20/10/2020

Crítica do filme: 'O Romance de Morvern Callar'


O simbolismo das ações incontroláveis. Dirigido pela ótima cineasta escocesa Lynne Ramsay (Precisamos Falar Sobre o Kevin, Você Nunca Esteve Realmente Aqui), O Romance de Morvern Callar é um eletrizante recorte dramático de uma jovem que após um trauma, não busca objetivos, fica reativa ao que acontece no seu caminho. A personagem principal é completamente desnorteada e complexa, um desafio e tanto para a excelente atriz britânica Samantha Morton que mais uma vez mostra todo seu potencial. Destaque também para uma trilha sonora que explora a melancolia, a quebra da razão. Um trabalho interessante, pouco comentado por aqui.


Na trama, roteirizada por Ramsey e Liana Dognini a partir da obra de Alan Warner, acompanhamos a saga sem destino, sem direção de Morvern Callar (Samantha Morton), uma jovem que após o suicídio do namorado, resolve abandonar o emprego de caixa de supermercado e embarcar em uma viagem para a Espanha junto com a melhor amiga Lanna (Kathleen McDermott). Fora isso, nomeia o último livro do namorado como seu, recebendo oportunidades de venda por esse trabalho.


Através do inusitado, uma porta de possibilidades se abre na mente e razões da protagonista. As marcas do trauma a coloca em xeque nas relações com os demais nesse filme que possui inúmeras interpretações. Não é um filme fácil, as vezes parece um road movie sem profundidade mas o passado recente de Morvern a coloca inconsequente em seus atos onde há muito além da superfície quando analisamos os duelos entre traumas x oportunidades.