Mesmo não apresentando nada de novo e seguindo a linha convencional de uma série de comédia que derrapa sem receios no ‘nonsense’, o projeto da Netflix A Dona da Bola é um passatempo que diverte nos levando até os desenrolares de conflitos dos muitos personagens tendo como foco uma família disfuncional e o mundo empresarial de um dos esportes mais lucrativos dos Estados Unidos em plano de fundo.
A vida da acomodada e milionária Isla Gordon (Kate Hudson) se resume a ser a chefe de
um setor filantrópico da organização milionária da família, o time de basquete
Los Angeles Waves. Quando seu irmão Cam (Justin
Theroux) é internado em um clínica de reabilitação, a empresa precisa de um
novo presidente e o cargo é oferecido para Isla. Grande entendedora de
basquete, ela precisa agora, juntamente com sua equipe, decifrar os caminhos
para o sucesso de um negócio dominado pelo patriarcado.
Muitas camadas de uma família cheia de problemas nas
relações interpessoais, o machismo nas organizações, a guerra do marketing, o
conflito de classes, traições, dopping, problemas com drogas, o tumultuado novo
mundo do glamour e dinheiro, são alguns dos pontos que transbordam nesse
projeto criado pelo trio Ike Barinholtz,
Mindy Kaling e Elaine Ko.
Trazer os bastidores dos esportes para uma série de
televisão não é algo inovador. De formas diferentes, vimos isso na ótima Lakers: Hora de Vencer e também na
aclamada série da Apple Tv Plus, Ted
Lasso. Em relação a essa última, pode ser traçar alguns paralelos com essa
série da Netflix, uma pessoa que não entende muito bem do novo cargo e descobre
nas relações caminhos para o sucesso. Mas A
Dona da Bola não encontra o brilhantismo do projeto estrelado por Jason Sudeikis, além de escorregadas ao
tentar abraçar todos os embates de seus muitos personagens. Há alguns, como o
irmão recém-descoberto Jackie (Fabrizio
Guido) que são esquecidos ao longo dos episódios.
Parece bobinha mas a série tem suas questões apresentadas de forma reta e objetiva chegando em boas reflexões. Pode até mesmo – para o olhar mais atento – encostar na realidade: tem romance, drama, pontos que se interligam pelos tons cômicos e situações mirabolantes. Ao longo de 10 episódios de 30 minutos, e com uma enxurrada de subtramas, o seriado protagonizado pela indicada ao Oscar Kate Hudson tem um ritmo acelerado com acertos e erros em todos os seus capítulos dessa primeira temporada.