25/09/2020

Crítica do filme: 'Travessia'


O olhar para o passado através das imagens que falam muito pelas entrelinhas. Uma das coisas mais legais nos diversos festivais de cinema online que nasceram a partir da fase reclusa de nós seres humanos (sem salas de cinema principalmente) na batalha diária contra a covid-19 é a possibilidade de chegar ao público diversos longas, curtas, médias-metragens que, entre outros fatores, por conta da dinâmica acelerada de nossas vidas, acabam não tendo a chance de exibição nas tantas janelas que existem. Em Travessia, curta-metragem, com cerca de cinco minutos de projeção, a diretora baiana Safira Moreira consegue um dinamismo e conteúdo louvável para mostrar as entrelinhas nas fotografias que garimpa de mulheres negras nas feiras de antiguidades espalhadas pelo Brasil. Um filme simples, rápido mas que nos faz refletir bastante.

Uma foto conseguida na feira da Glória no RJ, comprada por um real, se torna o pontapé inicial dessa jornada que não deixa de ser um retrato comovente e verdadeiro, um espetáculo intimista mas que fala de tantos para muitos. Com trechos do impactante poema Vozes Mulheres de Conceição Evaristo e uma pequena passagem da música Juana de Mayra Andrade o filme pode ser refletido com um pequeno recorte sociológico sobre, principalmente a estigmatização da representação do negro. O projeto foi exibido na abertura do Festival Internacional de Cinema de Rotterdam 2019. Tem link do filme completo no youtube, procurem, vale a pena conferir.