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31/10/2022

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Crítica do filme: 'Reflect'


Se aceite e seja feliz! No ritmo da leveza e da delicadeza, o curta-metragem Reflect, disponível no catálogo da Disney Plus, nos leva a refletir sobre a aceitação do nosso corpo. Se formos pensar mais profundamente, encontramos uma relação com a sociedade que ainda massacra as emoções criando traumas através de um padrão. O trabalho é assinado por Hillary Bradfield, em seu primeiro projeto como diretora, antes ela realizou inúmeros trabalhos no departamento de artes em filmes como: Encanto, Frozen 2 e mais recentemente no aguardado filme de James Cameron, Avatar: O Caminho da Água. Reflect apresenta a primeira protagonista plus size da história da Disney.


Na trama, que explora os conceitos de disformia corporal, acompanhamos uma bailarina que tem um grande problema com o espelho por não se sentir bem com seu corpo. Nas aulas de balé, se sente com vergonha mas acaba descobrindo uma maneira de encarar essa situação quando se aprofunda nesse conflito. Ela se projeta para dentro de uma metáfora sobre o medo percebendo que pode reverter toda sua não aceitação e a jogar para escanteio.


A perspectiva é a de uma bailarina, uma grande ideia do roteiro. A importância da dança, uma arte cultural, chega quando pensamos que a personagem está em um ambiente em que ela tem que olhar para si, mesmo não querendo. Interessante aqui a questão do espelho, mesmo não querendo olhar para si, ao redor seus reflexos, o conflito chega e a protagonista precisa entrar em uma jornada de encarar esse trauma. Podemos ler que o sentido de corpo nesse projeto é um compartimento de emoções, muitas vezes conflituosas, deixando nas entrelinhas as verdades sobre o caminho do viver e que os momentos ruins vão existir mas a aceitação está dentro da gente.


Impressionante como alguns curtos minutinhos nos fazem pensar sobre traumas, aceitações, dentro de uma metáfora objetiva e com uma mensagem super positiva: Se sentir feliz é uma grande arma contra qualquer medo.


 

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09/05/2021

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Crítica do filme: 'Angela'


Quando há poesia sobre a eterna arte de se redescobrir. Curta-metragem de menos de 15 minutos, dirigido pela cineasta Marília Nogueira, Angela mostra de maneira bem descontraída uma ‘doutora do cotidiano’, eternamente preocupada com receitas médicas de doenças que não possui, hábitos, diagnósticos, que começa a enxergar a vida de outra ótica quando sua introspectiva reflexão é descoberta por amigas de mesma idade. Uma obsessão? Hipocondrismo descontrolado de maneira não tradicional? A redescoberta de novos prazeres na vida a partir da amizade é mostrado de maneira tão bonita, além dos paralelos com as imagens em um bom tom do tão importante movimento dentro de uma narrativa cinematográfica. Protagonista interpretada pela carismática atriz mineira Teuda Bara.


Indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro - Melhor Curta-Metragem Ficção, o filme nos apresenta Angela (Teuda Bara), uma velhinha que encontra dentro de idas mentirosas a médicos um passatempo colecionável para sua parede que é preenchida semanalmente com unidades de receitas médicas sobre os mais diversos problemas, diagnósticos imaginários de doenças que nunca chegaram perto de seu corpo e mente. Quando uma amiga entra em sua casa e descobre o curioso hábito da protagonista, Angela embarca em uma jornada de novas descobertas sobre a vida.


Aquela velha questão sobre não olhar as bulas dos remédios pois você pode endoidar na questão dos porquês e dúvidas sobre a medicação encaixam bem aqui nesse recorte interessante na vida de uma quase solitária mulher e seu hobby bastante peculiar. Partindo desse princípio, esse curta que está disponível no ótimo streaming MUBI, consegue encontrar a sensibilidade nas imagens quando convoca as breves reflexões sobre caminhos da melhor idade, há uma poesia sobre a existência e os sentidos da vida que vão ser captadas rapidamente pelos corações mais abertos ao sonhar.


Se a lei do curta fosse respeitada e programadores tivessem curiosidade, faro cinéfilo e interesse, chegariam à conclusão de que esse filme conversa com boa parte do público do chamado circuito de arte. Poderia ser exibido em telas grandes pelo país.

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01/05/2021

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Crítica do filme: 'Olla'


A independência do feminismo contra o machismo descarado. Escrito e dirigido pela cineasta grega Ariane Labed, Olla é um curta-metragem que deixa sua marca com paralelos importantes ligados à luta das mulheres e sua liberdade contra o conservadorismo, o pensamento machista, quase um desabafo do que se pode encontrar na realidade dos quatro cantos do planeta. Exibido no Festival de Cannes em 2019, em Clermont-Ferrand e Sundance em 2020.


Na trama, conhecemos Olla (Romanna Lobach), uma jovem que vem de uma parte menor da Europa, no leste e acaba conhecendo virtualmente através de um anúncio o francês Pierre (Grégoire Tachnakian), logo sem seguida a protagonista vai morar com Pierre e a mãe dele em uma casa pequena no subúrbio mas nada sai conforme o planejado, nem na visão de um, nem na visão da outra.


Limitada ao conservadorismo, Olla sente a liberdade quando está sozinha, seu ponto de reflexão, quase um desabafo de uma indomável mulher à frente do seu tempo que após entender toda a situação que vive resolve tomar atitudes que a fazem mais feliz. Seu contra golpe contra a violência e o machismo desenfreado é emblemático. O roteiro é objetivo, afinal são menos de 30 minutos, mas é preciso uma lida rápida na sinopse para se situar em pequenas referências que aparecem em quase escondidas entrelinhas.

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29/04/2021

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10 Curtas que você precisa conferir


Iniciando mais essa série de listas cinéfilas buscando trazer, dessa vez, uma reflexão não só para as grandes obras que listamos abaixo mas também sobre a importância do curta-metragem. Praticamente o patinho feio do circuito exibidor (mesmo existindo a Lei do Curta...), muitos curtas-metragens ganharam novo fôlego com a chegada dos streamings e a possibilidade de enfim conseguirem chegar até os olhos de todos aqueles que amam a sétima arte.


Segue abaixo os primeiros dez filmes dessa contínua lista que faremos ao longo desse ano:

 

White Eye (2020, Israel)

 

O viciado e triste olhar do preconceito. Uma bicicleta roubada. As questões burocráticas da lei. Olho branco, viciado dentro do preconceito. Em tempos onde a linha tênue do bom senso insiste em não existir. Para onde caminhará nossa humanidade? Escrito e dirigido pelo cineasta Tomer Shushan, em seu segundo curta-metragem na carreira, White Eye é o retrato de muitos países europeus onde o medo dos imigrantes é constante, tentando se estabelecer em um país onde não nasceram.

 

 

Finalista do Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, o curta-metragem israelense em pouco mais de 20 minutos nos mostra um conflito quase banal que acaba se tornando uma questão legal sobre um imigrante que luta pelo bem-estar de sua família buscando ser um trabalhador honesto em um país diferente do dele, com mais oportunidades. Interpretados por Daniel Gad e Dawit Tekelaeb, dois homens, duas histórias, se cruzam em torno do roubo ou não de uma bicicleta sendo que um deles acaba acionando a polícia para uma rápida resolução. Mas será que era a melhor solução? O peso na consciência bate rapidamente quando percebe que a polícia está com o olhar viciado em relação ao outro homem.

 

 

O filme reflete dilemas sociais que vemos muito por aqui também na América Latina, sobre a ótica do resolver as coisas como adultos ou envolver a polícia e complicar tudo mais ainda? Será que as leis serão justas para todos? Aonde foi parar o bom senso da própria comunidade?

 

 

 

O Som do Tempo (2010, Brasil)

 

O mundo da mudança ao olhar da simplicidade. Vencedor de mais de duas dezenas de prêmios em festivais espalhados pelo Brasil, O Som do Tempo, é um dos primeiros curtas-metragens da carreira do excelente cineasta cearense Petrus Cariry. Em curtos dez minutos de projeção, somos testemunhas da habilidade técnica, na criação de emoções através do movimento do impacto, das imagens, buscando a reflexão de toda ou qualquer forma dentro do contexto de uma mulher mais velha vendo as transformações do pequeno pedaço de universo que vive ao longo do tempo.

 

O silêncio que não existe mais. Ao redor prédios e barulhos, o verdadeiro caos urbano das grandes cidades que não param de se expandir. Em contraponto, a vida simples, uma casinha humilde em meio a enormes estruturas, avenidas barulhentas e palavras gritadas pra todos os lados. Em até certo ponto dentro de uma forma de poesia de imagens, identificamos um olhar muito humano e honesto compreendido mais de perto por quem está no epicentro dessa mudança, olhando um mundo novo diferente do que vira até então.

 

Quase sem palavras (usando a força do ver em vez do escutar), quando chega, a música em um gran finale mostra mais detalhada a questão cultural e existencial e de alguma forma explica bastante das imagens que vemos ao longo desse trajeto, o seguir em frente em meio às transformações que não abalam em nada quem apenas quer viver de sua maneira.

 

 

Dois Estranhos (EUA, 2020)

 

Cortesia, profissionalismo e respeito. Será? Vencedor do Oscar de melhor curta-metragem em 2021, Dois Estranhos explora o eterno giro de 360 graus constante onde os paralelos entre a autoridade e o preconceito parecem dois rios que acabam se unindo gerando dor e sofrimento. Dá um aperto no peito, são cenas fortes e infelizmente muitas dessas vistas por muitos olhos nas ruas pelo mundo todo o dia, tamanho o preconceito e intolerância dos olhares brancos contra os negros. É um filme arrebatador, conversa demais com muitos dos acontecimentos viralizados sobre preconceito e violência policial nos Estados Unidos que nos trazem muito tristeza. Dirigido por Travon Free e Martin Desmond Roe. Imperdível! Disponível na Netflix.

 

 

Na trama, conhecemos um jovem trabalhador chamado Carter (Joey Bada$$), em um dia de grande alegria por ter conhecido um provável futuro amor, Perri (Zaria). Ele está voltando para casa onde está seu cachorrinho fofo o qual ama muito e até mesmo aciona via wi-fi um lança biscoitinhos para ele enquanto não chega em casa. Ainda na calçada, em frente ao prédio onde estava é abordado de maneira abrupta e desleal pelo policial branco Merk (Andrew Howard) e assim, em fração de segundos, sua vida corre sérios riscos. Acontece que um loop infinito é ativado (volta sempre ao mesmo dia e momento da tragédia) e agora o protagonista precisa encontrar alguma maneira de ter um final diferente para essa história. Mas será que existe?

 

 

Um filme reflexivo, que coloca o dedo bem fundo na ferida de uma sociedade polarizada, ainda muito preconceituosa, em alguns momentos nada amistosa, onde a cor da pele vira questão de escolha de quem é bom ou mau. Two Distant Strangers, no original, usa da criatividade para mostrar diversas formas onde o preconceito se instaura tendo os mesmos personagens. Somos testemunhas oculares das várias abordagens policiais equivocadas, com o preconceito dentro da força desproporcional, na mira da metralhadora...

 

 

O desfecho é emblemático, lembra de diversos nomes de pessoas negras que tiveram suas vidas tiradas em questões muito parecidas das quais o filme aborda. Um projeto para todos nós, brancos e negros, refletirmos sobre o mundo em que vivemos e se de alguma forma podemos caminhar para uma melhora através do diálogo.

 

 

Boa Noite (Gana/Bélgica, 2020)

 

Os horrores camuflados de bondade. Um dos 15 semifinalistas ao Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, Good Night (Da Yie) , co-produção Gana/Bélgica, é um filme que escancara aos nossos olhos os horrores de uma realidade, um retrato chocante de uma parte do mundo que carece de atenção. Dirigido pelo cineasta Anthony Nti, em 20 minutos somos jogados a uma história que fala sobre sonhos, impunidade e os absurdos que a vida apresenta. Um filme forte, porém necessário, para reflexão.

 

 

Na trama, conhecemos Matilda e Prince, duas crianças muito amigas que possuem em comum um grande amor pelo futebol. Certo dia, no campinho onde jogam, um estranho mas conhecido por eles estaciona o carro e os chama para irem lanchar e passear pela cidade. Só que as verdadeiras intenções desse estranho aos poucos vão sendo reveladas.

 

 

Tenso, fala sobre memórias, traumas, conversas que vão colocando dúvidas no personagem que começa a sofrer de peso na consciência, levando a trama para um desfecho que chama a atenção. Os jovens falam sobre seus sonhos, visitam o mar, falam de momentos tristes da vida, fotografia, futebol, repletos da inocência da idade e falta de maturidade para enxergar os perigos que se apresentam. Good Night (Da Yie) foi o vencedor de Melhor Filme da Competição Internacional do prestigioso Festival de Curtas de Clermont-Ferrand 2020. Um filme importante que fala as verdades sobre um mundo ainda muito cruel que muitos vivem.

 

 

O Presente (Palestina/Inglaterra, 2020)

 

Os absurdos de um presente que não esquece do passado. Vencedor do BAFTA de melhor curta-metragem de ficção e indicado ao Oscar 2021 na mesma categoria, O Presente, sendo bem objetivo, gera angústia, raiva e um enorme sentimento de tristeza com a absurda situação vivida por um pai, sua filha e uma geladeira. Bons curtas são aqueles que dentro de um recorte chamativo, conseguem expor problemas universais. Dirigido pela cineasta britânica Farah Nabulsi, esse projeto palestino faz refletir sobre a intolerância jogada na nossa cara. Esse filme gera uma indignação profunda por sabermos que os fatos aqui relatados acontecem de diversas maneiras na realidade.

 



Na trama, conhecemos Yusef (Saleh Bakri), um homem de meia idade, trabalhador, que acorda em uma manhã, após uma noite onde chegara muito tarde, com o objetivo de comprar um presente para a sua esposa já que ambos completam mais um aniversário de casamento. Assim, ele leva sua filha Yasmine (Mariam Kanj) para ir até Beitunia fazer compras e pegar o presente da esposa. Só que para ir e vir, Yusef e todos que moram naquela região da Cisjordânia precisam passar por um ponto de checagem israelense. E assim, um conflito se estabelece na ida e na volta do resgate do presente.

 

 

A falta de liberdade do ir e vir é o principal ponto de reflexão desse pequeno grande projeto. A falta de humanidade, compaixão dos soldados na ‘fronteira’ mostram as hipocrisias que comandam ações do universo da generalização em vez de olhar para o indivíduo. Sensibilidade? Isso não existe nesses lugares. Tentando se locomover por uma Cisjordânia controlada, com estradas segregadas, milhares de pessoas diariamente precisam ser ‘checadas’ perdendo princípios básicos dos seres humanos. O filme escancara verdades que poucos gostam de dizer ou até mesmo conhecem. O cinema tem esse papel: gerar reflexões para quem sabe trazer mudanças.

 

 

 

The Letter Room (EUA, 2020)

 

 

Quando o introspectivo se une ao intermediário. Um dos concorrentes ao Oscar 2021 de Curta-metragem de ficção, The Letter Room, ou a Sala de Correspondência, se formos traduzir literalmente para o nosso idioma, conta a história de alguns através do olhar curioso de um personagem que acaba sendo testemunha de relatos pessoais da família e dos presos, inclusive para os que estão no corredor da morte, após assumir o novo cargo de diretor de comunicação dos prisioneiros. Escrito e dirigido pela cineasta Elvira Lino, o projeto (com potencial de ser um longa-metragem) possui um indecifrável lado tragicômico escondido por trás da história, sentimos que há muito mais por conhecer desse curioso protagonista. Ótima interpretação do ator Oscar Isaac.

 

 

Na trama, conhecemos o boa praça e simpático agente penitenciário Richard (Oscar Isaac), um ser solitário que vive de ir ao trabalho e voltar pra casa, tendo apenas a companhia de seu cachorro. A fim de se desenvolver profissionalmente, se inscreve para outras funções na penitenciária que trabalha, por mais que tenha um ótimo relacionamento com os outros guardas, a chefe do local e os presos. Assim caba indo para no setor de comunicação da prisão, onde precisa escanear e analisar possíveis irregularidades nas mensagens externas que chegam para os que estão presos. Mas ele acaba se envolvendo mais do que devia e assim acaba embarcando nas soluções de duas questões para dois prisioneiros.

 

 

Há um composto interessante ligado ao desejo e as emoções que o guarda acaba sentindo, não consegue fugir das diversas reflexões daquelas palavras espalhadas nas mensagens. Precisa ir atrás das resoluções daquela história, como se fosse um intermediador, um fato que acaba se conectando com seu perfil introspectivo de pouco contato com o mundo lá fora. O personagem em cima é longe de ser caricato detalhista, inclusive controla a alimentação através de um bloquinho de papel preenchido com as calorias diárias ingeridas, talvez uma ideia que teve a partir de alguma referência que viu nas dezenas de horas que fica de frente para a televisão quando não está trabalhando.

 

 

Em cerca de 30 minutos, ficamos refletindo muito sobre a personalidade e as ações tomadas, certas ou erradas, pelo personagem, gerando a curiosidade de querer conhecer mais sobre a história dessa alma introvertida e as prováveis sinucas que se envolve a partir da curiosidade.

 

 

Hair Love (EUA, 2019)

 

O amor por nossos filhos nos fazem ser fortes em qualquer situação. Vencedor do prêmio de melhor curta de animação no Oscar 2020, Hair Love mostra tanto amor em 7 minutos que os ensinamentos se prolongam para nossas vidas. Produzido, escrito e dirigido pela ex-atleta da NFL Matthew A. Cherry, o filme conta um pequeno retrato na vida de um pai e uma filha pequena e a tentativa do primeiro em pentear o cabelo da filha pela primeira vez.

 

 

Simples e profundo como todo bom curta deve ser. A difícil missão de um pai em fazer um belo penteado no lindo cabelo de sua filha, nos leva em uma jornada linda em analogias para nossa realidade, principalmente quando entendemos no finalzinho desse belo trabalho o porquê daquela missão ser tão importante sem ser cumprida por esse super pai. A mamãe da jovenzinha está em uma luta contra doença no hospital e o corte especial é para ela ir toda linda encontrar a mamãe.

 

 

Nessas horas é que vemos o exemplo e pensamos em muitos outros super papais. Tendo apenas um vídeo gravado pela mãe da menina como único auxílio na tentativa de ser bem-sucedido, o poder da animação entra como uma rajada de criatividade metafórica simbolizando aquela simples luta como algo tão importante que vira algo inspirador nossos corações. Belíssimo curta.

 

 

Irmã (China, 2019)

As memórias que não existiram mas que também nunca se foram. Usando a técnica de stop-motion, a animação chinesa dirigido pela cineasta Siqi Song, transforma uma frustração em uma grande carta poética em forma de animação. Irmã, em seus curtos minutos, fala muito sobre o sentimento das famílias chinesas que viveram dentro dos 30 anos da política de apenas um filho. Selecionado pelo Festival de Sundance ano passado e um dos cinco indicados ao Oscar na categoria melhor curta de animação em 2020, o filme é um relato importante sobre um fato que afetou milhares de pessoas no país mais populoso do planeta.

 

 

Em 08 minutinhos, ambientado na década de 90, somos envolvidos em um pequeno retrato que vai do imaginário a realidade. Conhecemos um jovem que relata sua convivência com sua irmãzinha, muitas situações que acontecem com a chegada da nova integrante da família, só que descobrimos que essa irmã nunca existiu pois a família do protagonista não poderia ter mais de um filho por conta de uma política de 30 anos das autoridades chinesas.

 

 

Lançada pelo governo chinês no fim da década de 1970, essa lei que é pano de fundo dessa história, consistia numa lei segundo a qual ficava proibido, a qualquer casal, ter mais de um filho (em outubro de 2013, o governo chinês aboliu essa lei). Fato esse que deixou vários filhos únicos sem a possibilidade de dividir sua vida com um irmão ou irmã. O curta navega nessa vertente e usa a imaginação do pensar como forma de homenagem a todos que não puderam ter um irmãozinho durante todo esse período na China. O cinema é isso, uma maneira de refletir sobre nossas épocas: passado, presente ou futuro.

 

Memorável (França, 2019)

 

Pintar com os dedos invoca o homem primitivo que há entre nós. Indicado ao Oscar de Melhor curta de animação em 2020, o projeto francês Memorável fala sobre as nuâncias da nossa mente em momentos chaves de nossa vida. Na surreal que a vida presente os prega, um pintor e sua esposa precisam conviver com as mudanças oriundas do tempo mas sem deixar de acessar memórias que não há como serem esquecidas. Um belo curta. Pena que os cinemas brasileiros não exibem curtas antes dos longas em seu circuito exibidor (o capitalismo em exagero chega mais forte pela ótica do lucro dos chatos e inúmeros comerciais antes das histórias), tem tanto curta bom por aí...como esse.

 

 

12 minutos de muitas emoções onde o coração pulsa mais forte nessa singela história sobre as memórias de alguém ainda vivo.  Há poesia nos respingos das tintas do artista, há muita metáfora nas explicações sobre os nós que nossa mente submete, tudo isso é tratado com muita delicadeza e uma trilha sonora instrumental que chega bem forte aos nossos corações. 

 

 

Escrito e dirigido pelo cineasta francês Bruno Collet, Mémorable, no original, nos puxa para refletirmos sobre a arte de amar igual muitas vezes. Importante os detalhes à força da arte, pelo seu precioso protagonista e suas novas descobertas de uma vida recheada de boas memórias.  

 

 

Aprendendo a Andar de Skate em uma Zona de Guerra (Se Você For uma Menina) – (Inglaterra, 2019)

 

O que é coragem? Porque é importante ter coragem? Vencedor do Oscar de melhor curta metragem anos atrás, Aprendendo a Andar de Skate em uma Zona de Guerra (Se Você For uma Menina), passa pelos períodos das estações, usados como pequenos arcos para o desenvolvimento da narrativa, entendemos melhor um projeto inovador para meninas de origem muito pobre com famílias conservadoras. Em um planeta que preza pelo egoísmo e a falta de reflexão sobre o outro, os olhos do mundo devem estar atentos a esse belo trabalho da cineasta Carol Dysinger.

 

 

Em um país devastado pela guerra de décadas, onde o básico ler e escrever ainda é um grande desafio, principalmente para as mulheres, sempre estando em perigo nas ruas, sem segurança, um pequeno oásis acontece em Kabul, no Afeganistão, com a criação de um projeto chamado Skateistão que associa aulas para meninas carentes e aulas de skate. Toda uma equipe de pessoas com enorme coração é vista fazendo seu trabalho com toda dedicação. Desde a professora que prefere não mostrar o rosto, até a jovem instrutora de skate, além da assistente social que tem como uma de suas funções recrutar novas jovens que se encaixem no perfil do projeto.

 

 

Vivendo com o dia a dia intenso, ajudando nas tarefas de casa e o medo da violência diária, as pequenas guerreiras não desistem dos seus sonhos, nem de seu livre arbítrio do pensar e praticar esse esporte muito popular que as leva para outros lugares durante aquelas horas que praticam. Em busca de um futuro melhor, percebemos no arco final que os sonhos começam a brotar e isso é algo que ninguém tira delas, jamais.

 

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22/04/2021

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Crítica do filme: 'O Som do Tempo'


O mundo da mudança ao olhar da simplicidade. Vencedor de mais de duas dezenas de prêmios em festivais espalhados pelo Brasil, O Som do Tempo, é um dos primeiros curtas-metragens da carreira do excelente cineasta cearense Petrus Cariry. Em curtos dez minutos de projeção, somos testemunhas da habilidade técnica, na criação de emoções através do movimento do impacto, das imagens, buscando a reflexão de toda ou qualquer forma dentro do contexto de uma mulher mais velha vendo as transformações do pequeno pedaço de universo que vive ao longo do tempo.


O silêncio que não existe mais. Ao redor prédios e barulhos, o verdadeiro caos urbano das grandes cidades que não param de se expandir. Em contraponto, a vida simples, uma casinha humilde em meio a enormes estruturas, avenidas barulhentas e palavras gritadas pra todos os lados. Em até certo ponto dentro de uma forma de poesia de imagens, identificamos um olhar muito humano e honesto compreendido mais de perto por quem está no epicentro dessa mudança, olhando um mundo novo diferente do que vira até então.


Quase sem palavras (usando a força do ver em vez do escutar), quando chega, a música em um gran finale mostra mais detalhada a questão cultural e existencial e de alguma forma explica bastante das imagens que vemos ao longo desse trajeto, o seguir em frente em meio às transformações que não abalam em nada quem apenas quer viver de sua maneira.

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18/04/2021

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Crítica do filme: 'Dois Estranhos'


Cortesia, profissionalismo e respeito. Será? Concorrente ao Oscar de melhor curta-metragem em 2021, Dois Estranhos explora o eterno giro de 360 graus constante onde os paralelos entre a autoridade e o preconceito parecem dois rios que acabam se unindo gerando dor e sofrimento. Dá um aperto no peito, são cenas fortes e infelizmente muitas dessas vistas por muitos olhos nas ruas pelo mundo todo o dia, tamanho o preconceito e intolerância dos olhares brancos contra os negros. É um filme arrebatador, conversa demais com muitos dos acontecimentos viralizados sobre preconceito e violência policial nos Estados Unidos que nos trazem muito tristeza. Dirigido por Travon Free e Martin Desmond Roe. Imperdível! Disponível na Netflix.


Na trama, conhecemos um jovem trabalhador chamado Carter (Joey Bada$$), em um dia de grande alegria por ter conhecido um provável futuro amor, Perri (Zaria). Ele está voltando para casa onde está seu cachorrinho fofo o qual ama muito e até mesmo aciona via wi-fi um lança biscoitinhos para ele enquanto não chega em casa. Ainda na calçada, em frente ao prédio onde estava é abordado de maneira abrupta e desleal pelo policial branco Merk (Andrew Howard) e assim, em fração de segundos, sua vida corre sérios riscos. Acontece que um loop infinito é ativado (volta sempre ao mesmo dia e momento da tragédia) e agora o protagonista precisa encontrar alguma maneira de ter um final diferente para essa história. Mas será que existe?


Um filme reflexivo, que coloca o dedo bem fundo na ferida de uma sociedade polarizada, ainda muito preconceituosa, em alguns momentos nada amistosa, onde a cor da pele vira questão de escolha de quem é bom ou mau. Two Distant Strangers, no original, usa da criatividade para mostrar diversas formas onde o preconceito se instaura tendo os mesmos personagens. Somos testemunhas oculares das várias abordagens policiais equivocadas, com o preconceito dentro da força desproporcional, na mira da metralhadora...


O desfecho é emblemático, lembra de diversos nomes de pessoas negras que tiveram suas vidas tiradas em questões muito parecidas das quais o filme aborda. Um projeto para todos nós, brancos e negros, refletirmos sobre o mundo em que vivemos e se de alguma forma podemos caminhar para uma melhora através do diálogo.

 

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09/04/2021

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Crítica do filme: 'Good Night (Da Yie)'


Os horrores camuflados de bondade. Um dos 15 semifinalistas ao Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, Good Night (Da Yie) , co-produção Gana/Bélgica, é um filme que escancara aos nossos olhos os horrores de uma realidade, um retrato chocante de uma parte do mundo que carece de atenção. Dirigido pelo cineasta Anthony Nti, em 20 minutos somos jogados a uma história que fala sobre sonhos, impunidade e os absurdos que a vida apresenta. Um filme forte, porém necessário, para reflexão.


Na trama, conhecemos Matilda e Prince, duas crianças muito amigas que possuem em comum um grande amor pelo futebol. Certo dia, no campinho onde jogam, um estranho mas conhecido por eles estaciona o carro e os chama para irem lanchar e passear pela cidade. Só que as verdadeiras intenções desse estranho aos poucos vão sendo reveladas.


Tenso, fala sobre memórias, traumas, conversas que vão colocando dúvidas no personagem que começa a sofrer de peso na consciência, levando a trama para um desfecho que chama a atenção. Os jovens falam sobre seus sonhos, visitam o mar, falam de momentos tristes da vida, fotografia, futebol, repletos da inocência da idade e falta de maturidade para enxergar os perigos que se apresentam. Good Night (Da Yie) foi o vencedor de Melhor Filme da Competição Internacional do prestigioso Festival de Curtas de Clermont-Ferrand 2020. Um filme importante que fala as verdades sobre um mundo ainda muito cruel que muitos vivem.

DA YIE by Anthony Nti - Trailer from Salaud Morisset on Vimeo.

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01/04/2021

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Crítica do filme: 'O Presente'


Os absurdos de um presente que não esquece do passado. Vencedor do BAFTA de melhor curta-metragem de ficção e indicado ao Oscar 2021 na mesma categoria, O Presente, sendo bem objetivo, gera angústia, raiva e um enorme sentimento de tristeza com a absurda situação vivida por um pai, sua filha e uma geladeira. Bons curtas são aqueles que dentro de um recorte chamativo, conseguem expor problemas universais. Dirigido pela cineasta britânica Farah Nabulsi, esse projeto palestino faz refletir sobre a intolerância jogada na nossa cara. Esse filme gera uma indignação profunda por sabermos que os fatos aqui relatados acontecem de diversas maneiras na realidade.

Na trama, conhecemos Yusef (Saleh Bakri), um homem de meia idade, trabalhador, que acorda em uma manhã, após uma noite onde chegara muito tarde, com o objetivo de comprar um presente para a sua esposa já que ambos completam mais um aniversário de casamento. Assim, ele leva sua filha Yasmine (Mariam Kanj) para ir até Beitunia fazer compras e pegar o presente da esposa. Só que para ir e vir, Yusef e todos que moram naquela região da Cisjordânia precisam passar por um ponto de checagem israelense. E assim, um conflito se estabelece na ida e na volta do resgate do presente.


A falta de liberdade do ir e vir é o principal ponto de reflexão desse pequeno grande projeto. A falta de humanidade, compaixão dos soldados na ‘fronteira’ mostram as hipocrisias que comandam ações do universo da generalização em vez de olhar para o indivíduo. Sensibilidade? Isso não existe nesses lugares. Tentando se locomover por uma Cisjordânia controlada, com estradas segregadas, milhares de pessoas diariamente precisam ser ‘checadas’ perdendo princípios básicos dos seres humanos. O filme escancara verdades que poucos gostam de dizer ou até mesmo conhecem. O cinema tem esse papel: gerar reflexões para quem sabe trazer mudanças.

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29/03/2021

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Crítica do filme: 'The Letter Room'


Quando o introspectivo se une ao intermediário. Um dos concorrentes ao próximo Oscar de Curta-metragem de ficção, The Letter Room, ou a Sala de Correspondência, se formos traduzir literalmente para o nosso idioma, conta a história de alguns através do olhar curioso de um personagem que acaba sendo testemunha de relatos pessoais da família e dos presos, inclusive para os que estão no corredor da morte, após assumir o novo cargo de diretor de comunicação dos prisioneiros. Escrito e dirigido pela cineasta Elvira Lino, o projeto (com potencial de ser um longa-metragem) possui um indecifrável lado tragicômico escondido por trás da história, sentimos que há muito mais por conhecer desse curioso protagonista. Ótima interpretação do ator Oscar Isaac.


Na trama, conhecemos o boa praça e simpático agente penitenciário Richard (Oscar Isaac), um ser solitário que vive de ir ao trabalho e voltar pra casa, tendo apenas a companhia de seu cachorro. A fim de se desenvolver profissionalmente, se inscreve para outras funções na penitenciária que trabalha, por mais que tenha um ótimo relacionamento com os outros guardas, a chefe do local e os presos. Assim caba indo para no setor de comunicação da prisão, onde precisa escanear e analisar possíveis irregularidades nas mensagens externas que chegam para os que estão presos. Mas ele acaba se envolvendo mais do que devia e assim acaba embarcando nas soluções de duas questões para dois prisioneiros.


Há um composto interessante ligado ao desejo e as emoções que o guarda acaba sentindo, não consegue fugir das diversas reflexões daquelas palavras espalhadas nas mensagens. Precisa ir atrás das resoluções daquela história, como se fosse um intermediador, um fato que acaba se conectando com seu perfil introspectivo de pouco contato com o mundo lá fora. O personagem em cima é longe de ser caricato detalhista, inclusive controla a alimentação através de um bloquinho de papel preenchido com as calorias diárias ingeridas, talvez uma ideia que teve a partir de alguma referência que viu nas dezenas de horas que fica de frente para a televisão quando não está trabalhando.


Em cerca de 30 minutos, ficamos refletindo muito sobre a personalidade e as ações tomadas, certas ou erradas, pelo personagem, gerando a curiosidade de querer conhecer mais sobre a história dessa alma introvertida e as prováveis sinucas que se envolve a partir da curiosidade.

 

 

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28/03/2021

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Crítica do filme: 'White Eye'


O viciado e triste olhar do preconceito. Uma bicicleta roubada. As questões burocráticas da lei. Olho branco, viciado dentro do preconceito. Em tempos onde a linha tênue do bom senso insiste em não existir. Para onde caminhará nossa humanidade? Escrito e dirigido pelo cineasta Tomer Shushan, em seu segundo curta-metragem na carreira, White Eye é o retrato de muitos países europeus onde o medo dos imigrantes é constante, tentando se estabelecer em um país onde não nasceram.


Finalista do Oscar 2021 de Melhor Curta de Ficção, o curta-metragem israelense em pouco mais de 20 minutos nos mostra um conflito quase banal que acaba se tornando uma questão legal sobre um imigrante que luta pelo bem-estar de sua família buscando ser um trabalhador honesto em um país diferente do dele, com mais oportunidades. Interpretados por Daniel Gad e Dawit Tekelaeb, dois homens, duas histórias, se cruzam em torno do roubo ou não de uma bicicleta sendo que um deles acaba acionando a polícia para uma rápida resolução. Mas será que era a melhor solução? O peso na consciência bate rapidamente quando percebe que a polícia está com o olhar viciado em relação ao outro homem.


O filme reflete dilemas sociais que vemos muito por aqui também na América Latina, sobre a ótica do resolver as coisas como adultos ou envolver a polícia e complicar tudo mais ainda? Será que as leis serão justas para todos? Aonde foi parar o bom senso da própria comunidade?

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26/09/2020

Crítica do filme: 'Seremos Ouvidas'


O cinema tem esse poder de fazer por exemplo a comunidade surda se sentir orgulhosa e representada com uma obra que rompe fronteiras das mais diversas que podemos imaginar. Segundo filme da cineasta Larissa Nepomuceno, Seremos Ouvidas mostra um pequeno recorte do movimento feminista surdo. Informativo e interessante para todos os públicos, o estudo da diretora foi amplo e bastante certeiro, assistiu muito filmes sobre surdez ou pessoas surdas e não perde o quadro, com as mãos e os troncos sempre visíveis para as pessoas surdas quando assistirem poderem entender o filme por completo.

Ao longo do filme, de 15 minutos, conhecemos três corajosas mulheres surdas. Conhecemos Gabriela, 28 anos, feminista, negra, mãe de dois filhos, trabalha com palestra sobre violências contra a mulher. Após estar sofrendo e amparada pela família, resolveu pesquisar sobre o machismo através de sessões de terapia e passou a entender melhor o tema e resolveu ajudar a outras mulheres que vivem ou viveram o mesmo drama. Também conhecemos Celma, psicológica, que atendeu vários pacientes surdos que explica de maneira bem simples que é preciso mostrar o sofrimento para se identificar. Tem também Klicia, de João Pessoa, professora de literatura surda. Cordelista, faz poesias sobe cultura nordestina. Ela já foi assediada duas vezes, e numa dessas perguntou como que iriam acreditar nela já que não existem meios de comunicação que façam o atendimento de maneira clara e detalhada de denúncias para pessoas surdas. Quando uma mulher que não é surda liga para denunciar um abuso ela consegue se comunicar facilmente e procurar proteção. E as mulheres surdas? Como vão agir se passarem por abusos? Klicia sugere um aplicativo para ajudar as mulheres surdas nessas horas.


Passando pelo movimento feminista de surdas e a violência que muitas mulheres sofrem, outra forte questão levantada e uma das conclusões que chegamos quando assistimos aos relatos é a de que há muita pouco informação sobre a comunidade surda. Falta acessibilidade, palestras e bom senso. Um filme importante, curto, mas que levanta ótimos debates.

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25/09/2020

Crítica do filme: 'Travessia'


O olhar para o passado através das imagens que falam muito pelas entrelinhas. Uma das coisas mais legais nos diversos festivais de cinema online que nasceram a partir da fase reclusa de nós seres humanos (sem salas de cinema principalmente) na batalha diária contra a covid-19 é a possibilidade de chegar ao público diversos longas, curtas, médias-metragens que, entre outros fatores, por conta da dinâmica acelerada de nossas vidas, acabam não tendo a chance de exibição nas tantas janelas que existem. Em Travessia, curta-metragem, com cerca de cinco minutos de projeção, a diretora baiana Safira Moreira consegue um dinamismo e conteúdo louvável para mostrar as entrelinhas nas fotografias que garimpa de mulheres negras nas feiras de antiguidades espalhadas pelo Brasil. Um filme simples, rápido mas que nos faz refletir bastante.

Uma foto conseguida na feira da Glória no RJ, comprada por um real, se torna o pontapé inicial dessa jornada que não deixa de ser um retrato comovente e verdadeiro, um espetáculo intimista mas que fala de tantos para muitos. Com trechos do impactante poema Vozes Mulheres de Conceição Evaristo e uma pequena passagem da música Juana de Mayra Andrade o filme pode ser refletido com um pequeno recorte sociológico sobre, principalmente a estigmatização da representação do negro. O projeto foi exibido na abertura do Festival Internacional de Cinema de Rotterdam 2019. Tem link do filme completo no youtube, procurem, vale a pena conferir.

 

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