16/11/2012

Crítica do filme: 'Construção (2012)'


A construção de uma expectativa, um desejo. O retrato do encontro de uma família, por meio de cartas ou viagens internacionais é o tema principal do documentário Construção dirigido por Carolina Sá. Às vezes, com imagens em posição fixa, vemos lindas paisagens se encaixando como um belo plano de fundo, sendo acompanhados por uma trilha que oscila entre o bom e o mais ou menos durante toda a exibição. Mas a interação é comprometida. Constrói e se desconstrói muito rapidamente, constantemente. Entramos em uma espécie de ciclos que é a grande bola fora do longa-metragem. O público se sente perdido e já não sabe mais sobre o quê o filme se trata. Há uma inversão ou apenas um sumiço da ideia principal.

Na trama, logo em seu início, somos guiados pelos olhos da linda jovem Branca e suas descobertas. Depois somos jogados para trocas de cartas familiares que envolvem os avós de Branca. No táxi, no aeroporto e em muitos outros lugares vamos sendo transportados para essa história que fala basicamente sobre encontros e desencontros. Memórias de um passado tentam ser mostradas em paralelos com o presente. É uma visão de hoje e ontem de uma família interligada por raízes brasileiras e cubanas.
Imagens do rio antigo, a nascente das águas, o sonho. A narração que acompanha algumas sequências funciona muito bem quando não somos jogados para dentro da história de uma família que não é apresentada durante o filme. Não há como se conectar com a história se você não conhece seus personagens.

Brasil, Cuba, família, encontros e sentimentos. Em uma terra de revoluções, o amor aconteceu e um fruto nasceu. Partindo dessa ideia fica muito interessante analisar o filme. Porém, de um certo momento para frente ligam um liquidificador de histórias e apresentam ao público. Você se sente vendo aqueles vídeos-homenagem que são vistos em festas de 15 anos ou casamentos.

Resumindo, não sabemos se o filme tem alguma finalidade ou é apenas uma grande homenagem de uma filha à seu pai e a sua família. Deixemos para o público decidir.