12/05/2025

Crítica do filme: 'Casamento Letal nos EUA'


Uma ligação durante a madrugada para um serviço de emergência da Carolina do Norte seria o início de uma história cheia de variáveis que colocaria a polícia de frente com as possíveis verdades de um fato que num primeiro momento parecia ser uma ação em legítima defesa. Dirigido por Jessica Burgess e Jenny Popplewell, Casamento Letal nos EUA, impactante documentário True Crime que chegou na NETFLIX nesse início de maio, nos leva - a partir de vários pontos de vistas - para uma disputa por narrativas.

Jason Corbett era um empresário irlandês bem-sucedido que perdeu a primeira esposa muito cedo e encontrou em Molly Martens um novo amor. No início do relacionamento, ainda morando ainda na Ilha Esmeralda, resolve se mudar para os Estados Unidos ao lado dos dois filhos pequenos para se jogar nesse relacionamento. Anos depois, em 2015, sua vida chegaria ao fim de forma violenta, em sua própria casa, pelas mãos da esposa e do sogro (um ex-agente do FBI).

A busca pela verdade, no qual o projeto investigativo coloca na ponta do seu discurso, é ampliada com contextos do passado de todas as pessoas envolvidas no crime somando-se a uma série de entrevistas com amigos próximos, familiares, forças policiais e até gravações dos primeiros interrogatórios. A alegação de legitima defesa é construída como a base principal de Molly e seu pai.

Assim, ao longo dos anos, a história é contada de forma imparcial, com possibilidades de falas de ambos os lados. Algumas reviravoltas são vistas ao longo do tempo a partir das estratégias de defesa e também fatos que são comprovados sobre o passado e as realidades nua e cruas do andamento do casamento de Jason e Molly. Os filhos de Jason, ganham um enorme espaço que mostra toda a dor e sofrimento que vivem com a até então não solução para o ocorrido.    

O circo midiático que tomou conta do caso também é citado - tanto nos Estados Unidos quanto na Irlanda – mesmo que sem muita profundidade - com a amostra das disputas de narrativas. O papel da imprensa no caso, como na maioria das coberturas de um crime violento, fica sempre na linha tênue onde o bom senso algumas vezes é driblado.  

Casamento Letal nos EUA chama a atenção desde seu início, deixando o público com as reflexões para se chegar em preenchimentos das lacunas. Os desenrolares jurídicos e condenações também ganham espaço para um desfecho desse crime violento que chocou a Carolina do Norte 10 anos atrás.