Trilhando com passos largos o caminho de uma comédia camuflada de ‘nonsense’, acaba de chegar ao Prime Video um longa-metragem que coloca três aspirantes a comediantes, todos flertando com o fracasso, na linha de frente do perigo. Com uma estrutura narrativa simples e um roteiro repleto de diálogos feitos sob medida para o riso fácil e também inteligente, Improvisação Perigosa, dirigido por Tom Kingsley, aposta na ridicularização para construir uma sátira afiada sobre o insucesso.
Na vida profissional, as coisas vão de mal a pior para Kat (Bryce Dallas Howard), Marlon (Orlando Bloom) e Hugh (Nick Mohammed). Kat é uma professora de
improvisação que ainda não conseguiu emplacar sua carreira como comediante.
Marlon, um ator em busca do papel que mude sua trajetória, vive de pequenas
oportunidades que nunca o levam ao estrelato. Já Hugh, um funcionário tímido e
deslocado em uma grande empresa, vê nas aulas de improviso uma tentativa de dar
algum rumo à sua vida. Certo dia, o destino cruza o caminho dos três e, sob a
orientação de um agente da polícia, eles embarcam em uma missão inusitada: se
infiltrar em uma perigosa gangue, criando personagens como disfarces. A partir
daí, uma série de confusões e situações inusitadas está garantida.
Como inserir a comédia num clássico caminho que percorrem
muitos filmes de ação? Com esse foco como objetivo e deixando as entrelinhas
brilharem com o insucesso profissional em pauta, Improvisação Perigosa pode ser analisado de forma bastante profunda
com camadas ocultas que enxergamos através das incertezas, de uma crise
existencial. Num primeiro momento parece estarmos diante de um filme bobo, sem perspectiva,
mas aos poucos vamos entendendo a leveza de um desfile de críticas sobre a
sociedade, o bom e o mau, o sucesso e o desastre.
Este é aquele tipo de filme que arranca risos justamente
quando menos esperamos, comprovando a eficácia de um roteiro provocativo que
desafia os estereótipos e subverte a tradicional lógica entre heróis e vilões
nos filmes de ação. Aqui, os dilemas reais da relação entre indivíduo e
trabalho são transportados para o terreno do absurdo, sempre carregados de
desespero, o que cria uma identificação imediata com o público. Mérito de uma
história original criada por Derek
Connolly e Colin Trevorrow,
posteriormente adaptada pela dupla de comediantes britânicos Ben Ashenden e Alexander Owen.