Até onde vamos para conseguir tudo que queremos? Falando sobre limites, oportunidades, diferenças entre classes sociais em um país com chances para alguns e outros com grande probabilidade de não conseguirem sair da linha da pobreza e de alguma forma dentro do mesmo pacote que filmes como O Expresso do Amanhã, High-Rise e outros, Tigre Branco, longa-metragem disponível na Netflix é um filme que vai da ambição ao absurdo em segundos. Um belo trabalho, escrito e dirigido pelo cineasta norte-americano Ramin Bahrani, com roteiro adaptado do livro The White Tiger do escritor indiano Aravind Adiga (seu romance de estreia).
Na trama, conhecemos um jovem chamado Balram (Adarsh Gourav) que nasceu em uma
pequena comunidade nos arredores de uma cidade indiana. Sem muitas
oportunidades (as que tem outros tiram dele), largou a escola cedo e não sabe
nem de longe regras básicas de higiene. Mas querendo se tornar alguém na vida, embarca
em uma viagem até a casa de um multimilionário onde consegue ser motorista de Ashok
(Rajkummar Rao). O tempo passa e
muitas vezes, mesmo sendo muito dedicado, Balram é humilhado. Mas tudo muda em
um dia em que acontece um acidente de carro, fato que fará o protagonista abrir
os olhos para a realidade que lhe é imposta e ir atrás, custe o que custar, por
um lugar ao sol.
Ao longo dos pouco mais de 120 minutos, vamos acompanhando
os motivos e ações que levaram o protagonista chegar a ser um empreendedor do
ramo de transportes. O roteiro nos mostra o ponto futuro e vai contando aos
poucos os desenrolares dos fatos. Bruto, intenso e mostrando as dolorosas
verdades da diferença entre classes, chegamos a muitas conclusões em O Tigre Branco. Enxergando apenas um
modo de viver (o vencer), nada vira obstáculo para que chegue o destino do
complexo personagem principal.
O filme é violento em muitos sentidos, possui cenas fortes. A
desconstrução do protagonista chega em forma de rebater com violência tudo o
que sofreu de humilhações e até mesmo assinatura contra sua vontade. É um filme
de drama profundo com cenas que causam impacto. Pouco espaço há para nos
mostrar os contrapontos da cultura, religião e até mesmo costumes de uma grande
cidade, superpopulosa, e a luta pela sobrevivência. O filme é todo focado na mudança
drástica de direção que o protagonista se submete. Vilões de montão, mas
mocinhos? Será que existem?