As entrelinhas simbólicas da provocação. Como impactar novamente 14 anos depois? Voltando às telas (dessa vez direto no Streaming) e estrategicamente lançado pouco antes das eleições presidenciais norte-americanas, Borat: Fita de Cinema Seguinte não surpreende tanto quanto em outros tempos mas a fórmula do humor provocativo, escrachado, está afiada, cheia de linhas tênues que mostra ao espectador a péssima piada que é uma parte do nosso mundo. O ator britânico Sacha Baron Cohen, criador do famoso personagem, volta como o repórter cazaque fictício Borat Sagdiyev.
Seguindo moldes parecidos do primeiro filme, dessa vez vemos
as consequências para Borat (Sacha Baron
Cohen) por ter feito o que fez no passado e dessa vez acaba ganhando uma
missão do seu próprio governo. O objetivo consiste em ir ao EUA e se encontrar
com uma alta autoridade de maneira inusitada. Para cumprir o objetivo, contará
com a ajuda de sua filha Tutar (Maria Bakalova). Navegando pelo
absurdo, Borat expõe parte de uma sociedade incapacitada de aprender com os
mesmos erros.
A arte tem o poder da denúncia, da reflexão. Gênio ou louco,
Sasha merece crédito, seu liquidificador cômico vai até as profundezas da
política real deixando para o espectador enxergar o que precisa ser visto.
Políticos a favor de Trump são alvos de situações e gozações, inclusive o próprio.
Mesmo com o alto teor político, o filme abre espaço para a situação das
mulheres em alguns lugares do mundo e o comparativo com o estilo de vida
norte-americano, o que leva à várias reflexões.