na sua narrativa nos levando para dentro de um suspense eletrizante que emplaca suas estruturas em torno da maternidade. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Curtis Hanson, com roteiro assinado por Amanda Silver, o filme marcou a geração que viveu intensamente os anos 90.

Na trama, conhecemos o casal Claire (Annabella Sciorra) e Michael (Matt McCoy), ela uma dona de casa, ele um engenheiro genético. A dupla percorre seus dias felizes e com a recente chegada do novo filho resolvem ir procurar uma babá para ajudá-los, assim encontram Peyton (Rebecca De Mornay). Só que a nova babá não é quem diz ser e aos poucos emplaca um plano de vingança. O título do filme veio inspirado em uma frase escrita pelo poeta William Ross Wallace que relaciona a maternidade com as mudanças no mundo.

A narrativa percorre seu percurso na visão das antagonistas que possuem como ponto de interseção a maternidade. De um lado uma mulher feliz, com uma família estruturada que no início da segunda gestação sofre um forte trauma, um abuso médico durante uma consulta. Esse fato acaba sendo o motivo de seu destino cruzar com o de Peyton, essa última uma mulher que apresenta uma psicopatia doentia, em atos com requintes de crueldade, que terceiriza a culpa de suas tragédias no colo de Claire. Esse ping pong em relação ao ponto de vista é cirúrgico transformando um forte drama em um suspense eletrizante.

Indo mais a fundo nesse recorte sobre a vingança, o filme abre debates sobre a construção invisível do trauma e as formas como os abalos psicológicos podem influenciar todo o futuro de uma pessoa. Um prato cheio para quem curte psicológica. Pra quem quiser conferir esse ótimo filme tem na Star Plus!


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04/01/2024

Crítica do filme: 'Eclipse Total'


As verdades escondidas. Baseado na obra Dolores Claiborne escrita pelo gênio Stephen King, chegou aos cinemas em meados da década de 90 um brilhante suspense psicológico que aborda uma misteriosa morte e muitas verdades escondidas. Curtos flashbacks ajudam a contar essa história que aborda a violência doméstica, os traumas e abalos psicológicos de uma família que os outros colocam pontos de interrogações constantes. Dirigido por Taylor Hackford, o projeto conta com uma atuação fantástica da vencedora do Oscar Kathy Bates.

Na trama, conhecemos Selena (Jennifer Jason Leigh) uma jornalista que trabalha em nova Iorque e precisa voltar para a pequena cidade onde nasceu após 15 anos quando sua mãe Dolores (Kathy Bates) é acusada de matar a mulher de quem cuidava. Ao longo de gigantescas descobertas, até mesmo de situações do seu passado, vamos acompanhando mãe e filha em uma jornada repleta de suspense.

Uma micro cidade, onde todo mundo conhece todo mundo, e acontecimentos do passado não são esquecidos. Assim começamos a jornada pela ótica de Selena, uma jovem que praticamente fugiu de casa para tentar a vida longe dali após o sumiço do pai. Por meio de flashbacks vamos entendendo alguns desses porquês além da sempre conturbada relação com a mãe, uma pessoa vista com olhos duvidosos por toda a comunidade. Esse foco na relação entre mãe e filha vira o epicentro da trama, quase um jogo de gato e rato.

O suspense psicológico é intenso, no vai e vém da linha temporal, assuntos como a violência doméstica, os abalos psicológicos e segredos trancados a sete chaves são detalhadamente revelados. Um elemento que percorre a narrativa é a dúvida algo fixado na trajetória das duas personagens, o roteiro ainda abre brechas para ótimos coadjuvantes que entregam suas visões aos fatos que se sucedem.

O elenco é ótimo, além de Bates, John C. Reilly, Jennifer Jason Leigh, Christopher Plummer e David Strathairn brilham em cena. Eclipse Total, é, sem dúvidas, uma das grandes adaptações de uma obra de Stephen King nos anos 90, um filme pra ver e rever. Tá disponível na Star Plus.

 

 

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02/01/2024

Crítica do filme: 'Resistência'


O criador e a criatura num tabuleiro de war! Uma das gratas surpresas quando pensamos em filmes de ficção científica no ano de 2023 é sem dúvidas, Resistência. Projeto escrito e dirigido pelo britânico Gareth Edwards que a partir de uma engenhosa distopia, com camadas dramáticas focadas na luta da humanidade contra robores de sua própria criação e a busca de um homem por respostas sobre sua esposa, reflete sobre os avanços descontrolados da tecnologia. Além disso, teorias geopolíticas e a presença de um militarismo que gruda na mente de uma sociedade com cada vez menos vontade de entender o mundo ao seu redor, nos levam para uma narrativa dividida em atos bem definidos e complementares, se tornando um dos mais interessantes longas-metragens de ficção científica dos últimos tempos.

Na trama, numa distopia futurística onde, após uma enorme tragédia, o ocidente trava uma guerra contra a inteligência artificial. Nesse contexto, conhecemos Joshua (John David Washington), um soldado que após um enorme trauma envolvendo sua esposa no seu passado, é chamado de volta para a ação com o objetivo de encontrar e eliminar um inteligente e desconhecido arquiteto que possui em suas experiências o projeto de uma arma poderosa.

O avanço descontrolado da inteligência artificial, ambientado logo ali em 2065, é um ponto importante, pode ser visto até como a base da história, mas o conjunto de ideias que forma seu discurso é bastante amplo, transformando o detalhe em um elemento importante para a narrativa que se desenrola de forma sublime criando sua realidade criativa baseada no ótimo roteiro. Resistência nos joga em um tabuleiro geopolítico com novidades, como uma nova Ásia, além de: embarques lunares, doação da aparência, o sempre temido militarismo, ideias e mais ideias que vão de encontro ao epicentro do principal conflito do seu protagonista, um homem em busca de respostas sobre sua esposa.

Como uma empolgante trilha sonora assinada pelo genial Hans Zimmer, Resistência é uma história que nunca fica desinteressante. O olhar atento do espectador vai captar reflexões sobre muitas questões que se misturam em uma ação desenfreada e com um arco dramático em total ascensão focado em um protagonista que se alimenta de suas incertezas.


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14/12/2023

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Crítica do filme: 'O Sequestro do Voo 375'


Os momentos de tensão e as saídas em meio a uma crise inesperada. Dirigido pelo cineasta Marcus Baldini e baseado em fatos reais, O Sequestro do Voo 375 aponta sua direção para altas cargas de tensão, com cenas muito bem feitas e recortes de conflitos que se estendem ao longo de caóticas horas de medo que passageiros e tripulação de um voo comercial no Brasil vivenciaram no final da década de 80. Reunindo detalhes poucas vezes antes vistos, como uma manobra arriscada não reconhecida por alguns, a recriação do Boeing onde aconteceu a situação e artistas inspirados, a narrativa se volta no seu recorte sob o olhar do piloto não dando muitas margens para que outros conflitos possam se desenvolver.


Na trama, ambientada no final da década de 80 conhecemos um homem chamado Nonato (Jorge Paz), uma pessoa completamente descontrolada e insatisfeita com os rumos de sua vida que resolve planejar o sequestro de um voo comercial buscando mudar a rota do mesmo para a capital do Brasil e atingir o palácio do planalto. Cabe ao piloto Murilo (Danilo Grangheia), responsável máximo pelo voo, conseguir encontrar alguma saída para essa situação extrema.


A importância de conhecer o contexto político da época para entendermos os motivos do ato criminoso. Com o Brasil em crise, às vésperas de novas eleições presidenciais em um governo (do Sarney) com um pífio crescimento econômico e uma inflação altíssima jogando bem pra cima o preço dos produtos finais, a vida de milhares de trabalhadores foram afetadas. Dentro desse raio caótico de problemas no nosso país vão de encontro aos motivos de Nonato em realizar o sequestro. Esses porquês do sequestrador são colocados na narrativa de forma bem superficiais.   


Outro ponto que passa correndo são os absurdos das falhas de segurança que são vistos de forma implícita dentro de obviedades inacreditáveis como uma arma ir parar dentro de um avião comercial! As medidas de seguranças para voos, com todo certeza passaram por rigorosas modificações após esse incidente.


O clímax gira em torno dos conflitos que acontecem na cabine. Algo que se encaixa dentro de um dos objetivos, cumpridos com louvor, que era o de não perder a atenção em uma história onde já se sabia o final.  É até compreensivo um roteiro com total foco em um personagem, já que toda a força dramática está nas ações desse protagonista muito bem representado pelo ator Danilo Grangheia. A alta carga de tensão é mantida durante toda a projeção, a ótima produção técnica praticamente nos transporta para dentro daquela aeronave que marcaria para sempre a história da aviação brasileira.


O Sequestro do Voo 375 é um filme para ser visto no cinema, de preferência, em casa poderá não ser tão impactante. A produção, uma das mais caras dos últimos anos, estreou nos cinemas em dezembro de 2023 e logo deve estar disponível no catálogo da Star Plus.



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08/11/2023

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Pausa para uma série: 'O Faz Nada'


Os quebra-molas da vida que nos fazem enxergar os outros e a nós mesmos. Chegou diretamente da Argentina um seriado que estreou no catálogo da Star Plus sem muita divulgação mas promete um lugar nas suas séries favoritas de 2023. O Faz Nada contorna a desconstrução de um carismático e intenso dândi que embarca em novas maneiras de pensar e agir quando enxerga-se à beira do precipício em várias áreas de sua vida em um presente bem longe de regalias de um passado que não existe mais. Com direito a Robert de Niro no elenco, inclusive narrando cada abertura de todos os cinco episódios, esse seriado portenho criado pela dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat (criadores também da ótima série Meu Querido Zelador) o projeto é estrelado pelo excelente ator argentino de 83 anos, Luis Brandoni.


Na trama, conhecemos Manuel (Luis Brandoni), um renomado e experiente crítico gastronômico que vive seus dias em um confortável apartamento na cidade que ama, Buenos Aires. Sua vida sempre foi uma série de dependências dos outros, seja em casa com a empregada Celsa (María Rosa Fugazot), seja na necessidade de pedir empréstimos aos amigos e comer de graça nos melhores restaurantes da cidade. Sua rotina muda drasticamente quando Celsa morre e Manuel precisa encontrar uma outra pessoa para ajudá-lo no dia a dia, assim ele chega até a imigrante paraguaia Antonia (Majo Cabrera), uma jovem que o ajudará a mudar a maneira como vive sua vida. Em paralelo a chegada de Antonia, Manuel precisa entregar seu novo livro à editora e irá pedir uma ajuda ao grande amigo Vincent Parisi (Robert De Niro).


O estalo que pode chegar em nossas vidas à qualquer momento. Quem nunca passou por momentos onde determinadas situações mudaram para sempre a forma de enxergarmos tudo que está ao nosso alcance? Seguindo nessa certeza, que em algum momento encontra nossa trajetória, O Faz Nada mostra o choque do antes e o depois, do antigo com o novo, contrapontos que se aproximam com a realidade. A simpática narrativa, repleta de resoluções cômicas na medida, exalta o carisma meio rabugento de um protagonista muito envolvido com a necessidade de elegância, do requinte. Os cinco episódios são verdadeiras pinturas que dão vida aos sentimentos conflitantes.


Os cineastas argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat, dupla bastante conhecida dos cinéfilos, voltam ao universo da série após o sucesso de Meu Querido Zelador, projeto esse protagonizado pelo astro Guillermo Francella (que faz uma rápida aparição em O Faz Nada). Antes, nos cinemas, foram os responsáveis por obras fantásticas como: O Cidadão Ilustre e O Homem ao Lado. Aqui conseguiram a proeza de reunir artistas fabulosos com a cereja do bolo que é a aparição de Robert de Niro, em todos os episódios! Não é apenas uma participação! Inclusive seu personagem, a princípio um pouco misterioso, é quem dita o ritmo narrando os inícios de todos os episódios.


Exibido em formato de longa-metragem no Festival de San Sebastian, onde fora indicado na categoria Culinary Zinema (uma mostra dentro do Festival organizada em conjunto com o Centro de Culinária Basca com destaques para filmes que envolvem gastronomia), Um Faz Nada escancara as novas maneiras de um alguém com pensamentos no passado, enxergar uma cidade que tanto ama, a vida da qual sempre se escondeu, chegando ao recomeçar.



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31/10/2023

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Crítica do filme: 'Tropas Estelares'


A reflexão por trás do militarismo. Uma das incríveis contribuições cinematográficas da carreira do excelente cineasta holandês Paul Verhoeven foi sem dúvidas Tropas Estelares, longa-metragem de ficção científica que adota em sua narrativa, muitas vezes debochada, satírica, a violência como ponto de conexão ao refletir através de uma premissa que nos leva a um futuro onde a humanidade está à beira da extinção. O roteiro é assinado por Edward Neumeier, baseado a partir de um romance escrito pelo engenheiro aeronáutico Robert A. Heinlein publicado na famosa revista The Magazine of Fantasy & Science Fiction.


Na trama, conhecemos Johnny Rico (Casper Van Dien), um jovem estudante que por conta de seu amor por Carmen (Denise Richards) resolve se alistar ao serviço militar quase ao mesmo tempo da explosão de uma intensa batalha entre a humanidade e enormes insetos. Acontece que Rico e Carmen acabam indo para lados opostos nas forças militares, ela para a força aérea ele para a infantaria. Seguindo caminhos opostos em uma guerra sem precedentes, Rico aos poucos vai se tornando o líder de batalhões de combate e se aproximando da ex-amiga de escola Dizzy Flores (Dina Meyer).  


Um dos pontos que mais chama a atenção nesse projeto, que completou 27 anos em 2023, é a crítica feroz ao militarismo, algo que chega de forma muitas vezes por ironias seja nas chamadas da mídia ao serviço militar, seja na maneira de alguns personagens enxergarem o epicentro de uma guerra planetária. Os paralelos com a realidade se amontoam aos montes, acompanhamos os acontecimentos na visão de um jovem, longe de defender utopias, completamente influenciado por uma ideologia perigosa que defende a doutrina militar. Já vimos isso na realidade, não só nos Estados Unidos, não é mesmo?


Insetos gigantescos enviando meteoros de seu planeta Klendathu, cenas empolgantes de ação, lutas de naves em várias órbitas espaciais, o projeto não esquecer do entreter, aqui guiados por uma narrativa que usa do chocar para chamar atenção para as entrelinhas. Indicado ao Oscar de Melhor Efeitos Especiais, esse brilhante trabalho de Verhoeven está disponível na Star Plus. Um filme atemporal que precisa ser visto por todos.

 


 

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25/10/2023

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Crítica do filme: 'Velocidade Máxima'


Elevador, ônibus, metrô, o medo em todo lugar. Um dos mais lembrados filmes de ação dos anos 90, Velocidade Máxima retrata o famoso conflito polícia x ladrão, aqui adaptado para um jogo de gato e rato entre um jovem oficial da polícia e um imparável psicopata. Dirigido pelo cineasta holandês Jan de Bont, o projeto busca encontrar o caminho dos conflitos de seus personagens por meio de sensações de aflição, no medo, na angústia, nos dilemas, conseguindo ao longo de quase duas horas de projeção prender a atenção do espectador do início ao fim.


Na trama, conhecemos Jack (Keanu Reeves), um oficial da polícia que juntamente com seu parceiro Harry (Jeff Daniels) é chamado para uma situação complicada envolvendo um elevador que está caindo, em uma suposta ação premeditada. Após esses minutos de alta tensão e o resgate do reféns, Jack se vê novamente em confronto com a mente por trás do incidente com o elevador, um psicopata chamado Howard (Dennis Hopper), ex-membro do esquadrão anti-bombas da polícia que agora ameaça um ônibus que não pode chegar na velocidade de 50 milhas por hora senão uma bomba se arma. Jack contará com a ajuda de Annie (Sandra Bullock), uma simpática passageira.


A personificação do herói, na figura de um protagonista que segue o lema: proteger e sobreviver não era nenhuma novidade, nem mesmo na época em que o filme fora lançado, quase 30 anos atrás. Os dilemas que esse enfrenta, associados à cenas de ação de tirar o fôlego, em conflitos que giram em torno de diversos conflitos, acabam sendo molas propulsoras para ganhar a atenção do espectador. Outra questão que aproxima o grande público são os lugares onde acontecem os confrontos, meios de transporte ou lugares onde passam milhares de pessoas todos os dias em todos os lugares: Elevador, ônibus, metrô...

 

A adrenalina também encontra os antagonistas tendo uma linha tênue que os aproxima, o egocentrismo. É interessante analisar por esse viés, a personalidade de herói e psicopata são colocadas em cena através de diálogos que nos fazem chegar a imprevisibilidade. Em falar em diálogos, o roteiro escrito pelo canadense Graham Yost, um dos criadores de Silo, elogiada série da Apple Tv Plus, teve uma generosa ajudinha de Joss Whedon que teve que reescrever muitos diálogos (essa história fica para uma outra matéria).


Vencedor de dois Oscars e mesmo com uma das maiores cenas de mentiradas da história do cinema, um ônibus em alta velocidade atravessando um enorme buraco na pista, Velocidade Máxima se consolidou ao longo do tempo como um dos grandes filmes de ação dos anos 90. Pra quem quiser conferir, ou mesmo rever, o filme está disponível no catálogo da Star Plus.



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Crítica do filme: '60 Segundos'


Amor de irmão, é amor de irmão. 23 anos atrás chegava aos cinemas, pouco antes da franquia Velozes e Furiosos, um longa-metragem pulsante que envolve carros exóticos, habilidosos criminosos unidos em uma missão quase impossível. 60 Segundos não esquece em nenhum momento que é um filme de ação mas sem deixar longas camadas dramáticas ficarem distantes. O eletrizante roteiro, escrito pela dupla H.B. Halicki e Scott Rosenberg, é contagiante, souberam contar muito bem essa história em uma narrativa dinâmica e envolvente, que nasce a partir de um conflito familiar, algo que frequenta toda a trajetória do protagonista interpretado pelo melhor ator de filmes de ação dos anos 90, Nicolas Cage.


Na trama, ambientada na Califórnia, conhecemos Memphis (Nicolas Cage) um ladrão aposentado, adorador de carros, que é chamado de volta à vida de crimes quando seu irmão Kip (Giovanni Ribisi) se mete em uma enrascada após um roubo mal sucedido. Precisando em poucos dias entregar 50 carros de luxo de uma lista de uma mafioso no porto de Long Beach, Memphis reunirá sua velha equipe, inclusive a ex-namorada Sway (Angelina Jolie), e juntos irão atrás desse arriscado objetivo com a polícia na cola deles. Entre os carros, está o xodó do protagonista, o raríssimo Shelby Mustang GT 500 do ano 1967, que ele carinhosamente chama de Eleonora.


O conflito do protagonista se justifica pela culpa, de não ter sido um bom exemplo para o irmão. Esse sentido de família também é ampliado quando entendemos a formação da equipe, velhos amigos, a antiga namorada, os velhos inimigos. Os embates emocionais levam o protagonista ao limite, antes não querendo mais essa vida cheia de adrenalina e ações inconsequentes acaba embarcando de volta a um destino que parece nunca ter esquecido.


Entre Jaguares, Ferraris, Cadillacs, Porches, o foco gira em torno de ações desenfreadas ligadas a toda potência de motores velozes, com roubos mirabolantes e espaço para as mentiradas que aqui fazemos vista grossa e carinhosamente chamaremos de licença poética (rsrs). A direção de Dominic Sena traduz em imagens toda a força do roteiro, além de acoplar uma trilha sonora marcante que dita o ritmo em muitos momentos.  


O elenco é excelente, além e Cage, Angelina Jolie, Giovanni Ribisi, Will Patton, Delroy Lindo, Robert Duvall, além de curtas aparições de Michael B. Jordan e Michael Peña. Outro artista do elenco, Timothy Olyphant, tem uma curiosidade que poucos sabem. Ele foi a primeira escolha para interpretar anos depois Dominic Toretto, personagem principal de Velozes e Furiosos mas declinou do papel por achar 60 Segundos muito parecido com a franquia que ficou eternizada com Vin Diesel como protagonista. Será que Timothy se arrependeu? Essa é uma boa pergunta!


Pra quem quiser ver, ou rever, 60 Segundos está disponível na Star Plus.



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25/09/2023

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Crítica do filme: 'Sideways - Entre Umas e Outras' *Revisão*


Quando as coisas não saem como planejado é necessariamente algo ruim? Com um brilhante roteiro, baseado num romance escrito por Rex Pickett (que teve seu lançamento somente após o filme estrear), que mostra inteligentes paralelos sobre os caminhos de uma trajetória, as ascensões e declínios com as diversas formas de enxergar a vida, Sideways - Entre Umas e Outras foi um dos mais marcantes filmes lançados no ano de 2005. Dirigido pelo cineasta Alexander Payne, vencedor de um Oscar e mais de 90 indicações à prêmios em diversos festivais, esse projeto possui um dos mais brilhantes roteiros escritos na última década.


Na trama, conhecemos aos amigos, desde os tempos de faculdade, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church). O primeiro, um professor de inglês, divorciado faz dois anos, parece embolado em uma melancolia não conseguindo ser um sucesso como escritor. O segundo, um inconsequente ator, longe do estrelato, que vai se casar em breve. Pensando em sair por alguns dias antes do dia do casamento de Jack, rumam para uma viagem, um verdadeiro tour pelas vinícolas de uma região norte-americana. O destino deles acaba cruzando com as amigas Maya (Virginia Madsen) e Stephanie (Sandra Oh), a primeira uma garçonete recém divorciada que está terminando seus estudos na faculdade e a segunda uma mãe solteira que trabalha em um bar. Essa viagem e esse encontro vai mudar para sempre a maneira como lidam com suas vidas.


O estalo do recomeçar é um ponto importante a ser analisado e que circula pelas ações dos personagens, principalmente pelo protagonista. Conversando sobre a vida, entre umas e outras, desabafos sobre a vida até ali, os erros e os acertos de uma trajetória que parece longe de encostar em uma plena felicidade dentro de um presente de incertezas se tornam algo marcante. Cada um dos dois amigos tem representações abstratas como a imaturidade, a inconsequência, a melancolia, quem chega nessa análise consegue entender melhor todo o contexto que fica pelas entrelinhas.


Com uma narrativa acoplada a um desenvolvimento brilhante com inteligentes diálogos que contornam a trama, Sideways não é um filme sobre vinhos, é um filme bastante reflexivo sobre segundas chances. Mas falando sobre vinhos... Pinot noir, Chardonays, uma enorme carta de vinhos ganha um desfile e aqui um fato curioso ganha notoriedade. Após o lançamento do filme, as vendas de Pinots aumentaram em mais de 15%, não só nos Estados Unidos mas na Inglaterra, fato que foi relacionado ao projeto.


Caso você se interesse em assistir (digo que vale muito a pena!), o filme está disponível no ótimo catálogo da Star Plus.



 

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Crítica do filme: 'Todo Poderoso' * Revisão*


A diferença entre um truque de mágica e um milagre. De forma leve e descontraída, chegava aos cinemas 20 anos atrás um projeto que mistura uma crise de existência a uma absurda hipótese de um homem que vira Deus por alguns dias. Todo Poderoso, dirigido por Tom Shadyac, baseado na obra Almighty Me, escrita no início dos anos 90 por Robert Bausch, caminha pela comédia sem deixar de atingir o drama e as reflexões sobre a vida. O longa-metragem, que fora proibido de ser exibido no Egito, é protagonizado por Jim Carrey, sendo até hoje o seu filme de maior bilheteria da carreira.


Na trama, ambientada na cidade de nova iorquina de Buffalo, conhecemos Bruce (Jim Carrey) um repórter que está há anos buscando o cargo de âncora mas sem muito sucesso. Ele namora a carinhosa professora Grace (Jennifer Aniston). Após um dia horroroso, onde inclusive tem um surto numa reportagem ao vivo, acaba encontrando Deus (Morgan Freeman) que lhe oferece ter seus poderes por alguns dias. Brincando de ser o todo poderoso, vai aprender lições valiosas sobre algumas de suas repetidas atitudes.


Quem nunca pensou o que faria se pudesse fazer tudo? Partindo desse fantasioso contexto, e tendo a comédia como forte elo, o longa-metragem traz de forma muito divertida diversas situações que embaralham os desejos com o poder. Sem ter autorização a modificar o livre-arbítrio, o protagonista nos guia para profundos dilemas do cotidiano do ser humano e como as nada equilibradas formas de levar a vida acabam influenciando pessoas ao nosso redor. Num momento parece estarmos em um enorme divã filmado, como se fosse uma enorme investigação ao inconsciente que se torna presente. Nesse ponto, o espectador começa a traçar interessantes paralelos com a realidade.


A fé não deixa de ser um elemento presente. O acreditar em Deus, as orações, as diversas formas de enxergar a vida, a narrativa se desenvolve em cima de vários olhares para o que seria de fato a representação de um milagre. O sucesso da produção foi estrondoso, batendo recordes e o interessante de fazer algo parecido chegou até bollywood. Oito anos após o lançamento do filme, um remake indiano chamado God Tussi Great Ho, estrelado por Salman Khan, foi lançado.


Caminhando pela comédia o projeto não deixa de atingir o drama dentro do contexto da crise existencial, uma ideia simples que fixa no imaginário se tornando atemporal. Pra quem se interessar em assistir, o filme está disponível na Star Plus.



 

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22/09/2023

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Crítica do filme: 'Gladiador' * Revisão*


Um pouco mais de duas décadas atrás chegava aos cinemas pelas mãos do sempre competente Ridley Scott um filme que marcaria gerações de amantes da sétima arte nos trazendo o contexto de sangue e dor de um general romano que traça uma jornada cheia de obstáculos motivado por um espírito de vingança em meio ao caos da ambição na figura de um rei assassino e não declarado. Com uma visão bastante próxima de uma Roma Antiga, todo o circo do entretenimento da época associada à uma luta de vida e morte numa enorme arena, as intrigas políticas, alguns personagens que realmente existiram mas com novas interpretações, Gladiador venceu cinco Oscars e até hoje é lembrado como um dos mais grandiosos e elogiados blockbusters.


Na trama, ambientada em 180 D.C, conhecemos o respeitado general Maximus Decimus Meridius (Russell Crowe) um homem que lidera milhares de soldados em linhas de frente de batalhas e só possui um objetivo: voltar para casa e reencontrar a família. Só que após vencer uma importante batalha, já no final de uma grande guerra, o imperador Marco Aurélio (Richard Harris) lhe motiva a ser um dos próximos líderes romanos, fato que deixa o filho do imperador, Cômodo (Joaquin Phoenix), com enorme ciúmes. Num ato premeditado e cruel, Cômodo mata seu pai assumindo assim o poder máximo desse grande império. Em um de seus primeiros atos como grande chefão romano é ordenar a morte de Maximus e toda sua família. Só que o herói dessa história consegue fugir e começa aos poucos a planejar uma enorme vingança tendo pelo caminho que se tornar um gladiador.


Rodado todo em ordem cronológica aos acontecimentos que assistimos, a mega produção coloca sua construção narrativa nos passos de um protagonista que se desconstrói em relação a tudo que acredita sobre lealdade atingindo um caminho sem volta para uma vingança épica. As subtramas nos mostram o caos político e a luta pelo poder em uma Roma enfraquecida com a perda de seu respeitado imperador Marco Aurélio. O olhar para o antagonista se resume as práticas cruéis de um recém imperador mimado, que sonha em alcançar o respeito de seu povo mas que nunca o terá.


Traições, amores proibidos, e um grande senso de justiça são elementos que contornam o vai e vém dos personagens. Mas há um elemento que se torna importante, um espaço criado para uma série de épicas lutas. Todo o circo caótico e desumano do mais famoso entretenimento desse recorte temporal romano, criado através de sangue e luta pela própria vida de pessoas intituladas gladiadores, ganham destaque e acabam nos guiando para todo o epicentro da trama.  


Vencedor de cinco Oscars (incluindo Melhor Filme) esse inesquecível longa-metragem de mais de duas horas de projeção, com cenas grandiosas de batalhas, algumas que demoraram dezenas dias para serem filmadas, e uma trilha sonora assinada pelo craque Hans Zimmer, está disponível na Netflix, Star Plus e Telecine.

 


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05/09/2023

Crítica do filme: 'Revelação'


Quando as coisas são como não dizem ser. Explorando um intenso suspense com reviravoltas importantes, chegou 23 anos atrás nos cinemas um filme que dá muitos sustos e prende nossa atenção. Dos traumas até o sobrenatural, o longa-metragem Revelação, dirigido por Robert Zemeckis contorna a psicopatia em uma trama que vai sendo construída aos poucos, com alta carga de tensão e onde o espectador precisa estar atento aos detalhes.


Na trama, conhecemos a aposentada musicista Claire (Michelle Pfeiffer) mãe de uma filha já adolescente, do primeiro casamento, essa que está indo para o primeiro ano de faculdade. Agora sozinha num enorme casarão com o marido Norman (Harrison Ford), um geneticista e pesquisador de uma faculdade, Claire está obcecada pela situação conflituosa dos novos vizinhos ao mesmo tempo que situações estranhas começam a acontecer na sua casa. Portas começam a se abrirem sozinhas, rádios parecem ligados, a banheira fica com a água quase transbordando sem ninguém ter mexido. Será que a casa tem alguma presença sobrenatural? Aos poucos, segredos de alguém muito próximo a ela começam a aparecer.


A narrativa apresentada aqui é muito interessante, nos leva de um lado ao outro, com um foco no sobrenatural, passando pelo epicentro da trama sem perder os seus segredos. Tudo é muito envolvente. Uma mulher em conflitos é o pontapé inicial dessa história que aborda a síndrome do ninho vazio, as formas de entender os traumas, a traição, possessões, as escolhas chaves de toda uma vida, problemas no casamento. Há também um fato que percorre toda a narrativa: a quebra do ceticismo na visão de uma personagem desacreditada por todos. Aos poucos, vamos descobrindo os segredos que aparecem junto da personagem principal, brilhantemente interpretada por Michelle Pfeiffer.


O filme foi rodado no intervalo das gravações de outro grande sucesso de Robert Zemeckis, O Náufrago, no período em que Tom Hanks tinha que perder peso para o personagem.  Revelação marca a obra que mais se aproxima do gênero terror da carreira de Harrison Ford. Pra quem quiser conferir, ou rever, o filme está disponível no catálogo da Star Plus.

 


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Crítica do filme: 'Con Air - A Rota da Fuga'


Que saudades daqueles filmes ruins, de outros tempos, que amamos! Protagonizado por um dos grandes astros dos filmes de ação dos anos 90, Nicolas Cage, chegava aos cinemas mais de duas décadas atrás um filme que é pura adrenalina, um suco do melhor e o pior dos filmes de ação, navegando sua trama a partir do olhar de um homem que após cometer um erro e ir parar num lugar infernal tem a chance de se redimir e voltar pra casa. Con Air - A Rota da Fuga e suas mentiradas divertidas é pra assistir sem ligar um pingo de reflexão, puro entretenimento mas nem por isso descartável.


Na trama, conhecemos Cameron Poe (Nicolas Cage) um soldado do exército norte-americano, do grupo de elite conhecido como Rangers, que após lutar contra arruaceiros inescrupulosos que incomodavam ele e sua esposa grávida Tricia (Monica Potter), em legítima defesa, acaba sendo condenado pela morte de um deles e assim vai parar na prisão federal por uma década. O tempo passa e sem nunca ter contato com sua filha, Cameron tem a chance de sair da prisão em condicional mas no dia de sua transferência embarca em um avião repleto de criminosos insanos, comandados por Cyrus 'The Virus' Grissom (John Malkovich), que acabam sequestrando o avião. Buscando soluções e resgatando seus dias de herói, o protagonista tentará salvar o dia, ao lado do agente Vince Larkin (John Cusack), e voltar para os braços de sua família.


Estreia na direção do cineasta Simon West e indicado para dois Oscars (Melhor Canção e Melhor Som), Con Air possui um roteiro desenfreado em fazer brilhar as cenas de ação, deixando a profundidade dos conflitos dos personagens, principalmente seu protagonista, em segundo plano. As linhas escritas por Scott Rosenberg seguem o padrão de uma jornada do herói, seu conflito, sua partida ao objetivo, sua volta pra casa. Aqui no caso, num desenvolvimento repleto de tiros, explosões, destruição de veículos, uma barulheira danada mas que empolga quem só quer se divertir vendo um filme e ponto final.


Um fato curioso é que esse filme foi lançado apenas algumas semanas antes de outro longa-metragem emblemático da carreira de Nicolas Cage, A Outra Face. Ambos são muito lembrados até hoje. Pra quem se interessar, ou até mesmo rever, Con Air - A Rota da Fuga está disponível no catálogo da Star Plus.



 

 

 

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29/08/2023

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Crítica do filme: 'Psicose' * Revisão*


A impulsividade como força motora de um encontro cabuloso com o destino. Chegava em junho de 1960 aos cinemas norte-americanos, e pouco tempo depois nas salas de todo o planeta, um filme que se tornaria anos um dos maiores e mais lembrados clássicos do cinema, Psicose. Abordando as fraquezas do ser humano em duas vertentes, uma ligada a um crise existencial que dá um bico na inconsequência e outra ligada a um transtorno dissociativo de identidade, a pulsante narrativa nos leva para uma história aterrorizante cheia de reviravoltas. O filme é baseado no romance homônimo de Robert Bloch, e esse por sua vez inspirado na história verídica de Ed Gein, um famoso serial killer da época. Dirigido pelo genial Alfred Hitchcock.


Ambientado em Phoenix, no Arizona, na trama, num primeiro momento, acompanhamos a história de Marion (Janet Leigh) uma secretária que foge com uma alta quantia de dinheiro que pertence a um cliente da empresa que trabalha e segue sem rumo por uma estrada até resolver parar em um hotel perto da estrada onde encontraria um fatídico destino. Num segundo momento, vamos conhecendo a tenebrosa história de Norman Bates (Anthony Perkins) que a atende nesse hotel e as verdades de uma família.


O brilhantismo da narrativa, a maneira como assistimos em imagens e movimentos as linhas do roteiro, parece se dividir em duas partes, o antes e o depois de um crime. No antes, vemos as dificuldades de uma mulher em lidar com seus conflitos quando percebe uma oportunidade de mudar de vida e de forma impulsiva ruma para talvez o primeiro crime de sua vida sem olhar para trás mas uma forte crise de consciência. Aqui temos o ponto de vista dela para tudo que acontece até esse momento. No depois, o roteiro navega em cima da ideia do trauma como justificativa para ações do mais intrigante dos personagens, um homem recluso, a princípio simpático mas que esconde segredos que são elementos da principal reviravolta da produção e dá margens para inúmeros debates até hoje.


Indicado para quatro Oscars e com uma trilha impecável, criada por um dos maiores compositores de cinema de todos os tempos, o californiano Bernard Herrmann, Psicose é repleto de curiosidades que vão desde um juramento feito por todo elenco para que não contassem absolutamente nada da história até a aquisição de muitas cópias do livro original que deu origem ao filme com o objetivo de que menos pessoas possíveis soubessem sobre o surpreendente final.


Com um orçamento baixíssimo para os padrões da época, o filme que foi o primeiro longa-metragem de terror de Alfred Hitchcock, faturou mais de 40 vezes mais sendo o filme de maior bilheteria da sua carreira. Para quem se interessar em ver pela primeira ou até mesmo rever, o filme está disponível no catálogo da Star Plus e do Telecine.



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