25/08/2021

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Crítica do filme: 'Valentina'


Em busca de seus direitos, de sua liberdade. Todos que querem falar, precisam ser ouvidos. Chegou aos cinemas brasileiros um filme que mostra os obstáculos que uma jovem trans precisa enfrentar para conseguir ser feliz do jeito que quer. Valentina, pega a realidade de muitos e muitas e joga na tela, trazendo pontos reflexivos aos montes para nós espectadores. Desde a intolerância, focada aqui no interior do país, o preconceito na apresentação e documento na boate, o abuso e o sofrimento, os horrores do ciberbullying, a violência vinda por muitos lados... Valentina é uma pequena grande obra do nosso cinema que mostra ao mundo que o preconceito sempre vai perder para o amor. Escrito e dirigido pelo cineasta Cássio Pereira Dos Santos. O projeto marca a estreia no cinema da atriz e youtuber trans Thiessa Woinbackk.


Na trama, conhecemos Valentina (Thiessa Woinbackk), uma jovem perto dos 18 anos, trans, inteligente que está trocando de cidade após a mãe Márcia (Guta Stresser), técnica de enfermagem, passar em um concurso para o interior de Minas Gerais. Chegando na nova cidade, busca uma nova vida ao lado da mãe. A protagonista faz logo amizades mas também acaba sendo alvo do preconceito de alguns.


O triângulo familiar possui vértices que compõem a trajetória de Valentina. A mãe está recriando sua vida, consegue um novo amor, e sempre está próxima da filha para ajudá-la a lutar por seus direitos e a defender contra qualquer impunidade que aparece pelo caminho das duas. O pai é uma figura quase misteriosa no início, distante, mora em outra cidade e não sabemos as causas dessa distância, surge após uma situação que passa Valentina, ajuda da maneira que pode mesmo sabendo que não consegue estar por perto, por já ter outra família, para ajudá-la a enfrentar tudo que passa diariamente.


Os absurdos do ‘mal estar com a comunidade’, por meio do abaixo assinado enviado à escola nova, retrata os absurdos que acontecem por aí, do preconceito à frente de qualquer busca de entendimento de uma jovem em busca de ser quem ela quer ser. O filme tem muitos méritos e um deles é esse de retratar o que jovens trans sofrem por esse Brasil ainda sentado em um triste conservadorismo trazendo sofrimento para quem busca ser feliz do jeito que gosta. Valentina é um filme necessário nesse nosso país ainda cheio de pré-conceitos e preconceitos.

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8 e 1/2 em 20 - André Gevaerd - Episódio #23


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos o produtor, programador de cinema e cinéfilo André Gevaerd.
Não esqueçam de deixar um like nesse vídeo. :)
Não esqueçam de se inscreverem nesse canal. :)

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24/08/2021

8 e 1/2 em 20 - Carolina Dib - Episódio #22


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos a produtora, atriz e cinéfila Carolina Dib. Não esqueçam de deixar um like nesse vídeo. :) Não esqueçam de se inscreverem nesse canal. :) Visitem também: Blog do Guia do Cinéfilo: http://guiadocinefilo.blogspot.com/​ Instagram: @guiadocinefilo Viva o cinema!
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22/08/2021

Crítica do filme: 'Ilha de Segredos'


Quando um roteiro se arrasta pelos clichês. Dirigido pelo cineasta português Miguel Alexandre, Ilha de Segredos, disponível na Netflix, é um filme com pouca inspiração, busca em um suspense sem lógica encontrar suas justificativas para o que vemos nos cansativos 105 minutos de projeção. Tendo como figura central uma misteriosa personagem que consegue acesso a tudo e a todos com suas manipulações que mais parecem aquelas vistas em características de vilãs emblemáticas da nossa televisão. Nesse caso, já definir o tabuleiro cinematográfico entre os vilões e os heróis acaba perdendo a força quando o roteiro escorrega em cenas absurdas e ações forçadas. Mais uma decepção desse 2021.


Na trama, conhecemos Jonas (Philip Froissant) um jovem atormentado por sequentes tragédias em sua vida que o faz morar com seu avô que teve pouquíssimo contato durante toda sua vida onde nasceu, uma ilha pertencente a Alemanha. Ele sempre conta com a ajuda da amiga Nina (Mercedes Müller). Certo dia, após alguns meses das mencionadas tragédias que se seguiram em sua vida, chega à escola a nova professora de alemão Helena (Alice Dwyer), uma mulher misteriosa que em pouco tempo na ilha já se relaciona com Jonas e apresenta misteriosos olhares que escondem segredos sobre seu passado.


Roteiro forçado, personagens sem brilho, um longa-metragem alemão que se apoia em clichês para tentar criar arcos construtivos de dramas mal explicados. Há uma tentativa de troca de ótica mas o que nos leva até a trama principal são as ações imaturas de Jonas, que está chegando na fase adulta e cria uma fascínio por essa nova professora mesmo tendo a certeza do amor de Nina ao seu lado. Esse triângulo já visto em muitos seriados e filmes por aí, não sustenta toda a trama pois para entendermos os porquês de Helena poucas lacunas são preenchidas.


Ilha de Segredos é um passatempo que você até pode gostar caso não coloque aquela lupa para enxergar a quantidade de problemas que o roteiro apresenta.

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Crítica do filme: 'Unidas pela Esperança'


Um sofrimento compartilhado e cantado. Disponível no Streaming Telecine Play, Unidas pela Esperança conta a história, baseado em fatos reais, de mulheres de militares que se juntam para montar um coral, transformando a aflição dos dias sozinhas em momentos de descontração e união através da música. Pelas subtrama, algumas com grande profundidade, encontramos os caminhos para entender as razões dessas mulheres em encontrar algo e comum para assim também compartilhar de uma forma positiva a variável tempo, tão complexa de lidar, principalmente com os maridos ficando meses longe de casa e expostos a todo tipo de perigo em guerras pelo mundo. A direção é de Peter Cattaneo e na pele das protagonistas Kristin Scott Thomas e Sharon Horgan.


Na trama, conhecemos Kate (Kristin Scott Thomas) a esposa de um general de uma base militar na Inglaterra que não possui muito contato com as outras espoas de militares, principalmente após o falecimento do seu único filho. Certo dia, resolve se juntar a Lisa (Sharon Horgan), uma mulher que possui muito problemas de relacionamento com a filha e comanda uma espécie de mercearia na base militar. Elas resolvem criar um coral com as mulheres dos militares. A iniciativa é um sucesso e assim elas conseguirão encontrar forças umas nas outras principalmente quando notícias ruins chegam.


O roteiro tem um mérito muito grande que é abordar a melancolia de uma forma que o ritmo não fique estático. Talvez a maturidade da personagem de Scott Thomas misturada com a impulsividade da personagem de Horgan torne a fórmula perfeita para os contrapontos que o longa-metragem navega. Unidas pela Esperança passa pelo drama em muitas camadas, mesmo tendo muitas subtramas e algumas ficando apenas no superficial todo o sentimento e razões são passados ao público sempre com muito carisma das personagens em cena. Por incrível que pareça a música em si fica em segundo plano se tornando apenas um instrumento para entendermos os cenários dramáticos que vão se moldando.


O filme cumpre o objetivo de passar uma mensagem de esperança e companheirismo de mulheres que enfrentam as aflições de terem maridos em uma profissão de alto risco. Muito bonito também os créditos do filme mostrando a mesma iniciativa em muitos lugares do mundo. Vale a pena conferir.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #507 - Jean Charles Machado


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Gama (Brasília). Jean Charles Machado tem 47 anos. Apaixonou-se pelo cinema aos 10 anos (idade na qual vendia jornais na rua para conseguir o dinheiro necessário e passar uma tarde no cinema de rua do bairro), trabalhou com Gestão de Pessoas por 15 anos e, hoje, toca um projeto autônomo, tendo uma pasta de trabalho exclusiva na utilização de filmes para reflexões nas áreas da vida. Idealizador do perfil 'Vida de Cinéphilo' no Instagram e um canal no youtube.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

ITAÚ CINEMAS - PRINCIPALMENTE, PELA DIVERSIDADE DE FILMES.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

OS AVENTUREIROS DO BAIRRO PROIBIDO (1986) e alguns dos TRAPALHÕES.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

PEDRO ALMODOVAR - 'DOR & GLÓRIA'.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

SINCERAMENTE NÃO TENHO NENHUM FAVORITO.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

AMAR A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA E SE TIVER CONHECIMENTO ACADÊMICO E TÉCNICO, POR FAVOR, NÃO SEJA, ESNOBE COM QUEM NÃO TENHA!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

NÃO! ATÉ POR EXPERIÊNCIA PRÓPRIA, EM ALGUNS CASOS, OS PARÂMETROS SOBRE A LOTAÇÃO DA SALA E FINANCEIRO. JÁ FUI GERENTE DE MULTIPLEX (9 SALAS E OUTRO COM 13 SALAS).

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

 

NUNCA!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

ALÉM DA VIDA -- CLINT EASTWOOD (2010).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

NÃO!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

COMO TODAS AS LINHAS DE PRODUÇÕES MUNDIAS: COISAS PÉSSIMAS, BOAS E EXCELENTES. E, O MLEHOR, TEM PÚBLICO PARA TODOS OS ESTILOS. O QUE FALTA É BOM SENSO E RESPEITO ENTRE OS CINÉFILOS E SEUS GOSTOS.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

WAGNER MOURA, SELTON MELO, ANTONIO FAGUNDES E, CLARO, FERNANDA MONTENEGRO.

 

12) Defina cinema com uma frase:

MINHA 2ª CASA!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

UMA DAMA PEDIU PARA VOLTAR E BUSCAR UM ITEM ESQUECIDO: ERA A CALCINHA DELA!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

NUNCA VI!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

NÃO NECESSARIAMENTE. ENTRETANTO, PRECISA TER NOÇÕES TÉCNICA E VISÃO HUMANA DAS RELAÇÕES. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O GRANDE ASSALTO (1993) - KIM BASSINGER.


17) Qual seu documentário preferido?

O DILEMA DAS REDES.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

RARAMENTE. A ÚLTIMA FOI PARA DOR & GLÓRIA. FOI A SALA INTEIRA. CONTAGIANTE!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A LENDA DO TESOURO PERDIDO 1 E 2.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

NÃO TENHO PREFERÊNCIA!

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

NETFLIX: GOSTO MUITO DA DIVERSIDADE

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21/08/2021

Crítica do filme: 'Quo Vadis, Aida?'


As dores que nunca se apagam. Um dos cinco finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é um dos mais chocantes longas-metragens dos últimos tempos. Mostra os horrores de uma guerra sem fim na Bósnia, onde a sede por matança em meados da década de 90 levou a separação dolorosa de inúmeras famílias de várias regiões desse país que convivia com o medo frequente. Ao longo das mais de duas horas de projeção somos testemunhas de muita dor e sofrimento tendo como referência uma tradutora da ONU que luta a todo instante para proteger sua família. Um filme arrebatador. Belíssima direção da cineasta Jasmila Žbanić.


Na trama, ambientada em meados da década de 90, conhecemos Aida (Jasna Đuričić) uma ex-professora e agora tradutora/intérprete da ONU que precisa lidar com um caótico momento de seu país tomado por um exército de vingativos soldados que praticamente varreram a cidade de Srebrenica. O único porto seguro é a base da ONU na região, comandada por patentes altas holandesas, para onde fogem todos os sobreviventes, inclusive os dois filhos e o marido de Aida. Buscando soluções/escolhas a todo instante, negociando bastante com todos que conhece, Aida viverá dias que nunca sairão de sua memória.


Nossos olhos estacionam em Aida, uma forte mulher que luta para executar seu trabalhar em meio a pressões de todos os lados em busca de soluções que ela sozinha não consegue encontrar. Pela ótica dela acompanhamos o desespero dos militares holandeses na base da ONU, abandonados pelo alto escalão, sem saber direito como lidar com a situação tensa que lhes é apresentada. Também acompanhamos memórias da mesma, quando os dias eram felizes em um país destroçado por uma guerra que nunca acaba.


Exibido no Festival Internacional de Cinema de Veneza, Quo Vadis, Aida? tem um ritmo dinâmico, intenso, mostrando uma dura realidade distante de muitos mas que passam milhares de pessoas que fogem de um lugar que é seu mas comandado (ou tomado) por pessoas ruins. Atemporal, inclusive quando esse texto é escrito o mundo lê sobre os horrores que acontecem num outro país, o Afeganistão, tomado pelo Talibã nos últimos dias fazendo com que milhares de pessoas fujam de suas casas e consigam abrigo em qualquer outro lugar do mundo.


O filme consegue com toda a dureza que lhe é pertencente apresentar pontos reflexivos aos montes. Há críticas sociais por todos os lados, críticas sobre a questão da ONU sem comando também. O filme forte e necessário. Imperdível.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #506 - Larissa Canavarros


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.


Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Cuiabá (Mato Grosso). Larissa Canavarros tem 22 anos. Aluna da primeira turma do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso, atualmente no 6º semestre. Participou do júri oficial da 17ª Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL) do Cineclube Coxiponés da UFMT, em 2018, e em 2019 integrou a Comissão de Seleção de Curtas-metragens da 18ª edição da mostra. Além de ser uma das proponentes do projeto “Retrospectiva MAUAL 18 anos”, coordenou exibições cineclubistas através da REC-MT (Rede Cineclubista de Mato Grosso), também já tendo realizado experimentos audiovisuais, incluindo a produção e direção de vinhetas para a MAUAL e um curta-metragem.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Por aqui, até onde eu saiba, só temos as salas multiplex para cinema comercial. De todas as redes, a que mais me agradava – quando ainda frequentava meses antes da pandemia – era a Cinemark. Era a única com a qual eu poderia contar para assistir a alguns filmes mais fora do eixo, ainda que os horários fossem problemáticos. Me lembro que houve uma época em que a maior diversidade de exibição era com eles.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Talvez Lisbela e o Prisioneiro (2003). Eu era pequena e deve ter sido um dos primeiros filmes nacionais com que tive contato. O simples fato de ser em minha língua nativa era um diferencial a mais; as atuações me encantavam (alguns dos quais eu já conhecia pelas telenovelas), a trilha sonora era viciante. Provavelmente foi o “gostinho brasileiro” que me fez pensar em como aquilo era diferente do que eu estava habituada a consumir.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Christopher Nolan, e meu favorito provavelmente é Amnésia (2000);

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Difícil escolher um só, fico entre O Auto da Compadecida (1999) e Assalto ao Trem Pagador (1962). O primeiro marcou minha infância, me lembro de ver ainda em VHS, e ainda é uma espécie de rito sagrado na minha família, sempre que encontramos passando, ou bate uma saudade, assistimos. O segundo me foi apresentado no primeiro semestre da faculdade e eu nunca esqueci; apaixonei pela atuação do Grande Otelo ali também.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra ser sincera, eu não me considero muito cinéfila, no que tange o acompanhar de filmes. Mas parando pra pensar, acredito que vai muito além de apenas apreciar filmes e assistir o maior número de títulos possível; é uma questão de paixão, algo que te move, te ensina. Uma espécie de força externa que te tira da inércia.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. As programações são feitas por pessoas que entendem de mercado, do que rende mais. Elas visam o lucro, e nem todo cinema é voltado para o meio comercial. Isso explica, por exemplo, o porquê de termos diversas salas em um mesmo complexo exibindo os mesmos blockbusters, enquanto outras obras ficam de fora do ciclo de exibição.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Ir ao cinema é mais do que simplesmente assistir ao filme: é um evento social. Sair com os amigos/companheiros, ou mesmo sozinh@, para acompanhar um enredo, em uma sala escura, cercada por estranhos, por algumas horas ainda move uma série de sentimentos e motivações que o streaming, por exemplo, não consegue proporcionar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu sempre indico A Onda (2009), um filme alemão do diretor Dennis Gansel, que vi em sala de aula, ainda no ensino médio. Acho importantíssimo o enredo dele e a forma como é trabalhado.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

É uma resposta complicada. Eu particularmente não fui ao cinema desde o início da pandemia, e mesmo agora que já tomei a primeira dose, não me sinto segura o suficiente. Por um lado é um jeito muito fácil de espalhar o vírus: são cadeiras compartilhadas, máscaras baixadas ou completamente ignoradas com a justificativa de estar comendo, etc. Em contrapartida, existem funcionários que dependem dessa movimentação de clientes para garantir seu sustento, porque a realidade é que as leis de auxílio emergencial não chegam para todos e muitos acabam desempregados. Em Cuiabá, as salas estavam exibindo apenas uma sessão por dia para dar tempo de higienizar as poltronas, então acredito que, apesar de não ser um serviço essencial, não há tanto problema, desde que os protocolos de biossegurança sejam realmente respeitados.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acredito que o cinema em si entrou em uma espécie de recesso. O audiovisual se voltou para outras formas de produção (seriada, televisiva), e isso não necessariamente é algo ruim. Mas de um modo geral, falta investimento. Não apenas financeiro para a produção, mas desde a ordem acadêmica, sabe? A formação do profissional já é precária e aos trancos e barrancos se chega a algum lugar. Eu imagino como uma espécie de efeito borboleta: se existe investimento na educação, os traços, os moldes, dos profissionais se alteram e consequentemente o produto final. Claro que é preciso também a garantia de uma janela de exibição de qualidade, então os incentivos talvez ainda sejam os maiores impasses para uma produção contínua, por exemplo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Arte em luz, som e movimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não me lembro bem o que era, mas um comentário inocente de uma criança na sessão de Rei Leão (2019) fez o público rir e amenizou o clima triste na famosa cena da morte do Rei Mufasa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Depende do que cada um acredita por ser cinefilia, se for algo como o que eu acredito, então sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Hardcore Henry (2015).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena (2007), do Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, da última vez foi quando vi Bacurau (2019).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos (1998).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IndieWire.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Amazon Prime e HBO Max.

 

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20/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #505 - Janaina Ferreira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila de Belo Horizonte (Minas Gerais). Janaina Ferreira tem 45 anos. É advogada por profissão e cozinheira por paixão. Seus filmes favoritos são Asas do Desejo (1987) - o filme da sua vida - e Blade Runner (1982) e seus diretores favoritos são Win Wenders e Pedro Almodóvar.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Belas Artes, o último cinema de rua de BH, programação não inclui blockbusters.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

ET, aos 8 anos de idade...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Win Wenders, Asas do Desejo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tatuagem, pelo caráter transgressor.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?         

O sentido estrito da palavra, amor pelo cinema. Não necessariamente entender tanto, ser crítico, e sim ser amante

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte dos cinemas tem a programação definida por quem entende de mercado de entretenimento.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero de coração que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Bagdad Café e Paris Texas, porque sou geração X, rs

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que só deveria poder entrar nas salas quem tiver com as vacinas completas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tirando a questão do som, que ainda é uma falha muito grave dos nossos filmes, acho que a produção brasileira é acima da média, principalmente de considerarmos a falta de investimentos

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Se for Kleber Mendonça dirigindo ou Irandhir Santos atuando, compro ingresso antecipado. Matheus Nachtergaele e Wagner Moura são donos do meu coração

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema não é para entreter, é para fazer sonhar (Win Wenders).

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda bem que Lazaro Ramos não se envergonha...

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Técnica e paixão em medidas proporcionais

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não o pior da vida, mas recentemente, Amaldiçoado, com Daniel Radcliffe.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nossa, muuuuuuitos.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona nunca mais.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico, Cinema em Cena e Roger Ebert.

 

20) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Telecine e Prime Video.

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Programa #46 Guia do Cinéfilo - Marcelo França Mendes


Episódio #46 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo. 

Nesse episódio entrevisto o cinéfilo e um dos fundadores do Cinema Estação Botafogo Marcelo França Mendes. 


O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.

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19/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #504 - Ricardo Delfin


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Ricardo Delfin tem 50 anos. É graduado em Cinema pela FAAP e escreveu o roteiro de dois longas, ainda em busca de captação.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gostava muito do Belas Artes pelas opções alternativas de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Difícil dizer... Talvez Perigo na Montanha Enfeitiçada.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick e 2001.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Beijo da Mulher Aranha pelo uso da metalinguagem.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Apreciar filmes, independente da origem, estilo e gênero e compartilhar a experiência de assistir filmes com outras pessoas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, mas é puro palpite.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Talvez, mas espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Valerie e a Semana das Maravilhas, filme tcheco de Jaromil Jires.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, apenas quando for seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Evoluiu muito nos últimos anos, principalmente a qualidade do som.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do trabalho do Lázaro Ramos como ator.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Sonhar acordado.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez vi um grupo de surdos/mudos que conversavam em silêncio em linguagem de sinais, mas riam alto!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda terei coragem para assistir...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas acredito que contribua na formação de repertório.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Espartalhões me fez desejar aquele aparelho de apagar a memória dos Homens de Preto. Mas, se minha memória fosse apagada, poderia acabar assistindo ao filme de novo...

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto muito do Microcosmos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Não que me lembre!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais"de Joel Coen.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu mais acesso sites de cultura em geral, como Variety e THR.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix

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Crítica do filme: 'L.O.C.A'


Sonolento roteiro que busca respostas sobre relacionamentos. Disponível no catálogo do Streaming do Telecine, o longa-metragem brasileiro L.O.C.A. aborda a questão do amar demais, dos relacionamentos e suas complicações por meio de uma avenida cômica ligado à força feminina. Há questões no roteiro, achar os pontos de interseção até não é difícil mas os arcos são muito mal definidos mesmo que com uma grande lupa compreensiva enxergamos lapsos na gangorra da queda/ascensão nas três linhas de personagens que acompanhamos. O humor como forma de reflexão sempre é louvável mas doses exageradas acabam limitando bastante o público-alvo que poderia ser bem mais amplo. O projeto é dirigido pela cineasta Claudia Jouvin e tem no elenco nomes como: Mariana Ximenes, Débora Lamm, Fábio Assunção, Cris Vianna, Roberta Rodrigues, Luis Miranda e Érico Brás.


Na trama, conhecemos a jornalista Manuela (Mariana Ximenes), uma jovem que encontra certa dificuldade para emplacar pautas em seu trabalho em uma revista não muito badalada. No campo amoroso, ela está em uma situação de dúvida, pois tem um relacionamento com seu professor (Fábio Assunção) mas ele parece não querer assumir a relação para todos. Certo dia, ela acaba sendo guiada para uma pauta conhecendo Elena (Débora Lamm) e a mesma sugere que ela vá até a reunião da LOCA, a Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor. Assim, Manuela inclusive consegue emplacar uma pauta para falar sobre essas reuniões e situações que passam as mulheres que procuram o LOCA e nos encontros conhece também Rebeca (Roberta Rodrigues). As três buscarão forças para saírem de seus respectivos problemas, talvez, por amarem demais pessoas que não merecem todo esse sentimento.


Em menos de 85 minutos de projeção, acompanhamos essas três estradas de vida, três mulheres de forte personalidade que de formas diferentes enfrentam relacionamentos que de alguma forma já não estão mais fazendo bem a elas. E nesse caso, o que fazer né? As situações que assistimos, muitas delas inconsequentes, exageradas e puxadas para as licenças poéticas de alguma forma geram suas reflexões. Quando sai da comédia e entra no drama, o filme encontra problemas pois a essência de comédia escrachada está em todo lugar, deixando reflexões mais críticas com lacunas sem preenchimento.


No final, já nos créditos, com o elenco cantando Loka, música das ótimas artistas de nosso mercado musical, Simone & Simaria, encontramos um bom paralelo entre a canção e o que enxergamos de reflexão no filme. No mais, L.O.C.A. é um filme que não deve perdurar em nossas memórias cinéfilas por muito tempo mas não deixem de tirar suas próprias conclusões indo assistir ao filme.

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18/08/2021

Crítica do filme: 'Assalto ao Banco da Espanha'


O que fazer com o desejo de aventura, no se arriscar ao não necessário? Até onde pode ir a paixão por um objetivo? Disponível no ótimo catálogo do Telecine Play, Assalto ao Banco da Espanha fala sobre engenharia, espionagem, planos mirabolantes e um líder com um sonho que molda sua vida de riquezas como o curioso objetivo de ir atrás de um tesouro perdido. O roteiro encosta na comparação quase óbvia com La Casa de Papel mas suas reflexões chegam por pontos diferentes. Dirigido por Jaume Balagueró, cineasta espanhol responsável pelos excelentes [Rec] e Enquanto Você Dorme, o projeto reúne excelentes atores em cena, como: Astrid Bergès-Frisbey, Jose Coronado, Luis Tosar, Sam Riley, Freddie Highmore e Liam Cunningham.


Na trama, conhecemos o caçador de tesouros, o milionário Walter (Liam Cunningham), um homem que reúne equipes pelo mundo em busca de tesouros e mais especificamente um em especial que lhe fora tomado pelas autoridades espanholas em alto mar deixando esse objeto preso no Banco da Espanha, um dos lugares mais seguros de toda a Europa. Walter descobre uma maneira de entrar no local mas precisará de um brilhante engenheiro para conseguir decifrar alguns enigmas sobre como é feita a segurança no local, assim chega ao nome de Thom (Freddie Highmore) um brilhante estudante de Cambridge que fica de cara fascinado em ser peça fundamental no plano e na equipe de Walter.


O filme tem uma pegada de Missão Impossível, A Lenda do Tesouro Perdido, La Casa del Papel, mas navega na possibilidade de buscar sua própria personalidade/originalidade muito por conta dos objetivos que são bem variados e compõe as trajetórias dos personagens. A questão da lealdade, do espírito de equipe é colocada à prova a toda instante, principalmente quando percebemos a adição de questões políticas, até mesmo de serviços secretos e espionagens deixando interpretações das mais variadas nos pontos reflexivos, principalmente, quando o roteiro chega na profundidade.


Em alguns momentos o clichê toma conta mas não deixa de divertir, de entreter, seu dinamismo é um dos pontos altos mesmo que partes dramáticas sejam vistas apenas como pontos superficiais de personalidades variadas. Algumas subtramas se destacam outras nem tanto. Há muito talento em cena e a direção é competente. Para quem curte filmes de ação, Assalto ao Banco da Espanha pode agradar bastante.

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